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28 de agosto de 2015

Viramos escravos da própria carreira?

Com tantos sonhos e ambições, tornamo-nos escravos da própria carreira

"Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas". No texto 'Felicidade Realista', de Martha Medeiros, encontra-se a frase citada acima, que traz um questionamento referente ao estilo de vida que adotamos e as metas que buscamos alcançar ao longo da carreira profissional.

Viramos escravos da própria carreira
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O trabalho, o cotidiano rotineiro têm tirado os prazeres básicos que tanto almejamos, como ganhar o suficiente para pagar as despesas, poder se divertir aos fins de semana e desfrutar de momentos felizes com a família. O simples passou a ser pouco, buscamos o extraordinário e, por mais que o alcancemos, não nos damos conta e continuemos a buscar, buscar, buscar…

Trata-se de um vazio infinito, fruto de uma saga que nunca vai se completar, já que nada nos satisfaz, e queremos sempre mais e mais. Para isso trabalhamos mais, estressamo-nos mais, adoecemos mais e por aí vai. Dados mostram: cresce o número de pessoas que querem se curar dos efeitos drásticos causados pelo trabalho na mente e no corpo.

As empresas estabelecem estilos de vida ilusórios que cegam seus colaboradores; assim, esses indivíduos esgotam as horas extras, perdem o lazer, deixam de lado os relacionamentos em troca de destaque, dinheiro e prestígio. Mas será que tudo isso vale a pena? O que é essencial para nossa vida?

Tenho a impressão de termos esquecido que para sermos completos nos basta cultivar as coisas simples, como um almoço com pessoas queridas, um reencontro inesperado, a lembrança que uma boa música nos traz. Deixamos de lado tudo isso para enfrentar, competir, lucrar e vencer. Uma vitória sem ganhadores, ou como se alguém vencesse um campeonato, mas não fosse buscar o prêmio, porque não percebeu que era o campeão.

Volte-se para dentro de si e descubra o que realmente o eleva de forma consciente. A paz interior precisa ser contemplada. O tempo perdido não volta, porém ainda é possível escrever uma nova história, mais feliz, com quem amamos!

 


Ioná Piva

Atualmente é professora dos cursos de Comunicação Social da Faculdade Canção Nova (Jornalismo e Rádio e Televisão). Mestranda do programa de pós graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista, cuja linha de pesquisa é: Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/viramos-escravos-da-propria-carreira/

26 de agosto de 2015

O sigilo do sacramento da confissão

O sacramento da confissão tem o sigilo inviolável 

Dentre os sacramentos da Igreja, dois recebem o título de sacramentos de cura. São eles: sacramento da penitência e unção dos enfermos. Sobre o sacramento da penitência, o conhecemos por diferentes nomes, e cada um tem o seu significado próprio:

O sigilo do sacramento da confissão
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

1. Sacramento da conversão: realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão.

2. Sacramento da penitência: consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e satisfação do cristão pecador.

3. Sacramento de confissão: a confissão dos pecados diante do presbítero é elemento essencial desse sacramento.

4. Sacramento da reconciliação: concede ao pecador o amor de Deus que reconcilia. O penitente faz a experiência do amor misericordioso do Pai.

Quando falamos em confissão, muitos fiéis carregam no coração o medo; não raro, há aqueles que se perguntam: "O padre não contará meus pecados para outras pessoas?". Sobre essa questão, os documentos da Igreja afirmam o caráter inviolável do segredo da confissão. O presbítero que acolhe o penitente, ouve seus pecados e lhe administra a absolvição está sob o sigilo sacramental, isso significa que aqueles pecados ouvidos não serão revelados em hipótese alguma.

Sobre o sigilo sacramental, os documentos da Igreja afirmam:

"O sigilo sacramental é inviolável, por isso, é absolutamente ilícito ao confessor, de alguma forma, trair o penitente por palavras ou de qualquer outro modo e por qualquer que seja a causa.

Tem a obrigação de guardar segredo também o intérprete, se houver, e todos aqueles a quem, por qualquer motivo, tenha chegado o conhecimento de pecados por meio da confissão" (Código de Direito Canônico, 893).

"Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, a Igreja declara que todo sacerdote que ouve confissões está obrigado a guardar segredo absoluto sobre os pecados que os seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas. Tão pouco pode servir-se dos conhecimentos que a confissão lhe proporciona sobre a vida dos penitentes. Esse segredo, que não admite exceções, é chamado 'sigilo sacramental', porque aquilo que o penitente manifestou ao sacerdote fica 'selado' pelo sacramento" (Catecismo da Igreja Católica, 1476).

O termo "sigilo" vem do latim sigillum, selo, lacre. Uma vez ouvida a confissão dos pecados, o presbítero sela com seu silêncio aquilo que foi ouvido. Não poderá jamais revelar para outrem o segredo dos pecados apontados pelo penitente. Esse sigilo sacramental é extremamente sério, que o Código de Direito Canônico assim expressa no Cânon 1388: "O confessor que viola diretamente o sigilo sacramental incorre em excomunhão latae sententiae reservada à Sé apostólica; quem o faz só indiretamente seja punido conforme a gravidade do delito".

Essa violação do sigilo sacramental é direta quando se revela o pecado ouvido em confissão e a pessoa do penitente, quer indicando o nome, quer ainda manifestando pormenores que qualquer pessoa pode deduzir de quem se trata. É indireta quando não se revela tão claramente a pessoa do penitente, mas o modo de agir ou de falar do confessor é tal que origina o perigo de que alguém a conheça.

 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar seus artigos na internet, acesse: www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-sigilo-do-sacramento-da-confissao/

24 de agosto de 2015

Como identificar se tenho distúrbios na sexualidade?

Alguns distúrbios na sexualidade são facilmente detectados; outros não são tão óbvios 

Tanto se ouve falar sobre os distúrbios sexuais! Muitas vezes, olhamos para esse assunto com preconceito, achando que são distorções graves e bizarras, de pessoas com traumas intensos e claros desequilíbrios afetivos sexuais. Isso é parcialmente verdade.

Como identicar se tenho disturbios na sexualidade
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Realmente alguns traumas sexuais são facilmente detectados quando se manifestam em vícios ou desejos por coisas que fogem dos padrões (animais, crianças, agressividade entre outros). Porém, algumas pessoas vivem sendo guiadas por seus traumas, com distúrbios na sexualidade, sem perceberem isso claramente. Desenvolvem padrões de relacionamento destrutivos, mas não tão óbvios para a sociedade. Isso pode se manifestar em ciúme excessivo, dependência emocional, dificuldade de assumir compromisso, manutenção de vícios mesmo sendo casado (masturbação e pornografia), tendência à traição ou na escolha de namorados sempre com características semelhantes e ruins.

Esses padrões de relacionamentos, muitas vezes, só são percebidos por meio de erros repetitivos. Por exemplo: alguém que foi traído em todos os namoros que teve ou sempre perde o "encanto" pelo outro quando passa a paixão inicial; quando sente necessidade de estar com pessoas que controlem excessivamente sua vida, sendo dependentes emocionais desse relacionamento.

Para avaliar um pouco se seus relacionamentos são saudáveis ou se há algum tipo de distúrbio sexual, é interessante pensar em dois aspectos. Primeiro, o histórico. Olhando para todos os relacionamentos que você teve, consegue perceber alguma repetição? Traição, término do relacionamento, quando começa a exigir compromisso; tendência à agressividade ou ao alcoolismo; perda da individualidade e dependência emocional? Isso pode ser um mau sinal de que os seus traumas familiares estão mal resolvidos dentro de você, e, por causa deles, você tem se apaixonado por pessoas com o mesmo perfil. É como um quebra-cabeça. Nós acabamos atraindo pessoas que se encaixam no nosso padrão afetivo. Se não mudarmos a nossa forma de amar, podemos até mudar a peça, mas o encaixe será sempre o mesmo.

Outra pergunta importante é como esse relacionamento tem influenciado na sua personalidade. Tenho me tornado uma pessoa melhor, mais madura, com autonomia e realizado? Estar com o outro me transformou em uma versão melhor do meu eu? Ou me anulei, escondi-me, fragilizei-me em minha autoimagem, perdi características importantes de minha personalidade, fui afastada de outras pessoas importantes para mim (família, amigos)? Quando um relacionamento é saudável, ele potencializa o que temos de melhor, ajuda-nos a evoluir naquilo que é defeito e nos estimula a desenvolver o que é bom.

O amor não aprisiona, não degrada, não exige exclusividade afetiva (exige fidelidade sexual). O amor verdadeiro nos aproxima de quem realmente somos, dá-nos a oportunidade de ser o melhor que podemos ser em todas as áreas. Um bom relacionamento nos ajuda a equilibrar todos os nossos laços afetivos – com amigos, família, trabalho, comida, comigo mesmo, com Deus…

Tenha coragem de parar para avaliar um pouco sua forma de amar e ser amado. Até que ponto seus traumas ainda têm manipulado seus relacionamentos? Será que é amor ou é um acúmulo das carências que você tem direcionado para o outro? Amar é doar-se. Será que você já se possui o suficiente para poder se relacionar de maneira verdadeira? Deixe Deus passear com você pela sua intimidade e preencher seus vazios. Só Ele pode entrar nesse lugar, só Ele tem amor suficiente para saciar traumas e assim podermos amar como precisamos.

Para aprofundar nesse assunto, recomendo ler meu livro "A verdadeira realização sexual". Acredito que possa ajudá-lo muito a se conhecer e a desenvolver uma maturidade afetiva.


Roberta Castro

Roberta Castro é Ginecologista e especialista em terapia familiar. Coordenadora do Ministério de Música e Artes da Renovação Carismática Católica no Estado do Espírito Santo.

Escritora pela editora Canção Nova


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/dependencia-sexual/como-identificar-se-tenho-disturbios-na-sexualidade/

21 de agosto de 2015

Eficácia do Método de Ovulação Billings

Por falta de conhecimento, muitos acreditam que o Método de Ovulação Billings é ineficaz

Estou aqui de volta para falar um pouco mais sobre o Método de Ovulação Billings. Desta vez, me pediram que eu falasse sobre sua eficácia.

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Permiti-me pensar na palavra eficácia e no que ela significa. Algo eficaz nos remete àquilo que promete ou que se espera que cause o resultado inicialmente pretendido. Nesses quase 20 anos como conhecedora do Método de Ovulação Billings, ouvindo as pessoas que me procuram para um atendimento, a pergunta que faço já na entrevista inicial  é essa: " Qual é a sua motivação para aprender e utilizar o Método de Ovulação Billings, ou seja, quais são as suas pretensões, o que você espera?

Como protocolo de atendimento, essas motivações são divididas da seguinte forma:
CF ( conhecimento da fertilidade), ou seja, adolescentes e jovens que decidem reconhecer e ler os sinais do seu corpo para conhecer a sua fertilidade;

EG (espaçar a gravidez), ou seja, casais que, por motivos pessoais, no momento, querem espaçar os nascimentos e, geralmente, estão em algumas dessas situações: estão amamentando, querem interromper o uso do anticoncepcional ou ainda as que estão se aproximando da menopausa;

PG (engravidar), ou seja, casais que buscam, a partir do reconhecimento de sua fertilidade, obter uma gravidez.

Em todos os casos, o uso do Método ajuda essas pessoas ainda a monitorarem sua saúde reprodutiva. Realizamos, no Centro de Formação Famílias Novas, especializado no ensino do Método de Ovulação Billings, um relatório anual dos atendimentos realizados. No ano passado, 84 pessoas puderam fazer o reconhecimento da sua fertilidade, 60 espaçaram e 15 buscaram engravidar, inclusive com diagnóstico médico de subfertilidade e já com encaminhamentos para inseminação artificial, 7 engravidaram de forma natural usando o Método de Ovulação Billings.

Além da minha experiência pessoal e profissional, em que constato a eficácia do Método, segundo a Organização Mundial da Saúde, ele apresenta 98% de eficácia na maioria dos casos.

Apesar desses números, comumente se escuta que o Método é ineficaz, mas isso se deve à falta de conhecimento sobre ele. Poucos profissionais de saúde possuem conhecimento profundo, apreciação e compreensão, e, geralmente, não prescrevem para seus pacientes. Um dos motivos é que nas Escolas de Enfermagem ou Medicina a informação é escassa ou nula. No entanto, a natureza holística informativa e integrativa do Método de Ovulação Billings se ajusta bem à prática profissional da enfermagem e da medicina. A maioria dos usuários estão altamente satisfeitos com o uso, sendo as razões principais de satisfação comuns o autoconhecimento, o não uso de medicamentos, a naturalidade e a efetividade.

O Método de Ovulação Billings cumpre aquilo que se espera dele. Ele se baseia no reconhecimento da fertilidade mediante a percepção da sensação de umidade ou secura vulvar. Pode ser utilizado em caso de ciclos regulares e irregulares. Requer do casal um período de aprendizagem com instrutores capacitados. O autorreconhecimento da fertilidade e da infertilidade possibilita à mulher conhecer seus próprios padrões sendo capaz de detectar uma gama de desordens ginecológicas.

Concluo dizendo aquilo que comprometeria a eficácia do Método de Ovulação Billings: a primeira coisa é a ausência do registro diário no gráfico; costumo dizer que quem não faz o gráfico a cada ciclo não pode se denominar usuária do Método de Ovulação Billings. A segunda é a ausência de um instrutor qualificado para o acompanhamento, pois o Método NÃO é o da tabelinha, mas o que acompanha o Continuum Ovárico de cada mulher, e cada ciclo conta uma história diferente.


Fabiana Azambuja

Fabiana Azambuja é instrutora Qualificada do Método de Ovulação Billings™ e Coordenadora do 'Centro de Formação Famílias Novas', no Posto Médico Padre Pio, em Cachoeira Paulista (SP). familiasnovas@cancaonova.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/planejamento-familiar/eficacia-do-metodo-de-ovulacao-billings/

19 de agosto de 2015

Dez dicas para santificar o trabalho

Toda profissão é por excelência um lugar de santificação

São Josemaria Escrivá sempre ensinou a seus filhos que todo trabalho é um local oportuno para estar mais próximo de Deus e dos irmãos: "Santificar o trabalho próprio não é uma quimera, mas missão de todo o cristão; tua e minha".

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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Sabe-se que nem sempre o ambiente do trabalho é um local de paz e harmonia. Muitos são os conflitos nas fábricas, nos escritórios, hospitais… Propomos, então, algumas dicas para que seu trabalho seja santificado a cada dia:

1 – Realizar com amor suas tarefas. Não basta apenas executar uma tarefa, ela precisa ser realizada com amor. Seu salário é fruto do seu trabalho e outras pessoas são destinatárias dele. O seu amor dará qualidade ao que for executado. Quando uma atividade é realizada com amor, os frutos são de bênçãos.

2 – Ser educado com todos. A educação é um valor universal. Pessoas frustradas geralmente descarregam suas insatisfações pessoais sobre os colegas de trabalho. Quer ser tratado com educação e respeito no ambiente de trabalho? Comece a observar como você tem tratado as pessoas. Se você as respeita, mas elas não o respeitam, então o problema não está com você, mas com elas.

3 – Saber silenciar. O silêncio é amigos dos sábios. No ambiente de trabalho, muitas vezes, é necessário exercitar o silêncio diante de situações complexas que não precisam ser alimentadas pela força das palavras. Silenciar-se é tão terapêutico quanto o falar.

4 – Não fofocar. A fofoca é a erva daninha nas empresas. O respeito à pessoa do outro é fundamental. Se não gostamos de determinada atitude de alguém no ambiente de trabalho, devemos procurar essa pessoa e conversar diretamente com ela. Fofoca destroem pessoas, amizades e empresas.

5 – Seu salário é fruto do seu trabalho. O salário que você recebe no fim do mês é fruto do seu suor. Ninguém é obrigado a ganhar o seu salário por você. Muitos se acomodam e deixam sobrecarregados seus colegas. Nenhuma empresa é obrigada a pagar por um serviço que não está sendo executado.

6 – Colaborar com os colegas. Muitos são aqueles que trabalham apenas pensando em si mesmos e não colaboram com os novos colegas que chegam. Colaborar, ajudar, partilhar é um ato de amor e um testemunho cristão. Ontem você estava no lugar de quem hoje chegou.

7 – Ser misericordioso com o próximo. A misericórdia é um gesto de amor ensinado por Jesus. Antes de julgar devemos ajudar. Toda pessoa é fruto da história de uma vida. Jesus sabia muito bem dessa verdade, por isso mesmo não se prendia a rótulos, mas ao coração de cada um que d'Ele se aproximava.

8 – Perdoar as faltas alheias. O perdão é dádiva divina. Uma vez que perdoamos alguém, libertamos nossa alma dos sentimentos negativos associados à falta do perdão e concedemos a nós mesmos a liberdade de caminharmos livres de tudo aquilo que nos aprisiona ao agressor.

9 – Aprender ouvir. Quem aprende a ouvir em silêncio é um promotor da paz. A palavra antes de ser pronunciada precisa ser gerada no silêncio da misericórdia.

10 – Orar. Animados na força da oração encontraremos o caminho para superar as dificuldades do trabalho e construir dentro das empresas lugares da paz e da misericórdia. Orar é alimentar a alma da presença do Senhor. Somente pode oferecer amor quem dele se alimenta diariamente.

 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar seus artigos na internet, acesse: www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/dez-dicas-para-santificar-o-trabalho/

17 de agosto de 2015

Como escolher padrinhos de batismo para os meus filhos?

A escolha dos padrinhos vão além do fato de ser amigo, parente ou rico

"O santo batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamos-nos membros de Cristo, e somos incorporados à Igreja e feitos participantes da sua missão: o batismo é o sacramento da regeneração pela água na Palavra" (CIC § 1213).

Como escolher padrinhos de batismo para os meus filhos
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 

Veja o quanto é importante esse sacramento! O batismo torna a pessoa filha de Deus e ela passa a fazer parte da família de Jesus, que é a Igreja. O batizado se torna um membro ativo, uma testemunha que vive a missão de anunciar Cristo aos povos. Por isso, aqueles que serão escolhidos para acompanhar os batizados precisam ter algumas características importantes. Não basta ser alguém conhecido, amigo, parente, rico ou "uma pessoa boa que faz parte da minha história", pode até trazer as caraterísticas citadas, mas vejamos o que o Código de Direito Canônico diz:

Cân. 872 – Ao batizando, enquanto possível, seja dado um padrinho, a quem cabe acompanhar o batizando adulto na iniciação cristã e, junto com os pais, apresentar ao batismo o batizando criança. Cabe também a ele ajudar que o batizado leve uma vida de acordo com o batismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes.

Cân. 873 – Admite-se apenas um padrinho ou uma madrinha, ou também um padrinho e uma madrinha.

Cân. 874 – Para que alguém seja admitido para assumir o encargo de padrinho, é necessário que:
1º seja designado pelo próprio batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo;
2º tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo bispo diocesano ou pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa;
3º seja católico, confirmado (seja crismado), já tenha recebido o sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir;
4º não se encontre atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada;
5º não seja pai nem mãe do batizando;
6º quem é batizado e pertence a uma comunidade eclesial não-católica só seja admitido junto com o padrinho católico, e apenas como testemunha do batismo;

O sacramento do batismo é tão importante, por isso o cuidado com aquele que vai apadrinhar o batizando. Costuma-se dizer que o padrinho ou a madrinha faz as vezes do pai ou da mãe. O que o pai e a mãe fazem ou deveriam fazer? Educar o filho na fé católica, no bons costumes, nos bons valores, deve educar para a responsabilidade e para a vida. O padrinho deve acompanhar o seu afilhado com a presença, com o bom testemunho de cristão, fazer as vezes dos pais ou auxiliar os pais em suas faltas.

Como é sério ser padrinho ou madrinha, não é verdade? Conforme o ensinamento da Igreja, a pessoa precisa viver o batismo, ou seja, ser católica, ser crismada e ter uma vida de comunhão eucarística. Uma pessoa assim está, provavelmente, inserida na vida da igreja paroquial, vai à Missa aos domingos, busca confissão periódica, é uma pessoa que busca, a todo custo, a santidade. Essa pessoa é santa? Não! Mas se percebe nela a sede de ser santa.


Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/como-escolher-padrinhos-de-batismo-para-os-meus-filhos-2/

13 de agosto de 2015

O que me faz sonhar e ser feliz

Mesmo em meios às adversidades podemos sonhar e ser feliz

De tempos em tempos, faz muito bem reavaliarmos a vida e percebermos a necessidade de mudanças para continuarmos vivendo plenamente. É como quem está seguindo em uma estrada reta e, de repente, depara-se com uma bifurcação. Não dá mais para seguir do mesmo jeito, é preciso optar por uma direção ou outra e preparar-se para as novidades que seguem. Sim, a vida é feita de novidades!

O que me faz sonhar e ser feliz - 1600x1200

Cada dia é único, mesmo que seja repleto de coisas aparentemente iguais. Nós também somos únicos, mesmo que, às vezes, nos tratem como iguais. Então, viver cada dia com suas surpresas, fazendo nossas próprias escolhas, abertos às novidades, é o que dá verdadeiro sentido à vida. Aliás, sentido é uma palavra que tem tudo a ver com a forma que escolhemos viver. Não estamos neste mundo por acaso, e ter um sentido na vida faz toda diferença. Conheço um provérbio popular que diz: "Para o barqueiro que não sabe aonde quer chegar, nenhum vento lhe é favorável". Ou seja, quem não tem uma meta dificilmente chega a alguma conquista, e até quando aconteçam coisas boas, nada parece lhe favorecer.

É que, na verdade, costuma-se encontrar o que se procura. Por isso, se você busca a felicidade, por exemplo, vai encontrar razões para ser feliz mesmo em meio às adversidades; contudo, se não busca a felicidade, quando ela vier ao seu encontro não a reconhecerá. Assim, se não sei o que estou buscando, como posso encontrar? É claro que existem pedras no caminho e nem todos os ventos sopram a nosso favor, mas quando temos uma direção, algumas pedras nos servem de degraus e alguns ventos fazem nosso barco avançar mar adentro com maior velocidade. Então, se quisermos realizar sonhos e viver em paz, é preciso sabermos com clareza aonde queremos chegar, e, a partir daí, fazermos as pequenas e grande escolhas do dia a dia, sem medo de arriscar.

Lembre-se de que você é único e tem um valor fundamental neste mundo. Siga seu coração e procure agir de acordo com aquilo que você sonha e deseja, e não de acordo com o que os outros pensam e querem para você. Nessa busca, você precisa olhar para seu passado com gratidão, mesmo que tenha sido difícil, sabendo que ele só pode influenciar seu futuro positivamente se você tiver aprendido com seus erros. Também precisa ter calma e respeitar seu processo de mudança.

O mundo pede urgência, é verdade, mas o coração tem seu próprio ritmo. Portanto:

Tenha paciência com você mesmo, respeite seus limites e vá dando um passo de cada vez sem desanimar.

Não permita que nada impeça suas relações com as pessoas, com Deus e com você mesmo.

Se for preciso, reconcilie-se, recomece, ame mais intensamente e não queira ser sempre o dono da razão.

Permita-se o direito de errar e arrisque mais uma vez, sempre que for preciso.

Quem sabe o que quer não perde tempo se lamentando das quedas, olha para o futuro com esperança e sabe que para chegar aonde deseja, tem de viver bem o presente. Portanto, levante a cabeça e volte a acreditar nos seus sonhos agora mesmo!

Você não estará sozinho, existe um Deus que o ama e está disposto a orientar seus passos. "Quer você se volte para a direita, quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: 'Este é o caminho; siga-o'" (Is 30,21).

A felicidade está à sua espera, por detrás de cada acontecimento que a vida lhe proporciona, vá ao encontro dela sem medo. Os ventos são favoráveis para o barqueiro que sabe onde quer chegar!


Dijanira Silva

Dijanira Silva, missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP). E-mail: http:// dijanira@geracaophn.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-que-me-faz-sonhar-e-ser-feliz/ 

10 de agosto de 2015

Como vencer a desvalorização da família

O pior problema das famílias desestruturadas não é de ordem financeira, mas moral

Mais do que nunca, a família é atingida, como disse o Papa João Paulo II, por muitas causas: praga do divórcio, "uniões livres", aborto, controle irregular da natalidade, "amor livre", "sexo seguro", "produção independente", inseminação artificial, "casamentos" de homossexuais, preservativos, eutanásia, úteros de aluguel, pornografia, ideologia de gêneros, adultérios, feminismos excêntricos, novelas imorais, brigas, bebidas etc.

Como vencer a desvalorização da família
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Toda essa desordem moral desaba sobre a família e seus amargos frutos caem sobre a própria sociedade, especialmente sobre as crianças. Irmã Lúcia, vidente de Fátima, disse a um cardeal que a batalha final de satanás contra a Igreja será pela "destruição do matrimônio e da família"; e hoje isso é notório, pois aí está a base do plano de Deus. João Paulo II disse, certa vez, que o mal sabe que não pode vencer Deus; então, procura destruir sua obra: a família. Ele disse também que o futuro da Igreja e da sociedade passa pela família. A própria ONU está aliada com a proposta de "desconstrução da família", como se viu na Conferência da China, sobre a mulher, em 1995, e na Conferência do Cairo sobre a demografia em 1996.

Hoje, a Igreja vê a família extremamente ameaçada. Na Carta às Famílias, escrita por ocasião do Ano da Família, em 1994, o Papa João Paulo II faz seríssimos alertas sobre as ameaças que hoje a família sofre. Ele disse: "Nos nossos dias, infelizmente, vários programas sustentados por meios muito poderosos parecem apostados na desagregação da família" (CF 5).

Mais à frente, o Papa continua a denunciar as ameaças à família: "No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, o filho um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para convencer-se disso, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, as tendências pró-abortivas que em vão procuram esconder-se atrás do chamado "direito de escolha" (pro choice) por parte de ambos os cônjuges e, particularmente, por parte da mulher" (CF,13).

Nessa mesma linha, sem meias palavras, o Papa denunciou os perigos que hoje rondam a família: "O chamado 'sexo seguro', propagandeado pela civilização técnica, na realidade, é, sob o perfil das exigências globais da pessoa, 'radicalmente não seguro'. E mais, é gravemente perigoso". Por causa disso, o Papa disse no Brasil, em 1997, que há entre nós milhares de crianças "órfãs de pais vivos" (CF, 14). Que tristeza!

Mostrando que a mentalidade consumista e antenatalista é uma ameaça à família, o Papa diz:
"Quando um tal conceito de liberdade encontra aceitação na sociedade, aliando-se facilmente com as mais variadas formas de fraqueza humana, rapidamente se revela como uma sistemática e permanente ameaça à família" (CF,14).

O pior problema, hoje, das famílias desestruturadas, não é de ordem financeira, mas moral. Quando os pais têm caráter, fé, ou como o povo diz, "tem vergonha na cara", por mais pobre que sejam, são capazes de impedir a destruição do seu lar. São inúmeros os casais pobres, mas que, com uma vida honesta, de trabalho e honradez, educaram muitos filhos e formaram bons cristãos e honestos cidadãos.

A miséria maior que destrói as famílias pobres e ricas é a miséria moral e a falta de religião. É esse resgate moral que precisamos realizar para recuperar a família segundo o coração de Deus. De tudo o que foi exposto até aqui, chegamos à conclusão de que a reforma da sociedade não poderá ser feita sem a reforma da família, segundo os planos do seu fundador. Somente ancorada na Lei eterna de Deus a família e a sociedade poderão ser felizes.

Em vista dessas ameaças contra a família, torna-se casa vez mais importante uma "educação no lar" que valorize a vida, a lei de Deus, a catequese, a oração em família e a solidariedade entre pais e filhos, entre esposo e esposa. Marido e mulher precisam ser fiéis um ao outro, e jamais se permitirem envolver com intimidades com outras pessoas, ameaçando a destruição da família com o adultério e o divórcio. A família cristã precisa, todos os dias, rezar o Terço de Nossa Senhora.

Os pais precisam dar boa formação moral e religiosa aos filhos, ensinando-lhes com clareza, desde pequenos, a evitar tudo que é imoral, tudo o que foi citado acima e ameaça a família. Aos poucos, uma mídia sem Deus, as novelas perversas, as revistas profanas, vão minando a fé e a moral católicas, e muitos começam achar que certos procedimentos irregulares são normais.

Cabe aos pais fiscalizar o que seus filhos estão aprendendo nas escolas, pois, de modo especial nas escolas públicas, têm sido colocado nas mãos das crianças cartilhas imorais e pornográficas. Hoje, a identidade e a formação das crianças são ameaçadas pela diabólica "ideologia de gênero", que tenta se implantar por lei, visando a criança.

Os cristãos precisam, por outro lado, manifestar-se de maneira organizada e unida com a hierarquia da Igreja, contra tudo que seja proposta de lei que ameace a família, e rechaçar das escolas tudo que seja imoral na formação dos filhos. A grande maioria católica do nosso país não pode se tornar uma maioria silenciosa e omissa, dominada por uma minoria gritante e agitadora que quer implantar entre nós leis imorais e destruidoras da família.

Por tudo isso, é fundamental que em todas as paróquias haja uma boa pastoral familiar, que possa preparar os jovens para o casamento segundo os valores do Evangelho, em retiros para namorados, noivos e casais. Todos os casais cristãos são chamados, hoje, sem que ninguém fique de fora, a ajudar nessa ação evangelizadora em função da família. Urge que se crie um "mutirão familiar". Caso contrário, vamos chorar mais tarde, quando virmos nossos filhos e netos vivendo valores que não são do Evangelho da salvação.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/como-vencer-a-desvalorizacao-da-familia/

5 de agosto de 2015

Causas e consequências do esgotamento espiritual

Quanto maior o esgotamento espiritual menor a qualidade do ministério

Todas as atividades, se não forem vivenciadas com equilíbrio e maturidade, podem causar sérios riscos à saúde. No campo espiritual não é diferente. Com o passar do tempo, o excesso de atividades na comunidade cristã ou em outras áreas de evangelização podem silenciosamente atingir nossa alma levando-nos a um sério esgotamento espiritual.

Muitos estão esgotados espiritualmente, mas não conseguem admitir tamanha sobrecarga sobre os ombros. Quem se esgotou esgota também quem está ao seu lado.

Causas e consequências do esgotamento espiritual
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O esgotamento espiritual traz consigo algumas características negativas para o bom andamento da missão evangelizadora. Muitos começam a exercer ministérios de maneira funcional; executam tarefas, mas o amor, que há tempos os motivava no exercício da missão, tornou-se apenas algo que pertenceu a uma antiga história de amor.

Quando isso acontece, tornam-se funcionários do Sagrado e deixam de ser discípulos missionários. Transformam a missão em algo funcional. Se antes o que alimentava a alma era o ardor missionário e evangelizador, agora cumprem suas obrigações sem se preocupar com a qualidade da evangelização.

Quanto maior o desânimo menor a qualidade do ministério. Jesus não quer funcionários que executem a missão em uma empresa, Ele quer amigos, discípulos, apóstolos que se apaixonam pela proposta do Reino e são impulsionados pelo Espírito Santo a levar a Boa Nova da salvação aos cantos e recantos do mundo. Um discípulo apaixonado é aquele que, a cada dia, examina sua consciência e procura, a cada nova manhã, renovar seu amor pelo Senhor. Quanto maior for nossa intimidade com Cristo melhor será a qualidade do nosso ministério.

Muitos se apaixonaram por Jesus Cristo um dia. Com o tempo, esse amor foi esfriando, pois deixaram de alimentar o relacionamento. A chama viva da paixão, que no início era um fogo abrasador, com o tempo tornou-se brasa, foi se apagando lentamente e hoje restam apenas algumas cinzas de um amor que não foi cuidado. Quando desviamos o olhar de Jesus Cristo, começamos a desejar outros deuses. Quantos foram seduzidos pelo poder, pela fama e o comodismo! Desviaram seu olhar do essencial e alimentam sua vida do periférico. Amores ilusórios se desfazem como o orvalho ao nascer do sol. Amores verdadeiros desabrocham como flores no jardim para alimentar a vida com a beleza que é dom divino.

Outros ainda cuidam com tanto zelo das coisas de Deus que se esqueceram do próprio Deus. Quando Ele deixa de ser a fonte na qual a alma sacia a sede, busca-se águas em fontes duvidosas que prejudicam a saúde espiritual da alma. Cuidar das coisas de Deus é importante, porém se Ele próprio não for a fonte primeira da vida missionária, seremos apenas empregados e não Seus amigos.

O esgotamento espiritual traz sérios riscos para a alma de todo cristão. Quem desvia o olhar de Jesus perde o horizonte de sua vocação. Nossa alma se alimenta daquilo que oferecemos a ela. Somente no cultivo de uma intimidade profunda com o Senhor voltaremos às origens do nosso primeiro amor.

 


Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre – MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG.

flaviosobreiro@yahoo.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/causas-e-consequencias-do-esgotamento-espiritual/

3 de agosto de 2015

Principais sintomas da hiperatividade

É importante ter clareza sobre as características da hiperatividade

Eta, menino sapeca! Esse menino não para quieto; tudo o que começa, ele larga! Só Deus!
Que pena você não ter pensado assim antes sobre o comportamento de seu filho, por isso demorou tanto para ver o que lhe faltava, para que ele pudesse se sentir uma criança socialmente saudável e feliz com ele mesmo! Mas como dizem os jovens, "a ficha caiu". Vamos lá, então, discernir o que está acontecendo com as crianças de hoje. Creio que elas estejam sendo vítimas de um sistema bruto, carentes de atenção, de ensinamentos domésticos, reforços positivos e extremamente exigentes.

Principais sintomas da hiperatividade
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

As crianças não sabem mais quem elas são, onde estão e para onde estão levando a sua infância. Ora as pessoas as vestem como adultos, ora as tratam como bebês. Mas nunca somente como crianças. E quem são essas crianças às quais estamos nos referindo? Esperamos que sejam crianças que brincam, choram, fazem birra, perguntam, falam e argumentam, que têm direitos e deveres. Dificilmente elas sabem onde estão: se na casa dos pais, se na casa dos avós ou na escola. Enfim, onde tiver gente para tomar conta, parece-me que ali elas vão estar. Para onde elas vão? Aí está o X do problema. Ops, o X do texto.

Para onde as crianças deste mundo contemporâneo estão indo? Algumas para a academia, outras para o ballet ou inglês; e como se fosse pouco, vão também para o apoio pedagógico, isso é, antiga banca, um lugar para fazer o dever de casa. Já outras vão para os consultórios de psicologia ou, quem sabe, neurologistas em busca de receitas para ficarem mais quietas e concentradas.

Há crianças que vão para psiquiatras infantis por não suportarem suas próprias ansiedades. Há também aqueles meninos e meninas, talvez poucos, que vão para área livre de suas casas, para correr de bicicleta, brincar de bonecas ou de super-heróis, fazer comidinha de mentirinha e cantar parabéns para o aniversário da Barbie, imitar a professora e brincar de escola, cair, levantar, ralar os joelhos, viver sem antecipação…

Que maravilha se todas as crianças fossem, desde o início da sua infância, para um território que se chama "brincar"! A ausência de oportunidades próprias para infância, nos tempos modernos, tem produzido comportamentos infantis intolerantes, birrentos, impacientes e, muitas vezes, insatisfeitos. Crianças que reclamam de tudo, de tudo o que têm e de tudo o que não têm.

O bom sempre é o desnecessário e o necessário sempre é o ruim. Acabam por serem afetadas negativamente pelo ambiente e, por consequência, afetam o mesmo. Um dos sintomas de que este século não tem sido adequado para formação dos nossos pequeninos é o surgimento de comportamentos estranhos, transtornos e desajustes que se instalam em muitas dessas crianças e adolescentes; principalmente os que têm a tendência a desenvolver transtornos mentais e comportamentais.

A hiperatividade tem sido uma característica comum no comportamento de muitas crianças, segundo a queixa dos pais e professores nos consultórios de psicologia. A hiperatividade se refere a uma extrema agitação psicomotora, enquanto o déficit de atenção manifesta-se em baixa concentração, impulsividade. Contudo, os dois sintomas juntos provocam incapacidade de terminar as tarefas propostas, sejam elas em casa ou as tarefas escolares.

Impulsividade na execução das tarefas, pouca organização, incapacidade de compreender instruções etc., são sintomas que impedem pais e professores de serem assertivos em suas atitudes frente tal comportamento. Faz-se necessário, então, autocontrole, paciência, estudos e clareza em como se pretende administrar um comportamento dessa natureza. Contudo, não se deve generalizar e achar que todo comportamento por demais ativo está enquadrado no TDHA – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Para saber se existe a possibilidade de ser esse o diagnóstico, deve-se basear os sintomas em várias fontes de informação, não apenas nos resultados dos questionários enviados pelos médicos à escola e à família. Devem ser ouvidos os pais e professores, de forma a "contextualizar" a informação dos questionários. Segundo Jorge Elói, psicólogo, mestre em Psicologia da Educação e pós-graduado em Hipnoterapia, a "Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é uma perturbação neuropsicológica, com uma alta predisposição genética, aproximadamente 70%".

É importante ter clareza sobre a característica, a frequência, intensidades e duração do comportamento que está comprometido nesse transtorno, para que não seja confundido o comportamento que requer medicamento e o que não precisa de profissionais de saúde para ser administrado. Contudo, o mais importante na educação de uma criança com comportamento que exige uma atenção especial não está apenas na aquisição dos diagnósticos e na escuta dos encaminhamentos médicos, mas na oportunidade de essas crianças se sentirem amadas e pertencentes a uma família: a viver em um lar harmonioso, livre de tensões, que seus pais tenha expectativas em relação à vida dos filhos; que as crianças convivam com bons exemplos e que, em suas vidas, tenham alegria, amor e divertimento.

A hiperatividade deverá ser enfrentada a partir do que de bom uma criança classificada como tal possa oferecer de melhor para o ambiente em que ela está inserida.


Judinara Braz

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro "Sala de Aula, a vida como ela é."
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/principais-sintomas-da-hiperatividade/