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29 de abril de 2013

Eis que faço novas todas as coisas

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A fonte da novidade está lá no céu

Os dias que antecederam a eleição do Santo Padre, o Papa Francisco, foram repletos de especulações, seja em torno do nome do futuro Pontífice, seja na busca da novidade ou da renovação da Igreja. Muitos viam a necessidade de um Papa "progressista", entendido como um Pontífice que viesse a mudar os rumos da Igreja em direção a conceitos e práticas divergentes da perspectiva evangélica, marcada pelo seguimento de Jesus Cristo, acolhimento do mistério da cruz e serviço humilde aos mais pobres. E tantas vozes se calaram ou deram razão ao fato de o Espírito Santo ter tomado de novo a palavra, tirando "da manga" a grande surpresa que tem sido o Papa. Discursos breves, centrados no essencial da mensagem cristã, gestos significativos, acolhimento, abraços, tudo apontando para a fidelidade a Jesus Cristo, proposta de bondade e ternura, braços abertos que expressam misericórdia e perdão.

A Igreja continua a mesma e sempre nova, capaz de se reformar com a chave da conversão que abre as portas dos corações. A novidade vem de dentro e não se conforma com a mentalidade corrente. A Igreja será sempre acompanhada pela provocação positiva da Carta dos Romanos: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito" (Rm 12,2). Papa Francisco é revolucionário, porque ama sem mudar uma vírgula que seja do Evangelho, do Catecismo ou do ensinamento moral da Igreja!

Já na Igreja primitiva, o crescimento dela acontecia quando passava por muitos sofrimentos e perseguições (Cf. At 14,21-27). Sua vida se caracterizava pelo anúncio da Palavra, testemunho da caridade e das ações maravilhosas do Senhor, orações e jejuns e atividade missionária. O apóstolo São Paulo empreendeu as grandes viagens, quando formava novas comunidades e constituía os servidores aos quais confiava estas mesmas agregações de cristãos. A Igreja suscitava a fraternidade e as pessoas nela se sentiam acolhidas e amadas. Dali para frente e até hoje, onde uma comunidade cristã se reúne na caridade, abre-se um oásis verdejante, onde as pessoas podem saciar sua sede de vida verdadeira.

A compreensão de comunidade para a fé cristã deriva da vida e dos ensinamentos de Jesus, assimilados pelos apóstolos e pelas primeiras comunidades. Na base da experiência comunitária, proposta por Jesus, está a experiência da "comunhão". Jesus inicia seu ministério chamando discípulos para viverem com ele (cf. Mc 3,14). Todo o itinerário do discípulo, desde o chamado, é sempre vivido na comunhão com o Mestre, que se desdobra na comunhão com os outros. A dimensão comunitária é fundamental na Igreja, pois se inspira na própria Santíssima Trindade, a perfeita comunidade de amor. Sem comunidade, não há como viver autenticamente a experiência cristã. A dimensão comunitária da fé cristã conheceu diferentes formas de se concretizar historicamente, desde a Igreja Doméstica até chegar à paróquia na acepção atual (Cf. Tema central da 51ª Assembleia geral da CNBB, n.42-43), ou a proposta da paróquia como "comunidade de comunidades", que tem sido encaminhada na maioria das dioceses do Brasil. Bem vivida, a dimensão comunitária da fé cristã transforma as pessoas e o mundo.

A fonte da novidade está no alto, lá no céu, na vida da Santíssima Trindade. Serão autênticas as comunidades cristãs e será confiável a vida de cada cristão quando refletirem a vida de Deus. De fato, quando Jesus abre a alma para anunciar o "seu" mandamento (Jo 13,31-35; Jo 15,12-17) não se limita a propor uma convivência pacífica e respeitosa entre as pessoas, mas quer que nos amemos uns aos outros "como" Ele nos amou. Não basta a benevolência ou, quem sabe, a filantropia, ou ainda o respeito à liberdade dos outros e às diferenças. Ele pede um pacto de amor mútuo, com pessoas dispostas a darem a vida uma pelas outras. Esta, sim, é a novidade, esta é a revolução para nosso mundo. Com este amor autêntico, vindo do céu, vem também a verdade, a justiça e todos os valores do Reino de Deus.

Homens e mulheres que fazem esta escolha são portadores de um tempo novo, em que Deus vem morar no meio do seu povo, para enxugar todas as lágrimas. Virá, sim, o tempo em que a morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, porque terá passado o que havia antes (Cf. Ap 21,1-5). Quem aceitar dar o primeiro passo, nesta direção, não precisará esperar muito, pois verá, desde agora, florescer o jardim de Deus em torno de si. Basta começar, sem muitas palavras, com gestos simples e significativos, sem medo da ternura e da bondade, espalhando a misericórdia e o perdão.

Aquele que é o "homem novo", que realiza as bem-aventuranças e atrai irresistivelmente as pessoas de todos os tempos, o que não deixa ninguém acomodado, este, sim, dirá: "Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21,5). Diante dele o Espírito e a Esposa, que é a Igreja, dizem: Vem, Senhor Jesus! Quem tem sede da novidade, venha, e quem quiser, receba de graça a água da vida! (Cf. Ap 22,17)

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

26 de abril de 2013

Aprenda a viver com a simplicidade das crianças

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No universo delas, a felicidade está em pequenos gestos

Vivemos em um mundo de intensas dores e ansiedades. Porém, não significa que devemos deixar tudo isso ditar as regras sobre nossa existência. Pelo contrário, precisamos reagir submetendo nossa vida a uma outra lógica, que não nos permitirá ser totalmente engolidos por essa enorme onda de agitação e ansiedade.


O ser humano é, no reino da vida, o único ser dotado de pensamento (razão). Ele é o único capaz de não se permitir determinar pelo meio em que vive e pelos seus instintos. Assim, pode construir uma realidade nova e melhor, que mais eficazmente corresponda à sua autêntica realização.


O homem não é uma massa de manobra que será sempre escrava do tempo e de suas frágeis tendências. Não. Ele é muito mais e foi criado para ir mais longe, pois possui a "dinâmica força da vida" dentro de si.

Não será possível uma vida sem tensões e sofrimentos, e sobre isso já falamos. Mas como gerir esses sofrimentos e tensões tão comuns em nossa vida?

Aqui, não me sinto autorizado a despejar sobre você receitas (ou frases) prontas. Ao contrário, desejo apenas propor caminhos que o possibilitem pensar e, posteriormente, encontrar ferramentas que o auxiliem neste processo.

Gosto de contemplar o jeito como as crianças percebem a vida e as dificuldades nela presentes. Para elas, as coisas são simples e descomplicadas, e quase sempre elas acabam encontrando soluções fáceis e bem humoradas para cada tensão que encontram. Elas não possuem a pretensão de querer reter, instantaneamente, a felicidade debaixo dos braços, mas a buscam experimentar em pequenas porções, a partir de cada pequena coisa que a existência lhes proporciona.

No universo delas, a felicidade está em pequenos gestos: em uma partida de futebol com os amigos, em uma brincadeira na rua ou em uma refeição cheia de comidas gostosas etc. Enfim, elas conseguem viver bem cada momento, sendo inteiras (e felizes) em cada fragmento.

Com elas podemos aprender algo?

Acredito que aprender a viver com simplicidade sem complicar os fatos, lutando para separar cada coisa e as experienciando uma de cada vez é um concreto caminho para uma boa gerência de tensões (um caminho para a maturidade).

Percebo que uma boa e diária dose de paciência revestida de otimismo, diante de nossa vida e de seus muitos desafios, também nos possibilita bem lidar com nossas frustrações, ensinando-nos a não nos desesperarmos diante das momentâneas derrotas que o dia a dia nos apresentará.

(Extraído do livro "Construindo a felicidade")

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Padre Adriano Zandoná

24 de abril de 2013

A Igreja de Francisco

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A Igreja Católica quer ser mãe amorosa de todos

Como costumo fazer quando estou em casa, na manhã do dia 18 de março folheei os jornais de Dourados (MS), a cidade onde resido. Num deles, encontrei dois artigos sobre o Papa Francisco, assinados por pessoas que considero amigas de longa data. Referindo-se aos primeiros dias do Pontífice, um articulista dizia: «Sem dúvida, ele deverá cativar as pessoas com muita facilidade, o que vai ser muito bom para a Igreja, que precisa amenizar a carranca e guardar a solenidade para dentro dos templos!».

Preciso reconhecer que, mais do que a simpatia transmitida pelo novo Papa, o que ficou gravado no meu coração foi a "carranca" da Igreja. Certamente, como tantos outros cristãos, o autor ficou tocado pela graça de Deus que irrompe nos ambientes onde Francisco aparece. No domingo em que ele escreveu o artigo, o Papa, no final da Missa que rezou na igreja de Santana, colocou-se à porta e se entreteve com os fiéis que haviam participado da celebração. Foi uma festa. As pessoas repetiam comovidas: «O Papa me abraçou! Ele sorriu para mim!». 


Confesso que, se a "carranca" da Igreja corresponde à realidade, devo reconhecer que estávamos realmente precisando de um Papa que nos lembrasse uma das principais razões que levou João XXIII a pensar no Concílio Vaticano II, como ele mesmo explicou no dia de sua inauguração, 11 de outubro de 1962: «A Igreja Católica quer ser mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos que dela se separaram».


Quando eu era criança – antes do Concílio – a "linha dura" prevalecia em toda a parte, inclusive nos seminários onde se preparavam os sacerdotes. A metodologia empregada para "educar" e "convencer" não dispensava a palmatória. Formados sob uma disciplina férrea, havia padres que acabavam por adotar o mesmo estilo no trato com o povo que lhes cabia dirigir. Enérgicos e autoritários, mais do que amados, eram temidos e mantidos à distância. Contudo, pela solidez de seus princípios morais e espirituais, a maior parte deles muito contribuiu para o desenvolvimento das comunidades. Mas, não se pode negar, também contribuiu para a "carranca" da Igreja.

O Concílio terminou no dia 8 de dezembro de 1965, quando se iniciava uma profunda revolução cultural na história da humanidade, uma autêntica mudança de época. Em toda a parte, explodiram revoltas populares exigindo democracia, igualdade e justiça. Na Europa, a juventude deu o grito de largada, que se alastrou por inúmeros países. Na África, o processo de descolonização caminhou a passos de gigante. Na América Latina, nasceram as Comunidades Eclesiais de Base e a Teologia da Libertação. Em contato direto com o sofrimento do povo, espoliado pelo poder econômico, não poucos padres e religiosos optaram por ideologias que lhes pareciam mais eficazes do que a "prudência" da Igreja na solução dos problemas sociais. Infelizmente, o radicalismo de alguns deles também colaborou para a "carranca" da Igreja.

"Tese, antítese e síntese" parece ser o processo normal do amadurecimento cultural e social da humanidade. É o que percebo também na Igreja. Depois de uma época em que alguns agentes de pastoral privilegiavam a salvação da alma, surgiu um período em que a Igreja parecia transformar-se numa "piedosa ONG" – como disse o Papa Francisco aos cardeais no dia 14 de março, logo após a eleição – destinada a resolver os problemas do povo. Graças a Deus, de uns anos para cá voltamos a descobrir a síntese proposta pelo Evangelho: «Se um irmão não tem o que vestir ou comer, e você lhe diz: "Vá em paz, se aqueça e coma bastante", sem lhe dar o necessário, que adianta isso? Sem obras, a fé está morta!» (Tg 2,15-17).

O articulista de Dourados (MS) pede que reservemos a «solenidade para dentro dos templos». De minha parte, penso que também ali convenha sermos simples e fraternos. Um exemplo concreto: anos atrás, quando uma criança traquinava na igreja, havia padres que bradavam: «Essa criança não tem mãe?». Há poucos dias, durante a Missa, um pequerrucho galgou o presbitério, aproximou-se do altar e puxou a túnica do padre. Este o abraçou e lhe perguntou: «O que você quer ser quando grande?». «Padre!», foi a resposta do menino. Se Deus continua falando pela boca das crianças (Mt 21,16), a Igreja do Papa Francisco já começou.

 

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados (MS)

E-mail para contato: redovinorizzardo@gmail.com

23 de abril de 2013

Brasil comemora 200 anos de Ozanam. Em São Paulo, Dom Odillo Scherer enaltece fundador da SSVP

"O nascimento de Ozanam, há 200 anos, trouxe algo importante para a vida da Igreja: a fé que floresce na caridade, produz sinais de esperança e renova o mundo". Este foi o conclame do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, durante uma missa celebrada na Catedral da Sé na tarde desse sábado (20), em comemoração ao bicentenário de Antonio Frederico Ozanam. A Celebração é uma das atividades que estão acontecendo em todo o Brasil para homenagear o principal fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Amanhã, por exemplo, haverá uma concentração na Praça Antonio Frederico Ozanam, no Rio de Janeiro, a partir das 9h. Já em Araraquara (SP), na Diocese de São Carlos, está prevista uma Missa em Ação de Graças na Paróquia Sagrada Família, às 19h30.


EVENTO EM SÃO PAULO

A missa presidida por Dom Odilo Scherer contou com a presença de aproximadamente 900 vicentinos. O Conselho Nacional do Brasil (CNB) foi representado pelos confrades Carlos Henrique David (vice-presidente), Sideny de Oliveira (coordenador de Comunicação) e Antonio Monteiro da Silva (vice-presidente da Região IV).  Também participou o Superior Geral dos Religiosos de São Vicente de Paulo, padre Philippe Mura.
O arcebispo, durante a homilia, lembrou de Ozanam como precursor da Doutrina Social da Igreja por agir em meio aos Pobres. "Ozanam não pegou em armas, não saiu pelas ruas para levantar bandeiras, mas 'arregaçou as mangas' e foi ao encontro de quem precisava da ajuda dele". A COBERTURA COMPLETA, VOCÊ ACOMPANHA NA PRÓXIMA EDIÇÃO DO BOLETIM BRASILEIRO.

DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL
 

 

22 de abril de 2013

Ovelhas e Pastores

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Vocações, sinais da esperança fundada na fé

A Igreja celebra o dia de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas, no Domingo do Bom Pastor, com o tema "Vocações, sinais da esperança fundada na fé". O mundo inteiro une-se em oração para implorar de Deus o dom de santas vocações e propor, de novo, à reflexão de todos, a urgência da resposta ao chamado divino.


A esperança é expectativa de algo positivo para o futuro, a qual deve, ao mesmo tempo, sustentar o nosso presente marcado, frequentemente, por dissabores e insucessos. Onde está fundada a nossa esperança? Na fidelidade de Deus à aliança, com a qual se comprometeu e renovou sempre que o homem a rompeu pela infidelidade, pelo pecado, desde o tempo do dilúvio (cf. Gn 8,21-22) até o êxodo e o caminho no deserto (cf. Dt 9,7); fidelidade de Deus que foi até o ponto de selar a nova e eterna aliança com o homem por meio do sangue de Seu Filho, morto e ressuscitado para a nossa salvação. A fidelidade de Deus é Seu amor que interpela a nossa existência, pedindo a cada qual uma resposta a propósito do que quer fazer da sua vida e quanto está disposto a apostar para realizá-la plenamente. (Cf. Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial de Orações pelas Vocações). 


O cuidado amoroso de Nosso Senhor com seu rebanho se expressa no amor com que dá a vida por nós. Quem tem a chave que abre o livro da vida de cada pessoa (Cf. Ap 5,1-14) e reúne em torno de si uma multidão que ninguém pode contar (Cf. Ap 7,9) é o Cordeiro imolado, Aquele que se entrega inteiramente. O Cordeiro é o Pastor!

O relacionamento do Pastor-Cordeiro com Seu rebanho não é de poder despótico, mas se expressa nos vários passos do Evangelho, nos quais Ele se mostra servidor, atento aos fracos, doentes e pecadores, misericordioso, paciente, atento às demoras daqueles que Ele mesmo chama, pronto a lavar-lhes os pés e dar-lhes a vida em abundância.

Temos a alegria de ver, na Igreja, o multiplicar-se de jovens, rapazes e moças que enxergam um horizonte diferente em suas vidas. Suas perguntas já superam os interesses de posições sociais, riquezas ou reconhecimento social. Quando o novo Papa escolheu o nome Francisco, refloresceu no mundo a admiração pelo pobrezinho de Assis! É que os santos atravessam os séculos com sua ousadia e coragem. Crianças, adolescentes e jovens de nossa época também foram feitos para grande ideais, e o mundo será levado adiante justamente pelos heróis do coração e do serviço desinteressado. Mesmo pessoas afastadas da Igreja exultam ao ouvirem nomes como Beato João Paulo II, Beata Madre Teresa de Calcutá, Santa Edith Stein, Beata Chiara Luce Badano, Dom Helder Câmara, Chiara Lubich e outras personalidades. São pessoas que calibraram suas vidas com a têmpera do céu, dons de Deus oferecidos às gerações atuais.

As vocações para tal forma de vida existem e estão em nossas famílias e comunidades. Um apelo chegue aos pais e mães de família, no clima da Festa do Bom Pastor: comecem a perguntar a seus filhos, em casa, sobre o que Deus quer deles! Não reduzam os horizontes das novas gerações a interesses limitados como "o que você quer?, ou "como você terá maiores salários?", ou ainda apenas a posição social relevante. Tudo isso pode ser e é importante, desde que as perguntas a respeito de plano e vontade de Deus comecem a ocupar os pensamentos e a orientar rumos das novas gerações. Não nos permitamos diminuir o que Deus pode lhes oferecer!

Para ter a coragem de orientar assim os que devem fazer escolhas na vida, três passos emergem como importantes. O primeiro é proporcionar um conhecimento adequado de Jesus Cristo. Anunciar o Cristo, conversar com Ele junto dos filhos, fazê-Lo hóspede, mais ainda, morador de cada casa. Os pais começam a evangelizar e catequizar seus filhos quando estes estão no ventre materno e não podem interromper esta missão!

Só no conhecimento de Jesus Cristo far-se-á luz a respeito da vida de cada pessoa. Olhar no espelho é muito pouco para descobrir o que se é! Só Jesus Cristo revela a cada ser humano o seu próprio ser e seus dons. Há que começar com Ele para, depois, chegar a cada pessoa com sua história. Perde tempo, ilude-se e não suscita vocações autênticas, inclusive para o matrimônio e, é claro, para a especial consagração do sacerdócio, vida religiosa e missionária e outras formas de consagração, quem não deixa Jesus Cristo passar na frente. Será fatal, pois quem quiser ganhar sua vida vai perdê-la, mas quem perder a sua vida vai ganhá-la (Cf. Mt 16,25).

Tendo escolhido Deus acima de tudo e encontrado sua própria história, vem à tona a terceira etapa, na qual se pergunta o que fazer e como viver, o que a Igreja chama de vocação específica. Descobri-la é uma graça que Deus quer oferecer a todos os seus filhos e filhas. Especialmente o mundo dos adultos tem sobre si imensa responsabilidade, pois lhes cabe oferecer esta visão inovadora da vida a adolescentes e jovens. Sim, vocação cristã, vocação humana e específica! É a estrada maravilhosa para a descoberta do olhar pessoal de Deus!

Se o desafio parece muito alto, a Igreja põe em nossos lábios e em nossos corações a súplica adequada: "Deus eterno e Todo-Poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Amém."

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

19 de abril de 2013

Síndrome da dispersão

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Faça poucas coisas, mas as faça bem

Encontro muitas pessoas que me perguntam: "E aí, padre, correndo muito?". No começo, eu sentia a obrigação de fazer um relatório completo das mil e uma atividades que me roubavam preciosas horas de sono e ocupavam minha escrivaninha com montes e montes de pastas a considerar e agendas que eu deveria cumprir. Aos poucos, fui percebendo que a sociedade moderna está doente da síndrome da dispersão. Sim, já virou doença. O estresse e a depressão são apenas sintomas dessa causa mais profunda.

Até o que seria um momento de lazer torna-se estressante naquele trânsito parado na descida ou na subida da serra, na padaria que não dá conta dos clientes de fim de semana ou na corrida por aquele pequeno lugar da disputada praia. Estamos doentes. As igrejas multiplicam pastorais e movimentos, nos quais, necessariamente, os cristãos devem estar engajados. Tudo bem. Mas acontece que muitos pertencem a duas, três e até quatro pastorais e simplesmente vivem a semana toda na igreja, muito mais do que com suas próprias famílias. 


Padres resolvem ser políticos e médicos pretendem ser gurus; psicólogos querem ser sacerdotes e políticos imaginam ser "deuses". Todos sentem a obrigação de saber quase nada sobre quase tudo. A superficialidade é filha primogênita da dispersão. Fazemos um amontoado de coisas sem qualidade. Somos obrigados a atingir metas de qualidade total... ou seria de quantidade total?! Nesse caminho, a modernidade enlouquecerá.


Vamos acelerando o carro e, quando percebemos, já passamos, e muito, da velocidade máxima permitida. Reduzir para os 100 quilômetros por hora chega a ser frustrante para aquele que está contaminado pela "síndrome da dispersão". Parar, então, é simplesmente uma tortura. A ausência da adrenalina pode provocar até doenças físicas. Pasme: estamos viciados em trabalho, perigo e violência. O refrão dessa tragédia é sempre o mesmo: não tenho tempo, não tenho tempo, não tenho tempo! Esta é a cantilena que escutam filhos carentes, namoradas com saudades, esposas e maridos, aquela vovó que espera ansiosa a visita de seus filhos e netos.

 

Sei que estou sendo radical, mas também sei que apenas uma surra da vida costuma tornar possível a cura da síndrome da dispersão. Existem os que ficam realmente doentes e procuram um médico. O problema é que muitos profissionais da saúde têm a mesma doença e resolvem seu próprio problema receitando, irresponsavelmente, uma quantidade enorme de medicamentos que irão tapar o sol com a peneira. É o milagre instantâneo provocado por medicações recentes. Mas sabemos que administrar essa medicação exige criar condições para que o paciente mude suas condições de vida. O terapeuta também deverá ser "paciente".

Refleti muito sobre a raiz mais profunda dessa síndrome e percebi que é aquele mesmo desejo humano relatado já nas primeiras páginas da Bíblia e que originou os outros pecados: "Vós sereis deuses".

Deixe Deus ser Deus. Somos apenas humanos, feitos de terra e um sopro; somos frágeis. Os sábios não sabem tudo nem fazem tudo, mas saboreiam aquilo que fazem. Sabedoria é saber com sabor. Faça poucas coisas, mas as faça bem.

Teresinha do Menino Jesus, santa das pequenas coisas, rogai por nós!

 

(Extraído do livro "Pronto, falei!")

 

18 de abril de 2013

Não deixe Jesus sozinho!

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Enquanto houver um sacrário, não haverá solidão

Uma das nossas maiores ingratidões para com Jesus é o abandono em que O deixamos em muitos dos nossos sacrários.


A Igreja o chama de "prisioneiro dos sacrários".

Jesus Eucarístico é o "amor dos amores". Ele faz, continuamente, este milagre para poder cumprir a Sua promessa: "Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 20,20).

Do sacrário, Ele nos chama continuamente: "Vinde a mim vós todos que estais cansados e Eu vos aliviarei" (Mt 11,28).

Ali, Ele está como no céu, com os braços abertos e as mãos repletas de graças para aqueles que forem buscá-las com o coração aberto. São João Bosco dizia:


"Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-o raramente. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Não omitais nunca a visita ao Santíssimo Sacramento, ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante".

Santo Afonso de Ligório disse:

"Os soberanos desta terra nem sempre, nem com facilidade, concedem audiência; mas o Rei do céu, ao contrário, escondido debaixo dos véus eucarísticos, está pronto a receber qualquer um. Ficai certos de que todos os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na hora da morte e durante a eternidade".

Diante do Senhor, no sacrário, podemos repetir aquela oração reparadora que o anjo, em pessoa, ensinou às crianças, em Fátima, nas aparições de Nossa Senhora, em 1917:

"Ó Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores. Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Amém!"

Não deixe Jesus sozinho no sacrário da igreja de sua comunidade ou paróquia. Organize uma adoração, a mais constante possível, ao Santíssimo. Chame as pessoas, faça uma escala, divida o tempo para cada um: meia hora, uma hora, o quanto for possível. Podemos ter certeza que as chuvas de bênçãos descerão sobre a comunidade! Os jovens serão preservados do mau caminho, os pecadores serão convertidos, o demônio afastado, as calamidades afugentadas. Não é disto que estamos precisando?

A Igreja, desde o seu início, quis manter Jesus nos sacrários da terra para, ali, Ele ser amado e louvado, derramar sobre nós as suas bênçãos, e ser levado aos doentes.

Sempre foi ao pé do sacrário que os homens e mulheres de Deus buscaram forças e luzes para a sua caminhada. Foi, ali, que São João Vianney conquistou o coração dos seus fiéis e se tornou o grande "Cura D'Ars". Quando, recém-ordenado padre, ele chegou a Ars e encontrou, ali, uma paróquia sem padre há muitos anos, e as pessoas longe de Deus; a primeira coisa que fez foi ajoelhar-se diante do Santíssimo durante horas, rezando o rosário. Assim, ele revolucionou aquele pequeno lugar e fez tantos prodígios.

No livro das suas "Confissões", Santo Agostinho dá um testemunho marcante. Ele afirma que se converteu, porque sua mãe, Santa Mônica, entrava na igreja, três vezes por dia, e pedia a sua conversão a Jesus sacramentado.

Não há problema, qualquer que seja, que não possa ser resolvido diante do sacrário. Deus está ali. O que mais desejar?

Chiara Lubich disse certa vez que, enquanto houver a Eucaristia, o homem não caminhará sozinho, e enquanto houver um sacrário, não haverá solidão.

Que grande riqueza a nossa de podermos viver em um país católico, no qual se pode encontrar com facilidade uma igreja, com as suas portas abertas, guardando no seu interior o Rei da Glória, que nos espera com as mãos cheias de graças!

(Extraído do livro "Entrai pela porta estreita")

16 de abril de 2013

De que lado estamos?

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Precisamos estar abertos para receber a força do Alto

Não é necessário muito para que um cristão se torne o sujeito mais fraco do mundo e desista diante de qualquer obstáculo. Desse modo, precisamos estar abertos para receber a força do Alto. Como vamos fortalecer poderosamente nosso homem interior, se nos enchemos com essas "futricas" apresentadas pelo mundo? Somos chamados a coisas grandes. Se temos um projetinho pequenininho para nossa vidinha, estamos no lugar errado. Supliquemos o Espírito Santo, pois Pentecostes é para aqueles que querem ser cheios do Espírito de Deus.

Se quisermos ser do Paráclito, temos de ser animados por Ele. Se Ele nos defende das três grandes acusações (do mundo, do pecado e do encardido), se o salário do pecado é a morte, se todos os pecadores estão privados da glória de Deus, se o encardido é o nosso acusador, de que lado estamos? Se quisermos ser cheios do Espírito Santo, temos de nos esvaziar das coisas do encardido e mudar de lado. Estamos do lado de quem defende (Espírito Santo) ou do lado de quem acusa?

O encardido sempre tem dois instrumentos no bolso: uma lista de todos os nossos pecados não confessados e uma lupa. Se nos reunirmos, em nome de Jesus, o Senhor estará presente, mas se nos reunirmos para acusar alguém, quem estará no meio dessa atitude é o encardido com sua lista de limitações e sua lupa, a fim de aumentar as acusações e diminuir o acusado. Quem nos acusa vê nossos erros ampliados e nós, ao contrário, os vemos bem pequenos.

Para sermos cheios do Espírito Santo, devemos dispensar o encardido e jogar fora sua lista. Somos pecadores, fracos, mas temos um mediador, alguém que morreu para que não sofrêssemos as consequências do nosso pecado. Esse alguém tem nome e, diante dele, todos os joelhos se dobram na terra, no céu, no inferno, e toda língua proclama que Jesus Cristo é o Senhor. É preciso coragem para se afastar de todos aqueles que não são de Deus.

"Estes são murmuradores descontentes, homens que vivem segundo as suas paixões, cuja boca profere palavras soberbas e que admiram os demais por interesse. Mas vós, caríssimos, lembrai das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: 'No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo as suas ímpias paixões; homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm o Espírito'. Mas vós, caríssimos, edificai-vos mutuamente sobre o fundamento da vossa santíssima fé. Orai no Espírito Santo. Conservai-vos no amor de Deus, aguardando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna" (Jd 1,16-21).

Tudo seja grande em nós.

Padre Léo, scj

15 de abril de 2013

Obedecer a Deus antes que aos homens

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A relação da Igreja com o mundo representa-se pelo diálogo

A "barca de Pedro", confiada a ele por amor do próprio Cristo, navega pelos mares da história, mesmo quando estes se mostram agitados (Cf. At 5,27-41; Jo 21,1-19). Os dias que vivemos revelam a grandeza atraente e contraditória do pluralismo de ideias e comportamentos, deixando, muitas vezes, confusas nossas mentes. Se de um lado bandeiras descritas como expressões de um estado laico ou da liberdade das pessoas são içadas com força cada dia maior, observamos, com honestidade, que este mesmo estado pode até criminalizar aqueles que desejam assumir comportamentos coerentes com a fé professada, relegando ao nível privado suas convicções, proibindo-lhes fermentar com o bem o ambiente social e cultural. As constituições dos diversos países asseguram direitos iguais, mas parece que alguns grupos da sociedade se consideram "mais iguais", negando justamente a quem tem raízes cristãs a possibilidade de viver coerentemente, considerando seu comportamento conservadorismo e bloqueio ao que chamam progresso da civilização.


Os cristãos entraram em contato com as diversas culturas, corajosos por serem positivamente diferentes e para melhor! As primeiras perseguições, cujos sinais se encontram nos Atos dos Apóstolos, a chamada "diáspora" - dispersão - fez com que o sangue dos mártires se tornasse semente de cristãos. Passaram as culturas que pretendiam eliminar os que professavam a fé cristã e esta permaneceu. Sucederam-se gerações de cristãos, todos convocados dentre os pecadores e não do meio dos justos, mas suas falhas e pecados não conseguiram acabar com a Igreja de Jesus Cristo.


O século passado, tempo que ainda é nosso, foi dos mais ferozes na perseguição à fé, como constatava o Beato João Paulo II no grande jubileu do ano dois mil. Naquela ocasião, convidou todos os cristãos a tomarem consciência da grandeza do testemunho de homens e mulheres que derramaram o sangue pela fé. E Papa Francisco, numa homilia do dia seis de abril, sobre a coragem para testemunhar a fé, que não se negocia e não se "vende a quem oferece mais", assim se expressou: "Para encontrar os mártires não é necessário visitar as Catacumbas ou o Coliseu; os mártires estão vivos, agora, em muitos países. Os cristãos são perseguidos por causa da fé. Em alguns países não podem usar a cruz, pois são punidos se o fazem. Hoje, no século XXI, a nossa Igreja é uma Igreja de mártires".


Ficaremos então imóveis, certos e orgulhosos de que os outros galhos da árvore cairão e nós seremos os vitoriosos? Sabemos que esta não é a atitude correta, pois queremos proclamar com a palavra e a vida que Deus ama a todos os seres humanos de nosso tempo maravilhoso e contraditório, destinatário dos bens da salvação.

Retomei com alegria a Encíclica "Ecclesiam suam", de Paulo VI, encontrando propostas muito atuais e inspiradoras que iluminam nosso argumento. Esta é a hora da Igreja aprofundar a consciência de si mesma, embora saibamos que nunca seu rosto mostrará toda a sua perfeição, beleza e santidade. Ela tem necessidade de se renovar e emendar os defeitos. Urge uma profissão de fé vigorosa, convicta e sempre humilde, semelhante à do cego de nascença: "Creio, Senhor" (Jo 9,38). Ser cristão é viver a consciência de uma "iluminação" que alumia a vida terrena e torna capaz de dirigir-se, como filho da luz, à visão de Deus.

A Igreja não pode ficar imóvel e indiferente, pois não está separada do mundo. Seus membros estão sujeitos à influência do mundo, de que respiram a cultura, leis e costumes. Se, por um lado, a vida cristã, como a Igreja a defende e promove, deve preservar-se de tudo quanto pode enganá-la, profaná-la e sufocá-la, vencendo o contágio do erro e do mal, por outro, a vida cristã deve não só adaptar-se às formas do pensamento e da moral, que o ambiente terreno lhe oferece e impõe, quando forem compatíveis com as exigências essenciais do seu programa religioso e moral, mas deve procurar aproximá-las de si, purificá-las, vivificá-las e santificá-las, o que lhe impõe revisão constante de vida, para dispor o espírito dos cristãos para obedecer a Cristo. Aqui está o segredo da sua renovação, sua conversão e seu exercício de perfeição, o "caminho estreito" (cf. Mt 7,13).

Há outra atitude, que a Igreja deve tomar: o seu contato com a humanidade. O cristão está no mundo sem ser do mundo (Jo 17,15-16), porém, distinção não é separação, indiferença, temor ou desprezo. O tesouro de salvação (Cf. 1 Tm 6,20) é fonte de interesse e de amor por todos. A guarda e a defesa do patrimônio da fé não são os únicos deveres da Igreja, mas também a difusão, a oferta, o anúncio: "Ide, pois, ensinar todos os povos" (Mt 28,19). Este impulso da caridade se chama diálogo, com que a Igreja se faz palavra, mensagem e colóquio.

O diálogo está no plano de Deus. Religião é enlace entre Deus e o homem, e a oração o exprime em diálogo. Deus tomou a iniciativa do diálogo! A relação da Igreja com o mundo, sem excluir outras formas legítimas, representa-se pelo diálogo. O próprio Paulo VI propôs um roteiro para entabular o contato com o mundo. Quem quer dialogar tem propósito de urbanidade, de estima, de simpatia e bondade, exclui a condenação prévia e a polêmica ofensiva. Quem dialoga sabe que não pode separar a própria salvação do interesse pela salvação alheia e anseia por difundir a mensagem que oferece.

O colóquio é arte de comunicação. Para vivê-lo, o diálogo supõe e exige clareza. Pede também mansidão, aprendida na escola de Cristo (Mt 11,29). O diálogo não é orgulhoso nem ofensivo. A autoridade lhe vem da verdade que expõe, da caridade que difunde, do exemplo que propõe; não é comando, não é imposição. O diálogo é pacífico, evita os modos violentos, é paciente e generoso. Para ser levado adiante supõe confiança. Produz confidência e amizade, enlaça os espíritos numa adesão ao bem, que exclui qualquer interesse egoísta. Enfim, ele é entabulado na prudência pedagógica, que atende às condições de quem ouve (Cf. Mt 7,6), exigindo tomar pulso da sensibilidade alheia e modificarmos nossas pessoas e modos, para não sermos desagradáveis nem incompreensíveis.

É na escola do diálogo que se realizará a união da verdade e da caridade, da inteligência e do amor. Esta é uma estrada de obediência ao mandato do Senhor! A cada cristão caberá a tarefa de concretizá-la diante dos desafios atuais.
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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

11 de abril de 2013

O seu desejo é a sua oração

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Se o desejo é contínuo, também a oração é contínua

"Meu coração grita e geme de dor" (Sl 37,9). Há gemidos ocultos que não são ouvidos pelos homens. Contudo, se o coração está possuído por tão ardente desejo que a ferida interior do homem se manifesta em sons externos, procuramos a causa e dizemos a nós mesmos: talvez ele tenha razão de gemer e, talvez, lhe tenha sucedido algo. Mas quem pode compreender esses gemidos, senão aquele a cujos olhos e ouvidos eles se dirigem? Por isso diz: "Meu coração grita e geme de dor", porque os homens, se ouvem, às vezes, os gemidos de um homem, ouvem, frequentemente, os gemidos da carne; mas não ouvem o que geme em seu coração.


E quem seria capaz de compreender por que grita? Escuta o que diz: "Diante de vós está todo o meu desejo" (Sl 37,10). Não diante dos homens, que não podem ver o coração, mas diante de vós está todo o meu desejo. Se, pois, o teu desejo está diante do Pai, Ele, que vê o que está oculto, o recompensará.


O seu desejo é a dua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: "Orai sem cessar" (1Ts 5,17). Será preciso ter sempre os joelhos em terra, o corpo prostrado, as mãos levantadas, para que ele nos diga: "Orai sem cessar". Se é isto que chamamos orar, não creio que possamos fazê-lo sem cessar.


Há outra oração interior e contínua: é o desejo. Ainda que faças qualquer outra coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar.

Se teu desejo é contínuo, a tua voz é contínua. Ficarás calado, se deixares de amar. Quais são os que se calaram? Aqueles de quem foi dito: "A maldade se espalhará tanto, que o amor de muitos esfriará" (Mt 24,12).

O arrefecimento da caridade é o silêncio do coração; o fervor da caridade é o clamor do coração. Se tua caridade permanece sempre, clamas sempre; se clamas sempre, desejas sempre; se desejas, tu te recordas do repouso eterno.

"Diante de vós está todo o meu desejo". Se o desejo está diante de Deus, o gemido não estará? Como poderia ser assim, se o gemido é a expressão do desejo?

Por isso o salmista continua: "Meu gemido não vos é oculto" (Sl 37,10). Não é oculto para Deus, mas o é para a multidão dos homens. Ouve-se, por vezes, um humilde servo de Deus dizer: "Meu gemido não voa, é oculto" e vê-se também esse servo sorrir. Será por que o desejo está morto em seu coração? Se o desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus.

Santo Agosinho, Bispo e Doutor da Igreja

(Extraído do livro "Alimento sólido")

 

10 de abril de 2013

Os filhos nos educam

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Aprenda com os filhos

Os pais são educados mediante a educação dos filhos. A razão é muito simples: ninguém pode ensinar o bem sem vivê-lo; não dá para falar em honestidade para o filho, sem praticar esta virtude; e assim por diante.


Não só na exigência da prática das virtudes para poder bem educar, mas também em muitas outras coisas somos educados enquanto educamos, e assim, a família se torna, também para os pais, um educandário.


Ao educar os filhos você vai notar que nem sempre tudo sai bem, como a gente quer, então somos obrigados a exercitar a paciência, a tolerância, a bondade, etc. Muitas vezes aprenderemos que é preciso esperar e ter fé. Aprendemos que o trabalho em equipe é melhor, que a perseverança foi fundamental para resolver aquele problema.


Certa vez um dos nossos filhos, com apenas oito anos de idade nos deu uma grande lição, sem dizer nada. Era nosso costume rezar o Terço com eles desde pequenos; e um dia, antes da oração, eu lhes contei que algumas pessoas rezavam o Terço em cruz, isto é, com os braços abertos e na horizontal, como penitência. Contei isto sem pretensão alguma de que eles o fizessem. Mas qual não foi a nossa surpresa quando o menino nos disse: "pois eu hoje vou rezar o Terço em cruz!". E ficou com os braços abertos por mais de vinte minutos até que tudo terminasse.

Por mais que eu insistisse com ele que já estava bom, que podia baixar os braços, não o consegui convencer. Fiquei abismado! Aprendi a respeitar mais a criança.

Outra vez tive que passar uma noite em claro no hospital com um deles com uma crise aguda de bronquite. Quanta coisa se aprende quando se passa uma noite em claro em um hospital...

Quantas lições de caridade, bondade, meiguice, pureza, naturalidade, espontaneidade, as crianças nos dão. Não é à toa que Jesus disse que para entrar no Reino dos céus temos que nos "tornar crianças".

Elas nos dão grandes lições: não se preocupam com o dia de amanhã, vivem intensamente o presente, confiam em alguém com todo o coração, não se dão ao luxo e aos caprichos dos adultos. Não fazem discriminação de pessoas e se adaptam com facilidade a qualquer lugar.

Aprenda com os filhos.

(Trecho extraído do livro "Educar pela conquista e pela fé")

 

8 de abril de 2013

Eu sou o Primeiro e o Último

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Fora de Cristo não existe qualquer esperança ou sentido de vida

No início do Livro do Apocalipse, João, o vidente, faz a experiência da presença do Senhor Jesus: "No meio dos candelabros havia alguém semelhante a um filho de homem, vestido com uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como lã alvejada, igual à neve, e seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés pareciam de bronze incandescente no crisol, e sua voz era como o fragor de águas torrenciais. Na mão direita, tinha sete estrelas, de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes, e seu rosto era como o sol no seu brilho mais forte. Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele pôs sobre mim sua mão direita e disse: Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Eu tenho a chave da Morte e da Morada dos mortos" (Ap 1,13-18).


Uma cena celeste que confirma uma outra terrena, mas igualmente verdadeira, vivida pelos discípulos de Jesus no dia da Ressurreição: "Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor" (Jo 20,19-21).


No centro, está Jesus vivo; as duas cenas têm lugar no primeiro dia da semana, chamado "domingo". Este é o espaço de vida da comunidade cristã, a qual se reúne, na fé, para o encontro com Aquele que é o Senhor e Salvador, o Primeiro e o Último, o Único que pode dar sentido à existência humana e apontar-nos a estrada da eternidade feliz. Por isso a Igreja privilegia o dia de domingo, valorizado desde os tempos apostólicos: "Não abandonemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Antes, procuremos animar-nos mutuamente – tanto mais que vedes o dia aproximar-se" (Hb 10,25).


Quando a Igreja se reúne para a Eucaristia de domingo, tem como preparação o anúncio de Jesus Cristo, chamado Kerigma, "o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã. Este encontro deve renovar-se, constantemente, pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do Kerigma e pela ação missionária da comunidade. O Kerigma não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Jesus Cristo. Sem ele, os demais aspectos deste processo estão condenados à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do Kerigma acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira" (Documento de Aparecida 278).

Evangelização e catequese resumem a formação do discípulo missionário de Cristo. Depois, tendo celebrado o mistério e a presença de Jesus, Aquele que é o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim, Alfa e Ômega, faz-se necessário praticar o que se crê e o que se celebra.

Toda vida cristã é, então, marcada com o sigilo da proclamação do senhorio de Jesus Cristo. A leitura dos Atos dos Apóstolos, oferecida pela Igreja e buscada por todos nós, cristãos, durante o tempo pascal, testemunha o crescimento dos que aderiam "ao Senhor" pela fé, uma grande multidão de homens e mulheres (Cf. At 5,14). Será, então, possível perceber as características dos cristãos de ontem e hoje.

Sua vida se fundamenta no reconhecimento de Jesus Cristo como Deus e Salvador. Não existe, fora d'Ele, qualquer esperança ou sentido de vida. Sua Palavra é reconhecida como fonte para todas as decisões, torna-se norma de comportamento, gera uma nova cultura, estabelece limites morais e, ao mesmo tempo, escancara as portas da liberdade e da felicidade.

Garimpando os textos das Cartas de São Paulo, é possível encontrar pérolas como a que se segue: "Tendo vós todos rompido com a mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Podeis irar-vos, contanto que não pequeis. Não se ponha o sol sobre vossa ira, e não deis nenhuma chance ao diabo. O que roubava não roube mais; pelo contrário, que se afadigue num trabalho manual honesto, de maneira que sempre tenha alguma coisa para dar aos necessitados. De vossa boca não saia nenhuma palavra maliciosa, mas somente palavras boas, capazes de edificar e de fazer bem aos ouvintes. Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes marcados, como por um sinal, para o dia da redenção. Desapareça do meio de vós todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie de maldade. Pelo contrário, sede bondosos e compassivos, uns para com os outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4,25-32).

Para anunciar Jesus aos outros, à luz da Páscoa de Cristo, o primeiro anúncio e a primeira mudança ocorrem dentro de cada cristão ou cristã. Depois, tornamo-nos propagadores da mesma verdade que liberta, tendo ouvido a palavra de missão dita aos primeiros discípulos e que continua a ressoar nas sucessivas gerações: "A paz esteja convosco! Como Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21).

Mudará, então, o trato com os bens da terra, com o desafio da comunhão dos bens (Cf. At 2,42-47), o trato com o dinheiro e as relações familiares e sociais: "Perseverai no amor fraterno. Não descuideis da hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo! O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha; pois Deus julgará os libertinos e os adúlteros. Que vossa conduta não seja inspirada pelo amor ao dinheiro. Contentai-vos com o que tendes, porque ele próprio disse: Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei" (Hb 13,1-5).

Desafiador? Possível! Com a graça de Deus, sim! Com Aquele que é Senhor, Primeiro e Último, Princípio e Fim.

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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

5 de abril de 2013

Um dia triste

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Aproveite a hora de tristeza para purificar as suas motivações

Quem já não teve um dia triste em sua vida? Podem existir ou não razões concretas, mas essas pequenas variações de humor são normais e precisam ser administradas com sabedoria. Não estou falando da depressão, uma doença que deve ser tratada, mas daquele desânimo passageiro que nos deixa um pouco "para baixo".


O próprio Jesus sentiu uma profunda tristeza quando se aproximou o momento em que seria morto na cruz. Conta a Bíblia que Ele convidou três dos Seus melhores amigos para ir a um lugar afastado onde queria rezar, mas não queria estar sozinho.

Este é o primeiro erro que, normalmente, cometemos quando a tristeza bate à nossa porta. Nós a convidamos para entrar e ficamos curtindo-a de maneira solitária, com nossos "botões". A solução é ter a humildade de pedir a ajuda de Deus e dos amigos.


Rezar é o primeiro remédio, realmente eficaz, diante da tristeza. Deus nos ouve e encontra sempre uma maneira, surpreendente, de nos consolar. O que acontece é que, muitas vezes, estamos tão chateados que nem temos inspiração para dizer nada a Deus. E precisa?! Nesses momentos, todas as palavras dizem quase nada e uma palavra parece que já é demais. Mas, então, como rezar?


Uma sugestão é abrir a Bíblia e ler um salmo qualquer. Você verá que a tristeza estava no coração dos autores de muitos daqueles poemas sagrados. Alguns estavam até indignados com Deus. Escutamos frases extremamente verdadeiras como: "debaixo dos salgueiros penduramos nossas harpas e nos pusemos a chorar. Como cantar em uma terra estranha?!".

É sinal de maturidade espiritual mostrar o coração para Deus do jeito que ele se encontra. O Senhor não quer nos ver maquiados ou com algum tipo de máscara. O próprio apóstolo Paulo, quando nos aconselha, reconhece que, nem sempre, estamos tão bem: "Está alegre? Cante! Está triste? Reze!".

Santos e sábios procuraram entender essa dinâmica interior. Inácio de Loyola, por exemplo, a chamou de "moções". Seriam movimentos de ânimo que variam de consolação para desolação. Vale a pena conhecer os Seus Exercícios Espirituais, nos quais ele estabelece regras para discernir o significado desses "sentimentos místicos".

Dizem que até a grande Santa Teresa d'Ávila viveu grandes momentos de tristeza espiritual. Apesar disso, manteve-se fiel. Este é um sinal muito seguro de que o amor é autêntico. Quando vivemos momentos de euforia, não podemos ter certeza de que aquilo que estamos fazendo é movido por "puro amor".

Aproveite a hora de tristeza e desolação para purificar as suas motivações. Lembre-se: nada como um dia depois do outro.

(Trecho extraído do livro "Pronto, falei!")

4 de abril de 2013

O que é a sadia convivência?

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A comunidade nos impulsiona a sermos santos

Faz parte do carisma da Comunidade Canção Nova uma regra de vida muito importante: homens e mulheres vivendo, juntos, em sadia convivência. Mas o que é isso? É viver com naturalidade e sinceridade os nossos relacionamentos - o termo "sadio" é antônimo de "doente".


Hoje, vivemos numa sociedade doente, marcada pela pornografia, pela malícia nos relacionamentos, pelas brincadeiras inconvenientes, e tudo isso conduz para o sensual. Mas quando vivemos de forma sadia, tudo isso precisa ser eliminado. A Palavra de Deus nos diz: "Não vos conformeis com este mundo" (cf. Rm 12,2)


"A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém aos santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças. Pois, ficai bem certos: nenhum libertino ou impuro ou ganancioso - que é um idólatra - tem herança no reino de Cristo e de Deus" (Ef 5,3-5).


Tenho a graça de relacionar-me bem com minhas irmãs e com meus irmãos de comunidade, e isso tem sido para mim motivo de realização pessoal, pois eu era uma pessoa tímida, introvertida, mas a nossa sadia convivência curou também o meu temperamento, a minha forma de lidar com as pessoas.

Hoje, aconselho muitos jovens e luto com eles na busca da cura dos seus afetos. Uma coisa está ligada à outra, não podendo, portanto, separar o afetivo do sexual, sabendo que em Deus buscamos o equilíbrio.

A comunidade nos ajuda a buscar a santidade, ela nos impulsiona a sermos santos. Se você busca esses propósitos, ressurge, no coração, o desejo de corresponder, buscando uma vida íntegra e equilibrada.

"Filho, pecaste? Não tornes a fazê-lo; e suplica pelas faltas passadas, para que te sejam perdoadas. Foge dos pecados como de uma cobra: se deles te aproximares, te morderão" (Eclo21,1-2).

Há pessoas que, com a boa intenção de ajudar o outro, começam a se aproximar dele sem conhecer suas fragilidades. O resultado, no entanto, pode ser desastroso, porque, em vez de ajudar, acabam provocando sentimentos que prejudicam a vida do outro. É maravilhoso perceber essa preocupação de São Pedro: "Vociferando discursos pomposos e vazios, aliciam nas paixões carnais e na libertinagem aqueles que há pouco escaparam dos que vivem no erro. Prometem-lhes a liberdade, enquanto eles mesmos continuam escravos da corrupção. Pois cada um é escravo de quem o domina" (2Pd 2,18-19).

Dom Bosco dizia que para salvar os jovens ele iria até as últimas consequências, mas era preciso ser prudente. Há confusão quando não há maturidade.

Temos um modelo na nossa comunidade: Padre Jonas Abib, o qual atingiu a maturidade na sua sexualidade. Assim como Paulo diz às comunidades: "Sede meus imitadores", o meu fundador também diz: "Sejam meus imitadores, meus filhos". Mas é preciso construir um caminho de luta, de sacrifício, de esforço, dedicação e zelo. Porém, se você busca a castidade, mas não consegue se desvencilhar dos filmes pornográficos e das sessões de piadas, como ser curado?

A Igreja nos ensina que o diabo não entra na nossa vontade, ele apenas age de acordo com nossas sensações, nossos impulsos; ele percebe que houve uma brecha naquele determinado lugar e entra. Dentro de você precisa haver uma disposição interior para fechar todas as brechas.

Somente conseguiremos ser homens profundamente curados na nossa afetividade e sexualidade pelo poder do Espírito Santo. A cada dia, peçamos esta graça para que sejamos homens curados e plenos do amor de Deus.

 

Padre Edimilson Lopes - Comunidade Canção Nova

(Trecho extraído do livro "A cura da nossa afetividade e sexualidade"

2 de abril de 2013

Deixa eu te contar uma coisa...

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Cuidado com as tais "mentirinhas"!

Primeiro de abril – um dia em que, por razões desconhecidas, alguém, com pouca intimidade com a verdade ou com grande inclinação para promover tumultos, tenha estimulado e convencido outros a praticar aquilo que lhe era peculiar: mentir!


De repente, um fato toma proporções incontroláveis e cruza o país sem que ninguém possa confirmá-lo. Já ouvimos histórias sobre moedas de um centavo, as quais teriam sido cunhadas em ouro branco, ou outros fatos mais estranhos, como quem se expõe por muito tempo na chuva tem um envelhecimento precoce.

Não sabemos de onde vêm nem tampouco como surgem os grandes boatos. Muitas vezes, eles surgem a partir de um fato que realmente aconteceu; outras vezes por algumas pessoas que fazem suas próprias conjecturas e começam a divulgar uma história, a qual, de fato, estaria muito longe da verdade.


Não podemos nos esquecer de relatar também outros boatos envolvendo personalidades do meio televisivo "assassinadas" pelos boatos ou cujos casamentos teriam sido rompidos, assim como histórias fantasiosas de adultérios e tantas outras invenções, as quais acabam sendo massificadas nas conversas dos mais ávidos por novidades.


Com a facilidade oferecida pela tecnologia, atualmente qualquer pessoa tem acesso a uma página na internet, a um blog, assim como pode facilmente divulgar, por correio eletrônico, uma fofoca para uma infinidade de pessoas por meio das comunidades virtuais.

Foi-se o tempo em que as mentiras, boatos ou fofocas ficavam somente nas fronteiras dos muros, portões ou peitoris das janelas das comadres, que quase sempre começavam suas conversas com a famosa expressão: "Deixa eu te contar uma coisa…." E a partir disso, muita coisa fluía!

E como bem diz o ditado popular: "O uso do cachimbo faz a boca torta", se começarmos a lançar mão de pequenas "mentirinhas", quer seja no dia Primeiro de Abril, quer seja nos outros 364 dias do ano, facilmente poderemos adquirir o hábito de nos envolver num mundo irreal, no qual se tornaria difícil para a própria pessoa perceber se o que diz é realmente uma verdade ou uma mentira.

Assim, precavendo-nos dos encalços dos maus hábitos, tomemos como regra a instrução: "Protege seus ouvidos com uma sebe de espinhos; não dê ouvidos à língua maldosa e põe em tua boca uma porta com ferrolhos" (Eclo 28,28). Deste modo, tomaremos o cuidado de, antes de fazer qualquer comentário, refletir sobre a veracidade e a necessidade de se propagar uma notícia, pois muitos homens morreram pelo fio da espada, mas não tanto quanto os que pereceram pela sua própria língua (cf. Eclo 28,22).

Deus abençoe o nosso proceder à cada situação.

Abraços e até o próximo encontro!

 

1 de abril de 2013

Sim, nosso Deus está vivo!

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Nada pode abalar esta certeza que temos

Sim, você pode comemorar. Hoje é dia de festa: Cristo ressuscitou! E esta certeza de fé, que trazemos dentro de nós, nada nem ninguém poderá abalar.


A você que está acamado e padece de uma grave enfermidade, que chora por uma perda tão recente, a você que sofre a terrível punhalada de uma traição conjugal, está passando por alguma necessidade financeira ou ainda enfrentando uma terrível crise existencial... Enfim, a você que desanimou na caminhada, cansou ante o peso da cruz que carrega, titubeou na luta contra o mal, eis a melhor notícia da sua vida: o seu Deus vive!

Sim, Deus está vivo! Não há mais razão para nos desesperarmos, pois Aquele que removeu a pedra do túmulo, onde se encontrava o Corpo chagado de Seu Unigênito Filho, agora O levanta dentre os mortos. É verdade, Cristo ressuscitou!


É pela força da Sua Ressurreição que se remove também a pedra da indiferença e da apatia que nos impedia de enxergar Sua Luz. O sepulcro está vazio! Ouça, neste dia de júbilo, a voz daqueles anjos que dizem a mim e a você o mesmo que disseram àquelas mulheres: "Por que estais procurando entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou!" (Lc 24, 5-6).


A Palavra de Deus nos assegura que o discípulo amado, diante do sepulcro vazio e das faixas de linho no chão, "viu e creu" (Jo 20,8). E como é bom poder ver e acreditar!

Trabalhando no Portal Canção Nova, toda equipe de produção toca, diariamente, em inúmeros relatos de vidas transformadas, famílias restauradas, pessoas que largaram seus vícios, corações que reencontraram a esperança e o sentido de viver. Tudo isso, porque houve o encontro não com "algo", mas com Alguém: Jesus ressuscitado, pois ninguém continua sendo a mesma pessoa após esse marcante encontro.

Concluímos com este ensinamento do grande Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja, o qual nos ensina: "A Paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A ressurreição e glorificação nos revelam a vida que, um dia, nos será dada. Agora, pois, irmãos, vos exortamos a louvar a Deus. É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos: Aleluia".

Cantemos nesse dia, com toda a Igreja, o "Aleluia" cheio de entusiasmo! E que esse canto vibrante invada todas as áreas da nossa existência. Hoje, a tristeza, a dor, a decepção e a obscuridade do pecado perdem sua força em nossa vida. Deixemo-nos envolver por essa Luz!

Segue, mais uma vez, nosso convite: comemore conosco a Ressurreição de Jesus com alegria e santidade. Façamos uma linda festa - aqui na Terra - para celebrar a vitória da vida sobre a morte, na certeza de que outra festa (ainda mais bela e incomparável) acontece no Céu ante esta maravilhosa notícia: o nosso Rei e Senhor vive eternamente. Aleluia!

Desejamos a você e sua família uma Santa e Feliz Páscoa!

Equipe do Portal Canção Nova