Nossos méritos são graças de Deus
Houve um santo que disse que, se a cada ano, vencêssemos um desses sete pecados, ao fim de sete anos, seríamos santos. Portanto, vale a pena refletir sobre eles, a fim de rejeitá-los, com o auxílio da graça de Deus e de nossa vontade. O primeiro, e sem dúvida o pior de todos, é a soberba. É o pior porque foi exatamente o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus, e levou Adão e Eva à desobediência mortal.
A soberba consiste na pessoa sentir-se como se fosse a geradora dos seus próprios bens materiais e espirituais. O soberbo se esquece de que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, d'Ele depende em tudo. Como disse santa Catarina de Sena, esse pecado "rouba a glória de Deus", pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem somente ao Senhor, já que Ele é o autor de toda graça.
A soberba é o oposto da humildade, palavra que vem de "humus", daquilo que se acha na terra, pó. O humilde é aquele que reconhece o seu "nada". Pela humildade e pela humilhação Jesus se tornou o "novo Adão" que salvou o mundo (cf. Rm 5,12s). A Santíssima Virgem Maria, a Mãe do Senhor, tornou-se a "nova Eva", como ensina a Igreja, porque na sua humildade destruiu os laços da soberba da primeira virgem. Ela disse: "Ele olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1,39).
São João Batista também foi modelo dessa virtude [humildade] e nos ensinou a sua essência ao falar de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Importa que Ele cresça e que eu diminua!" (Jo 3,30). Isso diz tudo. Quando Cristo iniciou a vida pública, João o apresentou para o povo: "Eis o Cordeiro de Deus" e desapareceu, até ser martirizado no cárcere de Herodes. Que lição de humildade! Também Nossa Senhora, sendo, "a Mãe do Senhor" (cf. Lc 2,43), fez-se "a escrava do Senhor" (cf. Lc 1,38).
Muitos cristãos são cheios de boas virtudes, mas, infelizmente, tornam-se "inchados", pensando infantilmente que essas boas virtudes são méritos próprios e não graças de Deus, para serviço dos outros.
Ser humilde é ser santo, é viver o oposto de tudo isso: é saber descer do pedestal, é não se autoadorar, é preferir fazer a vontade dos outros à própria, é ser silencioso, discreto, escondido, é fugir das pompas e dos aplausos.
Veja também: O desafio de permanecer na humildade
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