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29 de agosto de 2011

Tecnologia vs. Evangelização

Segue para download a palestra ministrada por mim no 1º Encontro de Jovens de Anicuns para despertar vocação vicentina.


Sempre Deixe Seu Recado!!!

Conhecer-se a si mesmo

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Quando começamos a nos conhecer, vencemos as ilusões sobre nós mesmos
Conhecer-se a si mesmo! Essa velha máxima dos gregos atravessou milênios e chegou a nós cheia de vida e de importância. Sem se conhecer você não pode se construir como convém. E esta não é uma tarefa fácil. Ninguém se torna maduro e equilibrado sem se conhecer. Temos que ter coragem de olhar as escravidões e traumas que o passado possa ter deixado em nossa vida, não importa por quem e como, e buscar a liberdade e o equilíbrio.

Vivemos acreditando em um montão de coisas que não podemos ter, que não podemos ser, que não vamos conseguir. A única maneira de tentar de novo é não ter medo de enfrentar as barreiras, colocar muita coragem no coração e não ter receio de arrebentar as correntes!

Reconheça os seus valores e os empregue para o bem dos outros. Isso não é egoísmo nem soberba. Humildade não é ficar se desvalorizando ou pisando em si mesmo, é ser fiel à verdade sobre você.

Quando começamos a nos conhecer, vencemos as ilusões sobre nós mesmos; vamos deixando as máscaras e falsidades; deixamos o "palco" e entramos na vida real.

Quando você olha a vida de frente, toma posse dela. Não tenha medo de constatar as suas forças, fraquezas e erros. Assuma tudo e recomece a corrigir o que estiver errado, com calma e perseverança. Não é fácil se enfrentar e se superar, mas é necessário. É preciso querer. Saiba que os nossos comportamentos têm causas boas ou más; investigue-as; só assim você vai se conhecer. Sem medo. Não se esqueça, é claro, de anotar os seus valores; faça uma contabilidade correta. Na verdade, você vai descobrir que é um pouco santo e um tanto pecador; um tanto sábio e outro tanto tolo; um tanto mentiroso e um tanto honesto; um tanto qualificado e um tanto incompetente; um tanto alegre e um tanto triste... e mais.

Mas aprenda a amar-se e a aceitar-se com a devida tolerância para consigo mesmo. Quando fazemos um exame profundo de nosso interior experimentamos renascer em nós a liberdade e a vida. Assim os fantasmas da alma desaparecem e o seu verdadeiro eu pode erguer-se.

Preste atenção naquilo que as pessoas honestas falam de você, e você se conhecerá um pouco mais.

O que mais acontece nos relacionamentos humanos é o fato de as pessoas não verem e não assumirem as suas falhas, tentando sempre empurrar as culpas das coisas erradas para os outros; é o chamado "bode expiatório".

Temos também que ter coragem de aceitar as boas críticas, pois nos fazem mais bem aqueles que honestamente nos criticam do que aqueles que nos bajulam. Os primeiros nos ajudam a crescer, os outros nos fazem orgulhosos.

Se você aprender a lidar com você mesmo, lidar com os outros será mais simples e você será feliz.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

26 de agosto de 2011

Santo Isidoro


Santo Isidoro
O santo de hoje é resultado de uma família de santos, gente que buscou a vontade de Deus em tudo.

Nasceu na Espanha no ano de 560, perdeu os pais muito cedo e ficou aos cuidados dos irmãos que, recebendo dos pais uma ótima formação cristã, puderam introduzir o pequeno Isidoro a este relacionamento com Deus.

Ele se deparou com muitos limites, por exemplo, nos estudos. E fugia desse compromisso.

No entanto, com a graça divina e o esforço humano, ele transcendeu e retomou os estudos, tornando-se um dos homens mais cultos, versados e reconhecido pela Igreja como doutor.

Santo Isidoro foi um homem humilde, de oração e penitência, que buscava a salvação das almas, a edificação das pessoas.

Com o falecimento de um irmão seu, foi eleito bispo em Sevilha, consumindo-se de amor a Cristo, no povo.

Santo Isidoro, rogai por nós!

24 de agosto de 2011

Como vencer o vício da masturbação

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A masturbação é um ato gravemente desordenado
Muitos jovens cristãos me fazem esta pergunta. É grande a luta do jovem cristão contra esse vício; mas essa luta agrada muito a Deus porque a pureza é uma grande virtude. É um dos principais problemas enfrentados pelos jovens cristãos; não é indício de distúrbio de personalidade nem de problema mental. É um problema muito antigo na humanidade; já o "Livro dos Mortos", dos egípcios, condenava essa prática por volta do ano 1550 antes de Cristo.


Da mesma forma, pelo código moral dos antigos judeus, era considerado pecado grave.

Há homens casados que continuam a se masturbar. Isso mostra que o vício da juventude continuou e prejudica o casamento.

Embora as aulas de "educação sexual" ensinem que a masturbação seja "normal", e até necessária, na verdade é contra a natureza e contra a lei de Deus. É o uso do sexo de maneira egoísta, fora do plano de Deus. O sexo é para a união do casal e geração dos filhos. Na masturbação isso não acontece.

A Igreja ensina que esse é um ato desordenado. "A masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado" (Catecismo da Igreja Católica, §2352).

O jovem e a jovem cristãos devem lutar contra a masturbação, com calma, sem desespero e sem desânimo, sabendo que vão vencer essa luta com Deus, na hora certa. Para isso algumas atitudes são importantes:

1 - Tenha calma diante do problema. Você não é nenhum desequilibrado sexual.

2 - Corte todos os estimulantes do vício. Jogue fora todas as revistas pornográficas, livros e filmes eróticos. E não fique olhando para o corpo das moças ou dos rapazes, alimentando a sua mente com desejos eróticos. Deixe de assistir a filmes e programas pornográficos ou excitantes (tv, internet, filmes, etc.). Sem essa vigilância, você não conseguirá deixar o vício.

3 - Faça bom uso de suas horas de folga. Aproveite o tempo para ler um bom livro, praticar esportes, sair com os amigos, caminhar, entre outros. Não fique sem fazer nada, especialmente na cama, pois "mente vazia é oficina do diabo".

4 - Não desanime nem se desespere nunca. Se você cair, levante-se imediatamente, peça perdão a Deus, de imediato, e retome o propósito de não pecar. Não fique pisando na sua alma e se condenando. Confesse-se logo que puder, não tenha vergonha, o padre não se assusta mais com isso. Peça a ajuda dele.

5 - Alimente a sua alma com a oração, a Palavra de Deus e os sacramentos da Igreja. "Mosca não assenta em prato quente". Consagre-se todos os dias a Nossa Senhora e a São José, pais da castidade. Não deixe de rezar o Terço. Se puder, comungue sempre.

6 - A receita de Jesus é "vigilância e oração" para não pecar. "A ocasião faz o ladrão", ou ainda: "Quem ama o perigo, nele perecerá".

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

22 de agosto de 2011

Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé

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A Igreja não tem idade!
Um milhão e meio de jovens reunidos em Madri, na Espanha, em torno de um homem de oitenta e quatro anos, Bento XVI, Sucessor de São Pedro, junto com cerca de oitocentos bispos, vindos de todo o planeta para a vigésima sexta Jornada Mundial da Juventude (JMJ), ideia nascida do coração apostólico do Beato João Paulo II, que até hoje atrai pessoas de todas as idades.


A Igreja não tem idade! Ela é casa aberta para todas as nações e gerações, mãe que acolhe em seu regaço as diversas situações humanas. Ela será sempre jovem, renovada e embelezada pelo seu Esposo, que é o Cristo. Velhice é o pecado, não o abençoado acúmulo de anos e de experiência. Olhando para esta multidão de jovens que acorreram a Madri, pensei nos resultados das anteriores Jornadas Mundiais da Juventude. Nossa geração ficou marcada por este compromisso periódico, agenda da Igreja para os jovens cristãos do mundo inteiro. Quantas vocações ao matrimônio, ao sacerdócio ou à vida religiosa nasceram delas! Como a Igreja tem mostrado seu rosto jovem para o mundo, pois continua e será sempre atual o chamado de Jesus Cristo a uma vida santa, na medida do Evangelho!

O lema da JMJ, cujo conteúdo foi desenvolvido em sua preparação e nas catequeses feitas por nós Bispos em Madri, veio do texto de São Paulo aos Colossenses: "Continuai enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (Cf. Cl 2, 7). A carta, da qual é tirado este convite, foi escrita para responder a uma necessidade precisa dos cristãos de Colossos. Com efeito, aquela comunidade estava ameaçada pela influência de tendências culturais que afastavam os fiéis do Evangelho. O nosso contexto cultural tem muitas analogias com o tempo dos Colossenses. Há uma forte corrente de pensamento laicista que pretende marginalizar Deus da vida das pessoas e da sociedade, perspectivando e tentando criar um «paraíso» sem Ele. Mas a experiência ensina que o mundo sem Deus se torna um «inferno»: prevalecem os egoísmos, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e entre os povos, a falta de amor, de alegria e de esperança. Ao contrário, onde as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, O adoram na verdade e ouvem a Sua voz, constrói-se concretamente a civilização do amor, na qual todos são respeitados na sua dignidade, cresce a comunhão, com os frutos que ela dá (Cf. Mensagem do Papa Bento XVI para a XXVI Jornada Mundial da Juventude, 2-5).

Bento XVI trabalhou sua mensagem para a Jornada Mundial da Juventude em torno de três imagens: «enraizado» recorda a árvore e as raízes que a alimentam; «fundado» refere-se à construção de uma casa; «firme» evoca o crescimento da força física e moral. No texto original as três palavras, sob o ponto de vista gramatical, estão no passivo: isso significa que é o próprio Cristo quem toma a iniciativa de radicar, fundar e tornar firmes os que acreditam. No encontro com Cristo, a juventude do mundo, enraizada n'Ele e n'Ele alicerçada, encontra forças para permanecer firme na fé.

A experiência da JMJ nos remete à jovem de Nazaré, Maria, cuja Assunção do Céu nós celebramos. Ela foi saudada pelo anjo com uma expressão inusitada na Sagrada Escritura: "Ave, cheia de graça" (Cf. Lc 1, 28). É a inimizade com o pecado, sonhada e prometida no Livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela" (Gn 3, 15). A uma apenas adolescente, Deus pediu uma resposta de gente grande: "Eis a escrava do Senhor, fala-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Ela foi elevada ao Céu em corpo e alma, sem sofrer a corrupção do sepulcro após a morte. Nela já se realizou a promessa contida na palavra do Apóstolo: "Quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidade e este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então estará cumprida a palavra da Escritura: a morte foi tragada pela vitória" (1 Cor 15, 54).


Foto Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

19 de agosto de 2011

Os dons espirituais potencializam o talento humano

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Deixe os dons do alto invadirem sua humanidade
Nascemos com capacidades e talentos naturais. Estes são responsáveis pela facilidade ou prazer que encontramos para realizar certos trabalhos, é uma inclinação, predileção por tais afazeres. Temos como exemplo: as habilidades manuais, de raciocínio lógico, o talento musical, a capacidade espacial, interpessoal, entre outras. Eles nos vêm como dons de Deus, infundidos na pessoa, geralmente transmitidos pela genética ou ao se desenvolver uma prática. São os chamados dons naturais.


Existem também os dons do Espírito Santo. A respeito deles São Paulo recomenda "Aspirai aos dons mais elevados" (cf. At 12, 31). São, de fato, mais elevados, pois vêm de uma realidade sobrenatural, que está acima das realidades terrenas. Trata-se dos dons de Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus – e ainda: Línguas, Discernimento, Fé, Cura e Milagres.

Sobre os dons do Espírito, a Bíblia TEB (Tradução Ecumênica Bíblica – edição para estudo) especifica: "Deus é fonte dos dons espirituais que transcendem toda maneira de ser das coisas" (nota roda pé – Jo 4, 24).

Contudo, estes dons espirituais "mais elevados" manifestam-se por meio de nossas características humanas, ou seja, em nossas capacidades naturais. "As perfeições invisíveis de Deus – não somente seu eterno poder, mas também a sua eterna divindade – são percebidas pelo intelecto" (Rm 1, 20). E quando pedimos a intervenção dos dons do Espírito, estes perpassam nossas capacidades humanas de duas formas.

A primeira é percebida mais facilmente. Uma vez que nos colocamos disponíveis à ação sobrenatural do Espírito Santo e pedimos Sua comunicação conosco, Ele age nas faculdades humanas, geralmente na memória e nos sentidos, inspirando-nos com imagens, lembranças, trechos bíblicos, com uma palavra específica de exortação ou revelação, por uma sensação física ou a impressão-intuição acerca de algo até então desconhecido.

Tudo isso para revelar o que ocorre de sobrenatural e terreno, que está oculto aos olhos humanos, mas, que nos ronda e nos cerca.

É assim que aprendemos nos Seminários de Dons e suas oficinas, desenvolvemos o modo de Deus falar em nós, a linguagem d'Ele conosco, para edificação da comunidade e própria.

E a segunda forma, que talvez poucas pessoas tenham percebido, é o modo como os dons espirituais ampliam os horizontes das nossas capacidades humanas. Os dons sobrenaturais depositam algo em nossos dons naturais que os capacitam ainda mais. A Sabedoria do alto potencializará o saber humano, o discernimento dos espíritos aperfeiçoará a sensibilidade de discernir humanamente, o dom da Fé, vindo da escolha de Deus por cada um, alça a pessoa a querer conhecer mais do Senhor, fazendo de sua fé um príncipio de vida, embasado também em conhecimento teológico, e assim por diante.

Apesar de alguns nomes entre estas manifestações do Espírito e o talento humano serem os mesmos, não são iguais, nem uma "forma mais elevada" de nossas capacidades naturais. Exemplificando: a Ciência vinda de Deus é conseguir ver as coisas como o Senhor as vê, conhecimento da total realidade, das forças terrenas e angélicas, enquanto, ciência humana, se resume ao estudo de aspectos do cosmos, sobretudo do ser humano. Um cientista pode ter autoridade em tudo o que estuda e pesquisa, mas a Ciência de Deus lhe virá pela fé, numa revelação daquilo que ele não pode alcançar por esforço próprio.

Antes mesmo de ser visitado pelo Senhor e compor a famosa oração em que pediu o dom da Sabedoria, Salomão já era tido como sábio. A Sagrada Escritura cita seu pai, Davi, o aconselhando a agir com sua inteligência nata (cf. I Rs 2, 6). Somente mais tarde, é que, em sonho, Deus lhe aparece e lhe concede direito a um desejo (cf. I Rs 3, 5-15), e então, ele, que poderia ter pedido qualquer coisa ao Altíssimo, explicitou o desejo pela Sabedoria, dom do Céu (cf. I Rs 3, 5-15). Também o livro da Sabedoria mostra o rei Salomão testemunhando a procura e o amor a esse dom (cf. Sb 8, 2) antes de manifestar seu pedido ao Senhor (cf. Sb 9).

Após estar ungido com o dom divino, já no primeiro caso de julgamento em que presidiu, manifestou uma sabedoria fora do comum (cf. I Rs 3, 16-28), num ofício que era comum a um rei, em situação típica deste mundo, não o foi num momento de oração ou em motivações fora da esfera dos homens. Isso mostra que, atingido pela força de Deus, sua capacidade humana de inteligência foi multiplicada. Ele era capaz de esclarecer a verdade, mesmo quando não lhe traziam todas as provas e argumentos possíveis.

A capacidade pessoal passa a ser uma predisposição para, em conjunto com o Espírito Santo, manifestar ambos: o dom natural e o sobrenatural. Faz parte da identidade do indivíduo, e em algum momento da sua vida, quando aprouver ao Senhor, Ele providenciará uma situação em que a pessoa possa dar abertura a esse Espírito de Deus, e então o dom natural vai ser potencializado, conforme o exemplo acima.

Quanto mais usamos os dons espirituais, tanto mais entramos em sintonia com Deus e com nós mesmos, e, dessa forma, tanto mais nos tornamos homens e mulheres com apurada sensibilidade aos dons naturais que temos.

Será que Jesus usava, em todos os momentos, somente Sua divindade? Quando penetrava os pensamentos dos que Lhe armavam ciladas (cf. Lc 20, 23; Mt 9,3-4), seria impossível vir este discernimento por meio de Sua inteligência e da percepção humana? Se assim fosse, não haveria sentido em Jesus ter assumido em tudo a nossa humanidade, exceto o pecado. (cf. Hb 4, 15b).

Assim como a pessoa humana do Cristo pertence "in proprio" à pessoa divina do Filho de Deus, Sua vontade e inteligência têm como primazia a revelação do ser espiritual da Trindade (cf. Catecismo da Igreja Católica, art. nº 470), nossa humanidade nos é dada para revelar uma identidade espiritual – quem somos no coração de Deus.

Tudo o que somos deve ser alcançado pelo Espírito para conseguirmos transfigurar um dia o que será nossa natureza celeste.
Deixe os dons do alto invadirem sua humanidade, todos os seus talentos, essa é apenas uma forma de descobrirmos como somos e seremos verdadeiramente na eternidade, diante do Senhor.



Deus abençoe!

Sandro Ap. Arquejada - Missionário Canção Nova
blog.cancaonova.com/sandro - sandroarq@geracaophn.com

17 de agosto de 2011

Não recue diante do medo

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É preciso policiar a nossa mente; ela pode fabricar fantasmas
O medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo; é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego, do mundo... O medo nos paralisa e nos implode interiormente, perturba a alma, por isso é importante enfrentá-lo. Talvez seja ele uma das piores realidades de nossos dias.


Coragem não é a ausência do medo, é sim a capacidade de alcançar metas, apesar do medo; caminhar para frente; enfrentar as adversidades, vencendo os medos. É isso que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa desse sentimento [medo].

A maioria das coisas que tememos acontecer conosco, acabam nos acontecendo. E esse medo antecipado nos faz sofrer muito, nos preocupar em demasia e perder horas de sono. E, muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Muitas vezes antecipadamente, sem nenhuma necessidade. Como me disse um amigo: "não podemos sangrar antes do tiro!".

É preciso policiar a nossa mente; ela solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias sem bases na realidade.

Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos: "Fulano não gosta de mim, veja como me olha!" Ou: "Sicrano me persegue; todos conjuram contra mim; meu trabalho não vai dar certo..." E assim vão dramatizando os fatos e fabricam tragédias.

É preciso acordar, deixar de se torturar com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que assusta é irreal. Quando amanhece as trevas somem... para onde foram? Não foram para lugar algum, simplesmente desapareceram, não existiram; não eram reais. Quanto menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto as outras.

Quando Jesus chamou Pedro para vir ao encontro d'Ele, andando sobre as águas do mar da Galileia, ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, comecou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe pergunta: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" (Mt 15,31).

Pedro sentiu medo porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o nosso grande erro, em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amendrontam.

Não podemos, em hipótese alguma, abrigar o medo e o pânico na alma; não lhes permitir que "durmam" conosco. Não! Arranque-os pela fé, pela oração e por um ato de vontade, decididamente.

É claro que toda a fé em Deus não nos dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar, cruzando em seguida os braços; o Senhor não fará a nossa parte. Ele está pronto a mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz nada que podemos fazer. Vivemos dizendo a Deus que temos confiança n'Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas preocupações...

Quando você age com fé e confiança em Deus, Ele lhe dá equilíbrio e luzes para agir, guiando-o e abrindo portas para você resolver o problema que o angustia. Se temos um problema é porque ele tem solução, então vamos a ela; se o problema não tem solução, então não é mais um problema, é um fato consumado, que devemos aceitar.

Em vez de ficar pensando em suas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, pense como o salmista: " O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei" (Sl 26,1).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

15 de agosto de 2011

Dia dos Pais - Significado e orações

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Os pais têm um papel importante na formação do caráter dos filhos
O mês de agosto é o Mês das Vocações. Dentro da vocação familiar, da feliz união entre um homem e uma mulher, nós celebramos a cada segundo domingo de agosto o Dia dos Pais. Equilibrando erros e acertos, os pais têm um papel importante na formação do caráter e no decorrer da vida dos filhos.


Os pais acompanham seu crescimento, seu desenvolvimento intelectual e se esforçam para dar aos filhos conforto, boa alimentação, educação de qualidade. E, em geral, procuram orientá-los para que possam enfrentar o mundo, com suas alegrias, com seus dissabores. Acompanham-nos em suas vitórias, em seus fracassos, em suas lutas.

É claro que há exceções, mas essas exceções só confirmam a regra porque pais que não se preocupam com seus filhos não estão no seu estado natural, normal. O mundo de hoje apresenta anomalias absurdas. Temos notícia de pais que torturam seus filhos, que os desrespeitam, que espancam ou matam a mãe na presença dos filhos. Mas isso não é o correto, o desejável, a razão pela qual Deus os fez pais.

A família – o Lar cristão – Igreja doméstica – Santuário da vida – é a célula básica da sociedade. Deus nos coloca numa família para que nela aprendamos a amar e, porque aprenderemos a amar sem medidas, Ele espera que extravasemos esse amor para a vizinhança, para o bairro, para toda a cidade, para o mundo.

Dentro da família, o pai é o apoio, o amparo, a proteção, tal como São José o foi na Sagrada Família. Precisamos de muitas orações pelos pais, para que eles tenham saúde, caráter, amor no coração e para que eles sejam amados e respeitados pelos seus filhos, que se espelharão neles [pais] para construir a própria vida.

E, mais importante do que tudo isso, que nossos pais sejam educadores de seus filhos na fé, transmissores da fé católica e deem testemunho de discípulos-missionários de Jesus Cristo.

Uma prece especial fazemos pelos pais e avôs que já nos precederam no convívio celeste da comunhão dos santos. Da mesma maneira, aos pais presentes, que Deus abençoe os pais de todo o mundo. Sendo eles abençoados, as famílias o serão e a humanidade poderá conhecer uma vida melhor.


Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)

11 de agosto de 2011

Família: O apostolado dos leigos

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O vínculo conjugal é princípio e fundamento da sociedade humana
O Criador de todas as coisas constituiu o vínculo conjugal princípio e fundamento da sociedade humana e fê-lo, por sua graça, sacramento grande em Cristo e na Igreja (cf. Ef 5, 32). Por isso, o apostolado conjugal e familiar tem singular importância tanto para a Igreja como para a sociedade civil.


Os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhas da fé um para com o outro, para com os filhos e demais familiares. Eles são os primeiros que anunciam aos filhos a fé e os educam. Formam-nos, pela palavra e pelo exemplo, para a vida cristã e apostólica. Ajudam-nos com prudência a escolher a sua vocação e fomentam com todo o cuidado a vocação de consagração porventura neles descoberta.

Foi sempre dever dos esposos e hoje é a maior incumbência do seu apostolado: manifestar e demonstrar, pela sua vida, a indissolubilidade e a santidade do vínculo matrimonial; afirmar vigorosamente o direito e o dever próprio dos pais e tutores de educar cristãmente os filhos; defender a dignidade e legítima autonomia da família. Cooperem, pois, eles e os outros cristãos, com os homens de boa vontade para que estes direitos sejam integralmente assegurados na legislação civil. No governo da sociedade, tenham-se em conta as necessidades familiares quanto à habitação, educação dos filhos, condições de trabalho, seguros sociais e impostos. Ao regulamentar a migração salve-se sempre a convivência doméstica.

Foi a própria família que recebeu de Deus a missão de ser a primeira célula vital da sociedade. Cumprirá essa missão se se mostrar, pela piedade mútua dos seus membros e pela oração feita a Deus em comum, como que o santuário doméstico da Igreja; se toda a família se inserir no culto litúrgico da Igreja e, finalmente, se a família exercer uma hospitalidade atuante e promover a justiça e outras boas obras em serviço de todos os irmãos que sofrem necessidade.

Podem enumerar-se, entre as várias obras de apostolado familiar, as seguintes: adotar por filhos crianças abandonadas, receber com benevolência estrangeiros, coadjuvar no regime das escolas, auxiliar os adolescentes com conselhos e meios materiais, ajudar os noivos a prepararem-se melhor para o matrimônio, colaborar na catequese, auxiliar os esposos e as famílias que se encontram em crise material ou moral, proporcionar aos velhos não só o necessário, mas também fazê-los participar, com equidade, dos frutos do progresso econômico.

As famílias cristãs, pela coerência de toda a sua vida com o Evangelho e pelo exemplo que mostram do matrimônio cristão, oferecem ao mundo um preciosíssimo testemunho de Cristo, sempre e em toda a parte, mas sobretudo naquelas regiões em que se lançam as primeiras sementes do Evangelho ou em que a Igreja está nos começos ou atravessa alguma crise grave.

Pode ser oportuno que as famílias se unam em certas associações para mais facilmente poderem atingir os fins do seu apostolado.

Os nossos tempos, porém, não exigem um menor zelo dos leigos; mais ainda, as condições atuais exigem deles absolutamente um apostolado cada vez mais intenso e mais universal. Com efeito, o aumento crescente da população, o progresso da ciência e da técnica, as relações mais estreitas entre os homens, não só dilataram imensamente os campos do apostolado dos leigos, em grande parte acessíveis só a eles, mas também suscitaram novos problemas que reclamam a sua atenção interessada e o seu esforço. Este apostolado torna-se tanto mais urgente quanto a autonomia de muitos setores da vida humana, como é justo, aumentou, por vezes com um certo afastamento da ordem ética e religiosa e com grave perigo para a vida cristã. Além disso, em muitas regiões onde os sacerdotes são demasiado poucos ou, como acontece por vezes, são privados da liberdade de ministério, a Igreja dificilmente poderia estar presente e ativa sem o trabalho dos leigos.

 

Texto compilado do Decreto Apostolicam Acuositatem sobre o apostolado dos leigos

9 de agosto de 2011

Antônio Frederico Ozanam


(1813-1853)
Antônio Frederico Ozanam nasceu a 23 de Abril de 1813, em Milão (Itália). Filho de Jean-Antoine, médico prestigioso, cuja fama profissional não o impedia de assistir doentes indigentes, com o mesmo cuidado e afabilidade reservados aos pacientes da alta condição social, e de Marie Ozanam, também dedicada à assistência dos pobres e enfermos. Frederico respira desde o nascimento o profundo espírito de caridade compartilhado pelos seus pais.
Depois de uma infância muito protegida em Lião, Frederico entra no colégio em 1822 para começar os estudos secundários. Estudante brilhante e leitor insaciável, aos 17 anos conhece várias línguas: grego, latim, italiano e alemão, e inicia um curso de hebraico e sânscrito. De espírito sensível e preocupado, é apaixonado pelo estudo da Filosofia, consumindo-se com frequência numa investigação existencial e espiritual, que jamais abandonará.
Em 1831, Frederico, erudito jovem de província, chega a Paris para estudar na Sorbona. Em pouco tempo converte-se num assíduo frequentador dos ambientes intelectuais (entre os quais o salão de Madame Récamier) e começa a colaborar com jornais e revistas. Apesar da sua timidez e do comportamento simples, emergem com clareza tanto a sua profunda humanidade como o seu rigor moral: a sua imensa cultura, as suas opiniões actualizadas e o seu catolicismo empenhado tornam-no rapidamente uma personalidade relevante. Frederico dedica a sua formidável eloquência a moderar os debates sobre religião e política, num círculo literário estudantil chamado «Conferência de história», do qual é porta-voz. Certa tarde, depois de sair vencedor de um debate com um estudante socialista sobre o compromisso social dos católicos, anuncia a um amigo a intenção de realizar finalmente um projecto, que há tempo lhe era muito querido: uma «Conferência de caridade», uma associação de beneficência para a assistência dos pobres, «a fim de pôr em prática o nosso catolicismo».
Desta maneira, em Maio de 1833, com apenas 20 anos, Frederico funda, juntamente com seis companheiros, as Conferências de São Vicente de Paulo: «na época borrascosa em que nos encontramos, escreve ao seu amigo Ferdinand Velay, é bonito assistir à formação, acima de todos os sistemas políticos e filosóficos, de um grupo compacto de homens decididos a usar todos os seus direitos como cidadãos, toda a sua influência, todos os seus estudos profissionais, para honrar o catolicismo em tempos de paz e defendê-lo em tempos de guerra». Nenhum dos seus jovens fundadores podia imaginar o desenvolvimento que alcançaria esta pequena Sociedade benéfica, à qual Frederico se dedicaria, daí por diante, sem jamais poupar esforços.
Doutor em Direito (1836) e depois em Letras (1839), Ozanam inicia uma brilhante carreira universitária que o levará, em 1844, a tornar-se o titular da cátedra de Literatura Estrangeira na Universidade da Sorbona e a viver sem reservas a sua profunda vocação ao magistério.
Em 1841 casa-se com a jovem Amélie Soulacroix. Frederico Ozanam é, portanto, um homem profundamente inserido no seu tempo. Marido e pai, professor e literato, leigo comprometido, vive as diferentes dimensões da sua existência, com a mesma paixão e generosidade: vai pessoalmente aos bairros pobres de Paris e de outras cidades, promove a expansão das Conferências vicentinas no mundo, publica escritos históricos e literários, luta pela liberdade civil, política e religiosa, sofrendo pelos contrastes que dividem o mundo católico em facções políticas opostas, e tendo um coração cheio de ternura para com Amélie e Marie, sua filha. O seu caminho espiritual, sempre atormentado, conhece altos e baixos: Frederico julga não fazer o suficiente, e pede ao Senhor que o ajude a ser melhor, luta contra o orgulho até se esquecer do próprio valor.
Os primeiros sintomas do que seria uma grave infecção renal, confundida com uma enfermidade pulmonar, que o levaria lenta e dolorosamente a uma morte prematura, chegam-lhe de surpresa em 1846. Na tentativa de recuperar a saúde, Frederico passa algum tempo com a família na Itália, e é recebido em audiência por Pio IX. De retorno a Paris, Ozanam continua a dedicar-se, de corpo e alma, ao serviço dos seus alunos, ao jornal «Ere nouvelle», com o qual colaborou na sua fundação, aos pobres e aos trabalhadores.
A revolução de 1848 e o feroz debate no mundo político e católico só tornarão piores as suas condições de saúde. Em 1849, depois de ter sofrido um segundo ataque agudo do mal que o estava minando, Frederico começa a estar consciente do triste pressentimento. As suas actividades continuam de modo frenético. O seu anseio de conhecer e de participar leva-o a ignorar a dor física e, por vezes, até mesmo os conselhos dos médicos. Em Maio de 1853, de novo na Itália por motivo de saúde, a braços com a angústia de em breve ter que deixar os seus entes queridos, os sucessos profissionais e os debates políticos, mas pronto ao sacrifício, dirige-se a Deus: «Senhor, quero o que Tu queres, quero como o queres e por todo o tempo que o quiseres, quero-o porque Tu o queres».
Frederico Ozanam morreu na noite de 8 de Setembro de 1853, em Marselha, rodeado dos seus entes mais queridos, depois de uma agonia longa e dolorosa.
Este é o modelo de apóstolo leigo, erudito, empenhado e dedicado ao serviço dos mais pobres, que a Igreja apresenta a todos os fiéis, mas sobretudo aos jovens, durante a Missa presidida por João Paulo II, no dia 22 de Agosto, em Paris, na qual é beatificado Frederico Ozanam.
Digno de nota é o caso da cura milagrosa de uma criança brasileira, de apenas dezoito meses, afectada de uma grave forma de difteria, que nos primeiros dias de Fevereiro de 1926, em Nova Friburgo (RJ), obteve a graça por intercessão do Servo de Deus Frederico Ozanam. Esta cura foi reconhecida pela Junta médica da Congregação para as Causas dos Santos a 22 de Junho de 1995, e confirmada de modo unânime pelos Consultores teólogos, na reunião de 24 de Novembro do mesmo ano.

São Vicente de Paulo

27 de Setembro



São Vicente de Paulo "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39).

Se não foi o lema da vida deste santo, viveu como se fosse. O santo de hoje, São Vicente de Paulo, nasceu na Aquitânia (França) em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.

Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos sua liberdade.

A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a "Congregação da Missão" (lazaristas) e unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as "Filhas da Caridade" (irmãs vicentinas).

Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660.

São Vicente de Paulo, rogai por nós!

8 de agosto de 2011

A gratuidade

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Há solução: melhor distribuição, maior solidariedade e partilha!
Muitas pessoas retornam de férias. Muita gente deixou de olhar para o relógio, tantos passearam ou passaram longas horas de descanso olhando para o mar ou nossos rios. As praias encheram de encanto nossos olhos. Água, sol, mar, esporte e lazer. As experiências mais agradáveis foram aquelas que não custaram dinheiro, como o gostinho de "jogar conversa fora", ou a alegria de conhecer gente nova, de graça! Não foram poucas as descobertas, feitas de olhares luminosos, por meio das quais homens e mulheres, de um modo sadio, entenderam que pode brotar um bonito sentimento de amor mútuo. Quantas famílias nasceram de passeios de férias!


Entretanto, pode acontecer que muitos não voltem às suas lides com tanta tranquilidade. Se as férias foram feitas de vícios – e quanto custam! – ou de abusos desenfreados, não virá à tona o sorriso generoso de algumas crianças que me cumprimentaram recentemente, voltando de uma viagem feita com os pais. Abraços e histórias se misturavam, a ponto de uma pessoa estrangeira, que nos visitava, ficar edificada com a liberdade da meninada com o Arcebispo de Belém. A bonita algazarra ficou gravada em minha memória. Eram sorrisos felizes e gratuitos!

Quando os apóstolos se viram em apuros diante da multidão faminta (Cf. Mt 14, 13-21; Mt 15, 32-39; Mc 6, 33-44; Mc 8, 1-8; Lc 9, 10-17; Jo 6, 1-13), foi muito pouco o que tinham a oferecer: poucos pães e poucos peixes. O Evangelho de São João ainda diz que foi um menino a colocar à disposição uma oferta aparentemente tão insignificante. E pensar que as mulheres e crianças nem foram contadas no cálculo dos comensais! E menino dá de graça pão, peixe, sorriso, perdão e brilho nos olhos. Foi de graça que Jesus encheu-se de compaixão da multidão, curou suas enfermidades, anunciou-lhes a Boa Nova. E quando a criança lhe deu de graça pães e peixes, estes se multiplicaram, quando os discípulos, atônitos, viam o milagre passar pelas próprias mãos.

É de graça que a terra oferece dadivosa e generosa o alimento aos seres humanos. O milagre continua a acontecer, uma geração após a outra. Há períodos no ano em que se multiplicam entre nós açaí, peixe, camarão, farinha! Se estamos muito acostumados a ver estas maravilhas, é bom notar que se pode explicar diretinho "como" tudo isso acontece na terra ou na água, mas quem ordena à natureza manter este ritmo com uma regularidade tão incrível? O porquê está lá no alto, generoso e gratuito.

A multiplicação extraordinária dos pães e dos peixes, realizada por Jesus, é contata nos Evangelhos para ajudar-nos a operar muitas multiplicações no cotidiano. Há pouco tempo, um programa de televisão retratava o doloroso tema do desperdício. De fato, como podemos acusar Deus e não fornecer alimento para as multidões famintas, quando nossa geração joga fora comida? Pode parecer simplista, mas existe a solução: melhor distribuição, maior solidariedade e partilha! É a multiplicação acontecendo na gratuidade que brota da conversão.

Os quatro evangelistas descrevem a multiplicação de pães, o que não acontece com todos os milagres! Deve haver um sentido para tal insistência. E tamanha é a riqueza da narrativa que foi profecia e antecipação de outra multiplicação. Até as expressões são semelhantes: tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção de ação de graças, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. A maior multiplicação acontece quando Jesus dá Seu Corpo e Seu Sangue na Eucaristia, de graça, para a vida do mundo. Por isso as mais antigas representações pictóricas da Eucaristia nos mostram um cesto de pães e dois peixes, como no mosaico descoberto em Tabga, na Terra Santa, ou na Catacumba de Priscila, em Roma.

Como "todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios" (Cf. Mt, 14, 20),  recebendo a Palavra, a partilha dos bens e a Eucaristia, reste-nos a responsabilidade de compartilhar com outras pessoas o que vivemos, a modo de missionários, de graça!

Foto Arcebispo Metropolitano de Belém do ParáDom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

5 de agosto de 2011

A Sociedade de São Vicente de Paulo

Fonte: http://www.ssvpbrasil.org.br/?pg=sobre_a_ssvp

Frederico Ozanam nasceu em 1813. Aos 20 anos, ao lado de companheiros fiéis, em Paris, na França, deu início a uma obra que ajuda milhões de famílias há mais de 170 anos: a Sociedade de São Vicente de Paulo - SSVP.
A missão da Sociedade de São Vicente de Paulo  é aliviar a miséria espiritual e material dos que vivem em situação de risco social, colocando em prática os ensinamentos de Cristo e da Igreja Católica.
Ozanam foi beatificado em agosto de 1997 pelo Papa João Paulo Segundo.
No Brasil já existe uma igreja em honra a Frederico Ozanam.
São Vicente de Paulo é considerado o patrono de todas as obras de caridade. Trilhou um caminho de dedicação radical aos pobres e as missões populares; foi a inspiração para a denominação da SSVP.
Atualmente a Sociedade de São Vicente de Paulo está presente em 143 países e tem mais de 700 mil membros espalhados pelo mundo.
O Brasil é o maior país vicentino do planeta; aqui a instituição nasceu em 1872, com a Conferência São José, no Rio de Janeiro. E conta com cerca de 250 mil voluntários, organizados em 20 mil Conferências e 33 Conselhos Metropolitanos.
As Conferências Vicentinas são grupos formados por homens e mulheres - e também por Crianças e Adolescentes. Quem faz adesão a SSVP é chamado de Vicentino.
Os grupos se reúnem semanalmente para debater e sugerir maneiras de atender as famílias carêntes, que são cadastradas após sindicância sócio-econômica.
As Confêrencias são coordenadas por Conselhos, que direcionam os trabalhos e atividades seguindo os princípios e fundamentos da Regra da Sociedade de São Vicente de Paulo.
A administração da Sociedade de São Vicente de Paulo no Brasil é de responsabilidade do Conselho Nacional do Brasil; e no mundo, do Conselho Geral Internacional, com sede em Paris, na França.
Os Vicentinos fazem do sonho Ozanam, que é  "formar uma grande rede de caridade de ajuda ao próximo", uma realidade que alivia o sofrimento dos pobres e incentiva a promoção da dignidade humana.
A SSVP recebe colaboração de benfeitores, que contribuem financeiramente com a instituição.
A visita domiciliar é a principal atividade dos Vicentinos.
Semanalmente são feitas mais de 200 mil visitas, em diferentes bolsões de miséria. Assim, todos que são amparados pela instituição são incentivados a melhorar suas vidas em todos os sentidos. 
O trabalho da SSVP abrange ainda as Obras Unidas. São creches, educandários, asilos, entre outras instituições - todas mantidas e administradas pela organização.
Diversas unidades Vicentinas promovem cursos que visam a inclusão social das famílias assistidas; como os de alfabetização e de geração de renda - são as Obras Especiais.
Atualmente, meio milhão de brasileiros recebe o apoio da SSVP.
Semanalmente a instituição distribui mais de 800 mil quilos de alimentos, arrecadados por meio de campanhas junto aos Colaboradores, além de remédios, roupas, materiais escolares e utensílios diversos.
A Sociedade de São Vicente de Paulo conquistou Parceiros como a Nestlé.
Os projetos mais grandiosos desta valiosa Parceria sao a Campanha "Torcer faz bem" e os Shows "Roberto Carlos pra sempre".
Em 2004, a instituição recebeu o Prêmio Direitos Humanos, na Categoria Idosos, oferecido pelo Governo Federal.
Em 2005, a SSVP assinou um termo de cooperação com o Ministério do Desenvolvimento Social no sentido de beneficiar famílias carentes ainda nao atendidas pelos programas sociais do Governo Federal.
A Sociedade promove anualmente a Romaria Nacional ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. Uma ação que renova a fé e a amizade entre os vicentinos.
No Brasil, cerca de 100 mil jovens Vicentinos semeiam o futuro da SSVP.
Conferências compostas por crianças e adolescentes formam novos membros para a instituição. Atualmente, no Brasil, atuam cerca de 600 Conferências de Crianças e Adolescentes.
A instituição mantém também a Ecafo - Escola de Capacitação Frederico Ozanam - que visa a formação dos Vicentinos por meio de cursos, palestras, encontros e retiros.
A Sociedade São Vicente de Paulo une homens, mulheres e crianças num mesmo ideal: praticar o amor ao próximo.
Procure uma Confêrencia Vicentina na paróquia mais perto da sua casa e venha fazer parte dessa grande rede de caridade: a Sociedade São Vicente de Paulo.

4 de agosto de 2011

"Na Caridade, face a face com os Pobres - Mudar para Transformar"

Analisando mais detalhadamente este tema,  passei a considerá-lo de extrema relevância para o futuro da SSVP . Pesquisei alguns livros, revistas, boletins, Periódicos e semanários, módulos da Ecafo, artigos e textos criados por vicentinos ilustres, privilegiando-nos com seus belos testemunhos de vivência vicentina e muito aprendi com isso.  Refleti relatos, prosas e histórias magníficas que relatavam as mudanças necessárias à adequação da realidade da caridade atual. A SSVP chega há 178 anos e continua jovem, porém necessita de mudanças assim como a igreja, e demais ramos da família vicentina.. Buscando  entender que mudanças seriam essas me lembrei do conteúdo do livro de autoria de nosso Confrade Cristóvão Gonçalves, intitulado "Futuro e Presente da SSVP" escrito a alguns anos, mas muito atual para o tema proposto em 2011. Ali, o Cfd. Cristovão fala de um tema muito específico: "Revicentinização" . Muito oportuno e atual, faço votos que todos nós vicentinos possamos refletir o livro do Cfd. Cristovão e realizar uma viagem interior em buscas de respostas para efetivamente realizarmos as mudanças necessárias a transformação de nossa realidade caritativa.  Particularmente, nestes estudos me fiz uma indagação: Qual seria o verdadeiro papel cristão de cada Confrade e de cada Consócia nesse processo? Este estudo me fez concluir que nós vicentinos, membros da conferência e que fazemos parte de um exército mundial dependemos muito das atitudes e comportamentos dos nossos líderes vicentinos cristão, especificamente dos dirigentes de qualquer unidade vicentina. O testemunho de vida e a vivência do Evangelho são elementos indispensáveis a vida de qualquer líder vicentino, onde o amor e a verdade estão sempre de braços dados. O empenho do Líder Vicentino em construir um mundo mais humano e solidário é sinônimo de autenticidade e todos nós, cada soldado desse exercito da caridade chamado "SSVP" somo simples ovelhas guiadas por cada um de nossos dirigentes, seja de Conferência ou de qualquer outra unidade vicentina. É obvio que o Presidente de qualquer Unidade Vicentina não pode esquecer, que seu apostolado é expressão máxima da fé em Jesus Ressuscitado e na Igreja. Façamos aqui uma reflexão das aulas da Ecafo, unidade de extrema importância nesta caminhada: Para o bom funcionamento de qualquer outra unidade Vicentina, nada é mais importante do que a escolha do seu presidente:  São Vicente de Paulo considerava que, se para o bom êxito de uma empresa fosse obrigado a optar entre cinqüenta carneiros comandados por um leão e cinqüenta leões comandados por um carneiro, estaria bem mais seguro do êxito com a primeira opção do que com a segunda. Realmente, a prática tem mostrado que o resultado de um empreendimento depende quase exclusivamente de quem marchar à frente do mesmo. É bem oportuno transcrever o pensamento de São Vicente de Paulo, a respeito do dirigente: "Os defeitos que se notam em uma associação provêm, geralmente, de negligência de quem a dirige; do mesmo modo, o bom procedimento dos seus membros depende do zelo do respectivo chefe e da sabedoria de sua administração".  Para exercer a presidência, o Confrade ou a Consócia se torna um "Pastor de Ovelhas", sendo assim, sem dúvida alguma, este precisa ser mais digno do que qualquer outro. O confrade que não se mostra empenhado em ocupá-la, que se preocupa apenas com o encargo sem se deixar envaidecer com o título do cargo e que aceita com humildade a indicação de seu nome, tão somente inspirado pelo desejo de servir sem, por isso, esperar auferir vantagens pessoais, precisa vivenciar mais a sua vocação antes de assumir tal encargo. É preciso unir todo o grupo em oração para que o candidato ao cargo  seja uma pessoa cordata e dócil, porém ativa e firme em suas ações. Que demonstre afeto sincero e ardente pela Conferencia e pelo Conselho a que pertence ou pela Obra de que participe. Que tenha uma grande afeição pelos confrades e pelos assistidos, que seja ponderado e que não se deixe empolgar por inovações ou modificações irrefletidas, principalmente por aquelas que contrariam, por pouco que seja, as diretrizes de nosso Regulamento, que seja dinâmico, que não se acomode ou desanime diante de situações de difícil solução, e que, além da instrução necessária para bem desempenhar suas funções, tenha ainda suficiente disponibilidade de tempo. O exemplo deve partir do presidente, ele deve ter vivência de membro de Conferência, primeiro pelo testemunho de um autêntico homem de fé e depois por conselhos dados, de modo prudente e de caráter geral, nos quais procurará salientar a dignidade do pobre e a sublimidade da missão junto a ele, sempre enfatizando que é na visita domiciliar, no ambiente desconfortável da casa do pobre, que encontraremos o próprio Cristo sofredor, ansiosamente nos esperando para ajudá-lo. O lider vicentino terá sempre o cuidado de lembrar, freqüentemente, os benefícios ligados ao exercício das obras de misericórdia, precisa velar pela exata celebração das Festas Regulamentares e da Missa das cinco intenções, comunicando, com a devida antecedência, a data marcada para essas comemorações, a fim de que os confrades possam participar delas. Precisa esforçar  também, por organizar retiros espirituais, dias de recolhimento, ou quaisquer outros atos de fé que possam contribuir para o aprimoramento espiritual dos confrades. O presidente não poderá esquecer-se de que a espiritualidade não se impõe; ao contrário, ela é o resultado espontâneo do exercício da caridade e da constância com que os confrades se dedicam às práticas religiosas e caritativas.
Um presidente deve ser comunicativo e tratar os seus confrades com muita atenção, cordialidade e, sobretudo com muita fraternidade; deve sempre lembrar-se de que é o coordenador de um Grupo de Confrades e Consócias com vocação vicentina como ele e não um administrador intransigente que tem hábito de forçar os companheiros a aceitar e acatar o seu ponto de vista pessoal. Cumpre   que   ele   cultive,   no   âmbito da unidade vicentina, um clima de harmonia e de amizade cristã de  modo  a  fazer  com  que  a  unidade, a qual preside, seja  como uma só e mesma família.  Nas suas palavras e nos seus atos, o presidente mostrará que ama seus confrades, procurando fazer tudo quanto puder para que eles também se amem uns aos outros. Aproveitará todas as ocasiões para aproximá-los uns dos outros. Incidentalmente, podem surgir atitudes ou situações que perturbem a união dos membros entre si; para restabelecê-la, o presidente não deixará de empregar todos os meios conciliatórios possíveis, mostrando que a fraternidade, a condescendência e a mansidão são características indispensáveis a todos os vicentinos, tendo, porém, o cuidado de ser o primeiro a dar o exemplo. Caso o presidente venha a sofrer tratamento pouco amistoso, ou incompreensão por parte de algum confrade ou consócia, não deve mostrar-se magoado nem irritado; ao contrário, deve dispensar-lhe redobrada atenção e acolhe-lo com maior cordialidade ainda, indo mesmo ao seu encontro, se isto for necessário, e, desta sorte, terá feito muito mais para o bem da Sociedade e para a sua própria santificação do que se tivesse optado pela censura ou repreensão ainda que merecida. O Líder Vicentino é um ator fundamental no elo de ligação, sendo o principal responsável pela COMUNICAÇÃO na SSVP. Visitar os confrades e as consocias enfermos, ou que passam aflições, é um dever espontâneo que o coração ensina; portanto, cabe ao presidente dar exemplo no cumprimento deste gesto de solidariedade humana e, sobretudo, de dever cristão. Bem sabemos que, ao lado dos melas do corpo, existem as aflições da alma e, com isso, talvez a fraqueza da fé. Logo que o presidente perceber que algum de seus confrades esteja passando por esta provação, esforçar-se-á, imediatamente, para levar socorro a essa alma que se acha desalentada. Os conselhos repassados de ternura cristã e dados com prudência e discrição, além de aliviar os sofrimentos, poderão reconduzir o Confrade ou a Consocia à certeza da fé e assim preservá-los de males maiores. Para conclusão deste estudo, vale ressaltar que comemoramos, em 23 de abril de 2011, 178 anos da fundação dessa que é a mais numerosa associação católica internacional de leigos. Nesta reflexão, quando admitimos a necessidade de "mudar para transformar" é preciso ter consciência da necessidade da aproximação contundente de nossas origens. É importante, o retorno ao momento histórico da fundação da primeira Conferência porque ali vamos encontrar o impulso original para a vivência entusiasmada do nosso ideal vicentino neste milênio que começa desafiador e assim realizarmos as mudanças coerentes com vistas a transformação. Este é o momento propício para cada Confrade e Consocia parar e pensar se está vivendo com devoção o seu dever sagrado de ajudar os irmãos empobrecidos. Hora de se comprometer ainda mais. Hora de conversão pessoal e de desapego de si pela causa da caridade. Diante do escândalo de pobrezas antigas e novas presentes também na sociedade opulenta atual, como continuar a viver o ensinamento de Frederico Ozanam e de seus valorosos companheiros? Realmente, a cada dia que passa fica mais difícil dar testemunho de Jesus num mundo que se descristianiza, se confunde e se divide. Com efeito, o desafio de se comprometer como vicentino já está a exigir coragem, perseverança e sacrifício de todos Vicentinos. Uma volta ao começo, portanto, nos fará bem. É importante saber que nos primórdios houve muitos empecilhos superados pelos nossos fundadores. Relembrando a nossa história, remetamos a nossa memória para a agitada Paris de 1833, quando um grupo de homens, através da ação do Espírito Santo, se reuniu para ajudar os pobres.  Ozanam e seus companheiros, contribuindo com o melhor dos talentos que Deus lhes haviam concedido, foi fiel instrumento para a criação de uma instituição de leigos católicos, que se estenderia por todo o mundo. Ninguém poderia prever que a sua pequena obra querida por Deus prosperaria a ponto de, quase dois séculos depois, dar acolhida a pessoas pobres em situações dramáticas, como hoje vemos em todo mundo. "pobres, sempre os tereis...". Sempre haverá pobres para que cumpramos nossa missão. Hoje, os desafios de pobreza são muitos! O trabalho vicentino precisa ter começo, meio e fim,  por causa da velocidade das mudanças, todos podem se achar em situação de miséria (material ou espiritual), por um motivo ou por outro e então, se tornarem dependentes da solidariedade de terceiros. O trabalho vicentino é o de enxergar o pobre como seu igual, com as mesmas necessidades, capacidades e sonhos. O vicentino deve ser facilitador da promoção, deve ser apoio e ponte entre os assistidos e transformá-los em cidadãos de fato. Mas isso só é possível quando nos dispomos verdadeiramente a conhecer as dificuldades daqueles que nos foram confiados para, por meio de ações planejadas, enfrentarem cada uma delas como obstáculos a vencer. Visita a visita. Reunião a reunião. Que o Espírito Santo ilumine a todos os vicentinos inspirando-os a ser ícones da caridade face a face com os pobres com o desejo perseverante de "Mudar para Transformar"

Cfd. Donizetti Luiz - Conferência São Sebastião / Goiânia-GO

3 de agosto de 2011

É esforço, esperteza ou dom?

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O melhor a fazer não é apenas 'dialogar', mas rezar
Com grande sabedoria o Concílio encorajou a Igreja a estabelecer diálogo com o mundo moderno e com as grandes religiões. Houve enormes tentativas. Mas até parece que, quanto maiores os esforços, menores os resultados. Vejamos só o gigantesco esforço desse homem aberto, que foi João Paulo II. Diante de erros históricos, cometidos por homens da Igreja, como o processo de Galileu, a inquisição espanhola, certas guerras de religião, o saudoso Papa pediu desculpas diante do mundo. Alguém perdoou? Parece que não. Doze anos depois os ataques continuam, quase do mesmo jeito. É tão vantajoso bater em alguém que não tem a mínima condição de retribuir... Se todos seguissem o maravilhoso exemplo do Pontífice polonês, como o mundo seria diferente! Não ficariam, travadas na garganta, as vozes de vingança, prestes a explodir. "Perdoai os vossos inimigos",  dizia Jesus. Isso daria condições de zerar os nossos conflitos e recomeçar.


No campo ecumênico as tristezas são maiores do que as alegrias. Cinquenta anos depois do Concílio, continuamos marcando passo. Houve uns pequenos consolos, algumas aproximações positivas. Mas além disso, somos parecidos com os corredores da Fórmula Um, cujo veículo, uma vez caído na caixa de brita, não sai mais do lugar. Os anglicanos, algum dia, vão acertar os passos com os católicos? Humanamente falando, jamais. Os ortodoxos e os católicos vão abandonar as suas agruras históricas e procurar se acertar? Esqueçam. É inútil lembrar os uniatas, que reconhecem o Papa. Parece que não passarão da situação atual. Desnecessário lembrar os albigenses. É da natureza humana adorar uma boa briga e dar o troco por desaforos sofridos. Se depender do esforço de pessoas boas, ou até das espertezas e diplomacias humanas, estaremos desunidos para sempre (e com chance de aumentar a desunião). Mas o Eterno guarda uma carta na manga. Um dia mais, ou um dia menos, o Pai das Misericórdias nos concederá a unidade como um dom gratuito. O melhor que podemos fazer não é "dialogar", mas rezar. Pela humilde oração podemos antecipar os tempos. O que Jesus previu vai se cumprir: "Haverá um só rebanho e um só Pastor" (Jo 10, 16).

Dom Aloísio Roque Oppermann scj
domroqueopp@terra.com.br

1 de agosto de 2011

Sem o amor, tudo o que fazemos é inútil

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Devemos lembrar que é importante fazer o bem
Que a nossa meta seja o amor! O amor cobre uma multidão de pecados, como ensina a Palavra de Deus. Jesus não quer que o vivamos de qualquer jeito, só da boca para fora. Deus não quer um amor fingido!


Amor fingido?! Isso existe?! Existe até demais! Nosso mundo prima pela aparência. Estamos numa sociedade muito frágil, que pôs os seus alicerces não na verdade, mas nas aparências.

Nesta sociedade, as coisas boas só valem a pena desde que sejam vistas, aplaudidas e tragam um retorno ainda maior para quem as fez. Isso não é amor, é comércio; e pode acontecer com cada um de nós se fizermos as boas obras esperando algo em troca.

O amor é gratuito. Não só é gratuito, mas nós o devemos a todos os que de nós se aproximam: "Não tenhais dívida alguma com ninguém, a não ser a de um amor mútuo, pois quem ama o seu semelhante cumpriu a lei" (Rm 13, 8-10).

Como termômetro da caridade devemos lembrar que é importante fazer o bem, mas ainda é mais importante querer o bem, que antes do "bem fazer" venha o "bem querer". Sem o amor, tudo o que fazemos é inútil; nossas boas obras podem até ser aproveitadas por alguém, mas a nós de nada servirão diante de Deus.

O amor precisa ser a raiz de tudo o que fazemos. Como é que Deus nos ensina a amar? Ele nos ensina muito concretamente: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Nosso Pai está nos dizendo que para amar sem falsidade devemos fazer às pessoas tudo o que gostaríamos que alguém fizesse a nós e que não façamos aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem.
Parece simples, mas a nossa velha natureza, marcada pelo pecado, reage mal a essa proposta. Por isso, não podemos buscar as forças neste coração meramente humano, precisamos buscá-las no coração divino, que Deus plantou dentro de nós.

Para amar assim só com um novo coração. Todo batizado tem este "coração novo", o que precisa é usá-lo, exercitá-lo. "Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros" (Rm 12,9).

Quando amamos de coração, o Espírito Santo, que em nós habita, é quem ama em nós. Por nosso intermédio passa o amor do próprio Deus. Nisso o nosso amor é diferente dos demais, por ser amor de Deus: Já não sou eu que amo, mas Cristo que ama em mim!

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com