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29 de junho de 2016

O que a Igreja diz sobre suicídio assistido

Saiba o que a Igreja diz sobre suicídio assistido

Os pedidos para o suicídio medicamente assistido têm, recentemente, chamado a atenção da sociedade para a necessidade de um debate mais aprofundado. Eutanásia e suicídio assistido são temas que merecem reflexão e debate. A questão exige mais atenção quando é trazida para o debate público, para a vida das famílias, quando é apresentada ao vivo em documentários na TV, no cinema e na internet. O que, no entanto, a Igreja diz sobre suicídio assistido?

o-que-a-igreja-diz-sobre-suicidio-assistidoFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O termo eutanásia é usado quando uma pessoa age diretamente com a intenção de tirar a vida do outro. Por exemplo, quando um médico dá uma injeção letal ou tira um remédio para provocar a morte de alguém. Consiste, portanto, em apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e, desse modo, pondo fim "docemente" à própria vida ou à vida alheia.

Usa-se o termo "suicídio assistido" ou "suicídio medicamente assistido" é usado quando uma pessoa morre com a ajuda de outra. O suicídio assistido ocorre quando alguém, que não consegue concretizar sozinha seu desejo de morrer, recorre ao auxílio de outra pessoa para ajuda medicamentosa ou encorajamento psíquico. Por exemplo, quando um médico prescreve um veneno ou quando uma pessoa põe no paciente uma máscara ligada a um botijão de monóxido de carbono e lhe dá instruções sobre como ligar o gás para provocar a própria morte. É chamado suicídio medicamente assistido, porque a pessoa dá fim à sua vida com a supervisão médica. A principal diferença das outras formas de morrer é que, no suicídio assistido, a responsabilidade e execução do ato final da indução da morte é da própria pessoa.


O auxílio ao suicídio de alguém pode ser feito por atos (prescrição de doses altas de medicação, indicação de uso ou auxílio na preparação) ou, de forma mais passiva, por meio de persuasão ou encorajamento. Em ambas as formas, a pessoa que contribui para a ocorrência da morte da outra se torna condescendente ou responsável.

Essas solicitações podem envolver também o uso de uma máquina, que, com o auxílio de um médico, instrui o indivíduo no seu uso. Este, dessa forma, é auxiliado a cometer suicídio. Em outras solicitações, o médico tem fornecido medicação ao indivíduo, com as informações sobre a dosagem que poderá ser fatal. O indivíduo, desta forma, recebe os meios para cometer o suicídio.

O que leva uma pessoa a pedir a ajuda de alguém para se matar?

Certamente, são indivíduos seriamente doentes, talvez em estado terminal, quando a dor se torna insuportável. Os pacientes que contemplam a possibilidade de suicídio, frequentemente, expressam perda do sentido para a vida, uma depressão que acompanha a doença terminal.

Debatemos a legitimação ou a moralidade do desejo de morrer. Perguntamos: há diferença de julgamento com atenuantes para o suicídio dependendo do momento vivido pela pessoa? Exemplificando: idosos com doença em estágio avançado e/ou com sofrimento intolerável teriam legitimação para encerrar sua vida? E se esse desejo fosse manifestado por um jovem com sofrimento físico ou psíquico? Como avaliar a intensidade do sofrimento? Desrespeitar o pedido de um idoso para finalização de sua vida não seria uma forma de matar sua individualidade, autonomia e desejo de finalizar a vida de forma digna? Considerando o reverso, oferecer morte sem sofrimento não é respeito à dignidade humana?

A Constituição fala sobre direito à vida. Podemos falar também em direito à morte? Posso afirmar que a pessoa é juiz de sua vida? É seu olhar e não dos outros que define o que é sua dignidade? Será que uma pessoa pode ser obrigada a viver mesmo que as condições de vida sejam as mais sofridas? Uma questão importante para reflexão: é possível julgar o processo de morrer escolhido pela pessoa? A escolha da morte é um ato da pessoa? Sendo a solidariedade e a compaixão atitudes altruístas da pessoa, será que elas valem também quando se trata de ajuda ao suicídio?

O suicídio medicamente assistido é eticamente ilícito e deve ser condenado pela sociedade e, sobretudo, pelos médicos. Quando a assistência do médico é intencional e dirigida deliberadamente para possibilitar que um indivíduo termine com a sua própria vida, o médico atua de forma eticamente inaceitável.

A opinião da Igreja Católica sobre suicídio assistido

O Magistério Católico apresenta um documento intitulado "Só Eu é que dou a vida e dou a morte (Dt 32, 39): o drama da eutanásia" e afirma: "No atual contexto, torna-se cada vez mais forte a tentação da eutanásia, isto é, de apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e, deste modo, pondo fim docemente à vida própria ou alheia. Na realidade, aquilo que poderia parecer lógico e humano, quando visto em profundidade, apresenta-se absurdo e desumano. […] A decisão do suicídio medicamente assistido torna-se mais grave quando se configura como um homicídio que os outros praticam sobre uma pessoa que não o pediu de modo nenhum nem deu nunca qualquer consentimento para que fosse realizado.

Atinge-se, enfim, o cúmulo do arbítrio e da injustiça, quando alguns, médicos ou legisladores, se arrogam o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer. Aparece assim reproposta a tentação do Éden: tornar-se como Deus 'conhecendo o bem e o mal' (cf. Gn3, 5). Mas Deus é o único que tem o poder de fazer morrer e de fazer viver: 'Só Eu é que dou a vida e dou a morte' (Dt 32, 39; cf. 2Re 5, 7; 1Sm 2, 6). Ele exerce o seu poder sempre e apenas segundo um desígnio de sabedoria e amor. Quando o homem usurpa tal poder, subjugado por uma lógica insensata e egoísta, usa-o inevitavelmente para a injustiça e a morte. Assim, a vida do mais fraco é abandonada às mãos do mais forte; na sociedade, perde-se o sentido da justiça e fica minada pela raiz a confiança mútua, fundamento de qualquer relação autêntica entre as pessoas."

A eutanásia, entendida como "ação ou omissão que, por sua natureza e intenção, causa a morte com a finalidade de evitar qualquer dor", é um pecado conforme o Magistério Católico. Podemos equiparar a eutanásia ao suicídio/homicídio, à decisão de acabar com a vida de um paciente, mesmo com o argumento de que se age por compaixão, para eliminar um sofrimento insuportável. Suicídio, porque a eutanásia supõe o pedido ou o assentimento do doente. Homicídio, porque a morte é executada pelo médico. No caso de o doente não ser consultado ou informado, não se trataria mais de eutanásia, que significa boa morte, mas de cacotanásia, ou seja, morte com dor ou angústia.

O Magistério Católico, numa atitude de valorizar a vida em todas as fases do desenvolvimento ou condições, sempre ensinou que não somos proprietários da nossa vida, e sim Deus, por isso não podemos por fim a ela. Afirma o Catecismo da Igreja Católica no número 2280: "Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lhe deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra dele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela".

O suicídio medicamente assistido contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao projeto de Deus para cada um de nós e ao amor por si mesmo. O suicídio assistido fere também o princípio da justiça que é o direito à própria vida e o direito que os outros têm da minha vida e existência; rompe injustamente a comunhão com as pessoas amadas da família e da sociedade. Para o monsenhor Ignacio Carrasco de Paula, que chefia a Pontifícia Academia para a Vida, órgão do Vaticano responsável por temas de bioética, "o suicídio assistido é um absurdo".


Padre Mário Marcelo Coelho

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção (SP). Doutor em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana de Roma/Itália. O sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP). Membro da Sociedade Brasileira de Teologia Moral e da Sociedade Brasileira de Bioética.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/magisterio/o-que-a-igreja-diz-sobre-suicidio-assistido/

27 de junho de 2016

Abuso sexual: o silêncio de uma inocente

Conheça a história de uma jovem que, desde criança, sofreu abusos sexuais

abuso-sexual-o-silencio-de-uma-inocenteFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com
"Tudo começou quando eu tinha cinco anos. Um amigo da família, pessoa sempre presente na casa de minha avó, certo dia se aproximou de mim com carícias e toques. Tentou, algumas vezes, forçar uma relação sexual, porém, como eu reclamava e tentava fugir, ele não conseguiu, mas sempre me advertia que eu não poderia contar a ninguém o que ele fazia.

À medida que eu crescia, percebia que havia algo errado e tentava fugir, mas começaram as ameaças. Não houve agressão física, mas violência psicológica e sexual. A pressão era muito grande, e com frequência ele ameaçava: "Se você contar para alguém, mato sua avó".

Na minha família, já havia um histórico de abuso sexual, inclusive meu tio foi preso por estupro. Por causa disso, quando eu tinha 13 anos, minha mãe me questionou se já havia acontecido comigo, pois, na época, eu era muito próxima do meu tio. De fato, com ele não aconteceu nada. Minha mãe, porém, pediu insistentemente que eu falasse a verdade, pois não iria se chatear ou ficar brava. Então, com coragem, contei que o rapaz que frequentava a casa da vovó, que também era amigo do meu tio, havia cometido os abusos contra mim. Naquele momento, ela não soube muito bem como reagir, só me disse para não contar ao meu pai e não frequentar a casa da minha avó quando o rapaz estivesse lá.

A história se repetiu

Não fui a única da família a sofrer abuso. Minhas primas, tias e minha mãe passaram por isso. Os abusadores sempre foram pessoas muito próximas; inclusive, não sofri apenas abuso do rapaz que frequentava a casa da minha avó, mas do meu próprio avô e do meu primo. Isso gerou em mim um trauma muito grande, e acabei me afastando do meu pai, com medo de que ele também viesse a fazer isso.

Sofri abusos dos 5 aos 12 anos. A situação só teve fim quando meu avô faleceu, pois o rapaz também parou de frequentar a casa da minha avó.


Além dos traumas na minha afetividade e sexualidade, percebo que a maior dificuldade enfrentada até hoje é no relacionamento com minha mãe, pois não conversamos muito sobre isso e não consigo entender o fato de ela nunca ter feito nada a respeito. Nunca procurou ajuda.

Trago muitas marcas, lembranças ruins e mágoas! Tantas vezes questionei por que Deus permitiu que isso acontecesse a uma criança, mas ainda não encontrei a resposta para muitos dos questionamentos que trago. Contudo, acredito que Deus tem um plano de amor para mim, e este deve ser bem grande! Acredito que, um dia, terei as respostas de que preciso.

Olho para minha história e vejo o quanto ela poderia ser apenas algo que deu errado, mas, com meu esforço e decisão, tendo sempre Deus à frente de minha vida, tenho superado o passado e já consigo conversar sobre isso sem chorar. Sei que a cura e a superação são um processo diário. Hoje, com 21 anos de idade, trabalho, moro sozinha e sonho em me casar e ser mãe. Tenho uma vida pela frente e quero conquistar muitas coisas."

Jovem anônima


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/violencia-sexual/abuso-sexual-o-silencio-de-uma-inocente/

24 de junho de 2016

Perigos no uso das redes sociais

Saiba quais são os perigos no uso das redes sociais e os cuidados a serem tomados

perigos-no-uso-das-redes-sociaisFoto: AntonioGuillem / iStock. by Getty Images
Facebook, Twitter, Snapchat, Instagram, Youtube, What's App (nem tanto) etc. Essas são apenas algumas redes sociais que temos disponíveis hoje na internet; e esse número provavelmente só aumentará. Elas, que surgiram como uma mera ferramenta de comunicação e entretenimento, hoje, são quase indispensáveis nos relacionamentos, seja familiar, profissional, social etc., inovando a forma como consumimos conteúdo on-line e, de fato, trazendo muitas melhorias e facilidades ao nosso dia a dia. Porém, em nossa caminhada cristã, uma palavra sempre deve conduzir nossas ações: equilíbrio (Tito 2, 12)1.

A falta de equilíbrio é a provável causa de muitos erros que cometemos na vida, e não poderia ser diferente na nossa relação com a internet. Partindo desse princípio, podemos levantar dois questionamentos que nos ajudarão a avaliar nossa conduta:

Quanto tenho usado

Vivemos num período em que já estamos conectados à internet 24h por dia. Até quando dormimos estamos recebendo notificações de mensagens, e-mails ou curtidas. Mas será mesmo que não precisamos ter um limite? Será que precisamos estar atualizados o tempo inteiro sobre a vida dos nossos "amigos"? Será que não temos gastado tempo demais com aplicativos que criam laços superficiais e esquecendo as pessoas com quem temos laços reais?

Com certeza, já vivemos ou presenciamos esta cena: pessoas em um restaurante, sentadas na mesma mesa, mas cada uma com seu smartphone na mão; elas não conversam entre si, a menos que seja para comentar algo que viram no Facebook; algumas não largam o celular nem para comer!

O uso desregulado das redes sociais nos traz uma falsa sensação de preenchimento e uma falsa participação na vida alheia. Trocamos, cada vez mais, os aspectos de uma vida verdadeira por alegorias vazias: curtidas em vez de elogios; indiretas em vez de uma conversa franca; emoticons2 em vez de sorrisos. O que foi criado para nos aproximar uns dos outros está nos afastando cada vez mais por falta de equilíbrio. Estamos correndo o sério risco de desperdiçar o nosso tempo e a nossa vida com coisas passageiras.

O apelo, por estar conectado o tempo inteiro, tem nos tornando pessoas divididas, distraídas e desatentas. Ter equilíbrio é lembrar que para tudo há um tempo e, certamente, na hora da Santa Missa, não é o momento para checar seu Instagram ou ver quem mandou mensagem no grupo, por exemplo.

Como tenho usado

Além de surgirem como uma ferramenta de comunicação e aproximação, as mídias sociais têm uma característica que faz parte da sua base: o compartilhamento de opiniões, gostos, notícias, momentos etc. Essa é uma das funções das redes sociais, sem isso seriam apenas aplicativos de troca de mensagem, certo? Então, o problema não é compartilhar coisas na internet, mas sim o que e para quem você as compartilha.

Primeiro de tudo, há uma banalização do termo "amigo". De fato, aos nossos amigos nós gostamos de compartilhar a nossa vida, mas das mil pessoas que o adicionaram no Facebook, quantas são suas amigas? (Eclesiatico 6,6)3. De uma certa forma, as redes sociais trazem também uma falsa sensação de popularidade. Vamos vendo o nosso número de "amigos" aumentando, postamos uma foto, recebemos uma recompensa por compartilhar aquilo (uma curtida ou retuíte) e nos enchemos de vaidade por nos sentirmos notados. O desejo de ser notado vai aumentando e vamos compartilhando cada vez mais da nossa vida, buscando mais popularidade, e isso vai virando uma bola de neve.

No fim das contas, estamos divulgando nossa intimidade para pessoas estranhas só para ganharmos um like ou um comentário superficial. Quando a realidade começa a não bastar, entram os quadros piores: pessoas fingem uma vida que não têm e, em alguns casos, apelam para sensualidade e até para nudez apenas para serem notadas e ganharem seguidores nas mídias sociais. É triste, mas, no fundo, essa atitude só revela que a sede que as pessoas têm é de amor, não obtendo, preenchem o coração com o que aparecer mais facilmente, nesse caso, com vaidade e mais vaidade.

Talvez, eu e você não chegamos a um ponto tão drástico, mas quantas vezes nós postamos fotos apenas para vermos a reação das pessoas? Quantas pessoas viajam e ficam tristes, porque não conseguem postar uma foto ou vídeo legal, deixando de aproveitar o momento vivido só para tirar uma selfie?

Há um tempo, fala-se na cultura do selfie, mas podemos substitui-la por superexposição, a qual, por sua vez, tem relação com carência e vazio interior.

Ainda existem muitos outros aspectos que podem ser listados, mas apenas com esses dois questionamentos podemos refletir sobre nosso uso e presença nas redes sociais. É bom lembrar que as redes sociais não são um mal; pelo contrário, como já citei antes, trazem um bem imenso para muitas pessoas, inclusive para a evangelização. Mas devemos sempre nos vigiar, pedir a Deus o dom do equilíbrio e da sobriedade. E por que não olhar menos o celular, tirar menos fotos, rezar mais e amar um pouco mais?

Afinal de contas, quem realmente quer saber o que vai no seu prato ou qual o seu "look do dia" é com quem menos você compartilha a vida.
__________________

1 (Tito 2,12) "Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade… "

2 emoticons: uma imagem (usualmente, pequena), que traduz ou quer transmitir o estado psicológico, emotivo, de quem os emprega, por meio de ícones ilustrativos de uma expressão facial.

3 (Eclesiatico 6,6) "Dá-te bem com muitos, mas escolhe para conselheiro um entre mil."

Daniel Erick Ximenes Pompeu
Designer


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/perigos-no-uso-das-redes-sociais/

22 de junho de 2016

Vitamina D: como obter os benefícios dessa substância

Atenção: entenda como o organismo produz a vitamina D

Essa vitamina é um nutriente e também um hormônio, que pode ser conhecido como Calciferol. O que muitos de nós não sabemos é que podemos obter esse nutriente de duas formas: a principal fonte se dá na formação endógena nos tecidos cutâneos – dentro da pele, após a exposição à radiação solar. A outra fonte alternativa, mas que não é tão eficaz como a primeira, é a dieta, a ingestão de alimentos ou suplementação, que supre apenas 20% das necessidades corporais.

Vitamina D: Como obter os benefícios dessa substância
Foto: AJ_Watt / iStock. by Getty Images

Estamos acostumados a associar como função da vitamina D apenas a sua participação ativa no metabolismo ósseo, fixando o Cálcio nos ossos e dentes. Há décadas, profissionais de saúde pensavam que essa vitamina somente seria boa para manutenção de dentes e ossos saudáveis. No entanto, recentes avanços na ciência têm nos apresentado outras faces importantes dessa vitamina, ao revelar seu papel multifuncional para o bom funcionamento do corpo humano e sua capacidade de reduzir o risco de doenças que antes não associávamos à sua ação.


Vejamos algumas de suas ações:

1. Auxilia a produção e liberação de insulina pelo pâncreas, responsável por controlar o açúcar no sangue;
2. Participa do processo de produção das células de defesa do nosso organismo, melhorando a imunidade;
3. Controla as contrações do músculo cardíaco, além de prevenir a fraqueza muscular do corpo;
4. Inibe, nos rins, a produção de uma enzima chamada renina, que está envolvida na produção de hormônios que aumentam a pressão arterial;
5. Acredita-se que pode prevenir doenças como Alzheimer e câncer de mama, visto que os pacientes portadores, na maioria dos casos, possuem baixas taxas dessa vitamina.

O especialista em vitamina D, Dr. Michael F. Holick, traz-nos um importante ponto de atenção: "A Vitamina D é produzida pela pele em resposta à exposição e radiação ultravioleta da luz solar natural. Os saudáveis raios de luz solar natural que geram a vitamina D em nossa pele não atravessam o vidro, por isso, nosso organismo não a produz quando estamos no carro, escritório ou dentro casa. É quase impossível conseguir quantidades adequadas de vitamina D a partir da dieta, por isso a exposição à luz solar é a única maneira confiável para seu corpo dispor de vitamina D".

Mesmo sabendo que nossa principal fonte da Vitamina D é a que obtemos via exposição solar, precisamos estar atentos ao consumo de alimentos que são fontes desse nutriente, para nos auxiliar a manter os níveis saudáveis dessa vitamina no organismo:

Fontes principais e quantidade de Vitamina D

Leite fortificado – 1 copo 100 UI
Gema de ovo – 1 unidade 26 UI
Carne de algumas espécies de peixes (cavala, arenque e salmão, sardinha e atum) – 100g 88 UI
Fígado de boi – 100g 24 UI
OBS: A necessidade diária de vitamina para adultos é de 600 a 800 UI por dia.

Vamos nos exercitar a nos expor ao sol pelo menos 15 minutos por dia; além de procurar consumir as fontes alimentares de vitamina D para garantir todos os seus benefícios. É preciso buscar seu nutricionista e médico para fazer a avaliação dos níveis da vitamina no sangue, e avaliar a necessidade de se fazer a suplementação. Fica a dica!



Cristiane Zandim

Cristiane Pereira Zandim nasceu em Brasília / DF. É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/vitamina-d-como-obter-os-beneficios-dessa-substancia/

20 de junho de 2016

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit

Vida de Tobit, ensinamento de amor e fidelidade para os dias atuais

O livro de Tobias, escrito por volta de 200 a.C, promove relatos de amor e fidelidade a Deus e ao próximo, pois narra a história da família de Tobit, que é casado com Ana e pai de Tobias.

A vida de Tobit é marcada por muitas provações, mas também por experiências concretas da Providência de Deus que rege todas as coisas. Seu filho Tobias, que conhece Sara, protagoniza uma bela história de amor num relacionamento que, pela força da oração, culmina num feliz matrimônio. Porém, em toda trajetória de Tobit, Sara e Tobias foi preciso confiar em Deus e esperar mesmo diante de tempos difíceis.

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Quem é Tobit?

Tobit, pai de Tobias, homem piedoso e fiel, "andava nos caminhos da verdade e praticava boas obras todos os dias" (Tb 1,3), dava de comer a quem tinha fome, vestia os nus e sepultava os mortos em tempo de perseguições. Ele representa o modelo de pessoa justa. Tobit ainda fazia ofertas em Jerusalém do "dízimo do trigo, do vinho, do óleo, das romãs e das outras frutas" (Tb 1,7), ou seja, era comprometido com a lei e com a caridade naquela época, mas já sinalizando para a nova lei em Jesus Cristo, que "é uma lei de amor, uma lei de graça e liberdade" (CIC 1985).


A história desse homem de Deus, analisada a partir das boas obras do dia a dia, é um testemunho para o mundo de hoje, pois ser justo não é uma exceção nem privilégio para alguns, mas algo necessário para todos. E a postura de Tobit, frente a sua realidade ainda no contexto histórico do Antigo Testamento, demonstra já a preocupação em cuidar do próximo e a importância de ser família. Pois, trazendo para os dias de hoje, a Igreja já ensina que "ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a de sua constituição fundamental" (CIC 2203), ou seja, o que se pode ver na história de família do livro de Tobias, que contempla já o fundamento indispensável, que é o âmbito familiar, o lugar de bênção e da presença de Deus.

É fato que Tobit não praticava obras boas por aquilo que poderia receber em troca, mas por gratuidade, no amor e fidelidade à lei. Em suas práticas ao sepultar mortos, pagar o dízimo e outros gestos, sua postura nos faz pensar, nos dias de hoje, o quanto é preciso servir e ajudar as pessoas com benevolência e doação, o quanto é preciso caminhar contrário à cultura do descarte e do individualismo, como nos tem alertado o Papa Francisco atualmente.

Tobit nas provações

As provações, os sofrimentos e tribulações, que muitas vezes parecem não ter um fundamento ou causa para acontecer, são experiências vividas por muitas pessoas. Pode-se ver situações similares na vida de Tobit, que chega a ponto de querer desistir da própria vida. Porém, não se deve cultivar o fatalismo nem o negativismo, mas crer em Deus que "quer comunicar sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no Seu Filho único, filhos adotivos" (CIC 52).

Assim, antes de ver quais foram tais experiências difíceis na vida de Tobit, há uma urgência nos tempos atuais de compreender a distinção entre provação e tentação, já que "o Espírito Santo permite-nos discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista duma virtude comprovada, e a tentação que conduz ao pecado e à morte"(CIC 2847). Na provação, podemos ser moldados para a perfeição, já a tentação conduz, na atração, em fazer o mal no intuito de buscar prazer, egoísmo e lucro.

Dessa forma, após dar sepultura a um homem lançado em praça pública, ato de misericórdia comum na vida cotidiana de Tobit, ele retorna para sua casa. Ao adormecer, a Bíblia narra que havia acima dele pardais, e o excremento destes caiu em seus olhos, deixando-o totalmente cego (cf. Tb 2,9-10). O que dizer dessa situação que Tobit vive, sendo que ele estava fazendo o bem e, logo em seguida, veio a cegueira? Essa é uma realidade que muitas pessoas experimentam, começam a caminhar com Deus e as provações aparecem, e muitas não sabem lidar com essas situações. É preciso entender que ser justo e praticar boas obras não quer dizer que não se terá problemas nem sofrimentos, pois Deus "faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos" (Mt 5,45), ou seja, não há distinção de pessoas por erros cometidos, e sim amor incondicional a todos os seus filhos e filhas.

Assim, diante das provações, vale lembrar que a esperança "proporciona-nos alegria, mesmo em meio à provação: alegres na esperança, pacientes na tribulação" (CIC 1820), pois o próprio Jesus, após conferir aos discípulos a missão de evangelizar, garantiu a eles e a nós: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20).



Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/como-passar-pelas-provacoes-exemplo-de-tobit/

17 de junho de 2016

Sete passos para ser fiel na vida de oração

Uma forma prática para crescer na vida de oração

Por incrível que pareça, é cada vez mais comum as pessoas do nosso tempo buscarem alguma forma para entrar em contato com o "ser superior" (como alguns o chamam). Esse Ser Superior, para os cristãos e a maioria da humanidade, chama-se Deus. Ele traz um profundo desejo de estar cada vez mais próximo de nós, de conversar conosco; e um dos meios mais comuns para entrar em contato com o Senhor chama-se "oração". Porém, a maioria das pessoas sente muita dificuldade para orar e costuma dizer:

1. "Não sei o que é isso direito"
2. "Não sei como começar isso"
3. "Até sei começar, mas logo paro de rezar (orar)" [inconstância]
4. "Só rezo (oro) quando passo por dificuldades"
5. "Rezo (oro), sim, mas do meu jeito"
6. "Rezo (oro) sempre, em todo lugar (na maioria das vezes, uma desculpa de quem ainda não aprendeu a orar direito).

Sete passos para ser fiel na vida de oração
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com


Para tentar resolver alguns desses problemas, quero mais do que ficar dando explicações teológicas sobre oração. Vou lhe mostrar uma forma muito fácil e prática para você aprender a orar, a ter constância e crescer no relacionamento com esse "Ser Superior", a quem chamamos de Deus. Prepare-se, vamos aprender a "oração dos sete passos".

1° Passo

Determine um lugar para você orar, esse será o seu "cantinho de oração". Nada daquela história de "oro no ônibus", "no caminho para a escola"… Claro você também pode fazer isso nesses momentos, mas Deus é Pai e não quer que você fique só com "lanchinhos", entende? A oração pessoal deve ter lugar próprio, porque é refeição completa. Você precisa de um lugar onde as pessoas não o atrapalhem nem o interrompam; busque um lugar que lhe proporcione intimidade. Existem muitas opções: uma capela (igreja), um lugar mais afastado da casa, um quarto etc. Agora, descubra o seu lugar de oração.

2° Passo

Geralmente, estamos acostumados a orar (rezar) apenas quando sentimos vontade de orar (rezar), mas aprendi que "sem disciplina não há santidade", e eu poderia dizer mais: "sem disciplina não há intimidade", por isso existem dias em que você ora (reza) muito tempo e outros em que você não quer rezar (orar) nada, e diz: "estou sem vontade", "estou cansado", "com sono", "foi muito corrido o dia"… E por aí vai! Por isso, você precisa determinar quanto tempo você vai dar para Deus por dia.

Para alguns, talvez fique fácil entender assim: o tempo que damos para o Senhor é como um dízimo do tempo. Pense: quanto tempo você deu para a internet? Para a TV? Para os amigos? Para a família? Para o trabalho? E para Deus, quanto tempo você tem?

Uma dica: nunca comece com muito tempo, porque é como na academia, vá devagar no começo (10 minutos); depois, vá aumentando. Uma regra: o tempo sempre pode aumentar, mas nunca diminuir! O importante para Deus não é a quantidade, mas o amor com que você reza (ora); e não importa se está cansado ou coisa do tipo, o Senhor o aceita mesmo assim! Não tem desculpa. E aí? Quanto tempo vai dar para Deus? Ah! Escolha também o melhor horário do dia (manhã, tarde, noite ou madrugada).

3° Passo

Rezar (orar) um Pai-Nosso e uma Ave-Maria. O Pai-Nosso foi a oração que Jesus nos ensinou (cf. Mt 6, 9-13). Nela, vamos encontrar grandes ensinamentos que Ele nos deixou; e também a Ave-Maria, pois, quando recitamos essa oração, realizamos uma profecia bíblica, você sabia? Veja o que a Bíblia diz em Lucas 1,48: "…Sim, de agora em diante, todas as gerações me proclamarão bem-aventurada". A maior proclamação que ela é "bendita"; na verdade, é feita pelo próprio Deus, quando o Anjo Gabriel disse: "Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco!" (Lc 1,28). Recitar a Ave-Maria é fazer eco à voz de Deus no tempo que se chama hoje. Na segunda parte da oração – "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Amém" –, todo mundo sabe que ela é santa, e nós a chamamos de Mãe de Deus somente porque Jesus é Deus e, no fim, pedimos que interceda por nós, mais ou menos como muitas pessoas fazem, pedindo uns aos outros oração. Fique tranquilo, pode rezar (orar) sem medo.

4° Passo

Chegou a hora de louvar, e isso significa agradecer. Nesse momento, você deve lembrar-se de tudo o que passou neste dia ou no dia anterior, ou até mesmo lembranças que vierem à sua mente neste momento. Pode agradecer a Deus, fazer mais ou menos assim: "Senhor, eu Te louvo, porque hoje eu abri meus olhos e vi as nuvens no céu, elas estavam lindas. Senhor, eu Te louvo, porque hoje não me faltou o alimento, e porque sei que estás sempre ao meu lado. Eu Te louvo por tudo, por aquilo que foi bom e por aquilo que ainda não foi bom".

5° Passo

Todo o mundo erra, não é verdade? Então, vamos pedir perdão ao Senhor por todas as coisas que fizemos e não foram muito legais. Um dia, li no Evangelho que Jesus chorava (cf. Lc 19,41), porque os pecados que aquelas pessoas cometiam não machucavam somente a si mesmas, mas também o coração de Deus.

Peçamos perdão ao Senhor pelas vezes em que erramos e fizemos aquilo que não deveríamos fazer. Você pode começar assim: "Senhor, perdoe-me. Hoje, eu menti, tive vergonha de assumir a verdade. Senhor, perdoe-me também quando fiquei com muita raiva daquela pessoa. Senhor, perdão".

6° Passo

Agora é o mais fácil: chegou a hora de pedir, fazer a sua prece, seus pedidos. Uma dica: você pode começar pedindo pelos outros e deixar para o fim os seus pedidos pessoais. Quando fizer os seus pedidos, lembre-se disso: "A confiança que depositamos nele é esta: em tudo quanto lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, Ele nos atenderá" (I Jo 5,14).


7° Passo

Oração é diálogo, é conversa, e em uma conversa sempre existe a hora de ouvir. E essa hora chegou! Talvez você pense: "Nossa, isso é muito difícil!". Não é, não! Vou lhe mostrar: você tem Bíblia? Se não a tiver, é bom comprar uma. Se a perdeu, é bom encontrá-la. E se você estiver lendo este texto no computador, é só procurar no Google por "Bíblia". Se quiser, há também uma versão no formato PDF.

Pegue sua Bíblia e leia uma parte qualquer; depois, faça silêncio e deixe ressoar dentro de você a "voz de Deus". Viu como é fácil? Uma dica: se você está começando a ter contato com a Sagrada Escritura agora, então comece pelo Novo Testamento, porque é uma linguagem mais próxima da nossa, ou pelos Salmos, que também será um bom começo. Quando não entender alguma coisa, procure pessoas que realmente o ajudem e não as que o deixem mais confuso.

Pronto! Agora você já pode ter uma vida de oração constante. Seja fiel. Se marcou um lugar e uma hora, então você tem "um encontro com Deus". Não falte. Tenha a certeza de que Ele não vai faltar. Não pare de caminhar. Orar com música também é muito bom.

Esses simples sete passos vão levá-lo ao Céu!

Padre Sóstenes Vieira
Comunidade Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sete-passos-para-ser-fiel-na-vida-de-oracao/

15 de junho de 2016

Anjos maus existem e não podemos negar a existência deles

A Igreja ensina que os anjos foram criados bons, porque Deus não pode criar nada intrinsecamente mau

"Com efeito, o Diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em sua natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa" (IV Concílio de Latrão, em 1215; DS 800).

São Pedro fala do pecado desses anjos: "Pois, se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento (…)"(2 Pe2, 4).

Anjos maus existem e não podemos negar a existência deles
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

O pecado dos anjos não pode ser perdoado. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina que: "É o caráter irrevogável da sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado" (§ 393).

São João Damasceno (650-749), doutor da Igreja, afirma que: "Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe arrependimento para os homens após a morte" (Patrologia Grega, 94, 877C).

Dois erros devem ser evitados

Os últimos Papas têm chamado a atenção dos católicos para a importância de estarem conscientes da existência, natureza e ação dos demônios. É lamentável que algum teólogo ainda afirme que o demônio não existe ou não age. Na verdade, esta atitude é tudo o que o maligno quer. Dois erros devem ser evitados: negar a existência dos demônios ou pensar que todo o mal é obra deles.

O Papa Paulo VI disse na Alocução "Livrai-nos do Mal":

"Quais são hoje as maiores necessidades da Igreja? Não deixem que a minha resposta os surpreenda como sendo simplista e, ao mesmo tempo, supersticiosa e fora da realidade. Uma das maiores necessidades da Igreja é a defesa contra este mal chamado Satanás. O diabo é uma força atuante, um ser espiritual vivo, perverso e pervertedor; uma realidade misteriosa e amedrontadora." (L'Osservatore Romano, 24/11/1972).


Duro Combate

O Catecismo nos lembra que devido à ação do demônio, a vida espiritual se tornou um duro combate:
"Pelo pecado original o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este continue livre. O pecado original causa a 'servidão debaixo do poder daquele que tinha o império da morte, isto é, do Diabo'" (Concílio de Trento, DS1511; Hb 2, 4) (§407). "Esta situação dramática do mundo, que o 'o mundo inteiro está sob o poder do Maligno' (cf. 1Jo 5,19; 1 Pe 5, 8), faz da vida do homem um combate".

"Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade. Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus" (GS 37, §2) (§ 409).

Mas Deus não nos abandonou ao poder da morte e de Satanás; ao contrário, chamou o homem (cf. Gen 3,9) e lhe anunciou de modo misterioso a vitória sobre o mal. "Então o Senhor disse à serpente: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gen 3, 15).

Por que o Filho de Deus se manifestou

Jesus veio para tirar a humanidade das garras do demônio; e este teme o nome do Senhor. "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio" (1Jo 3, 8).

"A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta totalmente o poder supremo do nome acima de todo nome. Os espíritos maus temem seu nome" (At 16, 16-18; 19,13-16) / (Catecismo §434).
O Catecismo ensina que pela Sua Paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado. (§1708). Não há o que temer.

Cristo hoje vence o poder dos anjos maus sobre os homens, especialmente por meio dos Sacramentos, a começar do Batismo. O Catecismo nos ensina que: "Visto que o Batismo significa a libertação do pecado e do seu instigador, o Diabo pronuncia um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a Satanás" (§1237).


Mal não é uma abstração

Quando o Catecismo ensina sobre o conteúdo da oração do Pai-nosso com relação ao último pedido que fazemos a Deus: "(…) mas, livrai-nos do Mal", afirma: "Neste pedido da oração do Pai-Nosso, o Mal não é uma abstração (uma idéia, uma força, uma atitude), mas designa uma pessoa: Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O Diabo (diabolos) é aquele que "se atravessa no meio" do plano de Deus e de sua "obra de salvação" realizada em Cristo" (§2851).

"Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira" (Jo 8, 44), "Satanás, sedutor de toda a terra habitada" (Ap 12, 9), pois foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é pela derrota dele definitiva que a criação inteira será "liberta da corrupção do pecado e da morte" (Oração Eucarística, IV). "Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o gerado por Deus se preserva e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno" (1 Jo 5,18-19) e (CIC §2852).

"Ao pedir que nos livre do Maligno, pedimos igualmente que nos liberte de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador" (CIC §2854).

O livro da Sabedoria mostra toda a maldade do diabo: "Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez imagem da sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão" (Sb 2, 23-24).

Jesus se referiu ao maligno como homicida e mentiroso: "Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,44).

Importante ensinamento do Catecismo sobre o poder do demônio

"Contudo, o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás atue no mundo por ódio contra Deus e o seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves danos – de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física – para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas 'nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam'" (Rom 8, 28) e (CIC § 395)



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/anjos-maus-existem-e-nao-podemos-negar-existencia-deles/

13 de junho de 2016

Uma nova forma de liderar

As instituições precisam encontrar uma nova forma de liderar

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As instituições nos diferentes segmentos gritam por líderes com estatura para suprir suas necessidades. E essas demandas são muitas. Relacionam-se a metas, funcionamentos e procedimentos. À enorme lista de exigências, acrescentam-se ainda certas características das instituições: o custo, o peso e a incidência sobre a realidade. Todas essas variáveis indicam, de um modo geral, que é complexo o desafio de mudar as instituições. Elas são, como define o dito popular, "um pesado piano" que, por vezes, é empurrado com grande força, mas não sai do lugar. Consequentemente, experimenta-se um sentimento de frustração, desgaste e desanimo que empurra na direção da desistência ou do habituar-se à mediocridade. Uma situação que leva a sucateamentos e promove a perda de oportunidades que poderiam gerar importantes transformações.

Diante das dificuldades, urgente e desafiador é verificar processos para aperfeiçoar a utilização de recursos, particularmente investir na gestão de pessoas. Torna-se fundamental também acabar com certas "cargas pesadas" que estão fora do território da identidade do povo, da cultura e que apenas estreitam horizontes, atrapalham funcionamentos e mantêm loteamentos. Esses pesos ajudam a configurar um pensar pequeno que serve apenas para confirmar hegemonias do passado, com narrativas sobre fatos, momentos da história e reverências a líderes autoritários, responsáveis inclusive pelos atrasos. Pessoas que, um dia, favoreceram alguém somente para manter sob seu domínio os favorecidos.

É fácil detectar essa realidade quando se observa aqueles que não evoluem, apegam-se ao passado e não são capazes de perceber que se vive outro tempo. Até as conversas e a linguagem, além das posturas e a manutenção de afazeres que já são ultrapassados, revelam a mediocridade que impede o surgimento de novos líderes. As instituições pesadas hibernam com pessoas que não evoluem e, gradativamente, morrem por não conseguir se renovar. Esse peso torna-se ainda mais grave no contexto da dinâmica cultural contemporânea, marcada pela multiplicidade, velocidade e exigência de leveza. E a mudança das instituições depende, fundamentalmente, de seus líderes. Formá-los é exigência prioritária.

Para isso, deve-se cultivar a competência para o diálogo, pré-requisito primordial para ser bom gestor. Não lidera quem não dialoga. Em vez disso, arruína o que dirige e não consegue encontrar soluções. Dialogar como exercício primordial dos líderes não é artimanha espúria para negociatas. Trata-se de sabedoria que ampara a competência de discernir, de se fazer presente e próximo das muitas discussões que definem a agenda global da sociedade. É ser capaz de agregar, com paciência, muitas pessoas, inclusive as com opiniões divergentes para gerar consensos e, assim, oxigenar instituições. Desse modo, o líder estimula a inclusão participativa, a adesão a projetos que promovem melhorias no âmbito institucional e na sociedade.


Dialogar com pessoas próximas e com diferentes segmentos é competência indispensável, ainda mais para quem busca exercer liderança. Além disso, importa muito a realização de diagnósticos que considerem a complexidade social, a intuição inteligente na criação de iniciativas indispensáveis para alcançar os objetivos próprios das instituições, que são desafiadas a colaborar e a cumprir suas responsabilidades sociais, culturais ou religiosas. Assim é possível contribuir para melhorar a realidade. O grito das instituições é sintoma da falta de líderes, evidencia a presença de pessoas que ocupam cargos sem a competência necessária, seja técnica, humana ou espiritual. Indica também a necessidade de se tomar novas direções para promover mudanças e alcançar respostas capazes de evitar colapsos. Para suprir a carência social de bons líderes, é preciso também romper com a forte cultura do loteamento. Isso se conquista a partir do cultivo, particularmente no ambiente familiar e educativo, do gosto pela transparência, da coragem audaciosa no enfrentamento dos problemas, da habilidade para adotar um discurso direto e para agir nos parâmetros do altruísmo.

Os líderes e as instituições estão desafiados a considerar o contexto do mundo contemporâneo para romper com a ideia de que ainda há espaço para permanecerem estáticos. Tudo hoje funciona com outra velocidade. O que antes era menos complexo, mais controlável, lento e previsível, hoje é rápido, instável, imprevisível, altamente complexo e, com frequência, fora de controle. Por isso, deve-se respeitar e cultivar valores que alimentam discernimentos necessários para escolhas adequadas. A proximidade das situações, das pessoas e dos problemas, sem medo e sem pretensão de manipular, é caminho que gera a oportunidade para o intercâmbio na chamada sociedade do conhecimento. Um exercício importante, que promove mais adesão, participação e, consequentemente, contribuições significativas. Essa proximidade alimenta sistemas e processos com informações e inventividades, respeito a autonomias e interdependências que enriquecem ações transformadoras. É tempo de investir para se encontrar novas formas de liderar, substituindo posturas arcaicas pelas que, verdadeiramente, ajudem a construir novo momento. Isso começa a partir de diálogo sincero e direto, considerando a interpelação que vem do grito das instituições.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).

http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/uma-nova-forma-de-liderar/

10 de junho de 2016

A importância da admiração no namoro

Ao se admirarem, os namorados aprendem e crescem na virtude da pureza

Todos os filósofos afirmam que a grandeza do pensamento tem início na capacidade que a pessoa possui de se deixar admirar e contemplar.

A importância da admiração no namoro - 1600x1200Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A admiração não é uma atitude superficial; muito pelo contrário, admirar é sinônimo de deter-se e observar lentamente aquilo que nos chama à atenção. Na exortação Amoris Laetitia, o Papa Francisco escreve: "O primeiro nível do eros é a capacidade de se admirar" (A.L 150). O verdadeiro namoro tem o seu ponto de partida na admiração inicial, sadia e pura de um olhar, de um sorriso e uma conversa.

Ao se admirarem, os namorados aprendem e crescem na virtude da pureza. Muitos casais de namorados, após se conhecerem, já tem necessidade de estar juntos todos os dias, de partilhar e viver juntos. O namoro não pode ser superado como se fosse um tempo de possessão ou domínio. O tempo de namoro, que parte da primeira admiração, vai crescendo e gerando nos namorados a alegria de se conhecerem aos poucos.


Percebe-se, na nossa sociedade, que os namorados já estão vinculados "oficialmente" por uma espécie de pacto ou, por assim chamar, de oficial relacionamento, o qual já é aceito no meio da família e dos amigos.

Namorados passam férias, fins de semana, muito tempo juntos. Quando eles estabelecem uma relação nesse nível, perdem a capacidade de se admirar, dando maior oportunidade para as brigas insignificantes que deterioram o relacionamento. Um namoro sadio e responsável nasce num tempo oportuno, prudente e discreto.

Sou ciente de que hoje podemos entrar em contato com as pessoas superando as distâncias, o tempo e até o espaço; mas, no namoro, é vital a serenidade e a consciência de saber que esse período de relacionamento não possui em si mesmo nenhum compromisso definitivo; muito pelo contrário, é um tempo que passa na jovialidade da juventude.

Os namorados, muito mais do que admirar as qualidades ou a beleza física de cada um, devem admirar o conteúdo de suas conversas, dos assuntos que juntos partilham, das conquistas acadêmicas e familiares que realizam, especialmente preparando um projeto de vida que vislumbre o futuro. Quando o namoro é vivido na serenidade e na consciência sadia de que um não depende do outro, a admiração torna-se um caminho viável para, talvez, chegar a um tempo de noivado e, sem dúvida, a um futuro matrimônio.

Quando deve começar o namoro?

Um namoro deve ter início quando nasce a admiração e esta passa pela confirmação dos membros da família. Namorar às escondidas, namorar virtualmente não constitui um passo suficientemente frutuoso. O namoro deve ser experimentado no encontro aberto e reconhecido por aqueles que cuidam dos namorados. Cuidar não é sinônimo de vigiar, controlar e decidir no lugar do filho ou da filha. Cuidar significa promover a descoberta de uma nova experiência na vida, que, se bem conduzida, trará grandes benefícios para o amadurecimento.

Deixemo-nos admirar, cada vez mais, pelas obras do Senhor. Deus sempre nos admira. Permitamos que o tempo de namoro seja de conquistas e realizações que contribuam para que o caminho seja melhor construído. Não acelerar nenhum tipo de relacionamento é o primeiro sinal de uma vida construída sobre a Rocha, que é Cristo.

Viver o namoro na admiração sensata de quem, um dia, deverá tomar decisões definitivas é uma das maiores conquistas na vida afetiva. Namorados, façam deste tempo um período de admiração singela e doce, permitam que a ternura floresça na sua relação com dom vivido e celebrado.

O tempo que o namoro durar será frutífero sempre! Cada um deve admirar as esperanças e determinações que o outro tomar, até o dia em que já não serão mais decisões individuais, mas sim de casal.

Testemunhe com sua juventude que namorar é um tempo de graça vivido no respeito e na virtude. Isso não é outra coisa senão admirar!

Abraço Fraterno.



Padre Rafael Solano

Sacerdote da Arquidiocese de Londrina. Reitor do Seminário Maior Paulo VI. Professor da PUC – PR.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/a-importancia-da-admiracao-no-namoro/

8 de junho de 2016

A frustração da espera de um grande amor

Ter alguém ao lado para partilhar a vida, dar risada de bobeiras, dividir dores, frustrações, fazer planos e realizar sonhos é o desejo de muitas pessoas, e isso tende a começar cedo. As meninas, principalmente, entram em contato com as fantasias dos contos infantis e inserem o romance em seu projeto de vida, sem se esquecerem do toque especial do grande encontro com o príncipe encantado.

frustracao-da-espera-da-alma-gemeaFoto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A demora da chegada

Na verdade, esses desejos são legítimos e traduzem o profundo desejo humano de ser e estar com o outro, de sentir-se amado, acolhido em seus fracassos e acompanhado por alguém que seja testemunha de uma vida que anseia ser vivida a dois.

Entretanto, o encontro com o tão desejado  "grande amor" pode não ocorrer  no tempo esperado. A demora pode prolongar-se por meses e até anos, gerando sentimentos de angústia, tristeza e desesperança. Alguns, inclusive, deprimem-se, por sentirem que suas vidas perdem o sentido pela ausência de alguém com quem partilhar os dias, os quais parecem mais cinzas pelo peso da solidão.

É aí que se encontra uma questão extremamente importante: onde está localizada essa dor? Qual o motivo real da tristeza e solidão sentidas? E se o "grande amor" não chegar? Onde está realmente fundamentada a nossa realização e felicidade?


São questões um pouco difíceis de responder, pois envolvem certa dose de coragem e capacidade para lidar com a próprias fragilidades, incapacidades e algumas posturas infantis que carregamos sem perceber. Mas vamos lá! Mexer nas feridas pode ser bem doloroso, mas garanto que o processo trará excelentes resultados!

Antes de mais nada, sugiro que faça uma análise de como estão todas as dimensões da sua vida, incluindo o cuidado com a saúde, com os relacionamentos familiares, vivência com amigos e colegas de trabalho ou faculdade. E sua atenção para com a vida espiritual, como anda? Você tem lido coisas boas, alimentado bem seu corpo, sua mente e seu espírito?

Como se sentir feliz

Quando não focamos apenas na dimensão afetiva e amorosa, descobrimos que existem inúmeras maneiras de nos sentirmos plenos e felizes, em paz. Se permitirmos deixar cair alguns véus de idealismos e fantasias, daremo-nos conta de que cada ser humano é completo, tem a capacidade de ser feliz e plantar sementes de realização em todos os terrenos por onde transitar.

Temos tendência a projetar no futuro a realização de todos os sonhos e guardar um lugar seguro onde tudo está perfeito e realizado. Essa postura nos impede de enxergar encantos no presente e descobrir que aquele plano que queremos realizar começa hoje, agora. É lindo quando fazemos o exercício de reconhecer as conquistas que já tivemos e identificamos as vitórias que compõem a nossa história. Mas é claro que só alcançaremos nossos objetivos se soubermos aonde queremos chegar.

Projeto de vida para uma realização pessoal

Para isso, algo fundamental deve ser trabalhado constantemente: o seu projeto de vida. Que ser humano é você e quais são os seus planos profissionais, pessoais, espirituais e acadêmicos? Por onde deseja viajar? Que livros quer ler? Que tipo de conhecimentos quer adquirir? Que posturas deseja ter diante das adversidades e conquistas do caminho? Que legado quer deixar para o mundo? Se puder fazer uma lista dos desejos que possui para as outras dimensões da sua vida, poderá enxergar de forma mais palpável que existem inúmeros motivos para estar vivo.

Uma via interessante de realização pessoal é aprender a ser uma ótima companhia para si mesmo e perguntar-se: gosto de estar comigo e descobrir as maravilhas que existem em mim? Indo além: eu sou o amigo que gostaria de ter? Sou para o outro o que gostaria de receber? Se depois de uma reflexão sincera, a resposta "não" aparecer para uma ou mais dessas questões, sugiro que a aventura de amar-se seja uma prioridade. Na relação humana, só podemos doar o que possuímos, assim, se no nosso projeto de vida o relacionamento amoroso está incluso, aprenda inúmeras formas de amar de verdade, a começar por você e por quem está na sua vida hoje.

Revisão do passado

Treine possibilidades de surpreender-se com quem você é, visite seu passado, reconcilie-se com si mesmo, perdoe-se, comece uma linda história de amor com o ser humano incrível que reside aí, no corpo que você é. Aproxime-se também dos amigos e familiares, exercite o perdão e o convívio pacífico com aqueles que lhe são caros. Esse processo pode exigir uma dose de esforço, persistência, paciência e criatividade; mas essas são características de um bom namorado, uma boa esposa, um companheiro para a vida. Então, por que não começar agora a desenvolver e aperfeiçoar essas características, mesmo sem aquele "amorzinho" por perto?

O primeiro beneficiado será você, certamente! Poderá descobrir que a espera pela sonhada "alma gêmea" também é um tempo muito frutífero, cheio de novidades, aprendizados e a possibilidade de ser alguém completo e feliz no presente, que irá transbordar amor quando o outro chegar.



Milena Carbonari

Milena Carbonari Krachevski é Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, missionária dos Jovens Sarados e membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil. Contato: psicologa.milenack@gmail.com

6 de junho de 2016

Jovens infelizes na profissão que escolheram, o que devem fazer?

Escolhi a profissão ou faculdade errada! E agora?

Muitos pais e filhos sonham, durante muito tempo, com uma determinada profissão e canalizam todos os seus esforços e recursos para a realização desse sonho. Momento de comemoração quando conseguem realizar tal projeto. Mas o encantamento pode se transformar em pesadelo, pois o trabalho escolhido não traz felicidade.

jovens-infelizes-na-profissao-que-escolheram-o-que-fazerFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

As pessoas se levantam e vão para o emprego como iriam para a prisão. Porém, a responsabilidade pela sobrevivência pesa, e a decisão de uma mudança de profissão ou emprego é sempre adiada.


Desânimo no trabalho

Começar a segunda-feira cansado, ir arrastando para o trabalho todos os dias, não ver sentido no que faz, entre outros, são sintomas da infelicidade com a carreira. Nesse momento, é hora de avaliar os porquês da insatisfação. Alguns motivos podem ser trabalhados e a pessoa permanecer na profissão, outros demonstram que é preciso mudar de rumo.

O primeiro passo é buscar o autoconhecimento, descobrir o que gosta e o que não gosta, as suas potencialidades e limitações. Muitos hobbies podem ser transformados em profissões de sucesso.

Outra descoberta que precisa ser feita é se a pessoa quer trocar de emprego ou tentar uma segunda opção de carreira. Um alerta: muitas vezes, não se trata de insatisfação com a profissão, mas com a vida pessoal. Por não buscar esse conhecimento, muda-se de carreira e a insatisfação continua.

Outro item importante, na tomada de decisão, são as informações do mercado, os nichos que podem ser ocupados e as demandas a serem atendidas, porque não basta fazer apenas o que se gosta, se isso não garante a sobrevivência desejada pela família. Nesse caso, resolve um problema pessoal e cria-se outro familiar.

Mudança de rota

Existem mudanças no percurso e mudança de rota quando você decide pela segunda opção. Busque aproveitar a experiência adquirida que pode ajudar na nova profissão, inicie uma nova faculdade, que poderá abrir novos mercados e ou descubra o empreendedor que existe em você e inicie um negócio próprio.

Empresas especializadas em Recursos Humanos sugerem algumas dicas para o amadurecimento da decisão: manter a calma, avaliar a sua capacitação e verificar as ramificações que ela lhe permite, analisar outras áreas que exerce atração sobre você, verificar as novas profissões no mercado que estão em consonância com seu perfil pessoal e profissional e cruzar esses dados com a realidade mercadológica. É preciso preparar seu coração para as barreiras que terão de ser vencidas. Sinta-se motivado durante a caminhada, pois é o querer que nos leva até onde almejamos. Acima de tudo, aprenda a ser feliz com o que conquistou ou mude, pois nunca é tarde para se trocar de profissão.


Ângela Abdo

Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.

Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/jovens-infelizes-na-profissao-que-escolheram-o-que-fazer/

3 de junho de 2016

Violência física: dormindo com o inimigo

A violência física acontece quando o agressor usa de força física para machucar a vítima de várias maneiras, deixando ou não marcas evidentes.

violencia-fisica-dormindo-com-o-inimigoFoto: Daniel Mafra/cancaonova.com

São inúmeras as formas que a violência física pode tomar, desde socos, chutes e tapas a cortes, queimaduras e mutilações; assim como as táticas para causar sofrimento, seja por imobilização e asfixia ou arremesso de objetos pesados. É comum, no entanto, em todos esses casos, que o agressor sempre queira jogar sobre os ombros da vítima a culpa do seu próprio sofrimento.

É vital que a vítima que sofre algum tipo de violência física procure por ajuda para sair desse relacionamento abusivo. O silêncio, neste caso, pode conduzir à morte. Logo, não permita que o medo o impeça de ir até uma delegacia e denunciar o agressor. Porém, igualmente importante, é procurar por ajuda psicológica e espiritual, procurar por um padre, psicólogo ou psiquiatra, para que a vítima percorra um caminho de cura interior e assim possa superar os traumas e marcas deixadas nela.


Em entrevista ao cancaonova.com, a psicóloga Renata Ribeiro respondeu algumas dúvidas sobre violência física.

cancaonova.com: Por que as mulheres sentem tanta dificuldade para sair de um relacionamento abusivo?

Renata Ribeiro: Na maioria das vezes, é por medo, submissão, por não ter para onde ir e um apego afetivo muito grande com o esposo, o que, muitas vezes, não é amor, mas sim uma relação doentia. Muitas vezes, a mulher acredita que é o papel dela submeter-se a tudo isso. Às vezes, envolve dinheiro, família, filhos e outras pessoas. Muitas vezes, é um "não" dos pais, por não ter para onde ir. Ela apanha, mas é ele quem dá o pão; então, por troca, ela se submete a muita coisa. Não é uma coisa somente que vai definir o motivo de a mulher sentir tanta dificuldade para sair de um relacionamento abusivo. Muitas vezes, por carência afetiva, por ele ser o marido, a mulher se sente obrigada a submeter-se a esse tipo de violência.

cancaonova.com: Quais os traumas gerados no homem e na mulher?

Renata Ribeiro: Há o trauma de relacionar-se com outra pessoa, estar aberta a uma nova pessoa que a assumirá e amará. Há também o trauma de sentir-se injustiçada e, consequentemente, no direito de se vingar. Outro trauma é que a pessoa se torna amarga, não sorri, porque a alegria foi roubada dela. Infelizmente, quem comete violência física não tem noção do trauma que isso causa, porque a pessoa se sente um lixo. Outro trauma é que o agressor faz com que a pessoa se sinta culpada "foi você que me provocou", e isso faz com que, muitas vezes, a vítima se sinta codependente do agressor, porque ele ameaça denunciá-la. Por fim, o trauma que a vítima pode sofrer é de buscar ajuda com quem ela ama, mas essas pessoas não acreditam nela. Isso é uma das piores coisas. Já ouvi relato assim: "Fui falar para os meus pais e eles falaram que isso é normal".

cancaonova.com: Como superar o trauma? Quais passos precisam ser dados?

Renata Ribeiro: O primeiro passo é a pessoa querer ser ajudada. Depois, buscar ajuda com pessoas próximas e confiantes.

cancaonova.com: É possível superar esse trauma e constituir uma família saudável?

Renata Ribeiro: Com certeza é possível, porque não há nada que Deus não possa realizar. Eu não posso ficar parada no trauma, achando que todas as pessoas são ruins, preciso acreditar que sou capaz de encontrar uma pessoa que vai me amar e me tratar com carinho.

 


Fernanda Soares

Fernanda Soares é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Jornalista. Foi uma das apresentadoras no palco principal da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. Autora dos livros "A mulher segundo o coração de Deus" e "A beleza da mulher a ser revelada". Hoje trabalha como produtora de conteúdo no setor de Internet da Canção Nova.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/violencia-fisica/violencia-fisica-dormindo-com-o-inimigo/

1 de junho de 2016

Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida

"Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda" (Gênesis 2,18).

Compreender os desígnios de Deus exige tempo e, muitas vezes, toda uma vida.Diferente de um conto de fadas, na vida real, uma história de amor após o casamento não termina com o estereótipo "e eles viveram felizes para sempre!". No matrimônio, amar é ter como meta as promessas feitas um ao outro no decorrer da vida.

20129a08-4323-4b05-8764-7606b7242ac6Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Zoé Astuti tem 72 anos. Uma mulher forte, mãe e avó, cabelos escovados, lápis nos olhos e, na boca, além do batom tão discreto quanto ela, um sorriso que acolhe e encanta.

Ela nasceu na cidade de Sacramento (MG). Quando estava com quatro anos, sua família se mudou para a cidade de Arapongas, no Paraná. Foi lá que ela conheceu seu esposo,  Carlos Astuti.

Carlos tem 74 anos e é natural de Barretos (SP). Assim como Zoé, aos quatro anos seus pais se mudaram para Arapongas, no Paraná. Além de esposo, ele é pai, avô e um homem de família. Seu semblante cansado diz muito de uma pessoa batalhadora. Com as mãos postas sobre a mesa de vidro, ele se mostra tão firme, transparente e, ao mesmo tempo, frágil quanto aquele material no qual repousava suas mãos.

O casal se conheceu na escola, quando cursavam o Segundo Grau; os dois estudavam na mesma sala de aula e ali começaram o romance.

"Naquela época, nós flertávamos, era uma olhadinha aqui, uma piscadinha ali", conta Zoé. Os dois namoraram pouco tempo e logo se casaram, mas com "comunhão de dívidas",como ela costuma dizer, pois não tinham boas condições financeiras. "Quando temos metas, enfrentamos todas as barreiras e dificuldades", reflete a esposa.

A história deles não foi um conto de fadas. Carlos se lembra de que sempre foi muito retraído e fechado, mas afirma que, durante todo tempo, Zoé foi a grande responsável por lapidá-lo. "Ela sempre conseguiu extrair o melhor de mim."

Carlos sempre se esforçou para dar o melhor para sua família, por mais que isso o deixasse distante dela. Bancário aposentado, por diversas vezes ele deu prioridade ao trabalho. Hoje, ele se arrepende disso! "Eu sempre fui um esposo e pai supridor, só me preocupei com o sustento da família."


A esposa e os filhos de Carlos sempre sentiram muito sua falta, mas todos eles sabiam o esposo e o pai que tinham! "Eu sei que o Carlos ficava triste com toda a situação que vivíamos, mas ele não podia deixar o trabalhar", lembra Zoé.

Mulher forte, ela sempre aguentou tudo sozinha por causa da ausência do esposo. Ela foi mãe, pai e, muitas vezes, motorista, nas idas e vindas de carro ao médico com seus filhos. Zoé conta que viver o sacramento do matrimônio não é fácil, pois somos homens e mulheres falhos, mas, todos os dias, somos convidados a viver a promessa que fizemos um ao outro no matrimônio.

"Nosso matrimônio não foi fácil, mas tanto eu quanto o Carlos quisemos dar o nosso melhor para nossa família!", afirma Zoé.

Todo mundo tem problemas, por isso não dá para viver sem a graça de Deus. Só Ele para nos ajudar a viver bem o matrimônio.

No decorrer da vida, precisamos fazer ajustes, mas para isso acontecer precisa haver doação mútua. "Nós sempre procuramos nos edificar. Hoje, com a idade que temos, somos companheiros, e um precisa do outro", diz ela.

Carlos e Zoé estão juntos há 50 anos. Casaram-se no dia 12 de fevereiro de 1966. Pais de três filhos, hoje eles têm 10 netos. Ambos são felizes e, dia após dia, buscam escrever um novo final para sua história. "Agora, estamos caminhando juntos para o céu.

Buscamos dar sempre o nosso melhor e procuramos edificar sempre um ao outro, com nossos filhos e netos", finaliza Zoé.

Wesley Almeida
Jornalista


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/na-alegria-e-na-tristeza-na-saude-e-na-doenca-todos-os-dias-da-nossa-vida/