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6 de fevereiro de 2015

Útero artificial: é possível?

Em poucos anos, será possível substituir o útero materno por uma máquina 

É a  construção ou a utilização do que se chama útero mecânico, útero artificial, ou seja, um ambiente de cristal, o mais parecido possível com o útero da mãe, com alimentação e temperatura, tudo controlado por uma máquina. Esta nova tecnologia é motivo de preocupação entre os bioéticos e ginecologistas sobre o perigo da desumanidade. Trata-se de um novo tipo de experiência reprodutiva que poderia levar à produção de crianças sem mãe.

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O que a psicologia diz a respeito?

Esse processo é qualificado de desumano, pois destrói a revelação mãe-filho, considerada por todas as ciências humanas, sobretudo pela psicologia, como indispensável para a formação psíquica equilibrada do nascituro. Portanto, faz-se necessária uma conscientização radical, porque esse procedimento pode levar a um empobrecimento do conhecimento psicológico da criança.

O que a medicina afirma a respeito?

O ginecologista Giussepe Noia, responsável pelo Centro de Diagnóstico Pré-Natal do Instituto Clínico Obstétrico do Hospital Gemelli em Roma, declarou que se trata do terceiro passo da separação da mulher do seu papel de mãe. O primeiro foi dos anticoncepcionais. O segundo, a proveta. Agora, o útero artificial.

Para o responsável do setor de obstetrícia do Gemelli, trata-se "de um fato gravíssimo, fruto de uma mentalidade fundada sobre o biologismo", que reduz a vida humana a um produto. Sem dúvida, o médico reconhece que esses tipos de técnica deveriam estar a serviço das terapias que ajudam, em caso de necessidade, a salvar a vida que nasce: "Seria utilíssimo para as crianças muito prematuras, as que têm menos de 25 semanas. Utilizando-o como uma espécie de superincubadora, em lugar de fábrica de crianças, seria possível salvar a vida de muitos recém-nascidos e auxiliar muitas famílias".

O que isso representa para a Igreja? 

Dom Sgreccia, diretor do Centro de Bioética da Universidade Católica de Roma e vice-presidente da Pontifícia Academia para a Vida, declarou ao jornal Católico Avvenire que este anúncio "representa outro passo para a desumanidade da procriação, um afastamento daquele ser que deveria ser concebido não só no ato conjugal, mas também no corpo materno. O problema é que uma vez que a procriação se afasta do ato conjugal, qualquer tipo de manipulação desumanizante é possível, inclusive a clonagem. Quando separa o momento procriativo do unitivo, a procriação se torna cada vez mais numa manobra de laboratório."

O Papa João Paulo II, ao referir-se à dignidade da procriação humana, apresenta como motivo de preocupação a "fabricação" de seres humanos no útero artificial, o que significa o desaparecimento da família, dando início ao "Estado Parental" como querem alguns. Tudo isso preocupa os responsáveis pela sociedade.

Padre Mário Marcelo Coelho

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ.

Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção ( SP), o sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/utero-artificial-e-possivel/

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