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31 de outubro de 2014

Os males do comunismo

O comunismo elimina o mais sagrado dom que o homem recebeu de Deus: a liberdade

Desde que o comunismo (socialismo) surgiu no mundo, como expressão prática do marxismo-leninismo, a Igreja o combateu sem tréguas, por ser ateu, materialista, desumano, utópico, adverso a Deus e à Igreja. Segundo os seus mentores, Karl Marx, Lenin e outros, "a religião é o "ópio do povo", isto é, a droga que deixa o povo alienado e sujeito às explorações do capitalismo e dos ricos. A acusação vazia contra a Igreja é a de que ela só ensinava aos fiéis buscarem o céu, abandonando a Terra, sem lutar pelos direitos sociais.
Os males do comunismo

As muitas encíclicas dos Papas, desde a Rerum Novarum de Leão XIII (1878-1903) até o "Evangelho da Alegria" do Papa Francisco, desmentem essa mentira. A Igreja sempre foi a Instituição, em toda a história da humanidade, que mais caridade fez no mundo.

Para "libertar" os proletários, o comunismo prega a revolução violenta, a "luta de classes" até a eliminação de todas as classes, o que é uma utopia; incita a revolta dos empregados contra os patrões, dos pobres contra os ricos; joga irmãos contra irmãos, prega a eliminação da propriedade privada e persegue todo tipo de religião, de modo especial o Cristianismo.

Acima de tudo, o comunismo elimina o mais sagrado dom que o homem recebeu de Deus: a liberdade. Veja o que se passa em Cuba ainda hoje: o cidadão não pode deixar o país; é uma "ilha-prisão" em pleno século XXI, onde o povo não vota há mais de cinquenta anos. E ainda tem gente que a defenda.

Piérre Proudhon (†1865) disse: "O comunismo degrada os dons naturais do homem, coloca a mediocridade no nível da excelência e chama a isso igualdade". Na verdade, tenta criar uma igualdade utópica que Deus nunca desejou.

A fé católica ensina a socorrer o pobre em suas necessidades materiais, mas não pela violência, não derramando sangue inocente nem tirando a liberdade e a vida preciosa do ser humano e o transformando apenas em um dente da engrenagem do deus Estado. A moral não aceita que se faça o bem por meios maus; os fins não podem justificar os meios. Para os comunistas todos os meios são válidos para implantar o comunismo. É um sistema maquiavélico que matou milhões.

Winston Churchill (†1965) dizia: "Um jovem que não foi comunista não tinha coração; mas o adulto que permanece comunista não tem cérebro". M. Thatcher dizia que "o socialismo acaba quando acaba de gastar o dinheiro dos outros".

É importante meditar um pouco sobre o que a Igreja já falou sobre isso. O documento de Puebla (III CELAM, 1979) deixou bem claro: "(…) A libertação cristã usa 'meios evangélicos', com a sua eficácia peculiar, e não recorre a nenhum tipo de violência, nem à dialética da luta de classes (…)" (nº 486) 'ou à práxis ou análise marxista'" (nº 8).

Na Encíclica do Papa Pio XI, a" Divini Redemptoris, sobre o ""Comunismo Ateu" (19 de março de 1937), ele a condena veementemente. Pio IX disse: "E, apoiando-se nos funestíssimos erros do comunismo e do socialismo, asseguram que a 'sociedade doméstica tem sua razão de ser somente no direito civil' (Quanta Cura, 5). Leão XIII pediu: "Não ajudar o socialismo. Tomai ademais sumo cuidado para que os filhos da Igreja Católica não deem seu nome nem façam favor nenhum a essa detestável seita" (Quod Apostolici Muneris, no. 34).

"Porque, enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana contrária à igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os homens, naturalmente dissemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela lei natural de Deus" (Quod Apostolici Muneris, – Encíclica contra as seitas socialistas, no. 28/29).

"Entretanto, embora os socialistas, abusando do próprio Evangelho para enganar mais facilmente os incautos, costumem torcer seu ditame, contudo há tão grande diferença entre seus perversos dogmas e a puríssima doutrina de Cristo, que não poderia ser maior" (Quod Apostolici Muneris, 14).

"A Igreja, pregando aos homens que eles são todos filhos do mesmo Pai celeste, reconhece como uma condição providencial da sociedade humana a distinção das classes; por essa razão, ensina que apenas o respeito recíproco dos direitos e deveres, e a caridade mútua darão o segredo do justo equilíbrio, do bem estar honesto, da verdadeira paz e prosperidade dos povos. (…) "Mais uma vez, nós o declaramos: o remédio para esses males não será jamais a igualdade subversiva das ordens sociais" ( Alocução de 24/01/1903 ao Patriarcado e à Nobreza Romana).

"A sociedade humana, tal qual Deus a estabeleceu, é formada de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano; torná-los todos iguais é impossível: resultaria disso a própria destruição da sociedade humana."

"Disso resulta que, segundo a ordem estabelecida por Deus, deve haver na sociedade príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por um laço comum de amor, se ajudam mutuamente para alcançar o seu fim último no céu e o seu bem-estar moral e material na terra" (Quod Apostolici Muneris).

Pio XI disse: "(…) Como pede a nossa paterna solicitude, declaramos: o socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como 'ação', se é verdadeiro socialismo, (…) não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso a verdade cristã."

"Socialismo religioso, socialismo cristão são termos contraditórios: ninguém pode, ao mesmo tempo, ser bom católico e socialista verdadeiro" (Quadragesimo Anno, nº 117 a 120).

Pio XII explicou bem a diferença entre as pessoas:

"Pois bem, os irmãos não nascem nem permanecem todos iguais: uns são fortes, outros débeis; uns inteligentes, outros incapazes; talvez algum seja anormal, e também pode acontecer que se torne indigno. É pois inevitável uma certa desigualdade material, intelectual, moral, numa mesma família (…) Pretender a igualdade absoluta de todos seria o mesmo que pretender idênticas funções a membros diversos do mesmo organismo" (Discurso de 4/4/1953 a católicos de paróquias de S. Marciano).

João XXIII, como os demais Papas, defendeu a necessidade da propriedade privada: "Da natureza humana origina-se ainda o direito à propriedade privada, mesmo sobre os bens de produção" (Pacem in Terris, n°. 21).

João Paulo II, falando contra o capitalismo selvagem, disse: "Nesta luta contra um tal sistema, não se veja, como modelo alternativo, o sistema socialista, que, de fato, não passa de um capitalismo de estado, mas uma sociedade do trabalho livre, da empresa e da participação" (no. 35) "A Igreja reconhece a justa função do lucro, como indicador do bom funcionamento da empresa" (nº. 35). "Aquele Pontífice (Leão XIII), com efeito, previa as consequências negativas sob todos os aspectos – político, social e econômico – de uma organização da sociedade, tal como a propunha o 'socialismo', e que então estava ainda no estado de filosofia social e de movimento mais ou menos estruturado" (Enc. Centesimus Annus, n°12).

João Paulo II também mostra o erro grave do socialismo: "(…) É preciso acrescentar que o erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo econômico-social, enquanto, por outro lado, defende que esse mesmo bem se pode realizar prescindindo da livre opção, da sua única e exclusiva decisão responsável em face do bem e do mal. O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral, que constrói, através dessa decisão, o ordenamento social. Desta errada concepção da pessoa deriva a distorção do direito, que define o âmbito do exercício da liberdade, bem como a oposição à propriedade privada" (nº 13).

"Na Rerum Novarum, Leão XIII, com diversos argumentos, insistia fortemente contra o socialismo de seu tempo, no caráter natural do direito de propriedade privada. Este direito, fundamental para a autonomia e o desenvolvimento da pessoa, foi sempre defendido pela Igreja até nossos dias" (nº 30).

O "Livro Negro do Comunismo – Crimes, Terror e Repressão" (Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999, 917 págs.) – faz um balanço do amargo fruto que este diabólico regime gerou para a humanidade. Oitenta anos depois da Revolução Bolchevique na Rússia (1917) e sete depois de a União Soviética ter acabado (1997), a trajetória trágica do comunismo pode ser contabilizada pelo número de vítimas.

É a história da trágica aplicação na vida real de uma ideologia carregada de falsas promessas de igualdade e justiça que custou entre 80 e 100 milhões de vidas, com a esmagadora maioria de vítimas nos dois gigantes do marxismo-leninismo, a União Soviética e a China; além de Cuba, Viet Nan, Laos, Cambodja, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Polônia, Hungria, etc.

Na China, houve cerca de 65 milhões de mortos, a maioria dizimada pela fome desencadeada a partir do "Grande Salto para a Frente", o desastroso projeto de autossuficiência implantado por Mao Tsé-tung em meados dos anos 50. Tratou-se da pior fome da História, acompanhada de ondas de canibalismo e de campanhas de terror contra camponeses acusados de esconder comida.

Na URSS, de 1917 a 1953, ano da morte de Stalin, os expurgos, a fome, as deportações em massa e o trabalho forçado no Gulag mataram 20 milhões de pessoas. Só a grande fome de 1921-1922, desatada em grande parte pelo confisco de alimentos dos camponeses, ceifou mais de 5 milhões de vidas.

Na Coreia do Norte, comunista de carteirinha que ainda perdura, a execução de "inimigos do povo" contabiliza pelo menos 100 mil mortos. Em termos proporcionais, contudo, o maior genocida comunista é o Khmer Vermelho do Camboja: em três anos e meio (1975-1979), com sua política inclemente de transferência forçada dos moradores das cidades para o campo, matou de fome e exaustão quase 25% da população."

Os crimes do stalinismo e a matriz da política de terror empregada por outros regimes comunistas ficaram bem conhecidos desde o XX Congresso do Partido Comunista Soviético em 1956.

O organizador do Livro, Stéphane Courtois, é um ex-maoísta convertido em crítico do marxismo; ele argumenta que o crime é intrínseco ao comunismo e não apenas um instrumento de Estado ou um desvio stalinista de uma ideologia de princípios humanitários. Courtois também sugere a equiparação do comunismo ao nazismo, com base na ideia de que ambos partilham a mesma lógica do genocídio. "Os mecanismos de segregação e de exclusão do totalitarismo de classe são muito parecidos com os do totalitarismo de raça", escreve Courtois.

Quem ainda tem coragem de defender tal barbárie? No entanto, ela ainda existe na mente de muitos acadêmicos, jornalistas e outros que parecem não conhecer as lições da História.

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino, é viúvo, pai de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Site do Professor: http://www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/politica/os-males-do-comunismo/

29 de outubro de 2014

Como se Deus existisse

Somente por meio de homens que tenham sido tocados por Deus é que o Senhor pode retornar para perto dos homens

Na minha qualidade de crente, quero fazer uma proposta aos laicistas. Na época do iluminismo, tentou-se entender e definir as normas morais essenciais dizendo-se que elas seriam válidas etsi Deus non daretur, ou seja, mesmo no caso de Deus não existir. Na contraposição das confissões religiosas e na iminente crise da imagem de Deus, tentou-se manter os valores essenciais da moral por cima das contradições e buscar uma evidência que os tornasse independentes das múltiplas divisões e incertezas das diferentes filosofias e confissões. Deste modo, pretendia-se assegurar os fundamentos da convivência e, de uma forma mais geral, os fundamentos da humanidade. Naquele momento da história, pareceu que isso era possível, porque as grandes convicções de fundo, surgidas no Cristianismo em grande parte, resistiam e pareciam inegáveis. Mas agora já não é assim.

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A busca de tal certeza tranquilizadora, que pudesse permanecer incontestada independentemente de todas as diferenças, falhou. Nem sequer o esforço realmente grandioso de Kant foi capaz de criar a necessária certeza compartilhada por todos. Kant havia negado que Deus pudesse ser conhecido no âmbito da razão pura, mas, ao mesmo tempo, colocou o Senhor, a liberdade e a imortalidade como postulados da razão prática, sem a qual, coerentemente, para ele não era possível a ação moral.

A situação atual do mundo não nos leva talvez a pensar de novo que ele possa ter razão? Digo-o com outras palavras: a tentativa, levada ao extremo, de plasmar as coisas humanas menosprezando Deus completamente nos leva cada vez mais ao abismo, ao isolamento total do homem. Deveríamos, então, voltar ao axioma dos iluministas e dizer: mesmo quem não consiga encontrar o caminho da aceitação de Deus deveria buscar viver e dirigir sua vida Veluti si Deus daretur, ou seja, como se Deus existisse. Este é o conselho que dava Pascal a seus amigos não crentes; é o conselho que queríamos também dar a nossos amigos que não creem. Deste modo, ninguém fica limitado em sua liberdade, mas todas as nossas preocupações encontram um sustentáculo e um critério cuja necessidade é urgente.

O que mais necessitamos nesse momento da história são homens que, através de uma fé iluminada e vivida, façam que Deus seja crível neste mundo. O testemunho negativo de cristãos que falavam de Deus e viviam de costas para Ele, obscureceu a imagem do Senhor e abriu a porta à incredulidade. Necessitamos de homens que tenham o olhar fixo no Senhor, aprendendo d'Ele a verdadeira humanidade. Necessitamos de homens cujo intelecto seja iluminado pela Luz de Cristo e a quem Ele abra o coração, de maneira que seu intelecto possa falar ao intelecto dos demais e seu coração possa abrir o coração dos demais.

Somente por meio de homens que tenham sido tocados por Deus é que Ele pode retornar para perto dos homens. Necessitamos de pessoas como Bento de Nursia, que, em um tempo de dissipação e decadência, penetrou na solidão mais profunda e, depois de todas as purificações que deveria padecer, conseguiu se erguer até a luz, regressar e fundar Monte Cassino, a cidade sobre o monte que, com tantas ruínas, reuniu as forças das quais se formou um mundo novo.

Deste modo, como Abraão, Bento tornou-se pai de muitos povos. As recomendações a seus monges apresentadas no final de sua "regra" são indicações que nos mostram o caminho que conduz para o alto, além da crise e das ruínas.

"Assim como há um mau zelo de amargura que separa de Deus e leva ao inferno, há também um zelo bom que separa dos vícios e conduz a Deus e à vida eterna. Pratiquem, pois, os monges este zelo com a mais ardente caridade, isto é, adiantando-se para honrar uns aos outros; tolerem com suma paciência suas debilidades, tanto corporais como morais (…); pratiquem a caridade fraterna castamente; temam a Deus com amor; (…) e absolutamente nada anteponham a Cristo, que nos poderá conduzir todos juntos à vida eterna" (capítulo 72).

(*) O Discurso de Subiaco, proferido pelo Cardeal Ratzinger, em 1 de abril de 2005, no Mosteiro de Santa Escolástica, em Subiaco.

Padre Inácio José do Vale

Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-se-deus-existisse/

27 de outubro de 2014

Os verdadeiros valores ensinados por Jesus

Não é difícil perceber que os ensinamentos de Jesus atingia seus interlocutores

O encontro e o confronto de Jesus com as pessoas são carregados de ensinamentos. Ninguém passa em vão ao seu lado e todos são conduzidos à escolha de valores, com os quais podem orientar os rumos de suas vidas. Também os adversários são positivamente provocados a fazerem suas opções, como aconteceu com líderes de tendências religiosas e políticas, quais sejam os fariseus e os saduceus. As correntes de pensamento e orientação, cada qual com seus mestres, mostravam as preferências, quando constituíam escolas ou até seitas.

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Não é difícil perceber que os ensinamentos de Jesus atingia seus interlocutores (Cf. Mt 22, 34-40). Demonstra-o bem a atitude de grupos de ativistas que confabulavam para fazê-lo cair numa armadilha e posteriormente denunciá-lo às autoridades. Para colocá-lo à prova, alguém lhe pergunta sobre o maior mandamento da lei de Moisés. Os escribas listavam nada menos do que seiscentos e treze mandamentos, dos quais trezentos e sessenta e cinco eram proibições e duzentos e quarenta e oito preceitos. E estes perguntavam sobre o valor dos mandamentos, ou se alguns eram mais consideráveis, ou um deles pudesse ser o "mais" importante de todos.

A resposta de Jesus conduz o diálogo ao centro das opções a serem feitas e dá critérios para discernir o cumprimento da lei: não é mais decisivo a quantidade de preceitos a serem obedecidos, mas a qualidade e os motivos da obediência. A obediência a Deus é uma questão de amor. Só quando se escolhe com amor para obedecer é que se realiza a vontade de Deus. O obediente é diferente do escravo, porque ama a quem obedece. O essencial não é tanto seguir escrupulosamente um código de normas, mas os motivos e os beneficiários de nossa obediência, Deus e o próximo. O maior mandamento da lei é "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o segundo lhe é semelhante: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos" (Mt 22, 37-40).

Todas as nossas escolhas nos demais campos da vida haverão de ser condicionadas a estas prioridades, amar a Deus e ao próximo. Daí nascem, por exemplo, os critérios para a vida em família, como expressou magnificamente a Mensagem dos Padres Sinodais, divulgada há poucos dias: "Existe também a luz que de noite resplandece atrás das janelas nas casas das cidades, nas modestas residências de periferia ou nos povoados e até mesmos nas cabanas: ela brilha e aquece os corpos e almas. Esta luz, na vida nupcial dos cônjuges, se acende com o encontro: é um dom, uma graça que se expressa – como diz o Livro do Gênesis (2,18) – quando os dois vultos estão um diante o outro, em uma "ajuda correspondente", isto é, igual e recíproca. O amor do homem e da mulher nos ensina que cada um dos dois tem necessidade do outro para ser si mesmo, mesmo permanecendo diferente ao outro na sua identidade, que se abre e se revela no dom mútuo". A partir do amor a Deus e ao próximo se ilumina o trabalho humano e o esforço por construir um mundo mais justo, as decisões no estudo e na ciência, as prioridades na organização da sociedade ou as iniciativas de reconciliação entre pessoas e grupos. Daí nascem também critérios para as escolhas a serem feitas pelos cidadãos no campo da política!

Depois de semanas de propagandas, debates e embates políticos de toda ordem, passado o primeiro turno das eleições, chegamos às decisões finais para a Presidência da República e Governo de diversos Estados da Federação. Nós cristãos fomos provocados, ao ouvirmos uma lista infindável de propostas e também agressões mútuas dos contendores dos cargos em disputa. Que condições têm as pessoas que se apresentam para colocar em prática os valores em que acreditamos? Suas referências éticas e morais correspondem à escala de valores correspondentes à nossa fé cristã? A decisão está em nossas mãos!

Torna-se provocante a escolha a ser feita se levarmos em conta uma sábia constatação da Escritura: "Joatão foi postar-se no cume do monte Garizim e se pôs a gritar em alta voz: 'Ouvi-me, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouça. Certa vez, as árvores puseram-se a caminho a fim de ungir um rei para si, e disseram à oliveira: 'Reina sobre nós'. Mas ela respondeu: 'Iria eu renunciar ao meu azeite, com que se honram os deuses e os homens, para me balançar acima das árvores?' Então as árvores disseram à figueira:' Vem reinar sobre nós'. E ela respondeu: 'Iria eu renunciar à minha doçura e aos saborosos frutos, para me balançar acima das árvores?' As árvores disseram então à videira: 'Vem reinar sobre nós'. E ela respondeu: 'Iria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para me balançar acima das árvores?' Por fim, todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Vem tu reinar sobre nós'. E o espinheiro respondeu-lhes: 'Se, de verdade, quereis ungir-me como vosso rei, vinde e repousai à minha sombra; mas se não o quereis, saia fogo do espinheiro e devore os cedros do Líbano!'" (Jz 9, 7-9).

De fato, o voto, que tantos têm observado não ter preço, mas consequências, terá que ser exercido com os resultados dele decorrentes. De qualquer maneira, os eventuais governantes eleitos podem ser espinhos agudos na vida do povo brasileiro. Dentro de muito pouco tempo poderemos ver os resultados de nossas decisões, com as consequências que se multiplicarão na vida das pessoas, das famílias e de toda a sociedade. Poucas vezes o uso de nossa liberdade é posto em questão dessa forma, num jogo que esperamos se realize em plena liberdade democrática, sem posteriores reações pesadas de grupos ou partidos. O grande estadista inglês, Winston Churchill, cunhou uma frase carregada de sabedoria: "A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas".

Os riscos são nossos, dos eleitores! Se estes são cristãos, maior é a responsabilidade, pois deveremos escolher pessoas que correspondam aos valores decorrentes de nossa fé. Não nos deixemos enredar pelas muitas armadilhas das encruzilhadas da vida, mas façamos opções coerentes com o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja, nascida justamente do Evangelho. O Espírito Santo nos conduza!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/os-verdadeiros-valores-ensinados-por-jesus/

24 de outubro de 2014

O que a Igreja diz sobre sexo oral?

Não se deve confundir "sexo oral" com "prelúdio sexual"

Antes de tudo, é preciso dizer que nunca encontrei, na Bíblia ou em algum documento oficial do magistério da Igreja, a expressão "sexo oral" ou algo que trate do assunto.

Penso, então, que se deva entender por "sexo oral" a realização do ato sexual do casal por meios orogenitais, chegando-se ao orgasmo desta forma. Mais explicitamente falando, é o emprego da boca e da língua que, em contato direto com o órgão sexual do parceiro, pretende levá-lo ao orgasmo. Realmente isso não tem sentido, pois não foi assim que Deus programou a vida sexual do casal. É antinatural.

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A moral católica é baseada nisso: o que é natural é moral; o que não é natural, é imoral. O ato sexual é a "liturgia" conjugal, onde o casal celebra o amor e gera os seus filhos. Assim, há duas dimensões na vida sexual: unitiva e procriativa.

É evidente que pelo sexo oral, como descrito acima, além do mais, fecha as portas para a concepção e anula-se uma das dimensões do ato sexual. Isso mostra que esse tipo de atividade sexual deve ser descartada.

Por razões, muito mais graves ainda, o tal "sexo anal" não deve ser realizado por um casal cristão; é totalmente antinatural e imoral. Creio que se pode admitir como lícita alguma liberdade sexual para o casal, enquanto se está no "prelúdio" da relação, naqueles casos em que o parceiro precisa desse estímulo para chegar ao orgasmo junto com o outro. Mas não se pode realizar o ato sexual de maneira oral por ser contra a ordem da natureza. O casal não precisa dessas extravagâncias para ser feliz na vida sexual.

Não se deve confundir "sexo oral" com o "prelúdio sexual", ambos completamente diversos um do outro. O prelúdio, ou preparação para o ato sexual, com razão, além de lícito, é muito importante. E é ele, através de todo o contexto de carinho, que diferencia a relação sexual humana e a animal. Sem as carícias, os toques e as manifestações de afeto que precedem a consumação do ato sexual, este se limitaria a uma relação puramente animal.

De modo geral, as esposas precisam de um bom prelúdio sexual, com carícias até mesmo orogenitais, antes da penetração, para que possam chegar ao orgasmo. O marido pode e deve intensificar ao máximo as carícias, os toques, os carinhos e as palavras, no prelúdio, para que a esposa chegue ao orgasmo na penetração. É o amor que deve levar o marido a essa atitude, e não apenas a busca de um prazer sem limites.

Não se pode realizar a atividade sexual por meios não próprios para ele. E é exatamente por isso que, tanto quanto o sexo anal, o sexo oral é ilícito; é algo totalmente antinatural.

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino, é viúvo, pai de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Site do Professor: http://www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vida-sexual/o-que-a-igreja-diz-sobre-sexo-oral/

22 de outubro de 2014

11 dicas para evitar o desperdício de alimentos

A redução do desperdício exige mudanças de hábitos e comportamentos

Todos os dias, grandes quantidades de alimentos, que poderiam ter sido consumidos (ou utilizados de outra forma), estão sendo desperdiçados. Por isso, hoje, vamos falar sobre um assunto sempre atual e crescente em nosso meio: uma utilização inadequada dos alimentos.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), no Brasil, a cada ano, cerca de 70 mil toneladas de alimentos são jogadas no lixo. Todo esse desperdício gera perdas econômicas, impactos ambientais, além de acentuar ainda mais problemas sociais, pois sabemos que milhares de pessoas passam fome no mundo. Mas isso poderia ser diferente.

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São muitos os estudos que revelam o grande desperdício de alimentos por brasileiros. E essas pesquisas nos apontam algumas causas:

- Falha durante a produção, o transporte ou o consumo de alimentos;

- Falta de atenção e informação do consumidor, além de uma educação alimentar incorreta. Um grande problema que podemos apontar é o fato de compramos mais do que consumimos e de não sabemos reaproveitar os alimentos.

Podemos resumir dizendo assim: o ciclo de desperdício de alimentos começa no campo, continua no transporte, na armazenagem e na comercialização, para fechar-se na cozinha do consumidor. Portanto, a redução do desperdício exige de nós, consumidores, mudanças no comportamento e nos hábitos. Seguem, então, algumas dicas importantes que vale a pena colocar em prática:

1. Organize cardápios para almoço, jantar e lanches intermediários. Essa prática ajuda bastante a organizar e programar a quantidade do que iremos por em nossa mesa, evitando uma produção excessiva, principalmente em uma casa com muitas pessoas.

2. Faça uma lista do que realmente precisa antes de fazer suas compras no supermercado, pois isso evitará o consumo abusivo, o impulso de levar coisas desnecessárias que vão acabar passando da validade e indo parar no lixo;

3. Reaproveite as sobras do almoço. Sobrou comida do almoço? Nada de as jogar fora. Aproveite o que restou no jantar. Aqui, vale a criatividade e o talento na cozinha.

4. Compre alimentos perecíveis aos poucos. Aqueles que passam da validade em poucos dias – como frutas, laticínios e condimentos –, devem ser comprados aos poucos, à medida que forem necessários. Compras semanais são ideais para esse tipo de situação.

5. Cozinhe em quantidade maior e congele. Separe um dia para preparar várias refeições para todo o mês ou semana. Depois, guarde tudo no freezer e reaqueça no dia de consumi-las. Essa prática ajuda a economizar ingredientes.

6. Use a data de validade como critério. É preciso sempre estar atento aos rótulos para saber a procedência, a composição e o mais importante: a data de validade.

7. Cuidado com a mania dos "olhos maiores que o estômago". Colocar no prato somente aquilo que vai comer é outro passo importante.

8. Reaproveite o "pão dormido". Ele pode ser o ingrediente principal de receitas como pudim, rabanada, lasanha, torrada entre outras. Ele ainda pode ser fatiado ou triturado e guardado no congelador, onde ficará conservado por muito tempo. Depois é só descongelar e utilizá-lo normalmente.

9. Aproveite todas as partes de alimentos como frutas, verduras e legumes, pois são fontes de vitaminas, minerais e outros nutrientes fundamentais para nossa saúde. É fácil encontrar receitas envolvendo essas partes dos alimentos que melhoram nossa alimentação e ainda evitam o desperdício.

10. Mantenha o freezer arrumado e limpo: Verifique se as embalagens estão bem fechadas e controle a temperatura do seu congelador. Os alimentos devem ser conservados a uma temperatura entre 1º e 5º C para que se mantenham sempre frescos e bons para o consumo.

11. Faça uma rotação dos alimentos. Quando voltar das compras, arrume os produtos no congelador ou na despensa colocando os mais antigos na frente das prateleiras e aqueles que acabou de comprar no fundo, para assim utilizar primeiros os com data de validade próximos de vencer.

Todas essas dicas podem ser colocadas em prática, sempre lembrando que é importante usar com sabedoria e prudência tudo aquilo que Deus nos dá para nossa vida e nosso sustento.

Cristiane Zandim

Cristiane Pereira Zandim nasceu em Brasília / DF. É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/capa-do-portal/11-dicas-para-evitar-o-desperdicio-de-alimentos/

20 de outubro de 2014

Sociedade laica não quer dizer sociedade ateia

Numa sociedade pluralista, a laicidade é lugar de comunhão e relacionamento entre diversas tradições espirituais e a nação

O Senhor Jesus se encontrou com os grupos mais diversos de pessoas, dos mais simples e machucados da sociedade até as altas autoridades que circulavam durante sua vida pública, pelos caminhos da Judeia e da Galileia. Muitos acorriam a ele com suas misérias e inquietações, buscando a força da mensagem libertadora do Evangelho e a cura das enfermidades. Tantos emergiam do meio da multidão para se fazerem seus discípulos. Outras pessoas observavam de longe os acontecimentos. Alguns grupos se aproximavam com questionamentos, alguns deles formulados como verdadeiras armadilhas, a fim de envolvê-lo em contradição. A sabedoria do Senhor lhes devolvia muitas das perguntas, remetendo sempre ao confronto vital com a verdade.

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Muito expressivo é o encontro com fariseus e herodianos (Cf. Mt 22, 15-21) a respeito do imposto devido ao Imperador. Pode-se imaginar o contexto do comprometedor diálogo que se travou, num ambiente em que a população vivia oprimida, pagando tributos a uma potência estrangeira, dinheiro que chegava a uma autoridade que se revestia de pretensos poderes divinos. A resposta de Jesus é muito conhecida: "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus" (Mt 22, 21). Tal afirmação já foi indevidamente usada para separar fé e vida, negócios e devoção, quando o cerne da questão é justamente dar a Deus o que é de Deus. E a Deus pertence o coração humano e seu destino de vida e salvação.

A narrativa encontrada nas primeiras páginas da Bíblia indica justamente a convicção das pessoas de fé: "Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança" (Gn 1, 26). Somos criaturas de Deus, pensadas desde toda a eternidade para sermos felizes em comunhão com ele. Pertencer a Deus e dar-lhe o devido e primeiro lugar em nossa vida é condição para a realização e a felicidade. O dever do amor e da adoração a Deus é o primeiro dos mandamentos, a primeira condição para o pleno desenvolvimento de todas as potencialidades humanas.

Em todas as épocas da história se fizeram sentir o indiferentismo, o relativismo e o ateísmo. Uma de suas formas ganha o nome de laicismo, diferente da laicidade. Se a justa laicidade do Estado não assume como oficial qualquer religião, a Igreja Católica propugna um mútuo respeito pela autonomia de cada uma das instâncias, a civil e a religiosa. Ao Estado cabe assegurar o livre exercício das atividades espirituais, culturais e caritativas das pessoas de fé. Numa sociedade pluralista, a laicidade é lugar de comunhão e relacionamento entre diversas tradições espirituais e a nação. Sociedade laica não quer dizer sociedade ateia! Infelizmente, ensina o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, permanecem, inclusive em sociedades democráticas, expressões de laicismo intolerante, que hostilizam qualquer forma de relevância política e cultural da fé, procurando desqualificar o empenho social e político dos cristãos, porque se reconhecem nas verdades ensinadas pela Igreja e obedecem ao dever moral de ser coerentes com a própria consciência; chega-se também e mais radicalmente a negar a própria ética natural. Esta negação, que prospecta uma condição de anarquia moral cuja consequência é a prepotência do mais forte sobre o mais fraco, não pode ser acolhida por nenhuma forma legítima de pluralismo, porque mina as próprias bases da convivência humana. Neste quadro, a marginalização do Cristianismo seria uma ameaça para os próprios fundamentos espirituais e culturais da civilização (Cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, números 571 a 574).

Este laicismo, ideologia que pretende se impor no mundo ocidental, e cada vez mais no Brasil, como única admissível, tem livre trânsito na grande imprensa e deseja relegar a fé à esfera do privado e opondo-se à sua expressão pública (Cf. São João Paulo II, no dia 24 de janeiro de 2005). Em nome de tal ideologia se levantam os defensores das contradições correntes, como a defesa dos direitos dos animais a qualquer custo pelos mesmos partidários do aborto ou de eutanásia e da absoluta falta de princípios em assuntos de moral sexual. Podemos ampliar o horizonte, para identificar uma verdadeira cruzada que se espalha pelo mundo pela eliminação de todos os sinais religiosos em escolas ou outros espaços.

O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Igreja no mundo Contemporâneo, Gaudium et Spes (Cf. número 36) já constatava que muitos parecem temer que a íntima ligação entre a atividade humana e a religião constitua um obstáculo para a autonomia dos homens, das sociedades ou das ciências. Se por autonomia das realidades terrenas se entende que as coisas criadas e as próprias sociedades têm leis e valores próprios, que o homem irá gradualmente descobrindo, utilizando e organizando, é perfeitamente legítimo exigir tal autonomia. Se, porém, com as palavras autonomia das realidades temporais se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem ordená-las ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais afirmações. Pois, sem o Criador, a criatura não subsiste. De resto, todas as pessoas de fé, de qualquer religião, sempre souberam ouvir a sua voz e manifestação na linguagem das criaturas. Antes, se se esquece Deus, a própria criatura se obscurece.

Vivemos uma grande batalha, na qual não nos é possível escolher, como cristãos, a não ser a dependência livre e realizadora de Deus e da força de sua Palavra. Os direitos de Deus se expressam magistralmente na palavra do Apóstolo: "Ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado: Jesus Cristo. Se então alguém edificar sobre esse alicerce com ouro, prata, pedras preciosas ou com madeira, feno, palha, a obra de cada um acabará sendo conhecida: o Dia a manifestará, pois ele se revela pelo fogo, e o fogo mostrará a qualidade da obra de cada um. Aquele cuja construção resistir ganhará o prêmio; aquele cuja obra for destruída perderá o prêmio – mas ele mesmo será salvo, como que através do fogo. Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós. Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus" (I Cor 3, 11-17).

Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

17 de outubro de 2014

Oração à Santa Edwiges, protetora dos pobres e endividados

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

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Senhor meu Deus, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, Vós que tudo regulais em justiça e misericórdia, aceitai a prece que humildemente Vos dirijo por intermédio de Santa Edwiges, vossa serva, que tanto Vos amou, na terra e que usufrui da graça de contemplar Vossa divina face.

Santa Edwiges exemplo de fé cristã, espelho do amor divino.

-Vinde em nosso auxílio.
Santa Edwiges, fiel discípula de Cristo, humilde serva do Senhor, modelo de amor à cruz.

-Vinde em nosso auxílio.
Santa Edwiges, bondosa mãe dos pobres, auxílio dos doentes, refúgio dos oprimidos.

-Vinde em nosso auxílio.
Santa Edwiges, modelo das mães cristãs, glória da Santa Igreja.

-Vinde em nosso auxílio.
Santa Edwiges, por amor a Jesus, Maria e José, fazei vossas, minhas aflições. Apressai-vos em socorrer-me. Amém.

Oremos: Santa Edwiges, socorrei-nos em nossas necessidades – Por amor a Jesus Crucificado, fazei vossas, minhas aflições e minhas angústias, apressai-vos em socorrer-me. Santa Edwiges, por vossa santa vida, por vossa santa morte, fazei vossas, minhas aflições e minhas angústias, apressai-vos em socorrer-me. Amém.

Santa Edwiges, protetora dos endividados, rogai por nós.

15 de outubro de 2014

Você tem coragem de desligar?

Você é daquelas pessoas que passam horas com seu celular e não se sentem satisfeitas enquanto não veem todas as mensagens? 

Seria uma bobagem dizer que precisamos deixar de usar celulares, tablets, smartphones e todos equipamentos que nos ligam uns aos outros pela internet. Da mesma forma, é angustiante, por exemplo, esquecer o celular ou o carregador em casa naquele dia em que esperávamos dar vários telefonemas.

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Você já sentiu isso alguma vez? Aquele desespero, aquela ansiedade por imaginar pessoas ligando ou mandando mensagem, e você sem poder ao menos lhes responder? E aquelas noites em que você fica horas e mais horas respondendo mensagens instantâneas, WhatsApps, SMSs, redes sociais… Ufa! Você sofre muito com isso?

Passa horas em frente a esse aparelhinho como se não ficasse satisfeito enquanto não visse todas as mensagens, todas as notícias do momento e respondesse todos os recadinhos, deixando tantas outras coisas de lado?

Na maioria das vezes, nós perdemos a noção e o bom uso do tempo com essas ferramentas e prejudicamos nossa vida, nosso sono, nossos relacionamentos. Sei o quanto é difícil desligar, desconectar e parar. Mas que tal um desafio? Você consegue esperar 30 minutos para responder uma mensagem? E uma hora? Você conseguiria?

Penso que qualquer meio de comunicação, como o nome diz, é um meio e não um fim. Não deve nunca ser a arma que nos aprisiona, mas que sirva para estreitar laços. Mais ainda, que não nos percamos em nossos relacionamentos pelo uso abusivo desses equipamentos.

Coloco para todos nós a necessidade de parar, perceber e reavaliar o uso dos equipamentos de tecnologia, mas, claro, sem deixá-los de lado. Todos estamos nesse barco, e a grande maioria de nós já se viu rodeado de mensagens e de pessoas lhes procurando. Em certos momentos, tenho a sensação de que fazemos tudo no "modo automático", e com isso nem ao menos paramos para pensar como respondemos e o que respondemos nessas tais mensagens.

E aquela rede social que serve de desabafo? Aquela exposição excessiva de uma vida supostamente feliz ou exibicionista? Será que precisamos disso tudo de verdade?
Quantas vezes prejudicamos nossos relacionamentos com palavras mal colocadas, brigas desnecessárias e a aquela perseguição desenfreada ao que é postado?

Tudo em excesso é prejudicial. Então, deixo a reflexão: "Está na hora de apertar o botão 'desligar' e conectar-se a outras coisas em sua vida".


Elaine Ribeiro

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova. Blog: temasempsicologia.wordpress.com Twitter: @elaineribeirosp


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/voce-tem-coragem-de-desligar/

10 de outubro de 2014

Como celebrar a Palavra quando não tem um sacerdote ou diácono?

Orientações para a celebração da Palavra de Deus

A Eucaristia é, por excelência, a celebração do Dia do Senhor. O Catecismo da Igreja Católica prescreve: "O mandamento da Igreja determina e especifica a lei do Senhor: 'Aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da Missa'. Satisfaz o preceito de participar dela quem a assiste segundo o rito católico no próprio dia da festa ou à tarde do dia anterior" (CIC 2180).

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A Celebração da Palavra não deve ser confundida com a Missa. O documento 43 – "Animação da vida litúrgica no Brasil"–, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assim nos orienta: "Contudo, não confundimos nunca estas celebrações com a Eucaristia. Missa é Missa. Celebração da Palavra, mesmo com a distribuição da comunhão, não deve levar o povo a pensar que se trata do Sacrifício da Missa. É errado, por exemplo, apresentar as oferendas, rezar o Cordeiro de Deus e dar a bênção própria dos ministros ordenados".

O ideal seria que todas as comunidades pudessem participar da Missa, contudo a realidade que vivemos no Brasil não é essa. Segundo o documento 43 da CNBB, cerca de 70% das comunidades no Brasil não tem acesso à Celebração Eucarística presidida por um ministro ordenado. Muitas delas se encontram em regiões distantes que não permitem aos fiéis ir a uma igreja. O que fazer em tais casos? Qual a orientação da Igreja?

Vejamos o que diz a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia: "Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas vigílias das festas mais solenes, em alguns dias feriais do Advento e da Quaresma e nos domingos e dias de festa, especialmente onde não houver sacerdote; neste caso, será um diácono ou outra pessoa delegada pelo bispo a dirigir a celebração" (SC, 35.4).

A Congregação para o Culto Divino, no "Diretório para celebrações dominicais na ausência do presbítero", no parágrafo 20, assim prescreve: "Entre as muitas formas celebrativas que se encontram na tradição litúrgica, é muito recomendada a Celebração da Palavra de Deus".

O mesmo diretório diz: "Quando em alguns lugares não for possível celebrar a Missa aos domingos, veja-se primeiro se os fiéis não podem deslocar-se à igreja de um lugar mais próximo e participar aí da celebração do mistério eucarístico.

Quando a celebração da Missa dominical não é possível, é muito recomendada a celebração da Palavra de Deus, seguida da comunhão eucarística. Mas é necessário que os fiéis percebam com clareza que tais celebrações têm simplesmente carácter supletivo, e não venham a considerá-las como a melhor solução para as atuais dificuldades ou concessão feita à comodidade. Por isso, as celebrações dominicais, na ausência do presbítero, nunca podem realizar-se aos domingos naqueles lugares onde a Missa já foi ou vier a ser celebrada nesse dia ou tiver sido celebrada na tarde do dia anterior, mesmo noutra língua". Recomendo a leitura atenta do "Diretório para celebrações dominicais na ausência do Presbítero", publicado pela Congregação para o Culto Divino.

A celebração dominical na ausência do presbítero é orientada por um diácono que a preside ou, na sua falta, por um leigo designado pelo pároco.

A CNBB publicou um documento (número 52) sobre "Orientações para a celebração da Palavra de Deus". Neste documento, encontramos alguns dados importantes:

1. Para a Celebração da Palavra de Deus não existe um ritual próprio. Muitas comunidades seguem o esquema da Celebração Eucarística, omitindo algumas partes ou usando um subsídio específico.

2. Na Celebração da Palavra, sejam valorizados os seguintes elementos: 1) Reunião em nome do Senhor; 2) Proclamação e atualização da Palavra; 3) Ação de Graças; e 4) Envio em Missão.

O documento ainda oferece um roteiro:
1. Ritos iniciais: Saudação, acolhida, introdução no espírito da celebração, rito penitencial. Quem preside conclui os ritos iniciais com uma oração.
2. Leitura, Salmo e Evangelho.
3. Partilha da Palavra de Deus.
4. Profissão de Fé.
5. Oração dos Fiéis.
6. Momento de Louvor: Não deve ter, de modo algum, a forma de Celebração Eucarística.
7. Oração do Senhor – Pai Nosso.
8. Abraço da Paz.
9. Comunhão Eucarística: Nas comunidades onde se distribui a Comunhão durante a Celebração da Palavra, o Pão Eucarístico pode ser colocado sobre o altar antes do momento da ação de graças e do louvor, como sinal da vinda do Cristo, Pão Vivo que desceu do céu.
10. Ritos finais.


Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG. Página pessoal: http://www.padreflaviosobreiro.com Facebook: http://www.facebook.com/flaviosobreiro 


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/como-celebrar-a-palavra-quando-nao-tem-um-sacerdote-ou-diacono/

8 de outubro de 2014

Seis dicas para um casamento feliz

À luz da história, é possível dizer que o casamento "nasceu" em crise. Cristo, no entanto, veio redimir o homem - e também o matrimônio.

Não há dúvidas de que a família está em crise. À luz da história, no entanto, é mais exato dizer que a família nasceu em crise. O plano primordial do Criador para o homem e a mulher - que vivessem o amor, como imagem do amor com que Deus os criou -, infelizmente, foi perturbado pelo pecado original. O Catecismo da Igreja Católica destaca que, "desde sempre, a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, pelo espírito de dominação, pela infidelidade, pelo ciúme e por conflitos que podem chegar ao ódio e à ruptura" [1].
Mas, como é verdade que "Deus todo-poderoso (...), sendo soberanamente bom, nunca permitiria que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do próprio mal, fazer surgir o bem" [2], Ele mesmo enviou, na plenitude dos tempos, o seu Filho, para redimir não só o homem, mas também todas as suas relações, de que se sobressai a união entre o homem e a mulher. Elevando o matrimônio à dignidade de sacramento, Nosso Senhor fez da aliança conjugal um sinal de Seu amor pela Igreja e um meio para a santificação e o crescimento mútuo dos esposos.
Se o seu casamento começou do jeito certo, com a graça do sacramento e a bênção da Igreja, meio caminho já foi andado. Agora, é preciso conformar-se ao dom recebido e educar-se a partir da moral católica e da cartilha dos santos, para transformar a sua família em uma autêntica Igreja doméstica. Seguem, abaixo, algumas breves dicas para continuar bem o caminho ou, quem sabe, colocar o seu relacionamento no eixo. São palavras da sabedoria de dois mil anos da Igreja, que com certeza ajudarão na construção do seu lar.
    1. Ninguém pode saciar plenamente o seu coração
    A primeira advertência pode parecer desalentadora, mas é, sem dúvida, a mais importante de todas: ninguém - absolutamente ninguém - pode saciar o seu coração. Muitas pessoas hoje se casam para "serem felizes", com a esperança de que os seus esposos e as suas esposas as completem e montem para elas um "pequeno paraíso" nesta terra. Após um tempo, quando elas caem em si e percebem que o paraíso prometido não veio - e nem virá -, bate o desespero e a desilusão: afinal, o que deu errado?
    O casal que entra nessa crise deve entender que nenhuma criatura pode saciar a sede de infinito do homem. Este só se realiza plenamente quando encontra o único Outro que o transcende: Deus.
    "Fizestes-nos para Vós, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Vós" [3], reza Santo Agostinho. Mais do que ser companheiro para uma pessoa do sexo oposto, o ser humano foi "constituído à altura de 'companheiro do Absoluto'" [4], como ensinou São João Paulo II.Mais do que um pacto matrimonial, o homem foi feito para uma aliança eterna com Deus.
      2. Homens e mulheres são real e profundamente diferentes
      Nenhuma ideologia pode obscurecer este fato inscrito na natureza humana: homens e mulheres são real e profundamente diferentes.
      Para explicar a diferença entre os sexos, o escritor norte-americano John Gray chegou a colocar homens e mulheres em planetas diferentes. Em seu famoso best-seller "Os Homens São de Marte, as Mulheres São de Vênus", ele conta que "marcianos" e "venusianas" viveram por muito tempo em paz, até que "os efeitos da atmosfera da Terra assumiram o controle, e certa manhã todos acordaram com (...) amnésia" [5]: tinham esquecido que vieram de planetas diferentes e, por isso, passaram a viver constantemente em conflito.
      Pela história da Criação, nós sabemos que Deus criou o homem e a mulher no mesmo planeta, mas com as suas diferenças, e que a "amnésia" que iniciou o referido conflito nada mais é do que o pecado original, que "teve como primeira consequência a ruptura da comunhão original do homem e da mulher" [6].
      Não se pode, porém, restaurar a harmonia entre o casal negando as diferenças evidentes entre os sexos, como em uma atitude de rebeldia contra o Criador. Mais do que uma história dos contos de fadas, o cavaleiro que, com sua armadura reluzente, mata o dragão e liberta a princesa do alto do castelo, é uma bela imagem de como o homem, por exemplo, é chamado à bravura. Na vida ordinária, isso significa enfrentar o mundo, trabalhando e provendo o sustento da casa e a segurança da família.
      Para a mulher, a figura de mãe não é menos heróica. Significa a doação de amor para que os seus filhos vivam e recebam uma boa educação. Infelizmente, o feminismo tem introjetado na cabeça das mulheres que ser mãe é uma desgraça e que elas só serão felizes quando forem "iguais" aos homens. A realidade, porém, é que, após o tão sonhado "empoderamento" das mulheres, estas não encontraram a felicidade, mas tão somente a desilusão e a frustração de uma vida reduzida ao serviço do mercado e do próprio egoísmo. Como disse G. K. Chesterton, "o feminismo trouxe a ideia confusa de que as mulheres são livres quando servem aos seus empregadores, mas são escravas quando ajudam os seus maridos" [7].
        3. Ame o seu cônjuge como Cristo amou a Igreja
        Em sua Carta aos Efésios, São Paulo exorta os maridos a amarem as suas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela [8]. Com isso, demonstra que o amor não é um "sentimentalismo barato", baseado no fundamento instável das emoções, mas uma determinação viril, baseada na rocha sólida da vontade. O pacto matrimonial é uma aliança de sangue, pela qual os esposos dizem um para o outro: "Eu derramo o meu sangue, mas não desisto de você". Não sem razão o autor do Cântico dos Cânticos canta que "o amor é forte como a morte" [9].
        De fato, o próprio Deus, no ato mais extremo de amor, morreu pelos nossos pecados. Seguindo o seu modelo, todo casal que sobe ao altar deve pensar que está subindo o Calvário, a fim de oferecer a Deus o sacrifício de si mesmo, pela salvação do outro. Para o bem da pessoa amada, na verdade, tanto o homem quanto a mulher devem fazer o que for preciso, mesmo que a isso custe fazer o que não se quer. Muitas contendas entre os casais começam justamente porque um não é capaz de "dar o braço a torcer" em favor do outro. Sacrificam-se, então, a paz e a harmonia entre os dois, para satisfazer as próprias veleidades, ao invés de se sacrificar a própria vontade em favor do outro.
        Também para o casamento vale o chamado de Nosso Senhor: "Quem alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me" [10].
          4. Deus deve ser o centro de suas vidas e de seus dias
          Não adianta morrer um pelo outro se, primeiro, não se ama a Deus. Por isso, Ele deve ser o centro de suas vidas e de seus dias.
          Para amar alguém, primeiro, é preciso conhecê-lo. O que se diria de um casal de noivos que, estando prestes a se casar, não soubessem nada um do outro e não fizessem o mínimo esforço para se conhecerem? Com razão se poderia chamá-los de loucos, pois querem permanecer unidos até o fim da vida a quem nem mesmo conhecem. Ora, se para o casamento terreno, que finda com a morte, é preciso preparar-se com cuidado e empenho, quanto mais para o encontro com Deus, a quem estaremos unidos não por um dia ou uma vida, mas por toda a eternidade!
          Por isso, é importante estudar as verdades de nossa fé, contidas principalmente no Catecismo da Igreja Católica e nos Evangelhos, sem jamais descuidar da oração, pela qual o próprio Deus Se revela e Se comunica a nós.
          Uma vez conhecido o grande amor com que Deus nos amou, então, é preciso que o casal O ame de volta, mudando toda a sua rotina e a sua vida para colocá-Lo no primeiro lugar de tudo. Se de manhã se acordava correndo para ir ao trabalho, urge levantar um pouco mais cedo, para oferecer a Deus o que dia que começa - e, quem sabe, até participar da Santa Missa. Se à noite a família se reunia para assistir à TV e acabava vendo programas que não prestam - como são as novelas -, por que não começar a rezar o Santo Terço em família? Se o domingo tem sido tão somente o "feriado", com passeios e viagens, está na hora de transformá-lo realmente em "dia do Senhor", levando toda a família para um encontro com a melhor de todas as famílias, que é a Igreja.
          Lembrem-se sempre que a sua aliança matrimonial é, antes de tudo, um compromisso com Deus. Dois sozinhos não são capazes de levar adiante um casamento; ao contrário, "a corda tripla não se arrebenta facilmente" [11].
            5. O sexo não é um parque de diversões
            A Igreja, ao mesmo tempo em que valoriza a sexualidade como um dom precioso do Criador, reconhece que "a sexualidade é fonte de alegria e prazer". Com isso, ela não pretende dar aos seus filhos uma autorização para que, depois de casados, façam o que bem entenderem um com o outro, mas que vivam o sexo de forma equilibrada, mantendo-se, na expressão do Papa Pio XII, "dentro dos limites duma justa moderação" [12].
            Infelizmente, em nosso mundo supersexualizado, o que deveria ser uma expressão de amor tem degenerado na busca do próprio egoísmo. É muito comum, por exemplo, que, saturados por múltiplas experiências com pornografia e masturbação, os homens queiram trazer o chiqueiro do mundo para o seu leito conjugal, transformando a mulher em um objeto de satisfação sexual, ao invés de amá-la e respeitá-la como pessoa e companheira. Por outro lado, as mulheres, em troca de compensação afetiva, acabam aceitando ser transformadas em "coisas" e usadas como objetos. Ao fim, o que deveria ser uma "aliança de amor" acaba se tornando um "consórcio de egoísmos".
            Para consertar as coisas, é preciso desmascarar a ideia, que alcançou sucesso com a Revolução Sexual, de que o sexo seria como um parque de diversões, o qual se buscaria tão somente para o prazer próprio e para a satisfação dos próprios caprichos. Isso não é o sexo, mas a sua perversão. A relação sexual foi concebida por Deus para unir os esposos, mas também para gerar vidas. Por isso, sexo significa, antes de qualquer coisa, família.
            De fato, na família, todos vivem - ou deveriam viver - como em uma "ilha de paz": a menina, por exemplo, pode andar tranquilamente por sua casa, consciente de que não será cobiçada por seu pai ou por seus irmãos. Para afastar do pensamento o adultério do coração [13], de que fala Nosso Senhor, seria sadio que os homens olhassem para as mulheres como se fossem suas "irmãs", e vice-versa. Afinal, é nesse estado que todos os seres humanos se encontram, desde que nasceram, e que se encontrarão principalmente no fim de suas vidas, quando estiverem face a face com Deus.
            Quando seu cônjuge envelhecer, por exemplo, vão-se embora com o tempo não só o vigor da juventude, como também os atrativos físicos do outro. Se seu relacionamento está baseado só no sexo, essa é uma péssima notícia. Se desde o começo, no entanto, você foi treinado para amar - e como diz o Apóstolo, "o amor tudo suporta" [14]-, você chegará à velhice feliz por ter sido casto e fiel.
              6. Estejam sempre abertos ao dom dos filhos
              Esta dica é indissociável da anterior: estejam sempre abertos ao dom dos filhos. Quando um casal deliberadamente se fecha à transmissão da vida, inicia um círculo de egoísmo e morte que destrói pouco a pouco a si mesmo.
              Para entender a imperiosidade deste ensinamento, basta olhar para a natureza do ato sexual, que foi concebido pelo Criador tanto para unir os esposos quanto para torná-los participantes de Seu poder criador, na geração dos filhos. Se separar essas duas dimensões fora do matrimônio significa falta de compromisso, separá-las dentro do próprio casamento não deixa de ser uma manifestação "mais refinada", por assim dizer, de egoísmo e falta de amor. Por isso a Igreja condena os métodos contraceptivos, que vão contra a própria verdade do sexo. Como ensina São João Paulo II, "o ato conjugal destituído da sua verdade interior, porque privado artificialmente da sua capacidade procriadora, deixa também de ser ato de amor" [15].
              Todo casal deveria perguntar com sinceridade se a sua decisão de evitar filhos não vem mais de uma atitude de egoísmo por parte dos dois do que de uma razão realmente grave e justa.E, para quem argumenta que "filho dá despesa", o Catecismo da Igreja Católica responde dizendo que "o filho não é uma dívida, é uma dádiva" [16]. Basta lançar um olhar às numerosas famílias de alguns anos atrás, que, embora não vivessem imersas em luxo, eram muito mais felizes que as minúsculas e egoístas famílias de hoje.
              O salmista diz que "os filhos são a bênção do Senhor" [17]. Mesmo que a sociedade de hoje os veja como uma maldição, as palavras do Espírito Santo permanecem. Continua valendo a pena esperar de Deus o número de filhos que Ele quiser, ao invés de reduzirmos o número de crianças à medida do nosso comodismo.
              __________________
              As dicas acima pretendem ser alguns curtos conselhos. Mas, não custa nada lembrar, de novo, que a plena felicidade o ser humano só alcançará no Céu, quando celebrar o matrimônio com o único e verdadeiro Esposo de nossas almas: o próprio Deus.
              Por Equipe Christo Nihil Praeponere

              Referências bibliográficas

              1. Catecismo da Igreja Católica, 1606
              2. Santo Agostinho, Enchiridion de fide, spe et caritate. 3. 11: CCL 46, 53 (PL 40, 236)
              3. Confissões, I, 1: PL 32
              4. Audiência geral, 24 de outubro de 1979, 2
              5. John Gray, Homens são de Marte, mulheres são de Vênus, Rio de Janeiro: Rocco, 1995, p. 19
              6. Catecismo da Igreja Católica, 1607
              7. G. K. Chesterton, Social Reform versus Birth Control, 1927
              8. Ef 5, 25
              9. Ct 8, 6
              10. Lc 9, 23
              11. Ecl 4, 12
              12. Catecismo da Igreja Católica, 2362
              13. Cf. Mt 5, 28
              14. 1 Cor 13, 7
              15. Audiencia general, 22 de agosto de 1984, 6
              16. Catecismo da Igreja Católica, 2378
              17. Sl 127, 3

              Masculinidade. As consequências do sexo fácil

              Quando a mulher se entrega "facilmente" pelo sexo ao homem, está condicionando-o a encarar esse relacionamento como algo não essencial para a vida dele

              É claro para todos nós que homens e mulheres têm papéis distintos na procriação, também é sabido que por essa desigualdade, eles percebem o sexo de forma diferente. Para demonstrar isso, faço alusão a obra literária: "Homens fazem sexo, mulheres fazem amor", pois, se nos aprofundarmos no assunto, veremos que sexualidade é um conjunto muito mais complexo que envolve todo o ser.

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              Ao contrário do que muita gente imagina, a sexualidade não está só nos impulsos e órgãos reprodutores, mas também na forma como nos expressamos, como entendemos e olhamos o mundo, os nossos afetos, interesses e nossas inclinações, a construção de nossa personalidade, até no modo de nos locomovermos; tudo isso é perpassado pela nossa sexualidade.

              "A sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana em sua unidade de corpo e alma. (ou seja) Diz respeito à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão a criar vínculos de comunhão com os outros" (Catecismo da Igreja Católica, art. nº 2332).

              Percebemos nossa sexualidade no corpo, em nossos impulsos, mas também como uma capacidade psíquica (fantasias, pensamentos), social (atitudes, criação de vínculos) e espiritual (vocação esponsal, paternal ou maternal). O ser masculino é mais inclinado ao ato sexual por um motivo bem simples de entender. A natureza deu ao homem o material genético responsável por fecundar, então o fez com características psicológicas, sociais e espirituais para tal. Para o homem o sexo é algo importantíssimo, latente em seus sentidos quase que todo o tempo.

              Existe um vídeo com o título "Masculinidade: o que está acontecendo com os homens", de autoria do Padre Paulo Ricardo, no qual ele cita que "o substrato básico do ser humano está na feminilidade e que o sexo masculino para se desenvolver precisa surgir de um esforço".

              Em resumo, o homem precisa lutar por algo em que acredita para encontrar sentido na sua existência. Ele necessita esforçar-se para autenticar sua masculinidade. Por isso digo que, mesmo com instintos voltados para tanto interesse sexual, o melhor para o homem é guardar-se, de forma a lutar por aquela que será sua mulher.

              Quando a mulher se entrega "facilmente" ao homem pelo sexo, ela o está condicionando a encarar esse relacionamento como algo não essencial para a vida dele. Ele pensa: "Está lá, fácil e disponível quando quero, não preciso me preocupar em manter". E entendamos "entregar-se facilmente" como "sexo antes do casamento", porque nisso não há comprometimento verdadeiro nem esforço da parte dele. Basta ver o quanto os homens de hoje não querem muito saber de envolvimento afetivo, isso lhes parece prisão. Pois, se eles podem lutar por suas outras preocupações adiante e ainda ter companhia com sexo, para que se amarrarem?

              Mas quando um homem luta por uma mulher, quando ele tem registrado em suas memórias o quanto se esforçou para se comprometer definitivamente com ela pelo sacramento do matrimônio, o ato conjugal terá para ele um valor amplamente significativo, uma parte integrante da validação da sua masculinidade. Além do prazer, será uma gratificante sensação na alma de perceber-se bondoso o suficiente para ela, e o que atesta tudo isto será  perceber sua esposa desejosa de você, e isso será o mesmo que ela lhe dizer: "Valeu a pena tudo o que você fez por mim, então me doo a você". 

              O ato sexual tem de ser a celebração de tudo o que eles viveram em suas histórias e que se entrelaçou, e do que construíram juntos naquele dia, e não somente o prazer pelo prazer. O gozo, portanto, sem levar em conta as outras condições que o envolvem, pode gerar várias impressões negativas nas pessoas, como pensar que estão sendo usadas, que o gozo é apenas uma forma de descontar uma raiva ou uma recompensa.

              O mundo mede a masculinidade de um homem por suas conquistas efêmeras e, quem sabe, pela quantidade de relações sexuais. Mas Deus tem projetos muito maiores para você. O Senhor quer lhe proporcionar o máximo que você pode ser, e levá-lo à plenitude de corpo e alma por meio da sua vocação ao matrimônio. Alcançar essa bênção é o esforço que vale a pena!


              Sandro Arquejada

              Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


              Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-masculina/masculinidade-as-consequencias-do-sexo-facil/

              6 de outubro de 2014

              O homem descobriu a afeição pelos animais, e o cão foi, posteriormente, eleito “o melhor amigo do homem”

              Enquanto algumas espécies de animais correm o risco de se extinguirem em nossas matas e florestas, outros se multiplicam dentro de nossas cidades e casas. É comum andar nas cidades e assistir a donos passeando nas ruas com seus animaizinhos.

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              A relação do homem com os animais é muito antiga. Parece que a mais remota é com os auroques (espécie de bovinos já extintos), que serviam para a sobrevivência do homem. Essa relação foi se aprofundando e surgiu a co-habitação e domesticação de algumas espécies como ovelhas, aves e gatos. A domesticação dos cavalos trouxe grande progresso para a humanidade. O homem descobriu a afeição pelos animais, e o cão foi, posteriormente, eleito "o melhor amigo do homem". Mais recentemente, projetos científicos mostraram e elaboraram formas de relacionamento que trazem benefícios psicológicos e até físicos para o homem, como é o caso da equitação.

              Os animais, então, serviam para o alimento, os serviços gerais e certa amizade, figurada na imagem do cão. Na ideia do domínio natural do homem sobre os animais, o termo usado para se referir aos bichos que alguém cuida em sua propriedade é "criação". Sempre, por mais que se amasse um animal, ele nunca seria mais do que uma "criação".

              Porém, no êxtase do individualismo da pós-modernidade, os animais estão ganhando um novo significado e status na relação com seus donos. É o status amoroso. Em um mundo no qual o homem desiste dos homens, sobram os animais. Qualquer tipo de relação afetiva com uma pessoa humana é exigente, porque a perseverança no afeto pede o amor, e este é exigente. Para evitar esse risco, muitos decidiram ficar sozinhos e manter relacionamentos distantes, pouco comprometidos. Nessa lógica, muitos casais resolveram não ter filhos, ou, quando muito 1 ou 2 que para eles já é demais. Optaram pelo individualismo institucionalizado. Mas a solidão é o fruto indesejável desse individualismo e o homem não foi feito para viver só. Então, como equacionar a crise da solidão individualista?

              O "amor" aos animais é a solução! É simples, compro um bichinho e passo a ter um relacionamento amoroso com ele. Ele passa a ser o amigo, o filho, o confidente. Ele satisfaz minhas carências, é uma companhia, mas anda segundo minhas determinações e obedece meu estilo de vida, porque eu sou o dono dele. Ainda melhor, ele nunca vai exigir meu amor, simplesmente porque, não sendo livre, tem poucas vontades e, assim, o nosso amor nunca passará de um grande afeto. É uma boa solução, mas, na verdade, não resolve o problema da solidão, pois esta só é vencida na grandeza do amor entre duas pessoas.

              A pessoa humana só é plenamente humana, só é feliz, quando persegue o verdadeiro amor. Claro, é muito mais fácil o afeto que o amor. Ainda mais com animais, que, não possuindo liberdade, subjugam-se aos sabores de seu dono. A questão é que o relacionamento de amor entre seres humanos – seja de amizade, esponsal, entre pais e filhos, ou outros (irmãos de uma mesma fé, profissional, coleguismos etc) – tem a grandeza de nos fazer livres a partir da liberdade do outro.

              Esse costume generalizado na sociedade de substituir o amor que nos torna livres por algum afeto traz o perigo de uma cultura pseudo-humana. Não é necessário mais perseguir a grandeza da sexualidade e do amor humano, as virtudes, a capacidade de dar a vida por alguém, a liberdade de ser bom quando o outro é mau. Os relacionamentos se limitam a uniões afetivas e o modelo de amor dentro de uma família se torna apenas mais uma opção, mas indesejável, porque é muito exigente e difícil, e é uma mera opção.

              Os animais são criaturas de Deus, portanto, tem uma dignidade própria. Devem ser respeitados e podem receber dos homens uma grande afeição que, vulgarmente, chamamos "amor". O Catecismo da Igreja Católica 2418 diz que "pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas". As belas histórias de amizade entre pessoas, crianças e animais se tornarão falácias no dia em que esses amores forem, à medida do amor humano, o máximo de amor que um ser humano pode dar a alguém. Se for assim, nos reduziremos à dignidade dos animais.

              Amemos muito mais os homens, para que sejamos plenamente humanos!

              André Botelho

              André L. Botelho de Andrade Casado, pai de três filhos. Com formação em teologia e filosofia Tomista, Fundador e Moderador Geral da Comunidade Católica Pantokrator, onde vive em comunidade de vida e dedica-se integralmente à sua obra de evangelização. http://www.pantokrator.org.br Contato: http://facebook.com/andreluisbotelhodeandrade


              Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/o-amor-entre-os-homens-e-os-animais/