Não basta matricular os filhos em atividades, abdicando de obrigações que são de inteira responsabilidade dos pais.
Uma música do padre Zezinho nos diz que nenhuma família deve começar de repente, nem terminar por falta de amor e que os filhos conheçam a força do amor. Este refrão serve também para a educação dos filhos, pois muitos pais confundem a responsabilidade e importância da aprendizagem cognitiva, ou seja, focar suas forças para contribuir com o desenvolvimento mental e moral das crianças. Para isso investem em viagens, pesquisas na internet, leitura de livros e explicações dos conceitos do mundo. É claro que tudo isso é importante e ajuda no sucesso das carreiras profissionais de todos. Mas a pergunta que não quer calar é: será só isso o papel dos pais?
Muitos pensam que sim e acabam terceirizando essa incumbência para a escola, a babá e os professores particulares. Outra forma de fazer isso é colocar os filhos em várias atividades, como vôlei, natação, futebol, balé, inglês, entre outros, pensando que estão dando o melhor para eles e preparando-os para competirem na vida.
Não basta matricular os filhos nessas atividades, abdicando de obrigações que são de inteira responsabilidade dos pais. A formação principal deve acontecer no seio da família, com repasse de valores e condutas aceitáveis nos modelos cristãos. Esta atitude não pode ser terceirizada sem consequências danosas.
Muitos pais chegam muito cansados em casa e preferem deixar os filhos diante da TV ou nos joguinhos para que possam assistir aos seus programas favoritos sem ser incomodados. Cuidado: ao fazer isso você deixará que estes meios formem seus filhos e, com certeza, você não vai gostar depois dos resultados disso. E então não adianta chorar pelo leite derramado quando for chamado na escola por causa do mau comportamento dele ou na polícia porque ele roubou ou matou alguém.
Nessas horas a pergunta que surge é: "Como isto pôde acontecer se me matei de trabalhar para dar o melhor a meu filho!? Coloquei-o em tudo que estava ao meu alcance. Como? Como? Como?". Para responder a esta pergunta tente lembrar quantas vezes você se sentou para conversar com seu filho e saber dos seus sentimentos, quem eram os seus colegas, quais os comportamentos inadequados que precisavam ser alinhados, porque quem ama educa. Quantas vezes você dedicou seu tempo para rezar com o seu filho, ler a Bíblia com ele e ensinar-lhe princípios de coletividade, respeito, partilha e espiritualidade? Ou este tempo foi gasto explicando a ele quais são as profissões mais promissoras e as melhores formas de ganhar na bolsa de valores? Quantas vezes você gastou horas no shopping comprando presentes para compensar a sua ausência em vez de fazer brinquedos caseiros? Ou simplesmente para dizer a ele o quanto você o ama.
O cuidado na instrução dos filhos é fundamental porque se você não o instruir para o bem, com certeza alguém o instruirá para o mal. Essa é uma escolha diária que fazemos na vida de nossos filhos para decidir quem vai ser o seu mentor: a família ou mundo.
Outra questão importante, além da terceirização da educação, é a terceirização do afeto, que acontece com pais que trabalham muito e não têm tempo para demonstrar amor aos filhos. Lembrem que tempo para filhos não tem a ver com a quantidade, mas com a qualidade deste. Quando estiver com seu filho fique 100% com ele, esqueça o trabalho que está atrasado, o telefone que chama, o WhatsApp que toca. Este tempo é de vocês.
Não existe fórmula pronta de sucesso para esse relacionamento, mas em todos eles há alguns itens que são fundamentais: amor, atenção e respeito. Bem como colocar limites e não fazer todas as vontades dos filhos e ensinar-lhes que o mundo não vai estar aí para dar tudo o que eles querem.
Exerçam a autoridade de pais com seus filhos, todos podem ajudar, mas a última palavra deve ser do casal, pois quando os problemas surgirem a responsabilidade vai ser de vocês, que vão ter que arcar juntos com eles [filhos] o seu fracasso.
Lembrem que nossos filhos não são nossos, Deus no-los deu para cuidarmos deles, para isso Ele nos deu autoridade espiritual sobre eles. Vamos exercê-la com sabedoria e amor e tudo o mais nos será acrescentado.
Ângela Abdo
Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais. Abdo é graduada em Serviço Social pela UFES e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial. Possui mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape. Atua como consultora em pequenas, médias e grandes empresas do setor privado e público como assessora de qualidade e recursos humanos e como assistente social do CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador). É atual presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) do Espírito Santo e diretora, gerente e conselheira do Vitória Apart Hospital.
Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/nao-terceirize-a-educacao-dos-seus-filhos/