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30 de outubro de 2012

O drama da fidelidade

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O Senhor nos convida a estarmos junto a Virgem

"Tomé respondeu: 'Meu Senhor e meu Deus!' Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'" (Jo 20, 28-29). 


Nós, que hoje cremos em Jesus Cristo, somos os bem-aventurados, que creram sem ter visto. Somos bem-aventurados, pois recebemos de Deus a revelação do Filho de Deus e o dom da fé, para que, pelo seu Espírito possamos crer na Sua presença viva, que é fundamento da Igreja. Nele toda a Igreja se sustenta, Jesus é o alicerce desta construção, da qual somos pedras vivas. Esta Igreja é conduzida pelo Espírito para levar o Evangelho a toda a criatura, para os confins da Terra.

Como permanecermos fiel a Igreja de Jesus Cristo?

Tomé, que precisou ver o Senhor e tocar suas chagas, é a imagem do discípulo que não persevera na oração com a Virgem Maria. Ele não crê porque, apesar de ter recebido a Boa Nova do próprio Jesus e o dom da fé, não perseverou como outros discípulos. Mas, antes do Pentecostes, Tomé, que teve dificuldades para crer, uniu-se a João e aos outros discípulos, que estavam com a Virgem Maria, unidos em oração. Esta perseverança na oração com Nossa Senhora, juntamente com as demais pedras vivas da Igreja, é o segredo da perseverança na fé e no seguimento de Jesus Cristo (cf. At 1, 13-14).


João é a imagem do discípulo fiel de Jesus, que permaneceu com Ele, ao lado da Virgem Maria, até mesmo nos momentos mais críticos da sua entrega na cruz. Aliás, João foi o único que não abandonou Jesus no momento crucial da sua na sua vida na carne aqui na Terra. Como João, somos chamados a permanecer junto à cruz de Jesus, com a Virgem Maria, perseverantes na oração. Pois, este é o modelo do discípulo fiel, que crê em Jesus Cristo, ainda que a cruz e a morte se mostrem sinais de fracasso, de desilusão.


Nós, cristãos, ainda que o sofrimento e as angústias sejam uma tentação para não acreditarmos na Palavra de Deus, devemos crer que a cruz não é a resposta definitiva. Cristo ressuscitado é o fundamento da nossa fé, ainda que Ele continue a manifestar-se entre nós através do mistério da cruz, do sofrimento. Confiantes que depois da cruz vem a ressurreição, nos unamos também a Mãe de Jesus em oração, para pedir um reavivamento do Espírito e, por Ele fortalecidos, sermos fiéis à missão que o Senhor nos confiou: "Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho" (Mc 16, 15).

Permaneçamos com Jesus Cristo, junto com o discípulo amado e a Virgem Maria, unidos em oração, perseverantes nos sofrimentos, pois a cruz é prenúncio da ressurreição. Por isso, perseveremos na fé e na esperança da vida em plenitude que o Senhor quer para nós. Cristo se faz presente em nós pelo Espírito, que age em nós e produz frutos de vida eterna. Somente conduzidos pelo Espírito é que poderemos realizar a maior obra de caridade possível, que é levar a Palavra de Deus, com eficácia, a todos a quem o Senhor nos enviar.

Natalino Ueda - Comunidade Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/tododemaria

25 de outubro de 2012

Está sentado a direita do Pai

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De onde há de vir e julgar os vivos e os mortos

A Igreja ensina que a partir da Ascensão, o volta de Cristo na glória pode acontecer a qualquer momento, embora não nos "caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade" (At 1,7). Este acontecimento está "retido", bem como a provação final que há  de precedê-lo. (§673)

A volta de Cristo na glória depende a todo momento da história do reconhecimento dele por "todo Israel". Diz São Paulo aos romanos que uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 5) na "incredulidade" (Rm 11,20) para com Jesus, o que São Pedro confirmou aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes (At 3,19-21). São Paulo explica que: "Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, O que será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?" A entrada da "plenitude dos judeus" na salvação messiânica, depois da "plenitude dos pagãos, dará  ao Povo de Deus a possibilidade de "realizar a plenitude de Cristo" (Ef 4, 13), na qual "Deus ser  tudo em todos" (1Cor 15,28).

A Igreja sabe que antes da Parusia, a volta gloriosa de Cristo, ela sofrerá uma terrível provação que provará a fé dos seus filhos. O Catecismo diz claramente que: "Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará  a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra" desvendará  o "mistério de iniquidade" sob a forma de uma impostura religiosa que há  de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne" (§675). 

Cristo Senhor já reina pela Igreja, mas ainda não lhe estão submetidas todas as coisas deste mundo. O triunfo do Reino de Cristo não se dará sem uma última investida das potências do mal. Esta ação do anticristo no mundo se manifestou algumas vezes com algum movimento que pretendia realizar na história a esperança messiânica que só pode realiza-se para além dela, depois do Juízo Final. A Igreja rejeitou, por exemplo, esta falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política de um messianismo secularizado, "intrinsecamente perverso". (§676)

Fica claro que o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja, mas por uma vitória de Deus sobre o a última ação  do mal.  Assim como os profetas e João Batista, Jesus anunciou o Juízo do último Dia, onde será  revelada a conduta de cada um e o segredo dos corações. Serão condenados aqueles que por incredulidade culpada não corresponderam á graça oferecida por Deus, e atitude de caridade em relação ao próximo: "Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40). Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem sobre o mal e separar o trigo do joio, crescido juntos ao longo da história.

O direito de julgar definitivamente as obras e os corações dos homens pertence a Cristo porque é o Redentor do mundo. Ele "adquiriu" este direito por sua Cruz. O Pai entregou "todo o julgamento ao Filho" (Jo 5,22). "É pela recusa da graça nesta vida que cada um já  se julga a si mesmo recebe de acordo com suas obras e pode até condenar-se para a eternidade ao recusar o Espírito de amor"(679).

23 de outubro de 2012

Verdadeiras e falsas cruzes

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Dor que faz bem e dor que faz mal

Há um fato indiscutível, e é que o sofrimento é nosso companheiro ao longo de todo o caminho da vida. E há um segundo fato, igualmente incontestável: conforme as pessoas - conforme a qualidade da alma das pessoas -, o sofrimento esmaga ou faz crescer, destrói ou amadurece.

Essa ambivalência da dor - que pode edificar ou arrasar - indica às claras que o problema, para qualquer ser humano, não reside no sofrimento que Deus envia ou permite que apareça na nossa vida, mas na atitude com que aceitamos ou rejeitamos essa cruz, que Deus nos propõe abraçar. Como sucedeu junto de Cristo no Calvário, a cruz rejeitada afundou o mau ladrão, e a cruz aceitada com humildade, com fé e com amor, salvou o bom.

Mas, ao lado dessas cruzes enviadas ou permitidas por Deus há outras que nem Deus quer nem nós queremos, mas aparecem. São as "falsas cruzes", que nada trazem de bom. Em que consistem?

Trata-se das "cruzes" que nós mesmos "fabricamos", "inventamos", e que nunca deveriam ter existido. São as que aparecem só como conseqüência da nossa mesquinhez e dos nossos defeitos. A pessoa egoísta, ciumenta, invejosa, teimosa…, sofre muito e faz sofrer os outros. Mas esses sofrimentos não são "cruzes", no sentido cristão da palavra. São apenas a destilação amarga do nosso egoísmo. Com certeza não são a vontade de Deus; pelo contrário, trata-se de pecados mais ou menos graves, que evidentemente Deus não quer, mas nós colocamos como pedras no caminho da vida.

Se fôssemos fazer as contas, veríamos que a maioria desses sofrimentos "fabricados" indevidamente por nós brotam de uma dupla fonte: a fonte do amor-próprio e a fonte do amor pequeno.

O amor-próprio é uma fonte de péssimas cruzes. Como o orgulho nos faz sofrer! Que feridas infeccionadas não provoca! Basta uma lufada de ar - uma pequena desconsideração ou indelicadeza -, e o amor-próprio sente-se atingido como por um punhal. Uma pessoa orgulhosa é incapaz de tolerar sem ficar magoada - sem se meter num calvário de sofrimentos íntimos - a menor humilhação, mesmo a causada involuntariamente. Fica alterada, abatida; grava a mágoa na memória e a vai remoendo lá dentro; cultiva-a na imaginação, aquece-a ao fogo da autocompaixão, vai engrossando-a à força de lhe dar importância, e termina fazendo dela uma tortura insuportável.

Bastava que fosse um pouco mais humilde, que soubesse relevar minúcias, que se esforçasse um pouco por compreender, por desculpar, por oferecer a Deus as pequenas contrariedades, e não teria nem um miligrama dessa cruz ruim, que não é a cruz de Cristo.

Se a pessoa orgulhosa sofre com tormentos fabricados pelo orgulho, que dizer da invejosa? Sempre comparando-se com os outros, sente subirem-lhe ao coração ondas de melancolia, depressões enciumadas, revoltas contra a sorte e até protestos íntimos contra a Providência de Deus. Essa pessoa invejosa, que chora frustrações, foi ela própria a criadora da sua falsa "cruz". Se tivesse um coração mais generoso, vislumbraria, feliz e agradecida - na mesma situação em que só vê infortúnios e injustiças da vida -, dez mil bondades de Deus e motivos de ação de graças, um panorama de miúdas e saborosas alegrias, que em vez de lágrimas ou revolta lhe poriam canções dentro da alma.

Vejamos agora a segunda fonte de cruzes doentias: a do amor pequeno. Já de início, poderíamos dizer que existe um sinal infalível de que o nosso amor é pequeno: o mau humor. Para quem ama pouco, toda a doação, toda a paciência, toda a compreensão solicitada pelo próximo é excessiva e aborrecida, qualquer sacrifício causa revolta ou malestar. O amor grande pratica generosidades grandes e nem se apercebe do sacrifício que faz. Como dizia Santo Agostinho: "Quando se ama, ou não se experimenta trabalho, ou o próprio trabalho é amado".

Pelo contrário, o amor pequeno transforma uma palha numa "cruz" insuportável. Então, um sacrifício que caberia "dentro de um sorriso, esboçado por amor", não cabe na vida e explode em forma de sofrimento irritado, com contínuos resmungos, queixas constantes e incessantes protestos. O mau humor é a sombra do amor pequeno, o sinal que o dá a conhecer.

Se olharmos de perto o que há por trás desse mau humor, veremos que, em noventa por cento dos casos, é simplesmente a pura e simples realidade da vida, com as suas incidências, lutas, dificuldades e esforços normais. Por outras palavras, o que há na raiz do mau humor é apenas a falta de aceitação da realidade, e da vontade de Deus no dia-a-dia.

É triste lamentar, como se fossem coisa do outro mundo, dificuldades que são normais. Não é nenhuma contrariedade inesperada o fato de que os outros tenham asperezas de caráter, de que o cumprimento do dever canse, de que alcançar metas profissionais custe muito, de que conseguir melhorar os nossos próprios defeitos ou os defeitos dos que nos cercam - especialmente os da mulher, do marido, dos filhos - seja algo lento e demorado. No entanto, é muito comum que, ao constatá-lo, nos sintamos indispostos, nos deixemos levar pelo aborrecimento, pela impaciência, pelo protesto, e percamos o bom humor. Reações de todo desproporcionadas e ridículas, pois lá onde nós imaginamos grandes "cruzes" está apenas a "vida", a vida que, com um pouco mais de amor e bom humor, ficaria pontilhada de alegrias e coroada de ações de graças.

Cristo pede-nos que tomemos com amor a cruz de cada dia (Lc 9, 23), é certo, mas - lembrando o que dizia João Paulo I - essa cruz deveria ser carregada com o "sorriso cotidiano" e não fazendo dela a "tragédia cotidiana". No entanto, muitos conseguem mudar o sorriso em tragédia. Bastam-lhes para tanto duas coisas: em primeiro lugar, amar pouco, como já víamos. Em segundo lugar, viver mergulhados num mundo de imaginações escapistas e sonhos irreais.

Muitos são os que reclamam do real - que é a vida, sempre rica em possibilidades de amar, de crescer por dentro, de fazer o bem - e passam a instalar-se, esterilmente, no mundo irreal das hipóteses: se eu tivesse essas outras condições pessoais, essa sorte, essa oportunidade profissional…; se a minha mulher fosse mais bonita, pacífica e econômica…; se o meu país tivesse uma economia mais confiável… E, assim, enquanto vivem no mundo do "tomara que", atolam-se no que São Josemaria Escrivá chamava a "mística do oxalá". Desse modo, estragam a realidade, que é a única que existe e que a cada instante nos oferece ocasiões de amar e de servir e, como conseqüência, de sermos felizes.

Quem reclama sem razão da cruz cotidiana perde a cruz de Deus e encontra a "cruz" do diabo. São cheias de sabedoria aquelas palavras da Imitação de Cristo que dizem: "Se levas com gosto a cruz, ela te levará. Se a levas a contragosto, acabas por torná-la mais pesada para ti e a ti mesmo te sobrecarregas. Se rejeitas uma cruz, sem dúvida encontrarás outra, e possivelmente mais pesada".

Penso que essas reflexões podem ajudar-nos a distinguir, na nossa vida, entre as "verdadeiras" e as "falsas" cruzes. Peçamos a Deus que não nos permita atolar nas cruzes falsas, para que possamos amar as verdadeiras, que nos elevam até Deus.

Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/

17 de outubro de 2012

O amor verdadeiro é exigente

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Ele exige esforço para cumprir a vontade de Deus

Quando Jesus saía com os seus discípulos, a caminho de Jerusalém, apareceu um jovem que se ajoelhou diante d'Ele e lhe perguntou: "Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?" O Senhor indica-lhe os Mandamentos como caminho seguro e necessário para alcançar a salvação. O jovem, com grande simplicidade, respondeu-lhe que os cumpria desde a infância. Então Jesus, que conhecia a pureza daquele coração e o fundo de generosidade e de entrega que existe em cada homem e em cada mulher, "olhou para ele com amor" e convidou-o a segui-Lo, pondo à parte tudo o que possuía.

Como gostaríamos de contemplar esse olhar de Jesus! Umas vezes, imperioso; outras, de pena e de tristeza, por exemplo ao ver a incredulidade dos fariseus (Mc 2,5); outras, de compaixão, como à entrada de Naim, quando passou o enterro do filho da viúva (Lc 7,13). É esse olhar que comunica uma força persuasiva às palavras com que convida Mateus a deixar tudo e segui-Lo (Mt 9,9); ou com que se faz convidar a casa de Zaqueu, levando-o à conversão (Lc 19,5).

Mas o jovem prefere a "segurança" da riqueza e recusa o convite de Jesus!

Ao recusar o convite, diz o Evangelho:" quando ele ouvir isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico" (Mc 10,22). "A tristeza deste jovem deve fazer-nos refletir. Podemos ter a tentação de pensar que possuir muitas coisas, muitos bens neste mundo, pode fazer-nos felizes. E no entanto, vemos no caso deste jovem do Evangelho que as muitas riquezas se converteram em obstáculo para aceitar o chamamento de Jesus. Não estava disposto a dizer Sim a Jesus e não a si próprio, a dizer Sim ao amor e não á fuga!

O amor verdadeiro é exigente. O amor exige esforço e compromisso pessoal para cumprir a vontade de Deus. Significa disciplina e sacrifício, mas significa também alegria e realização humana. Não tenhais medo a um esforço honesto e a um trabalho honesto; não tenhais medo à verdade. Queridos jovens, com a ajuda de Cristo e através da oração, vós podeis responder ao Seu chamamento, resistindo às tentações, aos entusiasmos passageiros e a toda a forma de manipulação de massas.

Segui a Cristo! Vós, esposos, tornai-vos participantes reciprocamente, do vosso amor e das vossas cargas, respeitai a dignidade humana do vosso cônjuge; aceitai com alegria a vida que Deus vos confia; tornai estável e seguro o vosso matrimônio por amor aos vossos filhos.

Segui a Cristo! Vós solteiros ou que estais a preparar para o matrimônio! Em nome de Cristo estendo a todos vós o chamamento, o convite, a vocação: Vem e segue-Me" (Beato João Paulo II).

A reflexão da passagem bíblica sobre o jovem rico leva-nos a entender o uso dos bens materiais. Jesus não os condena por si mesmos; são meios que Deus pôs à disposição do homem para o seu desenvolvimento em sociedade com os outros. O apego indevido a eles é o que faz que se convertam em ocasião pecaminosa. O pecado consiste em "confiar" neles, como solução única da vida, voltando as costas à divina Providência. São Paulo diz que a ganância é uma idolatria (Cl 3,5). Cristo exclui do Reino de Deus a quem cai nesse apego às riquezas, constituindo-as em centro da sua vida, ou melhor disto, ele mesmo se exclui.

Quem é esse jovem do Evangelho? Posso ser eu. Pode ser você… São muitas pessoas que observam os Mandamentos e até desejariam fazer mais… Mas quando Deus pede algo mais… se retiram tristes, porque estão apegadas a muitas coisas, que amaram o seu coração e impedem de dar esse passo a mais. As vezes são medíocres, querem ficar satisfeitas apenas com o mínimo necessário!…

Cristo nos dirige, ainda hoje, o mesmo convite: "Vai e vende tudo o que tens e dá aos pobres… e depois, vem e segue-Me." Todos nós temos alguma coisa para "vender"… Quais são as "riquezas", de que devemos nos desfazer para esse algo mais e que tornam o nosso coração materializado e insensível às coisas de Deus?

Cristo continua nos olhando com amor! Com esforço devemos seguir o Mestre. "Neste esforço de identificação com Cristo, costumo distinguir como que quatro degraus: procurá-Lo, encontrá-Lo, tratá-Lo, amá-Lo. Talvez vos sintais como que na primeira etapa. Procurai o Senhor com fome, procurai-O em vós mesmo com todas as forças. Atuando com este empenho, atrevo-me a garantir que já O tereis encontrado, e que tereis começado a tratá-Lo e a amá-Lo" (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, nº 300).

Mons. José Maria Pereira
Diocese de Petrópolis-RJ

15 de outubro de 2012

Virgem Aparecida: Nossa Mãe

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Fazei tudo o que ele vos disser

A Virgem Maria sempre esteve presente na vida da Igreja, mas, nos últimos tempos, ela está ainda mais próxima de nós.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida teve início em 1717, quando dois pescadores encontraram a imagem em suas redes, em Guaratinguetá, no rio Paraíba do Sul. Esta devoção foi muito importante pois o Brasil vivia uma época de transformações. O domínio por parte dos portugueses e a escravidão eram os maiores problemas enfrentados em nossas terras. Além disso, havia muita pressão por parte do império sobre a Igreja, que se opunha ao modo como o país era governado, principalmente em relação ao uso de escravos nos mais diversos trabalhos. Nesse contexto, a imagem milagrosa da Virgem Maria despertou a fé daquele povo sofrido.

Em 1760, os jesuítas foram retirados de seus trabalhos com os indígenas e, posteriormente, são expulsos do Brasil, por influência do Marquês do Pombal. Em 1777, sessenta anos depois da imagem da Virgem de Aparecida ser encontrada, o Marquês foi processado e condenado. Em 7 de setembro de 1822, depois de muitas dificuldades, foi declarada a independência do Brasil de Portugal. Poucos anos depois, em 1843, os jesuítas voltam para o Brasil. Cento e onze anos depois da condenação de Pombal, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinava a lei Áurea, abolindo a escravatura.

Nesse tempo de grandes transformações na política e na religião do Brasil, o povo brasileiro, especialmente os afro-descendentes, os índios, e os mais pobres, sofriam com a miséria, a exploração e a perseguição religiosa. Nesses tempos difíceis, foi a devoção a Nossa Senhora Aparecida, e também outras devoções a Maria, que sustentaram a fé desse povo, mas também dos mais ricos e poderosos. A própria princesa Isabel era muito devota da Virgem Maria. A prova disso é que ela doou a Nossa Senhora Aparecida, em 1884, uma coroa de ouro e um manto anil, bordado em ouro e pedrarias, que simbolizam sua realeza da Mãe de Jesus.

Em 1712, na França, cinco anos antes da imagem de Nossa Senhora Aparecida ser encontrada, São Luís Maria Grignion de Montfort terminava de escrever seu "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", num contexto de pobreza e de perseguição religiosa. Esta devoção mariana sustentou a fé de muitas pessoas naquela época e, principalmente mais tarde, durante a Revolução Francesa, na qual os cristãos foram perseguidos e muitos morreram mártires. Esta também foi a devoção mariana de Santo Antônio de Santana Galvão, primeiro santo brasileiro, e de muitos dos cristãos católicos do Brasil, da França e de muitos outros países. Graças à devoção mariana, muitos permaneceram fiéis a Cristo e à Igreja numa época muito difícil da história da humanidade.

Duzentos anos depois do início dos milagres atribuídos a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, em 13 de maio de 1917 a Virgem Maria aparece a três pastorezinhos em Fátima, Portugal. Num contexto de perseguição contra os cristãos e na iminência da primeira guerra mundial, Nossa Senhora pede a eles que propaguem a oração do Terço e incentivem o jejum e a penitência pelos pecadores. A devoção mariana sustentou a fé daquele povo e também dos países vizinhos, muitos deles devastados pela Primeira, e depois pela Segunda Guerra Mundial.

Neste ano de 2012, quatro acontecimentos importantes parecem estar intimamente unidos pela providência divina. O primeiro e o mais importante, pois diz respeito a toda a Igreja, é o Ano da Fé, que se iniciou no dia 11 de outubro, aniversário de 50 anos do Concílio Vaticano II e véspera da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida. O segundo, é a comemoração dos 300 anos do Tratado da Verdadeira Devoção, de São Luís Maria. O terceiro fato é o início dos preparativos para a comemoração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, com a novena da Padroeira de 3 a 12 de outubro. O quarto fato importante são as aparições de Fátima, que completam 100 anos da primeira aparição em 2017, no mesmo ano dos 300 anos da Padroeira do Brasil.

A história atesta que a Virgem Maria, desde os inícios do cristianismo, foi aquela que sustentou e confirmou a fé dos discípulos de Jesus. Por isso, neste Ano da Fé, somos chamados a nos entregar inteiramente a Jesus Cristo pelas mãos de Nossa Senhora, como nos ensinou São Luís Maria. Ela nos ajudará a permanecermos fiéis nesses tempos difíceis em que vivemos. Nesse sentido, a grandiosa devoção popular de Aparecida parece se completar com a consagração pelo Tratado e com a espiritualidade de Fátima. A devoção mariana no Brasil, que o Papa Bento XVI disse, na V Conferência de Aparecida, precisar de purificação, se completa com a entrega total a Jesus por Maria de São Luís Maria e com o triunfo do Coração de Maria no coração dos cristãos, como nos disse a Virgem em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará".

Natalino Ueda - Com. Canção Nova
http://blog.cancaonova.com/tododemaria/

10 de outubro de 2012

Tempo de missão

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Anuncie a «boa nova» a todos os homens

«Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura». O tempo da missão da Igreja começa com estas palavras do Ressuscitado, contidas na parte conclusiva do Evangelho de Marcos (16, 15). Com efeito, a Igreja existe para evangelizar, para anunciar sempre e em toda a parte a «boa nova» a todos os homens.

O mandamento permanece o mesmo, assim como Jesus Cristo é o mesmo «ontem, hoje e para sempre» (Hb, 13, 8) e também o seu Evangelho. Ao contrário, mudam os destinatários e as condições sociais, culturais, políticas e religiosas nas quais eles vivem.

O mandamento missionário do Senhor marcará também a décima-terceira assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos, que se iniciou no domingo, 7 de Outubro, com a missa celebrada por Bento XVI na praça de São Pedro. Aliás, precisamente esta palavra de Jesus Cristo serviu como fio condutor do segundo capítulo do Instrumentum laboris intitulado «Tempo de nova evangelização».

Como se sabe, a assembleia sinodal realizar-se-á até 28 de Outubro sobre o tema «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã». É importante manter unidos os dois aspectos do tema sinodal. Com efeito, ele indica que o objectivo da nova evangelização é a transmissão da fé. Por outro lado, o processo da transmissão da fé, que hoje em muitos casos encontra obstáculos de diferente natureza realiza-se no âmbito da nova evangelização.


A preparação e a realização de uma assembleia sinodal fazem parte de um processo complexo e exigente, que requer uma actividade considerável e exige a contribuição de numerosas pessoas. Em geral, neste processo existem três aspectos que se entrelaçam: dimensão espiritual, reflexão teológica pastoral e preparação técnica organizativa. Mas é sobretudo a oração que acompanha e anima cada actividade sinodal. Não esqueçamos que o cristão está convidado a orar ininterruptamente (cf. 1 Ts 5, 17) seguindo o exemplo do Senhor. Com maior razão uma reunião de bispos, representantes do episcopado do mundo inteiro, em redor do bispo de Roma, que preside o Sínodo, não pode deixar de ser realizado num ambiente de oração. 


A oração que acompanhou os trabalhos de preparação – e que tem como ícone a peregrinação que acabou de ser realizada por Bento XVI a Loreto, na quinta-feira 4 de Outubro – terá, por conseguinte, um lugar de primeiro plano durante os trabalhos sinodais. Não é por acaso que, ao lado da sala sinodal, na capela adjacente, será exposto o Santíssimo Sacramento, para poder oferecer aos participantes na assembleia, antes e depois das reuniões, a possibilidade de parar em meditação diante do Mestre que continua a enviar os seus discípulos pelas estradas do mundo para a anunciar o Evangelho, a «boa nova» também ao homem contemporâneo.

Aliás, a presença assídua na oração, além do que na escuta e na reflexão, não deixará de aumentar ulteriormente o afecto colegial entre os prelados, e entre eles e o bispo de Roma, chefe do colégio episcopal. Além disso, a participação nos trabalhos de representantes qualificados do povo de Deus reforçará ainda mais os vínculos entre todos os membros da Igreja católica. E ainda, a presença dos delegados fraternos dará um aspecto ecuménico relevante à assembleia sinodal. Juntamente com eles rezaremos a fim de que se realize o mais cedo possível a invocação do Senhor Jesus: «para que todos sejam um só; como Tu, ó Pai estás em Mim e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste» (Jo 17, 21.

A vasta obra de evangelização e de nova evangelização do mundo actual exige a contribuição de todas as Igrejas e das comunidades eclesiais. Eis por que a necessidade de acompanhar este processo com a oração e com o testemunho da vida cristã. Em comunhão com Bento XVI, sucessor de são Pedro apóstolo, uni a um renovado dinamismo ao confessar: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16).

Dom Nicola Eterović
Secretário-geral do Sínodo dos Bispos

8 de outubro de 2012

A vida interior

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Descubra mais sobre esta preciosa via de santidade

Você sabe que a vida interior não seria cristã se se encapsulasse no íntimo da alma, como num refúgio egoísta. A autêntica vida interior - de que tratamos em todas as reflexões anteriores - é como o fogo de uma lareira espiritual, que aquece e dá sentido divino à vida inteira: o trabalho e a família, as alegrias e as penas, as tarefas e o lazer, a vida do lar e a vida que se abre ao amor e serviço do próximo.

Cristo expressou bem isso por meio da alegoria da «videira e os ramos»: Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto… Se alguém não permanecer em mim…, secará… (Jo 15, 5-6). E você sabe o que entende Jesus por «permanecer nele»? Ouça as suas próprias palavras: Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor (Jo 15,9).

É disso que se trata. É para isso que queremos cultivar e levar a sério a nossa vida interior: para unirmo-nos a Cristo, a fim de nos impregnarmos da seiva do seu amor - do Amor que Jesus nos dá, derramando em nós o Espírito Santo (cf. Rm 5,5) - e, assim, passarmos a viver uma vida de amor. Esse é o caminho da santidade, porque o amor é a essência da perfeição (cf. Col 3,14).
«Tudo o que se faz por Amor - escreve São Josemaria - adquire formosura e se engrandece». E mostra-nos o panorama de uma vida «toda de amor»: «Fazei tudo por Amor .- Assim não há coisas pequenas: tudo é grande [...]. Queres de verdade ser santo? Cumpre o pequeno dever de cada momento; faz o que deves e está no que fazes [...]. Um pequeno ato, feito por amor, quanto não vale! ». (Caminho, nn. 429, 813-815).

Se você tiver verdadeira vida interior («verdadeira» significa sincera e esforçada, não «perfeita»), será um ramo que dá fruto, especialmente dará dois tipos de fruto: O fruto das «virtudes». É impossível lutar para amar e unir-se a Deus se não se vai melhorando, crescendo continuamente, nas virtudes teologais (fé, esperança e caridade), e nas virtudes humanas (prudência, justiça, fortaleza e temperança; e as incontáveis virtudes que giram à volta das quatro).

Por isso, São Paulo, quando fala dos frutos do Espírito Santo - do Amor divino substancial - enumera virtudes: O fruto do Espírito é: caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança (Gl 5,22-23). A melhora nas virtudes é um primeiro teste da qualidade da nossa oração e, em geral, da nossa vida interior. O fruto dos «deveres»: do conjunto de deveres que tecem a tapeçaria do nosso dia-a-dia: deveres familiares, profissionais e sociais.

Também nesse campo dos deveres, precisamos fazer o «teste» da verdadeira vida interior, formulando-nos algumas perguntas, que vou ilustrar com palavras de São Josemaria:

1 – Estou santificando a minha vida familiar?
«Os casados - dizia São Josemaria - estão chamados a santificar o seu matrimônio e a santificar-se a si próprios nessa união; por isso, cometeriam um grave erro se edificassem a sua conduta espiritual de costas para o lar, à margem do lar. A vida familiar, as relações conjugais, o cuidado e a educação dos filhos, o esforço necessário para manter a família, para garantir o seu futuro e melhorar as suas condições de vida, o convívio com as outras pessoas que constituem a comunidade social, tudo isso são situações humanas, comuns, que os esposos cristãos devem sobrenaturalizar [santificar] (É Cristo que passa, n. 23). « Os casais têm graça de estado - a graça do Sacramento - para viverem todas as virtudes humanas e cristãs da convivência: a compreensão, o bom humor, a paciência; o perdão, a delicadeza no comportamento recíproco… Para tanto, o marido e a mulher devem crescer em vida interior e aprender da Sagrada Família a viver com delicadeza - por um motivo humano e sobrenatural ao mesmo tempo - as virtudes do lar cristão». (Questões atuais do Cristianismo, n. 108).

2 – Estou santificando o meu trabalho?
«Na simplicidade do teu trabalho habitual - continuo a citar São Josemaria -, nos detalhes monótonos de cada dia, tens que descobrir o segredo - para tantos escondido - da grandeza e da novidade: o Amor» (Sulco, n. 489). «Não podemos oferecer ao Senhor uma coisa que, dentro das pobres limitações humanas, não seja perfeita, sem mancha, realizada com atenção até nos mínimos detalhes: Deus não aceita trabalhos "marretados". Por isso o trabalho de cada qual - essa atividade que ocupa as nossas jornadas e energias - há de ser uma oferenda digna aos olhos do Criador; numa palavra, uma tarefa acabada, impecável» (Amigos de Deus, n. 55).
«Deves manter - ao longo do dia - uma constante conversa com o Senhor, que se alimente também das próprias incidências da tua tarefa profissional» (Forja, n. 745). Como é importante a «presença de Deus» no trabalho!

3 – Estou santificando as minhas relações sociais?
«Aí onde estão os nossos irmãos, os homens, aí onde estão as nossas aspirações, o nosso trabalho, os nossos amores, aí está o lugar do nosso encontro cotidiano com Cristo. Deus nos espera cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho» (Homilia Amar o mundo apaixonadamente). «O cristão sabe-se enxertado em Cristo pelo Batismo; habilitado a lutar por Cristo, pela Confirmação; chamado a atuar no mundo pela participação na função real, profética e sacerdotal de Cristo; transformado numa só coisa com Cristo pela Eucaristia, sacramento da unidade e do amor. Por isso, como Cristo, deve viver de rosto voltado para os outros homens, olhando com amor para todos e cada um dos que o rodeiam, para a humanidade inteira» (É Cristo que passa, n. 106). «Se deixarmos que Cristo reine na nossa alma…, seremos servidores de todos os homens» (É Cristo que passa, n. 182).

Depois de passar os olhos pelos textos que acabo de transcrever, parece-me que você compreenderá melhor as palavras que São Paulo escreveu a Timóteo, que bem podem ser o fecho deste artigo:
A piedade é útil para tudo, porque tem a promessa da vida presente e da futura (1 Tim 4,8). Vale a pena, pois, esforçar-nos de verdade para adquirir uma vida interior à medida do coração de Cristo (cf. Ef 3,16-19)

Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/

5 de outubro de 2012

Entrando pela porta da fé

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Somos chamados a fortalecer nossos princípios

No dia 17 de Outubro de 2011 o Santo Padre divulgou a Carta Apostólica "Porta Fidei" (Porta da Fé) na qual proclamou o Ano da Fé. Este terá início neste ano, no próximo dia 11, data de comemoração dos cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II e de vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e encerará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, em 24 de Novembro de 2013. 

Mas qual a importância e o porque em celebrar-se o Ano da Fé?
Não é a primeira vez que a Igreja o celebra. O último foi em 1967, no pontificado de Paulo VI, motivado, já naquela época, em dar uma resposta de fé diante das inúmeras ideologias que buscavam desconsiderar Deus do pensamento coerente e racional.

Assim também, hoje, o Papa Bento XVI, afirma haver entre nós um "diversa mentalidade que, particularmente, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre a fé e ciência autêntica".

E
ste novo Ano da Fé, tem igualmente o objetivo de impulsionar os cristãos a aprofundarem o conhecimento sobre a Igreja, dissipando assim, a nuvem negra dos erros de doutrina.O Sumo Pontífice refere-se ao Ano da Fé como, um "tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece" e "tempo de particular reflexão e redescoberta da fé".

O documento – "Porta Fidei", afirma ainda, que, para alcançarmos uma maior amplitude do dom da Fé, na sociedade e na pessoa em particular, cada um deve confessar e anunciar publicamente a própria fé. Devemos ter a responsabilidade social daquilo que acreditamos. Ou seja, é preciso declarar com a vida o Evangelho do Cristo, não ficarmos tímidos ou tomar partido da maioria, diante das questões contrárias a essência do ser humano e expressar com alegria nossa adesão a fé, pois somos detentores das palavras portadoras da verdade e da vida que Jesus nos deixou.

V
árias vezes Bento XVI insistiu neste exemplo "através do testemunho prestado pela vida dos crentes, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com sua própria vida no mundo, a Palavra da verdade que o Senhor Jesus nos deixou", "em nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias. Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção e esperança".

E
ntretanto, para que o nosso testemunho esteja de acordo com a fé que professamos é preciso um empenho de nossa parte, particularmente nesse período, em conhecer e propagar aquilo que a Igreja colheu nestes dois mil anos de história, afinal, o mundo pede respostas cada vez mais racionais e acertadas. E além de podermos responder satisfatoriamente ao mundo, em recompensa a esse esforço e estudo estaremos aderindo a fé católica cada vez mais com inteligência e vontade.

E
ntre os principais meios, para se chegar a esse conhecimento da fé, o Papa cita os textos deixados em herança pelo Concílio Vaticano II, afirmando que: "é necessário fazê-los ler de forma que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificativos e normativos do Magistério." Bento XVI fala fortemente sobre a importância do Concílio Vaticano II: "Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça que beneficiou a Igreja no século XX".

Também o Pontífice destacou a importância do Catecismo da Igreja Católica, Bento XVI considera-o como "subsídio precioso e indispensável. na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária. Ali se apresenta não uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja", afirmou o papa.

Enfim, devemos recorrer constantemente a esse documento, em nossas catequeses, em grupos de estudo e pastorais, como também na formação pessoal. Ainda, salienta o Papa que, sobretudo, o Ano da Fé é um "repassar a história da nossa fé" para "tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor". Este, com certeza será uma período de celebrarmos a nossas certezas e princípios, firmar valores para descobrirmos cada vez mais a felicidade e a honra de estar na única e verdadeira Igreja de Cristo.

Entremos portanto, pela Porta da Fé.


Deus abençoe!

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Sandro Ap. Arquejada
blog.cancaonova.com/sandro

3 de outubro de 2012

Coragem: Não tenhais medo

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O Senhor nos chama a confiarmos somente Nele

Que bela exortação, que belo consolo, que injeção de ânimo, o evangelho: "Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino". Como nas nossas origens, vamos nos tornando cada vez mais um pequenino rebanho; o Senhor nos vai purificando, vai fazendo sua Igreja, a gosto ou a contragosto, perceber que ela está no mundo, mas é diferente do mundo: seu modo de pensar, de viver, de avaliar, de agir não pode ser aquele do mundo.

Efetivamente, vamos nos sentindo cada vez menos compreendidos e menos à vontade na bem-pensante sociedade atual. Somos, enfim, um pequenino rebanho; e a nós o Senhor diz: "Não tenhais medo, pequenino rebanho!" O Pai nos quis dar o Reino – e o Reino é o próprio Jesus, que nos envolve de vida e nos ilumina com seu santo Evangelho! Não tenhais medo!

E, então, Jesus nos exorta: "Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração". Que palavras belíssimas: O Senhor nos convida à coragem de "vender" a vida, "vender" nossos bens – isto é, relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso único absoluto! 

Na verdade, Jesus nos convida a esperar de verdade a vida eterna, esperar de verdade que um dia estaremos todos em Deus por meio de Jesus Cristo! O que Jesus hoje os pede é a coragem de viver no mundo, mas sem ser do mundo, sem meter o nariz nesse mundo de modo a perder Deus de vista! Afinal, é tão fácil absolutizar o relativo! 

Ah, irmão! Tenhamos – você e eu – a coragem de colocar realmente o tesouro de nossa vida ali, onde a traça não corrói! A vida é preciosa demais para perdê-la com bobagens! Mas, somente veremos isto se estivermos vigilantes, se na união profunda com Jesus pela oração, pela escuta de sua santa Palavra, pela fiel participação nos sacramentos, mantivermos a saudade das coisas do céu.

Aliás, este é uma das carências da Igreja atual: ter quem nos fale do céu, que nos faça sentir desejo do céu, saudade do céu! Uma Igreja que não saiba desejar, sonhar e se encantar com o céu que o Senhor nos prepara, perderá de vista o mais profundo de sua missão, errará o foco e tomará por absoluto o que é apenas relativo – mesmo que seja coisa importante. Coisas importantes com que se preocupar, a Igreja as tem; coisa essencial, somente Jesus, nosso céu, o céu que o Pai nos deu! E – como recordou Bento XVI no Brasil: "esta saudade do céu, esta sede de Deus não é uma alienação, uma fuga da realidade, mas um ver a realidade com os olhos de Deus e, assim, ver realmente, com realismo!"

Por tudo isto, não temais, pequenino rebanho: o Pai vos espera; dar-vos-á o seu Reino. Vale a pena sofrer e suportar contradições nesta vida; vale a pena caminhar com o Senhor, como parte do seu rebanho, que é a Mãe católica! Como dizia São Bernardo de Claraval: "nossa vida neste mundo é semente de eternidade!"

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Dom Henrique Soares da Costa
http://www.domhenrique.com.br

1 de outubro de 2012

A importância da educação moral

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A edificação da sociedade depende da educação moral

Os processos educativos são decisivos nos rumos e conquistas de uma sociedade. Esta é uma convicção incontestável que deve incentivar o compromisso de todos com o ensino. Cuidar da educação é tarefa da família, particularmente das instituições educacionais, mas também dos clubes recreativos, empresas, institutos, prefeituras, igrejas, meios de comunicação e até dos organizadores de uma simples festa popular, realizada na rua de um bairro.

A condição determinante dos processos educativos é uma compreensão que deve ser assumida em sentido de alerta, permanentemente, motivando avaliações constantes, em todas as instâncias. Assim, são desenvolvidas dinâmicas que qualificam pessoas e os diferentes segmentos da sociedade. Uma preparação necessária para exercícios profissionais e cidadãos com resultados mais efetivos, que são sustentáculos da justiça e da paz.
É verdade que os processos educativos em curso na sociedade, nas instituições e instâncias todas, estão atendendo necessidades e criando novas condições. Em se considerando a conjuntura econômica atual na sociedade brasileira, as oportunidades de avanços e desenvolvimentos, não se pode deixar escapar esse horizonte promissor. Em qualquer tempo, para cada um e para o conjunto da sociedade também, valha como advertência aquele velho e sábio ditado: "cavalo arreado só passa uma vez".

Oportunidades perdidas trazem atrasos e prejuízos. Muitos são até irreparáveis. É necessário ouvir sempre os analistas e críticos quanto às consequências de descompassos nos processos educacionais, como retrocessos culturais e o alto preço pago por defasagens na infraestrutura. Devemos ouvi-los, também, para saber o que se pode ganhar a partir do desenvolvimento da educação, seja no campo econômico, cultural e social. O exercício de escuta é indispensável para que a crítica e o debate de ideias impulsionem posturas e comprometimentos mais adequados.

É exatamente devido à falta desse necessário embate de ideias, do melhor conhecimento e tratamento da realidade que a sociedade brasileira sofre com as carências no conjunto dos seus processos educativos. No Brasil, onde esses processos são qualificados - graças a Deus, neste cenário de déficit temos exemplos exitosos - o rendimento é notável, metas são alcançadas e passos largos são dados no desenvolvimento e nas conquistas. É preciso avolumar o coro das vozes que estão repetindo a antífona de que é preciso investimento e maior qualificação nos processos educativos. Caso contrário, nossa sociedade não vai acompanhar, nos diferentes âmbitos, a rapidez, a multiplicidade e as exigências próprias deste terceiro milênio.

Não se pode continuar a perder por falhas na educação. Nas dinâmicas do cotidiano, são imensuráveis os prejuízos de cidadãos que mantêm uma visão acanhada, pouco proativa, gerando uma espécie de malemolência e a falta de ousadias. O resultado é a incompetência para fazer frutificar o que se tem como oportunidade, o que a natureza dá e o que a inteligência pode fazer.

Indispensável caminho para alavancar os processos educacionais na sociedade é o investimento na formação moral de todo cidadão. Neste sentido, o contexto atual presenteia a sociedade brasileira com uma oportunidade ímpar para dar saltos qualitativos quanto à moralidade. O que está acontecendo na Corte Suprema deve ser acompanhado e percebido como esperança para superar dinâmicas de impunidade, aperfeiçoar funcionamentos que extirpem a corrupção, nas suas mais intoleráveis situações.

É preciso estar atento para a relação deste e de outros processos com a formação. Um autêntico desenvolvimento só pode ser completo se incluir a educação moral. Por falta da moralidade, multiplicam-se os cenários contrários ao bem e à verdade. A edificação da sociedade justa depende da educação moral.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte