Sem o amor ao próximo não existe amor a Deus
Há mais de 20 anos a.C, o rabino Hilel já ensinava: "não faças a outro o que não queres para ti. Isto é toda a Lei; o resto é comentário". Jesus devia conhecer tal afirmação contida em Lv.19,18. No entanto, foi mais além ao afirmar que o segundo mandamento, "amar ao próximo" é semelhante e se equipara ao primeiro (amar a Deus). Amar a Deus e ao próximo. Explicitando, quer Jesus afirmar e ensinar: amar ao Senhor servindo ao próximo; amar a Deus no próximo. São dois amores que se completam. Um não existe sem o outro, ou então, um se manifesta através do outro. O amor a Deus passa necessariamente pelo amor ao próximo, "a fim de que um dia entremos em plena posse do mistério que agora celebramos".
De fato, sem o amor ao próximo não existe amor a Deus, nem lei, nem fidelidade; é tudo mentira, como diz a Primeira Carta a João 4,20. O que Jesus propõe é muito claro: precisamos amar o próximo com a totalidade do nosso ser (inteligência,vontade e afeto). Jesus exige que amemos até os próprios inimigos, do mesmo modo como Deus os ama (Mt.5,44-48). Mas este amor deve ser traduzido em gestos concretos de fraternidade e solidariedade. Só assim será sinal do nosso amor a Deus.
O amor ao Senhor e ao próximo são como uma moeda de duas faces. Um amor não se opõe ao outro, completam-se. Nosso amor a Deus é fonte de serviço ao próximo. Assim como o nosso amor a Deus exige o nosso encontro com Ele, assim também devemos nos fazer próximos do outro. Apenas frequentar a Igreja e não se interessar pelo próximo é enganar a si próprio.
Dom Eurico S. Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
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