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31 de maio de 2014

A Missão Vicentina

A reflexão a seguir é baseada na ECAFO (Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanan, caderno FORMAÇÃO MISSIONÁRIO, segunda parte). É o tema apresentado por mim aos vicentinos da cidade de Garça, no dia 28/10/12, como colaboração ao dia de formação.

Procurando ser fiel ao assunto desenvolvido no caderno acima citado, procuro fazer um resumo, dando destaque a alguns itens e transcrevendo também as citações bíblicas apresentadas no texto, sendo que tais citações são da Bíblia de Jerusalém.

Minha admiração para com as pessoas que fazem parte da Sociedade São Vicente de Paulo, pelo maravilhoso trabalho que desenvolvem em prol dos mais pobres em todas as cidades onde estão. São pessoas de diversas classes sociais e formação cultural que humildemente se dedicam a arrecadar alimentos, distribuir às famílias necessitadas, independente de serem católicas ou não, sem o objetivo de serem enaltecidos….Aqui em Garça, como em várias outras cidades, cuidam também da manutenção do Lar dos Idosos Frederico Ozanan.

João Loch

II – A MISSÃO VICENTINA

  1. Itens para reflexão
  2. O que é vocação;
  3. Vocação vicentina;
  4. Perfil do missionário vicentino;
  5. Atitudes dos missionários vicentinos;
  6. Amor à nossa causa;
  7. Os 10 mandamentos do missionário.

1. O QUE É VOCAÇÃO

. Chamado de Deus que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana, visando à construção do Reino de Deus. É um chamado para cumprir uma missão. "Vem e segue-me" – convite ao seguimento para uma missão. Deus faz o convite ao homem que livremente dá sua resposta.

Primeiro Deus nos chamou à vida: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Em Cristo Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória da sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado". (Ef 1, 1-6).

Deus caminha com o povo de Israel em um relacionamento amoroso. E ao assumir a condição humana, Jesus assume também o rosto dos Pobres, marginalizados, excluídos. Seguindo Jesus, a missão do vicentino é de aproximaçãocompaixão, compreensão da vida e necessidade desses filhos de Deus. Ser missionário é procurar criar condições de desenvolvimento do pobre, para que ele assuma a sua história construindo uma vida melhor em todos os aspectos.

Missão é experimentar a presença de Deus na própria vida; valorizar o dom da vida concedido por Deus; ajudar as pessoas a darem um sentido autêntico à própria vida; é voltar-se para Jesus Cristo, para Nele descobrir o verdadeiro rosto de Deus; aprender a olhar a vida e as pessoas com os olhos de Jesus; acolher os outros como Jesus acolhia; ser um agente multiplicador da proposta de Jesus.  

 A missão do cristão será sempre o amor expresso no compartilhar.  Amor dom de si para que o outro tenha mais vida. O amor generoso de Deus só se concretiza pela generosidade da comunidade. O compartilhar o pão, expresso na vivência da Eucaristia é um convite a compartilhar o pão da realidade humana cotidiana.

 2. A VOCAÇÃO VICENTINA

Carisma vicentino: amar e servir o Cristo na pessoa dos Pobres, evangelizando e servindo para libertá-lo de todas as misérias. É a promoção social e espiritual. A santificação, para o vicentino, acontece pela prática à caridade.

Ser missionário vicentino é a viagem de sair de si e ir ao encontro dos Pobres – os preferidos de Jesus Cristo.

São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam são chamados de místicos da ação, porque para eles a evangelização e o resgate da dignidade humana são a mesma coisa.

"Quando veio a esse mundo escolheu como tarefa principal o 'cuidar e assistir os Pobres'. E se perguntássemos a Jesus: O que viestes fazer aqui na terra? Ele responderia: assistir os Pobres". E eram os pobres que sempre estavam na companhia de Jesus. (São Vicente de Paulo).

3. PERFIL DO MISSIONÁRIO VICENTINO

A ação missionária do vicentino está fundamentada na ação e no pensamento de São Vicente de Paulo. Foi com esse espírito que Frederico Ozanam empreendeu seu trabalho de leigo.

Bases dogmáticas visadas por São Vicente de Paulo:

1. Visão Cristológica: "O Senhor me enviou para evangelizar os pobres".  "Cristo é o enviado do Pai". Além de pregar, Cristo serviu os pobres. A visão cristológica de São Vicente de Paulo é profundamente marcada pelo mistério do Verbo Encarnado e pela Sua Redenção. Cristo pregou e serviu os pobres.

É um testemunho do amor de Cristo pelo anuncio libertador do Evangelho e pela ação concreta em prol dos necessitados, promovendo a dignidade humana.

No propósito de agir conforme o exemplo de Jesus, São Vicente pede: "Fazei que desde agora, iluminado pela grandeza de vosso exemplo, eu tenha todas as pessoas em meu coração, abrasai-me no vosso amor". Na missão o valor supremo e insubstituível é o amor. (Poggioli, Misaél D. As conferências vicentinas, 2008, p. 15-16).

2. Visão Antropológica – considerar o pobre na sua realidade humana e saber que Cristo nos é apresentado nesses pobres, tendo como modelo a prática de Jesus.

3. Visão Eclesiológica – A Igreja, para São Vicente, deve ser missionária, anunciando a Boa Nova a todas as pessoas mas, sobretudo, aos pobres.  Com este objetivo fundou a Congregação da Missão aos 17 de abril de 1625.

Pelo seu empenho na construção de um mundo melhor, o missionário vicentino é um semeador de esperança na construção do Reino de Deus.

O missionário age irmanado com aqueles que caminham com os mesmos objetivos, de forma organizada e fundamentada na fé e no carisma de Vicente de Paulo, apoiando-se e incentivando-se na oração e na ação.

O testemunho do missionário abrange todos os aspectos da sua vida. Em função desta proposta missionária cada um pode-se perguntar:

- Como eu posso ser missionário na minha casa, no trabalho e na comunidade onde vivo?

- Assumo o compromisso de cristão, vivendo e transmitindo a Boa Nova da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, da acolhida?

- Como sou missionário (a) na minha Conferência Vicentina?

- Como sou missionário (a) nas Visitas Domiciliares que faço aos pobres?

SER MISSIONÁRIO É TOMAR UMA DECISÃO RADICAL DE ENTREGA TOTAL AO REINO DE DEUS EM PROL DA PROMOÇÃO SOCIAL E ESPIRITUAL DOS ASSISTIDOS.

4. ATITUDES DOS MISSIONÁRIOS VICENTINOS

"Se existe alguém entre nós que está na Missão para evangelizar os Pobres e não para assisti-los, para remediar suas necessidades espirituais e não as necessidades corporais e materiais, eu lhe direi que temos que assisti-los e fazer que os assistam de todas as maneiras, tanto nós quanto os outros. Fazer assim é evangelizar com palavras e ações. É o mais correto e perfeito; é o que Jesus Cristo pôs em prática e é isso que devem praticar todos aqueles que o representam aqui na terra". (São Vicente de Paulo).

"É preciso imitar Jesus Cristo quando Ele pregava o Evangelho. Vamos aos Pobres!". "Pobres: Vocês são nossos senhores e nós sempre seremos vossos servidores. Não sabemos amar a Deus de outra maneira; amamos a Deus nas vossas pessoas". (Cartas de Frederico Ozanam).

No anúncio,o missionário vicentino deve deixar claro ao seu assistido que se interessa pelo seu bem.

Para ter forças e ser bem orientado na sua ação, o missionário precisa ser uma pessoa de oração: "tornar-se fermento no meio da massa" (Cartas de Frederico Ozanam).

5. AMOR À NOSSA CAUSA

Trabalhar para que os pobres possam viver com mais dignidade é, além de levar alimentos, defender os direitos deles com relação à saúde, educação, lazer, moradia, transporte… É uma doação ampla, sem exigir nada em troca, assim como fez Jesus, promovendo a vida em abundância.

"O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância". (Jo 10,10).  "Apascentá-las-ei em um bom pasto, sobre os altos montes de Israel terão as suas pastagens. Aí repousarão em um bom pasto e encontrarão forragem rica sobre os montes de Israel. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso, oráculo do Senhor Iahaweh. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida. Quanto à que estiver gorda e vigorosa, guardá-la-ei e apascentá-la-ei." (Ez 34,14-16).    

O missionário vicentino não pode justificar o critério de ajuda pelo comportamento dos assistidos. Onde houver mais problemas e desajustes é onde mais se precisa investir e ter esses casos como prioridade. Agir com misericórdia e humildade.

"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso" (Lc 6,36).

"Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais. Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior que o seu senhor, nem o enviado maior do que quem o enviou". (Jo 13,15-16).

"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores."  (Mc 2,17).

Ser missionário exige, de todos, uma abertura constante, pessoal e comunitária para responder aos desafios de hoje.  É a missão de fidelidade ao "envio"de Jesus: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio". (Jo 20,21).

A missão nos permite criar laços, relações, um novo jeito de olhar a vida, um novo jeito de ser Igreja, e ser anunciador da Palavra de Deus e do seu Reino.

6. A SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO E A MISSÃO

Para alimentar a espiritualidade específica no trabalho com os pobres, "os vicentinos reúnem-se como irmãos e irmãs na presença de Cristo no seio das Conferências, verdadeiras comunidades de fé e de amor, de oração e ação. É essencial que haja um laço espiritual e uma amizade efetiva entre os membros, bem como uma missão comum ao serviço dos desprovidos e dos marginalizados. A Sociedade representa realmente uma só e única Comunidade de companheiros vicentinos por meio do mundo". (Regra da Sociedade de São Vicente de Paulo, 2007, p. 23). A sociedade São Vicente de Paulo está associada à missão evangelizadora da Igreja pelo seu testemunho visível em ações e em palavras (idem, p. 32)

O contato com o Pobre é, segundo a espiritualidade vicentina, o contato e a aproximação de Jesus Cristo na pessoa do Pobre – este é um ponto forte entre muitos que se tem na Espiritualidade Vicentina.

7.  OS 10 MANDAMENTOS DO MISSIONÁRIO

1. Ter humildade para servir e acolher a todos, sem distinção (Mt 20,25-28; Lc 10,30-34).

"Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". (Mt 20, 25-28). 

Quem é meu próximo?

"Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu no meio de assaltantes que, após havê-lo despojado e espancado, foram-se, deixando-o semimorto. Casualmente, descia por este caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, atravessando este lugar, viu-o, e prosseguiu. Certo samaritano em viagem, porém, chegou junto dele, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximou-se, cuidou de suas chagas, derramando óleo e vinho, depois colocou-o em seu próprio animal, conduziu-o à hospedaria e dispensou-lhe cuidados. No dia seguinte tirou dois de seus denários e deu-o ao hospedeiro, dizendo: 'Cuida dele, e o que gastares a mais, em meu retorno te pagarei. Qual dos três, em tua opinião, foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores'? Ele respondeu: 'aquele que usou de misericórdia para com ele'. Jesus então lhe disse:' Vai, e também tu faze o mesmo" (Lc  10,30-34)

2. Ter disponibilidade para estar sempre a serviço do Reino de Deus (Lc 9,57-62);

"Enquanto prosseguiam viagem, alguém lhe disse na estrada: 'Eu te seguirei para onde quer que vás'. Ao que Jesus respondeu: 'As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça'. Disse a outro: 'Segue-me. Esse respondeu: 'Permite-me ir primeiro enterrar meu pai'. Ele respondeu: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus'. Outro disse-lhe ainda: 'Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa'. Jesus, porém, lhe respondeu: 'Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus'".    

3. Ter despojamento para servir a Deus e aos irmãos, confiando sempre na Providência Divina (Lc 9,1-6);

"Convocando os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, bem como para curar doenças, e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar. E disse-lhes: 'Nada leveis para a viagem, nem bastão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; tampouco tenhais duas túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, permanecei ali até vos retirardes do lugar. Quanto àqueles que não vos acolherem, ao sairdes da cidade sacudi a poeira de vossos pés em testemunho contra eles. Eles então partiram, indo de aldeia em aldeia, anunciando a boa nova e operando curas por toda parte".

4. Ter força espiritual por meio de uma vida de oração (Lc 6,12; 9,28-29; Mt 14,32-34);

"Naqueles dias, ele foi à montanha para orar, e passou a noite inteira em oração" (Lc 6,12).

"Mais ou menos oito dias depois destas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, ele subiu à montanha para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura" (Lc 9,28-29).

"E foram a um lugar cujo nome é Getsêmani. E ele disse a seus discípulos: 'Sentai-vos aqui enquanto vou orar'. E, levando consigo, Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e angustiar-se. E disse-lhes: 'A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai'. E, indo um pouco mais adiante, caiu por terra, e orava para que, se possível, passasse dele aquela hora" (Mt 14,32-34)

5. Ter coragem e confiança em Deus, diante de todos os desafios para anunciar o Evangelho, denunciando as injustiças e vencendo todos os tipos de males que oprimem (Lc 4,16-19; Mt 10,28-31);

"Ele foi a Nazaré, onde fora criado, e, segundo seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; abrindo-o, encontrou o lugar onde está escrito: 'O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,16-19)

"Pedro começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. Jesus declarou: 'Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa ou por causa do Evangelho, sem que receba cem vezes mais; agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros'" (Mt 10,28-31)

6. Buscar sempre a inspiração de Deus para levar o amor, o cacinho, a paz, o perdão e a reconciliação (Jo 14, 12-13);

"Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas, porque vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome fá-lo-ei, a fim de que o Pai seja glorificado no filho (Jo 14, 12-13).

7. Ter clareza e sabedoria de Deus no agir e no falar, lembrando sempre as atitudes, ações e palavras de Jesus.

8. Ter solidariedade e companheirismo para integrar-se com as demais pessoas no serviço e na evangelização dos Pobres (Rm 12,3-8; 1Cor 12,12-26);

"Em virtude da graça que me foi concedida, eu peço a cada um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima, ditada pela saberia, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um. Pois assim como num só corpo temos muitos membros e os membros não têm todos a mesma função, de modo análogo, nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros dos outros. Tendo, porém dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada, quem tem o dom da profecia, que o exerça segundo a proporção da nossa fé; quem tem o dom do serviço, o exerça servindo; quem o dom do ensino, ensinando; quem o da exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria". (Rm 12,3-8)

"Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo. Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só espírito…" (1Cor 12,12-13). E São Paulo continua fazendo uma analogia entre o corpo e a interdependência entre os vários membros, para falar da necessidade da boa convivência, e cuidados entre os membros da comunidade.

9. Ter profunda comunhão com Deus, para que o testemunho Dele seja verdadeiro e coerente (Jo 15,4-5; Mt 10,12);

"Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos, aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim é lançado fora, como o ramo, e seca; tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e se queimam. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e ser-vos-á concedido" (Jo 15,4-5).

"Ao entrardes na casa, saudai-a. E, se for digna, desça a vossa paz sobre ela. Se não for digna, volta a vós a vossa paz" (Mt 10,12-13)

10. Reconhecer a grandeza de Deus e se alegrar pelo valor e dons que Ele dá a cada um (Lc 10,17-21).

"Os setenta e dois voltaram com alegria, dizendo: 'Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!' Ele lhes disse: 'Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis que eu vos dei o poder de pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do Inimigo, e nada poderá vos causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem; alegrai-vos, antes porque vossos nomes estão inscritos nos céus"   (Lc 10,17-21).


Fonte: http://joaoloch.wordpress.com/2012/10/27/a-missao-vicentina/

30 de maio de 2014

Quem cometeu suicídio está condenado?

O suicídio não é querido por Deus, porque Ele é o Senhor da vida

Primeiro e antes de tudo, precisamos ter claro que o nosso Deus é o Deus da vida – "escolha, pois, a vida e viverás" (Dt 30). Não é à toa que Ele é chamado é de Criador, pois criou todas as coisas. E como é bom ler a narrativa da criação e ouvir que o Senhor contemplou a Sua obra e viu que tudo era bom! (cf. Gn 1,25). Por fim, ao criar o ser humano, o homem viu que era muito bom (Gn 1,31). Ou seja, a pessoa humana, o homem criado por Deus é muito bom, a criação do homem foi algo bom que o Senhor fez, por isso possui valor, dignidade e nobreza, porque foi querido e criado por Ele.

Sendo assim, todo atentado contra a vida humana é um mal, um pecado grave. Isso nos ensina o Catecismo, porque viola algo sagrado: a vida do homem. E esta é um dom, um valor, uma graça que veio do Alto, por isso ninguém tem o direito de tirá-la de alguém nem de si mesmo. Atentar contra a vida do outro ou contra a própria vida fere profundamente a caridade, o amor ao próximo e o amor a si mesmo, que deve ser cultivado como nos ensinou Jesus Cristo (Mt 22,39).

"Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor" (Catecismo da Igreja Católica n. 2280). Assim, cada um deve guardar, preservar a sua própria vida. Já no livro da criação, o Senhor confiou ao homem o cuidado sobre as coisas criadas, entre elas o próprio homem está incluído.

Quem cometeu suicídio está condenado?

O suicídio não é querido por Deus, porque Ele é o Senhor da vida, é o Criador de todas as coisas, que quis e quer o bem de tudo e de todos. Ele não se aguentou de tanto amor, por isso nos fez, e somos frutos do amor d'Ele. Assim, não devemos matar o amor do Pai em nós.

"O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. […] Ofende igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de solidariedade com a sociedade familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir." (CIC 2281)

Está evidente que nosso instinto é de sobrevivência, de buscar viver. Aquele que se suicida imagina que solucionará seus problemas, porém criará outros. Se aquele que tinha a própria vida soubesse quanto mal faz para os seus familiares, quanto tempo leva para amenizar o sentimento de culpa de um pai, de uma mãe, um irmão ou parente, não cometeriam tal ato. Os acompanhadores espirituais que o digam!

Apesar da gravidade de tal pecado, a Igreja não condena os suicidas. Eles são vistos com misericórdia. "Distúrbios psíquicos graves, angústia ou medo da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. [...] Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida" (CIC 2282-2283).

Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/quem-cometeu-suicidio-esta-condenado/

29 de maio de 2014

Terço dos homens

O Terço dos Homens é, com certeza, um socorro do Céu, uma iniciativa daquela que conviveu com dois grandes homens, Jesus e José.

Nas várias missões que vou pelo país, mesmo quando o tema do retiro em que vou pregar não está voltado a Mãe de Jesus, sempre chega até mim um testemunho sobre o Terço dos Homens. Assim, percebo o quanto esse movimento está difundido em nosso território e como essa devoção é eficaz e tem mudado a vida de muitos homens.

Mas o que é o Terço dos Homens e o que acontece quando eles rezam?

Primeiramente, percebo que é uma iniciativa própria de Nossa Senhora; e alguns fatos demonstram isso.

Geralmente, nas localidades onde há o Terço dos Homens, as mulheres, esposas e amigas, são instruídas a não convidar aqueles homens que lhes são próximos para participar. Eles ficam sabendo, assim como todas as pessoas do bairro ou da cidade, por meio de um comunicado geral à população e começam a frequentar a oração, porque se sentem impulsionados a ir ao grupo. Não há um convite pessoal, por isso vemos a mão de Maria tocando o coração deles. Algo os move interiormente, talvez até pelo pretexto de uma lembrança da infância, por curiosidade ou por um problema que estejam passando. Maria usa de algo na vida deles para que despertem, dentro de si, a vontade de rezar.

Terço dos homens

Na maioria das reuniões, não há nada que os detenha por mais tempo que a simples oração do terço. Não há palestras, Missas nem apresentações, somente a oração do terço. Algo bem objetivo, ao modo masculino de fazer as coisas! E acontecem verdadeiras transformações radicais de vida: homens abandonam seus vícios, abandonam a pornografia, o adultério, as falsas religiões, as seitas secretas e as práticas ilícitas; passam a ser mais presentes, atentos e carinhosos em casa.

É interessante ouvir os testemunhos do porquê isso acontece: "Não combina eu ir ao Terço dos Homens e, depois, me virem no buteco"; "Não posso rezar para Nossa Senhora e continuar traindo minha esposa ou vendo pornografia". Eles mesmos sentem a incoerência entre a vida de oração e os atos pecaminosos. Afinal, não estão indo à reunião por ir, por isso assumem uma responsabilidade de vida quando decidem participar do terço destinado a eles.

Uma mãe como Nossa Senhora e Sua presença maternal torna homens crescidos crianças que se arrependem do mal que praticavam. A partir de então, esses homens se voltam aos sacramentos, passam a ter uma vida mais próxima de Jesus, pois os prazeres mundanos que os afastava de Cristo não tem mais significado na vida deles.

Nossa Senhora em Fátima disse: "Não há problema de ordem pessoal, familiar e social que a oração do santo terço não ajude a resolver". Todos esses efeitos que relatei são provas concretas da eficácia da oração do rosário e da intercessão de Maria junto a Trindade.

São Luís Maria G. Monfort, em sua obra 'Tratado da Verdadeira Devoção à Santa Virgem', no artigo 29, comenta que "não há região do país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os bens". Veja que onde Maria chega, seus filhos são agraciados. Contudo, acima dos seus favores e independente do que os humanos recebem, percebemos que também, no Terço dos Homens, as pessoas despertam amor e intimidade com a Mãe, que os leva a Jesus

A oração do terço agrada o coração de Nossa Senhora. Cada Ave-Maria é uma rosa que ofertamos a ela, por isso a Santíssima Virgem cria um vínculo com aqueles que rezam. Seu amor maternal cultiva em nós a vontade de uma maior intimidade com ela por meio da oração. Os devotos de Maria estarão sempre firmes na fé, mesmo em meio à tribulação.

Vivemos, hoje, uma crise de paternidade, no sentido de que não temos muitos homens que são exemplos para as pessoas. Uma grande parte dos homens não sabem qual o seu lugar perante a sociedade e se esqueceram de ensinar os mais jovens a viver. Características tão masculinas como dar iniciação aos outros, dar estímulo, ser solicito, provedor e protetor estão sendo deixadas de lado, pois o inimigo de Deus quer demonstrar que a masculinidade está na força bruta, no sexo sem compromisso, nos vícios, na oportunidade de levar vantagem em tudo e a qualquer custo. Por isso mesmo o homem não é feliz, procurando felicidade no que é mais fácil e que não está em sua essência.

Maria mostra a verdadeira alegria e paz que esses filhos tentaram buscar em tantos caminhos errados, mas que só sentiram no grupo do Santo Rosário. A oração tem essa força de tranquilizar, alegrar, direcionar e trazer conforto espiritual.

O Terço dos Homens é, com certeza, um socorro do Céu, uma iniciativa daquela que conviveu com dois grandes homens, Jesus e José. Maria sabe, no papel de mãe e no papel de esposa, como auxiliar um homem a ser tudo aquilo que ele pode ser.

Deus abençoe e Maria passe à frente!

Sandro Ap. Arquejada

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro "Maria, humana como nós" e "As cinco fases do namoro". Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/terco-dos-homens-2/

27 de maio de 2014

Não concordo com o que a Igreja ensina. O que faço?

Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre "toda a verdade"?
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que quem não concorda com o que a Igreja ensina, não conhece bem o que Jesus ensinou, fez e mandou que fizéssemos. Ele fundou a Igreja sobre São Pedro e os apóstolos para que ela fosse a "porta voz" d'Ele na Terra. Disse o Senhor a eles: "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (cf. Lc 10,16). Quer dizer, quem não ouve a Igreja, não ouve Jesus! Quem não obedece a Igreja, não O obedece.
Jesus ainda lhes disse: "Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino". (São Lucas 12, 32). E foi à Igreja que Jesus mandou: "Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16,15). Como, então, não concordar com a palavra da Igreja? E mais: "A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados" (João 20.22). O Pai mandou o Filho para salvar o mundo; o Filho enviou a Igreja. Ela é o "sacramento universal da salvação" (LG, 4), a Arca de Noé que nos salva do dilúvio do pecado.
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Na Santa Ceia, na despedida dos apóstolos, Jesus fez várias promessas à Igreja, ali formada por Seus discípulos. Entre muitas coisas que São João narrou, em cinco capítulos do seu Evangelho (13 a 17), Jesus prometeu à Igreja:
"Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós". "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito" (João 14,15.25). Ora, como a Igreja poderia ensinar algo de errado se o Espírito Santo permanece sempre com ela e lhe "ensina todas as coisas"?
Jesus ainda lhes disse: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade,ensinar-vos-á toda a verdade…" (João 16,12-13). Como a Igreja poderia ensinar algo errado ou inconveniente se o Espírito Santo lhe ensina sempre "toda a verdade"?
Além disso, o próprio Jesus está na Igreja, pois Ele prometeu, antes de subir ao céu: "Eis que Eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mateus 28,20). Foi a última palavra d'Ele aos discípulos. Ora, como a Igreja poderia errar se Jesus está com ela todo tempo? É impossível! É por isso que São Paulo disse a São Timóteo: "A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade" (1Tm 3,15). Então, a Igreja detém a verdade que Jesus disse que nos liberta.
É por causa de tudo isso que o nosso Credo tem 2 mil anos e nunca mudou nem vai mudar; porque é a expressão da verdade que salva. A mesma coisa acontece com os sacramentos, os mandamentos e a liturgia. A Igreja já teve 266 Papas e nunca um deles cancelou um ensinamento doutrinário que um antecessor tenha ensinado. Já realizou 21 Concílios universais, e nunca nenhum deles cancelou um ensinamento de um anterior. A verdade não muda, e está na Igreja. O Espírito Santo não se contradiz.
Logo, como não concordar com o que Igreja ensina? Isso seria por causa da ignorância de tudo o que foi relatado acima; ou, então, seria um ato de orgulho espiritual da pessoa, que acha que sabe mais do que a Igreja, assistida por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Longe de nós isso!
Podemos até não conseguir viver o que a Igreja nos ensina e nos manda viver – isso é compreensível por causa de nossa fraqueza –, mas jamais poderemos dizer que ela está errada ou que eu não concordamos com o que ela ensina. A Igreja não ensina o que quer, mas o que o Seu Senhor lhe confiou.


Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/nao-concordo-com-o-que-a-igreja-ensina-o-que-faco/

24 de maio de 2014

Copa do Mundo: Um olho na bola e outro social

São muitas as opiniões que apontam que os legados da Copa do Mundo não serão como mostram as propagandas

A Copa do Mundo está se aproximando e a sociedade brasileira confirma sinais de que não tratará o futebol simplesmente com a habitual euforia. O "país do futebol", cansado com o modo obsoleto de se fazer política, está emoldurando o mundial com a exigência de se promover mudanças. Não bastará, como de costume, fixar o olhar na bola. É imprescindível debater as questões sociais, investindo em transformações profundas. A euforia própria do futebol, com sua alegria que bem vivida congraça e inspira união de corações, precisa receber marcas incidentes. Trata-se de adicionar um componente cidadão que contribua para as reformas que o Brasil, especialmente o pobre, espera e precisa. Desta vez, a tática usada desde o Império Romano de distrair o povo das questões sociais e políticas com o entretenimento não pode funcionar.

Copa do Mundo

Com frequência acompanhamos as notícias na imprensa sobre os jogos da Copa que, por exigência de seu órgão superior, poderiam ser realizados em oito estádios. Por isso mesmo, ninguém consegue entender a razão dos investimentos na construção extremamente onerosa aos cofres públicos dos estádios que são considerados desnecessários para o evento. Se confirmada a notícia, trata-se de outro indício da incompetência governamental no planejamento da destinação dos recursos que precisam ser suficientes para atender não apenas o futebol, mas, sobretudo, as necessidades inegociáveis e inadiáveis da saúde pública, educação, transporte, habitação, numa lista interminável de demandas e urgências.

O país do futebol tem nas mãos a oportunidade de não permitir que se manipule a euforia bonita e contagiante deste esporte. Uma tática obsoleta de "pão e circo" para desviar o olhar cidadão das questões que merecem críticas, respostas urgentes, encaminhamentos mais participativos e solidários. O discurso das ruas do ano passado, emoldurando a Copa das Confederações, efetivamente inaugurou esse novo tempo. São muitas as opiniões que apontam que os legados da Copa não serão como mostram as propagandas. De fato, o não cumprimento, ao longo de sete anos, a partir da escolha do Brasil para sediar o mundial, das promessas de investimento na infraestrutura, estradas, aeroportos, transporte urbano, com especial atenção para as conturbações das grandes regiões metropolitanas, um caos na vida do povo, é um legado negativo, que mostra a incompetência e a morosidade dos que estão gerindo a máquina pública.

É verdade que não é fácil corresponder às necessidades de hoje, "tapando os buracos" que se formam pelo arrastar-se de coisas do passado, e projetar ao mesmo tempo o futuro. Mas, a incompetência na escolha de prioridades, junto com o partidarismo patológico e atrasado da política brasileira, interesseira, cartorial e coronelista, deveriam incomodar mais governantes e políticos, impedindo-os de se sentirem à vontade na festa do povo. Uma festa que deve acontecer na paz e no respeito mútuo, cultivando o espírito de congraçamento pela euforia e pelo acolhimento de visitantes, especialmente os que vêm do exterior, num exercício cidadão de receptividade e solidariedade. Esse clima alegre e especial pode favorecer a inteligência para que se escolha bem as prioridades da vida privada e, sobretudo, aquelas da vida pública, quando se tem a oportunidade de servir e de fazer o bem, promovendo a justiça para todos.

O grande legado da Copa do Mundo não será a construção onerosa dos estádios, mesmo considerando suas outras possíveis destinações; nem se fala dos investimentos prometidos e não realizados na infraestrutura, sem deixar de reconhecer o que avançou; nem mesmo uma esperada campanha vitoriosa da seleção brasileira. O grande legado poderá ser uma consciência social e política mais aguçada dos cidadãos brasileiros para empurrar com sua força, não apenas nas urnas, mas diariamente e nos diferentes segmentos, as mudanças cotidianas e as respostas urgentes que precisam ser dadas para não se continuar a sacrificar indiferentemente os pobres, não perpetuar gestos e estilos de vida na contramão da cidadania. Precisamos fazer crescer uma condição de brasilidade que guarda marcas de profundos sentimentos fraternos e a abertura para solidariedades.

A Arquidiocese de Belo Horizonte, em sintonia com a Igreja Católica no Brasil, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em cooperação com outros segmentos sociais e religiosos da sociedade brasileira, tem programação própria, já em curso, especialmente para o mês da Copa do Mundo. Uma série de atividades que contemplam a acolhida religiosa e fraterna de visitantes nas igrejas e santuários, ocasiões para a vivência de momentos culturais, de espiritualidade e também de encantamentos, diante de belezas como o conjunto arquitetônico, religioso, cultural e paisagístico do Santuário Nossa Senhora da Piedade, na Serra da Piedade, ou da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha. No contexto destas atividades, a Arquidiocese conclama sua grande rede de comunidades de fé para ações que objetivem o fortalecimento da consciência política e a busca de um refinado sentido social. Neste período de festividades, vamos intensificar a coleta de assinaturas para que a iniciativa popular faça avançar a Reforma Política, uma grande urgência de nosso país. Cada um, com seu título de eleitor, é convidado a aderir e também a avaliar, neste ano eleitoral, quais políticos lutam por esta mudança necessária. Em paz e de maneira cidadã, vamos celebrar a Copa do Mundo de olho na bola e no social.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália). http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/politica/copa-do-mundo-um-olho-na-bola-e-outro-social/

22 de maio de 2014

As profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso

As profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso e sua mensagem para o nosso tempo
As profecias feitas por Nossa Senhora do Bom Sucesso, no século XVI, a respeito do nosso tempo, permaneceram esquecidas durante muito tempo, conforme ela mesma profetizou. A Virgem Maria apareceu à serva de Deus Madre Mariana de Jesus Torres, religiosa espanhola pouco conhecida, pela primeira vez, no dia 2 de fevereiro de 1594, em Quito, no Equador.
Apesar de desconhecida do grande público, a religiosa, que tem seu corpo incorrupto até hoje, viveu de forma extraordinária a sua vocação. A Madre Mariana, que teve uma vida mística e escondida, Nossa Senhora revelou acontecimentos que abalariam as estruturas da Igreja e da sociedade a partir do século XIX.
A Santíssima Virgem previu a desvalorização do sacramento do matrimônio e a corrupção da família: "Quanto ao sacramento do matrimônio, que simboliza a união de Cristo com a Igreja, será atacado e profanado em toda a extensão da palavra". Leis iníquas serão impostas, com o objetivo de extinguir esse sacramento, facilitando a todos viver mal o matrimônio, propagando-se a geração de filhos malnascidos, sem a bênção da Igreja. O espírito cristão decairá rapidamente. A luz preciosa da fé se apagará até chegar a uma quase total e geral corrupção de costumes. "Acrescidos ainda os efeitos da educação laica, isto será motivo para escassearem as vocações sacerdotais e religiosas". O espírito do mundo estará nos ambientes domésticos, as crianças se perderão e "o demônio se gloriará de alimentar com o requintado manjar do coração dos meninos". Nesses tempos infelizes, não se encontrará mais a inocência infantil. "Desta forma, se perderão as vocações para o sacerdócio, e será uma verdadeira calamidade".
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Nossa Senhora do Bom Sucesso também profetizou a desvalorização e a perseguição dos sacerdotes: "O sagrado sacramento da ordem sacerdotal será ridicularizado, oprimido e desprezado, porque, neste sacramento, se oprime e conspurca (macula) a Igreja de Deus e a Deus mesmo, representado em Seus sacerdotes. O demônio procurará perseguir os ministros do Senhor de todos os modos e trabalhará com cruel e sutil astúcia para desviá-los do espírito de sua vocação, corrompendo a muitos deles". Estes escandalizarão o povo cristão, farão recair sobre todos os sacerdotes o ódio dos maus cristãos e dos inimigos da Igreja Católica Apostólica Romana. Com este aparente triunfo de satanás, atrairão sofrimentos enormes aos bons pastores da Igreja e à excelente maioria de bons sacerdotes e ao Pastor Supremo e Vigário de Cristo na terra. O Santo Padre derramará secretas e amargas lágrimas na presença de Deus, pedindo luz, santidade e perfeição para todo o clero.
A Virgem Maria profetizou, para o nosso século, o descuido e o esquecimento do sacramento da unção dos enfermos: "Muitas pessoas morrerão sem recebê-lo — seja por descuido das famílias, seja por um mal entendido afeto para com seus enfermos, outros também por irem contra o espírito da Igreja Católica, impelidos pelo maldito demônio —, privando as almas de inumeráveis graças, consolos e força, para darem o grande salto do tempo à eternidade".
A Mãe da Igreja também previu a propagação de várias heresias e que, "com o domínio delas, apagar-se-á nas almas a luz preciosa da fé, pela quase total corrupção dos costumes. Nesse período, haverá grandes calamidades físicas e morais, públicas e privadas". Nesses tempos infelizes, o luxo desenfreado conquistará inúmeras almas frívolas e as perderá. "Quase não se encontrará inocência nas crianças nem pudor nas mulheres, e, nessa suprema necessidade da Igreja, calar-se-á aquele a quem competia a tempo falar". Nesses dias, a atmosfera estará saturada do espírito de impureza, que como um mar imundo correrá pelas ruas, praças e lugares públicos com uma liberdade assombrosa. "Quase não haverá almas virgens no mundo. A delicada flor da virgindade, tímida e ameaçada de completa destruição, luzirá longe. Refugiando-se nos claustros, encontrará terreno adequado para crescer, desenvolver-se e viver sendo seu aroma o encanto de meu Filho Santíssimo e o para-raios da ira divina. Sem a virgindade seria preciso, para purificar essas terras, que chovesse fogo do céu".
A Virgem Maria previu que, no nosso século, a falta de interesse dos ricos e a indiferença do povo de Deus serão causa de grande mal. Por desleixo e negligência, as pessoas detentoras de grandes riquezas assistirão com indiferença a opressão da Igreja, a virtude perseguida, a maldade triunfante, sem empregar santamente as riquezas na destruição do mal e na restauração da fé. A indiferença do povo fará com que se apague, gradualmente, o nome de Deus em seus corações, "aderindo ao espírito do mal, entregando-se, livremente, aos vícios e paixões".
Em meio às dificuldades desses tempos difíceis, profetizados para a Igreja e para o mundo, Nossa Senhora fala da importância das comunidades religiosas: "Restarão as comunidades religiosas para sustentar a Igreja e trabalhar com valoroso e desinteressado empenho na salvação das almas, porque, nesse período, a observância da regra resplandecerá nas comunidades, haverá santos ministros do altar, almas ocultas e belas, nas quais meu Filho Santíssimo e eu nos deleitaremos, considerando as excelentes flores e frutos da santidade heroica". Contra eles, a impiedade fará dura guerra, cumulando-os de difamações, calúnias e vexações para impedir-lhes o cumprimento do seu ministério. Mas esses santos ministros, como firmíssimas colunas, permanecerão inabaláveis. Eles enfrentarão a tudo com "espírito de humildade e sacrifício com que serão revestidos em virtude dos méritos infinitos de meu Filho Santíssimo, que os ama como as fibras mais delicadas de Seu santíssimo e terníssimo coração".
Essas profecias de Nossa Senhora do Bom Sucesso retratam o estado das coisas, a heresia, a impiedade e a impureza presentes em nosso tempo. Mas, além dessas e outras revelações, a Virgem Maria prometeu o seu socorro e a sua proteção para aquelas pessoas que propagassem a devoção a ela com o título de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Por isso, propaguemos essa devoção, que ficou durante muito tempo esquecida, mas que, em nosso tempo, se torna mais conhecida e a sua mensagem muito atual.
Confiemos a Nossa Senhora do Bom Sucesso as nossas orações pelas famílias, especialmente pelas crianças, pelos sacerdotes, religiosos e religiosas, pelos governantes, pelas pessoas detentoras de poder. Para que haja o triunfo do seu Imaculado Coração, também profetizado por ela, precisamos nos unir a Virgem Mãe de Deus com nossas orações, jejuns, penitências, reparações, como ela nos pediu em suas aparições.
Nossa Senhora do Bom Sucesso, rogai por nós!



Natalino Ueda

Missionário da comunidade Canção Nova, desde 2005 cursou Filosofia e Teologia, atua no portal cancaonova.com como produtor de conteúdo é autor do blog Todo de Maria. blog.cancaonova.com/tododemaria

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/as-profecias-de-nossa-senhora-do-bom-sucesso/

21 de maio de 2014

Por que intercedemos?

"A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus" 

Quando falamos de oração de intercessão, é possível nos lembrarmos de grandes homens e mulheres da Bíblia, dos santos e da nossa própria oração. Já reparou que sempre rezamos por alguém? Sempre nos pedem oração ou a pedimos para alguém?

Primeiramente, ao falar de intercessão, lembremo-nos de Abraão. A cidade de Sodoma estava para ser destruída, mas devido à intervenção e à intercessão desse homem que "negocia" com Deus – "Se houver cinquenta justos… quarenta… dez justos" –, o Senhor lhe responde: "Por causa dos dez não a destruirei"(cf. Gn18,16-33). Assim, graças à intercessão de Abraão, a cidade não foi destruída.

O grande Moisés foi outro homem que se colocou em defesa do povo. Deus o havia chamado para ir à frente, para libertar os filhos de Israel da escravidão do faraó. Primeiro, Moisés, em nome do Senhor, foi até o faraó e pediu a liberdade de seu povo (cf. Êx 5,1). Vários sinais foram realizados para que ele se convencesse de que aquela era a vontade de Deus: o cajado que se transformou em serpente, a água que virou sangue, além de pragas como rãs e gafanhotos (cf. Êx 7-12). Apenas com a morte do seu primogênito o faraó deixou o povo partir, mas, depois, o perseguiu (cf. Êx 14).

Num segundo momento, Moisés já não mais pedia ao faraó, mas passou a pedir a Deus pelo povo. Após a libertação, infelizmente, esse manifestou a sua ingratidão a Deus e a Moisés, pois passou a murmurar por causa do alimento (16,3), reclamar pela falta de água. Moisés clamou ao Senhor e, então, puderam beber da água (17,2-7). O profeta intercedia, pedia e colocava-se diante do Senhor em favor de seu povo.

Temos também mulheres que intercederam, que se colocaram em favor do povo, como Ester que orou pelos seus (cf. Est 4, 17n-17kk). Judite fez o mesmo (cf. Jd 9). Maria, na festa das bodas em Caná, disse: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (cf. Jo 2,5).

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"A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus" (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2634). "Ele é o único intercessor junto ao Pai em favor de todos os homens" (cf. Rm 8,34). Ele é o Cristo, o enviado de Deus para interceder por todos até as últimas consequências ao viver a Paixão. Jesus intercedeu tanto por nós, que deu a vida d'ele para que vivêssemos.

Ora, os intercessores foram homens e mulheres que se colocaram diante de Deus em favor dos necessitados, como fez Jesus. Assim, se pedirmos oração ou se orarmos pelo outro, já estaremos vivendo a intercessão. Temos ainda a riqueza, como nos ensina a Igreja, de pedir a intercessão daqueles que morreram santamente, que estão com Deus: os santos. Na profissão de fé, rezamos "creio na comunhão dos santos", ou seja, esses que estão com o Senhor podem pedir por nós que estamos aqui, e é necessário deixar bem claro que é sempre Jesus quem realiza os feitos.

Por fim, a oração de intercessão é confiante e dirigida ao Senhor em favor do outro, do necessitado. Foi isso o que os homens da Bíblia fizeram e, por excelência, Jesus fez por nós pecadores. Fomos salvos ou somos salvos pela intercessão d'Ele junto ao Pai.

Por que intercedemos? Primeiro, para imitar Cristo, que intercede por nós junto do Pai. Ele quer a nossa salvação e, uma vez que fomos alcançados e amados por Ele, passamos a segui-Lo e imitá-Lo.

Mas como O imitamos? Intercedendo pelo nosso próximo, confiando que Ele pode tudo, que nada Lhe é impossível (cf. Lc 1,37). Oramos em favor do outro, porque também entendemos que não devemos pedir apenas para nosso próprio benefício. A oração de intercessão não é passiva – o necessitado lá e eu aqui –, mas ativa como Jesus, que ia ao encontro de Seus semelhantes, que nada quis para si, mas se entregou pelo outro, "amou-os até o fim" (cf. Jo 13,1). Ativamente, intercedamos pelo próximo indo ao encontro dele.

Padre Marcio

Padre Márcio do Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é "Fazei-o vós a eles" (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO). Twitter: @padremarciocn


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/por-que-intercedemos/

20 de maio de 2014

Não consigo engravidar

O que a Igreja recomenda para os casais que tentaram, mas ainda não conseguiram engravidar? 

A Igreja sabe que os casais que não conseguem ter filhos sofrem. O Catecismo diz que "é grande o sofrimento de casais que descobrem que são estéreis" (n.2374). Mas, nem por isso, eles devem ser infelizes: "Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem, no entanto, ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristã. Seu matrimônio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício" (n.1654).

A Igreja recomenda que esses casais busquem, na ciência médica, a possibilidade de a mulher engravidar, mas por meios que não firam a dignidade humana.

"As pesquisas que visam diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas 'a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus'" (Instrução Donum Vitae, 2). (n.2375)

O Magistério da Igreja entende que não é lícito gerar um filho pela inseminação artificial homóloga (pais casados) ou heteróloga (pais não casados). Diz o Catecismo que "as técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero) são gravemente desonestas. Essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e de uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem "o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um por meio do outro" (n.2376).

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"Praticadas entre o casal, essas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são, talvez, menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o ato sexual do ato procriador. O ato fundante da existência dos filhos já não é um ato pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas que remete a vida e a identidade do embrião ao poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana. Tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos".

"A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do ato conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos. Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa" (n.2377).

A Igreja recomenda que se o casal que não conseguir, por meios legítimos, a fecundação, deverá juntar esse sofrimento ao de Cristo, na cruz, e poderá adotar filhos do coração, que não são menos valiosos que os da carne. Sem dúvida, é um ato de fé de quem realmente ama Deus e está disposto a oferecer esse sacrifício no cálice da Santa Missa.

O Catecismo diz: "O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infantilidade unir-se-ão à cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo" (n.2379).

Não conhecemos os desígnios de Deus para cada casal. Por que uns têm muitos filhos e outros não têm nenhum? Só o Senhor pode responder isso. Sabemos que Ele não é o autor da esterilidade, mas o Senhor da vida. Se, no entanto, Ele não a permite, saberá dela fazer o bem.

Acreditamos, na fé, naquilo que diz São Paulo: "Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus". Diz a Palavra que "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11,6). "O justo viverá pela fé" (Rm 1,17). Sem dúvida, esse é um sofrimento que só pode ser superado na fé e na oração de abandono nas mãos de Deus.

Quem de nós sabe o que é bom, hoje e amanhã, para nós ou para nossos filhos? Então, na fé, o melhor é aceitar o que Deus permite que aconteça, mesmo que nosso coração sofra. Diante d'Ele os méritos desses pais será grande.


Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/nao-consigo-engravidar/

19 de maio de 2014

Coordenadora da Ecafo faz analogia ao livro ''O Pequeno Príncipe'' para mostrar a importância da formação

Qual a relação entre o livro 'O Pequeno Príncipe' e a Escola de Capacitação Antonio Frederico Ozanam (Ecafo)? A coordenadora nacional da 'escola', consócia Vera Santos, explica neste artigo divulgado hoje pelo site SSVPBRASIL. O texto deve ser refletido pelos vicentinos e utilizado como sugestão de Leitura Espiritual durante as reuniões da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). 

"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante" (Saint- Exupéry)
Muitos devem estar questionando: o que a frase de Exupéry tem a ver com a formação? O que tem a ver com a ECAFO? O que tem a ver com a SSVP? Pois bem, quando Exupéry escreveu esta frase na história do Pequeno Príncipe (um livro que no entender de muitos foi escrito para crianças, devido sua simplicidade), acredito que o autor queria mostrar que só conquistamos alguém ou algo quando nos doamos por inteiro, quando nos colocamos a serviço do outro no amor e na lealdade.
Palavras simples, linguagem simples e figuras simples, mas muita gente leu, releu e não entendeu. Não entendeu a mensagem de amor, a mensagem da verdadeira amizade, da pureza e da sabedoria que só existem naqueles que conseguem ver com o coração, com a alma e com o espírito, naqueles que conseguem ver além das aparências.
Assim é a SSVP, muitos estão inseridos dentro dela, mas ainda não entenderam que seu carisma e sua espiritualidade são reflexos da simplicidade de Jesus Cristo. Assim, os Módulos de formação da ECAFO são simples, com linguagem simples, de fácil reflexão. Mas por detrás da simplicidade das palavras existe uma profunda e incomensurável sabedoria que só os vocacionados ao carisma vicentino entendem. Em cada Módulo existe uma escola onde se aprende a amar profundamente a Deus na pessoa do Pobre sofredor, em que se aprende que o valor da vida consiste em "doar a vida pelo irmão"; em que se aprende o jeito simples de servir Jesus Cristo na pessoa do Pobre. Assim como a rosa do Pequeno Príncipe, os Módulos são simples e belos, cheios de vida e de entusiasmo, prontos para produzirem frutos. Mas para que produzam frutos é preciso estudá-los, entendê-los e analisá-los. É preciso ir mais além, buscar um conhecimento maior por meio das fontes que eles apresentam. É preciso aplicá-los, torná-los conhecidos de todos. Não podemos fazer como o "servo mau" e enterrá-los em uma gaveta, mas sim como o "servo bom e fiel", e fazê-los produzirem frutos "cem por um" para que a formação na SSVP seja completa.
Os "ecafeiros" ou formadores da ECAFO precisam saber com autoridade todos os conteúdos dos módulos. E, quando estiverem dando formação, é preciso que saibam o que estão falando, é preciso que acreditem no que estão falando, é preciso ter zelo e sentimento de pertença sobre o assunto em pauta. O entusiasmo, a alegria, a motivação devem ser incorporados no coração dos formadores, devem ser visíveis em suas palavras, atos e testemunhos. Outro fator importante para quando estivermos em ação a serviço da ECAFO: ser humilde e compassivo; ter um coração amoroso e aberto às luzes do Espírito Santo para que a autoridade de Jesus Cristo, de São Vicente de Paulo e do Beato Frederico Ozanam estejam impregnados no espírito, no olhar e no falar.
Vale a pena perdermos tempo com duas coisas que são essenciais para o nosso aprendizado e dos que estão recebendo a formação: estudar muito para adquirir o conhecimento acreditando na Providência Divina e aplicar esse conhecimento na certeza que toda a formação dos confrades e consócias está voltada para que possam propiciar aos Pobres uma vida digna, justa e feliz. Enquanto formadores, precisamos cuidar primeiramente de nossa formação, precisamos cuidar bem da rosa que existe dentro de cada um de nós.
Concluo parafraseando o Pequeno Príncipe: é o tempo que perdemos com a SSVP e com os Pobres assistidos que os fazem tão importantes em sua vida.
Vera Lucia dos Santos e Santos
Coordenadora nacional da ECAFO do CNB.

16 de maio de 2014

Por que ter uma família grande?

O casal precisa planejar a família de acordo com a 'paternidade responsável' 

Eu nasci numa família de nove irmãos. Perto da minha casa, morava um tio, que tinha quinze filhos. Um pouco mais longe, morava o senhor Guatura com seus 24 filhos e mais um adotivo. Era assim há uns cinquenta anos.

E que festa era! Faltava bola para jogarmos futebol no quintal; então, fazíamos bolas de pano.

No aniversário de cada filho, bastava convidar os primos para a casa já ficar cheia. Minha mãe fazia um delicioso 'pão de ló' coberto com suspiro. Era o manjar dos deuses! Cada um tinha o direito – só naquele dia – de tomar um guaraná 'caçula'. Para acabar devagar, pedíamos ao papai para fazer um furinho na tampa. Que tempo bom!

Não tínhamos quase nada, só um rádio. Não havia TV, internet, fogão a gás, geladeira, batedeira, freezer em micro-ondas, mas não nos faltava nada, havia muitos irmãos e muito amor.

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É por isso que o Catecismo da Igreja diz que "a Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem, nas famílias numerosas, um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais" (n.2373). E ainda: "O filho não é algo devido, mas um dom. O 'dom mais excelente do matrimônio' e uma pessoa humana'" (n. 2378).

Ora, se Deus diz, pela boca da Sua Igreja, que "os filhos são o dom mais excelente do matrimônio", então, dentro dessa lógica, quanto mais filhos melhor. Ninguém rejeita um dom de Deus, certo? É por isso que, no altar, o padre pergunta aos noivos: "Prometem receber os filhos que Deus lhes enviar, educando-os na fé de Cristo e da Igreja"?

Bem, sabemos que o mundo mudou muito nesses cinquenta anos. A vida ficou mais cara e os pais têm mais dificuldades para criar e educar os filhos. Mas não há justificativa para irmos ao outro extremo, pois há muitos casais que já não querem ter filhos ou adiam o nascimento destes por muitos motivos.

Todos os países da Europa já estão com a população diminuindo, e muitos deles fazendo fortes campanhas para aumentar a natalidade. O Japão, por exemplo, está investindo três bilhões de ienes para fomentar o nascimento de mais crianças.

O Brasil tem somente 20 pessoas por km2, enquanto o Japão tem 330; dezesseis vezes mais. E eles querem aumentar a população, pois esta está envelhecendo. E o Brasil quer diminuí-la.

A Igreja ensina que cada casal deve viver segundo a "paternidade responsável", isto é, deve ter todos os filhos que puder criar adequadamente. O critério de natalidade não deve ser o egoísmo, o medo ou o comodismo, mas o amor a Deus e ao filho, "o dom mais excelente do matrimônio". Num casal cristão não pode faltar "a fé que move montanhas". A Bíblia diz que "sem fé é impossível agradar a Deus".

Não tenho dúvidas ao dizer que quanto maior uma família tanto mais alegria há nela. Como é gostoso, nos fins de semana, os cinco filhos, o genro e as quatro noras, mais os onze netos. É uma festa que não tem preço! É claro que tudo isso custou caro, muito trabalho, suor e lágrimas. Mas é uma festa contínua. Só quem dela participa sabe o seu significado.

Nós damos valor a uma família grande sobretudo na hora da dor e do sofrimento, quando todos se juntam para ajudar aquele que sofre. Como foi bom ver meus filhos e noras acompanhando, todos os dias, em revezamento, a minha esposa no hospital, em São Paulo, em um mês de internação, antes de Deus a chamar! Como é bom compartilhar as alegrias e as lágrimas com aqueles que têm o nosso sangue!

Portanto, mesmo com as dificuldades da vida moderna, o casal deve, na fé, não negar a Deus os filhos que puder ter. Afinal, o Catecismo diz que "os pais devem considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas" (n.2222).

A maior glória que podemos dar ao Senhor é gerar um filho, pois nada neste mundo é tão grande e belo quanto ele. A nossa liturgia reza que "tudo o que criastes proclama o Vosso louvor". Pode a criação dar mais glória a Deus do que quando surge uma vida humana? Um cientista disse que "o cosmo chorou quando viu o homem surgir".

Infelizmente, caiu sobre o mundo todo um pavor estranho, um medo enorme de ter filhos; mas o casal cristão não deve se deixar levar pelo pânico de muitos ecologistas exagerados e de outros catastrofistas de plantão.

Felipe Aquino

Felipe Aquino

Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/por-que-ter-uma-familia-grande/

14 de maio de 2014

O que é oração?

O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe

Antes de começarmos a falar sobre oração, precisamos adentrar no seu significado, se é que podemos defini-la. Mas vamos buscar clareza sobre o tema e o modo como a oração pode fazer parte da vida do cristão.

A definição de oração pode ser expressa por palavras, mas o jeito de rezar e o relacionamento com Deus é diferente para cada pessoa. Porém, não podemos inventar o jeito próprio de rezar, mas seguir aquilo que a Igreja já determinou com seus séculos de experiência; contudo, a aplicabilidade é diferente.

 Vamos tentar definir oração:

 Diziam os Padres do Deserto que a oração é o espelho da alma. Em hebraico, oração é tefillah, que significa "juízo": [...] a oração é a possibilidade de julgar com Deus, de realizar um discernimento sobre a própria vida, sobre a relação com os outros, sobre o próprio relacionamento com as criaturas. É assim que se ordena e se aprofunda a própria interioridade, que se mede o próprio caminho humano, o próprio amadurecimento como crescimento interior adequado à própria idade e situação. (Livro: Onde está Deus? – Padre Reinaldo)

 Perceba que a oração não é nossa, mas de Deus. O próprio Senhor nos concede o dom de orar. Por isso, na oração, precisa entrar o julgamento de d'Ele. Nós precisamos nos submeter a Ele na oração. O nosso modo de rezar é o Senhor quem o concebe.

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 Sobre a oração pessoal, padre Francis Cardeal Arinze nos ensina:

"A oração pessoal é insubstituível, porque chega um tempo em que cada um é chamado a encontrar Deus frente a frente, no encontro espiritual. Isso pode acontecer na intimidade do próprio quarto, diante do sacrário, debaixo de uma árvore, no alto de um monte ou à beira-mar. Pode acontecer mesmo ao volante do carro ou em algum momento da Missa, como enquanto a preparamos, antes da coleta, após a leitura ou na homilia, sem dúvida após a santa comunhão e na ação de graças, após a Celebração Eucarística.

A nossa oração privada há de ser realmente pessoal: há de brotar do coração. Podemos exprimi-la com ou sem palavras; não podemos nos limitar a repetir preces escritas por mestres espirituais e por santos, ainda que tais fórmulas nos ajudem a entrar na oração pessoal.

 A oração deve ser incessante e continua. Por isso, requer dois pontos:

  1. Qualidade da oração: buscar rezar com o coração para, assim, gerar uma contínua e ininterrupta perseverança. Orai sem cessar (1 Ts 5, 17).

  1. Oração pura e sincera: ser feita com fervor – evitar as inquietações e preocupações. Deixar Deus entrar no santuário do meu coração."

Para concluir o sentido e o significado do que é oração, fixemos nosso olhar na graça de Deus. E a Igreja a define assim:

 "A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria". (CIC 2558).

Pe. Reinaldo Cazumbá

Pe. Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor do livro: "Onde está Deus?". Acesse: blog.cancaonova.com/padrereinaldo


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-e-oracao/