Aos quinze anos ofereceu, como primeiro fruto de seu grande talento e sua experiência em escrever, um livro de poesias a seu pai e outro para sua mãe, demonstrando sua grandeza de alma e sua profunda piedade filial.
Aos dezoito anos publicou dois importantes artigos: um documento e um folheto refutando o sansimonismo e critica a propriedade privada porque conduz a uma organização anárquica da produção e consagra a exploração do homem pelo homem.
No outono do mesmo ano (1831), foi a Paris para estudar Direito seguindo a vontade de seu pai, em vez de Letras, como ele próprio desejava.
Aos vinte e três anos (30 de Abril de 1836), obteve o doutorado em Direito por Sorbonne; e aos vinte e seis anos (07 de Janeiro de 1839) o doutorado em Letras,
No dia 16 de Dezembro de 1839 pronunciou um discurso de abertura da Cátedra de Direito Comercial em Lyon. Vencendo seus sentimentos, que desejavam proximidade dos laços familiares e sociais, voltou para Paris onde no dia 30 de Outubro de 1840, com vinte e sete anos obteve a licenciatura de Línguas Estrangeiras por Sorbonne,
Viu claramente que sua vocação não era para o sacerdócio seguindo o exemplo e os passos de seu amigo, o Pe. Lacordaire. Escreveu numa carta de 26 de Agosto de 1839:
"E para falar com o coração na mão… a incerteza de minha vocação se manifesta mais inquieta como nunca…".
O casamento de Antônio Frederico Ozanam tornou-se um acontecimento famoso na história da Igreja. Pelo menos dois Sumo Pontífices se referiram a ele. O primeiro foi o Papa Pio IX, a quem Frederico visitou poucos anos antes de sua morte.
O Segundo foi o Papa João Paulo I, que numa de suas audiências do seu breve pontificado relatou o assunto ao tratar do matrimônio:
"No século passado havia na França um professor insigne, Frederico Ozanam; ensinava em Sorbonne, sendo eloquente e esplêndido. Tinha um amigo, Pe. Lacordaire, que costumava dizer: Este homem é tão admirável e tão bom que será sacerdote e chegará a ser um bispo. Porém não foi assim. Encontrou uma excelente senhorita e se casaram. O Pe. Lacordaire não se sentiu bem com isso e disse: Pobre Ozanam! Também caiu na armadilha! Dois anos mais tarde, Lacordaire veio a Roma e foi recebido pelo Papa Pio IX que lhe disse: Eu sempre ouvi dizer que Jesus instituiu sete sacramentos. Agora vem você, mexendo as cartas na mesa e me diz que foram instituídos seis sacramentos e uma armadilha. Não é assim padre! O Matrimônio não é uma armadilha, é um grande sacramento!" (João Paulo I, 13 de setembro de 1978).
Frederico Ozanam reforçava dia após dia o seu prestígio profissional como professor, como advogado e como escritor muito requisitado pela imprensa católica.
O Sr. Montalembert o incentivou a colaborar com "O Universo Católico" na obra de propagação da fé.
O Pe. Lacordaire pediu-lhe por carta:
"Não há desculpas para não escrever. Não nego que o trabalho de escrever é difícil, mas a imprensa converteu-se numa força poderosa, tão poderosa que não podemos abandoná-la. Escreva, não para nossa glória, senão para a glória de Jesus Cristo… E quanto a você, deve encontrar motivo de alento em tudo o que publicou até agora. Seu estilo tem vida e esplendor, e possui ainda uma erudição que o ajuda. Insisto que trabalhe nisto. Se eu fosse o diretor de sua consciência não insistiria, eu o obrigaria".
Quando Frederico Ozanam queixa-se sobre as condições em que as famílias Pobres estavam condenadas a viver, não queria que sua pobreza fosse amenizada somente dando esmola. Sugeriu também melhoria na estrutura econômica que causava a pobreza.
Quando lecionava direito comercial, incentivava os estudantes a olharem para sua profissão não como algo isolado, senão como parte integrante da sociedade. Sua formação não deveria ter como objetivo adquirir simplesmente um status profissional. O direito deve ser apreciado como um verdadeiro serviço.
Às vezes pronuncia severas advertências. Como antecipando os pensamentos do Papa Pio XI – que a maior tragédia da Igreja da França durante o século XIX foi a perda da classe operária – Frederico critica não só os empresários mas também alguns padres:
"Se um grande número de cristãos e particularmente de clérigos, tivessem se preocupado com as classes operárias durante os últimos dez anos, estaríamos mais seguros acerca do futuro; e todas nossas esperanças descansam no pouco que foi feito até agora".
Uma advertência aos cristãos:
"Todos eles possuem fé, porém uma fé que não é nem quente nem fria; mesmo assim praticam sua religião com frequência sem entendê-la. Devemos introduzir a luz dentro desta obscuridade, aquecer este frio; edificação, mais que conversão, é a necessidade primordial. Devemos moldá-los para a santidade".
Frederico Ozanam – Carta ao seu irmão Afonso em 1848:
"Há exploração quando o patrão considera o operário não como um associado ou como um auxiliar, mas como um instrumento, do qual se tenta tirar o máximo proveito pelo menor preço possível. Mas a exploração do homem pelo homem é escravidão. O operário-máquina é então apenas uma parte do capital, como o escravo dos antigos; o trabalho torna-se escravidão".
Frederico Ozanam é um precursor reconhecido da Doutrina Social da Igreja. Por ocasião de sua beatificação, o Papa João Paulo II disse sobre Frederico Ozanam:
"A Igreja confirma hoje a escolha de vida cristã feita por Frederico Ozanam, assim como o caminho que ele empreendeu. Caridade e justiça caminham juntas pois nenhuma sociedade pode aceitar a miséria como uma fatalidade, sem que a sua honra não seja atingida. É assim que se pode ver nele um precursor da Doutrina Social da Igreja, que o Papa Leão XIII desenvolverá alguns anos mais tarde na Encíclica Rerum Novarum". João Paulo II, 22/08/1997
Frederico Ozanam é um santo moderno. Sua visão e suas atividades desenvolveram-se num ambiente semelhantes ao de hoje, e os problemas de sua época são os problemas de nossos dias. Ele não foi somente uma figura piedosa. Foi um homem de ação, comprometido com a justiça e a evangelização dos Pobres.
Autor: Joelson C. Sotem, CM
Fonte: http://pt.vicencianos.org/frederico-ozanam-para-alem-das-conferencias/