O ser humano egoísta, fechado em si mesmo, procura a própria glória. Jesus, cumprindo a vontade do Pai, dá glória a Deus e mostra que o projeto divino é ser plenamente humano: as pessoas o escutarão vivendo o amor que tem como único ponto de referência a vida e ação de Jesus. Para realizar esse projeto, que é, ao mesmo tempo, divino e humano, os cristãos são convidados a reforçar constantemente suas opções, a fim de superar, vitoriosos, as tribulações, mantendo-se unidos na fé e no amor.
Em Jesus, Deus se tornou um de nós, tornando possível a intimidade do Pai com as pessoas. Jesus dera o exemplo. Pouco antes, lavara os pés dos discípulos, mostrando o que é amar. "Como eu os amei." O amor é gratuito. Ele não pede amor para Ele, mas para os irmãos.
O Amor é ativo. Deve ser manifestado em gestos. Dessa forma, a revelação de Jesus se prolonga no amor das pessoas na comunidade: "Nisso conhecerão que vocês são meus discípulos, se tiverem amor uns para com os outros."
O mundo, diante do amor, que é uma maneira de Cristo estar presente, acreditará n'Ele. Esse mandamento, característico de Jesus, é, antes de tudo, um novo modo de vida, um novo objetivo.
Para Cristo, e também para a Igreja, o amor é a base de tudo e nele tudo tem valor, enquanto que, sem ele, nada é agradável a Deus. Esse amor de que Jesus fala não é senão o amor divino que nos foi dado pelo Espírito Santo.
Percebido no Batismo, ele nos insere na Trindade, fazendo-nos filhos de Deus. É amando como Jesus que a terra se une ao céu. E é por meio desse amor que a realidade divina vive na terra, dando-nos a certeza de que o paraíso se constrói aqui, como uma antecipação da graça definitiva no céu.
Somos cristãos à medida que amamos e expressamos esse amor como Jesus: fazendo a vontade do Pai, construindo seu Reino, deixando cair por terra à mentira que nos impede de dar ao mundo a resposta que Deus deseja. Nunca deixemos de amar, particularmente os que nos perseguem, caluniam e injuriam. Mais do que amar por fora, devemos amar em gestos concretos de tolerância, de amor e de recuperação dos que insistem em não amar. Amar a Deus no próximo e nos que são pedra em nossos sapatos é a gênese da vida cristã, ensinada pelo Ressuscitado!
Dom Eurico dos Santos Veloso Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG)
Nós, católicos, somos comumente acusados de adorar imagens e santos, e de sermos idólatras, entre outros. Não sei quanto a você, mas, quantas vezes, eu já me vi em situações embaraçosas com irmãos de outras denominações religiosas no que diz respeito a esse assunto. E quando não conhecemos a doutrina de nossa Igreja, é muito comum sairmos dessas situações com raiva, frustrados, ou coisa parecida.
Na verdade, nós precisamos aprender mais sobre a nossa fé. Precisamos aprender aquilo que professamos. O católico não adora imagens. O católico venera os santos. Existe uma diferença entre adoração e veneração.
Adorar = Prestar culto a...
Venerar = Reverenciar, fazer memória, ter grande respeito...
A adoração ocorre quando existe um culto no qual é envolvido um sacrifício. Se você pegar o Antigo Testamento, vai encontrar várias passagens bíblicas que mostram que quando os judeus iam adorar, ofereciam algum animal em sacrifício a Deus. Esse tipo de sacrifício é conhecido como "sacrifício cruento", ou seja, com derramamento de sangue. Ao morrer por nós, na Cruz, Jesus se ofereceu em sacrifício por nós. Ofereceu sua Carne e o seu Sangue. Por isso, o chamamos de Cordeiro de Deus. Na celebração da santa Missa, nós renovamos (tornamos novo) esse sacrifício. Porém, no momento da Celebração Eucarística há o "sacrifício incruento", ou seja, sem derramamento de sangue.
Quando adoramos o Santíssimo Sacramento, adoramos o próprio Corpo de Cristo, e o fazemos somente em virtude do santo sacrifício da santa Missa, por meio do qual o pão se transforma no Corpo de Cristo e o Vinho se transforma no Sangue de Nosso Senhor. É por isso que, muitas vezes, ouvimos a Igreja nos dizer que o maior culto de adoração é a santa Missa. Não existe adoração sem sacrifício.
Já a veneração é semelhante àquilo que os filhos têm para com os pais, quando pedem algo a estes, elogiando-os, agradecendo-os... Fazem isso porque admiram, respeitam e amam os pais.
Percebe a diferença?
Então quando alguém, – que não conhece o real sentido da adoração –, vê um católico venerando um santo, acaba o acusando de fazer algo a uma criatura que, segundo ele, só caberia ao Criador. Isso acontece porque eles não vivem a real dimensão da adoração.
Mas e as imagens?
No século I, não existia máquina fotográfica. Mas as pessoas gostavam de se recordar dos entes queridos. Assim como, hoje, fotografamos alguém e guardamos aquela foto. Naquela época, se reproduziam imagens, desenhos, estátuas... Era uma prática comum. De forma que esses objetos acabaram se tornando um meio de relembrar, de fazer memória a pessoas amadas e queridas. Nós, católicos, em particular, o fazemos para prestar memória àqueles homens e mulheres que viveram a radicalidade da fé: os santos. Uma fé cheia de virtudes e, muitas vezes, de martírio. Fé esta que gerou neles a santidade.
Se não podemos ter essas imagens, tampouco podemos ter fotografias de pessoas que já se foram. Duvido muito que aqueles que nos acusam de idolatria joguem fora as fotos e lembranças de pessoas queridas. Assim como duvido que eles esqueçam das virtudes dos seus...
Nós, católicos, em especial, temos e devemos ter, sem medo, imagens dos santos e das santas de Deus em nossas casas. É importante reverenciá-los, lembrando das virtudes e do amor deles por Jesus Cristo, e pedindo-lhes a intercessão junto a Deus. Afinal, eles estão no céu. Fazem parte do corpo místico da Igreja. E se você não crê na intercessão, meu amigo, não peça que ninguém reze por você.
Adorar: somente a Deus. Prestar culto: somente a Deus.
Mas venerar? Venere, sem medo, a todos os santos e santas de Deus.
E se alguém, um dia, vier acusá-lo de idolatria ou coisa semelhante, não esquente a cabeça. Fique em paz. E lembre-se de que apenas os que participam do santo sacrifício da santa Missa é que fazem a verdadeira adoração.
Certa vez, disse para uma amiga: "Não desista de viver a bondade!" Passaram-se anos e há poucos dias ela me disse: "Nunca mais esqueci suas palavras e tenho deixado-me conduzir por elas, as quais permanecem como eco em minha memória".
A princípio, fiquei somente surpresa por ela ter se recordado tão vivamente do conselho, mas depois percebi que era mais que isso. Em suas palavras, percebi o Senhor atualizando o recado também para minha vida.
Em um mundo no qual se coloca em evidência aquilo que não é bom, se não estivermos alicerçados em princípios de fé e esperança, correremos o risco de nos deixar levar pela maldade e agir pela força dos argumentos da razão, desistindo facilmente de ser bons.
Hoje falei sobre isso em um dos programas que apresento na Rádio Canção Nova e resolvi ampliar a partilha na intenção de que ela chegue ao seu coração. Eu acredito no poder da bondade! Posso dizer, por esperiência própria, que o amor é mais forte do que o poder do mal.
Existe uma fábula atribuída a Esopo que pode ilustrar essa partilha e eu a apresento aqui:
"Conta-se que o sol e o vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte.
O vento disse:
- Provarei que sou o mais forte.
Vê aquela mulher que vem lá embaixo com um lenço azul no pescoço?
Aposto como posso fazer com que ela tire o lenço mais depressa do que você.
O sol aceitou a aposta e recolheu-se atrás de uma nuvem.
O vento começou a soprar até quase se tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava,
mais a mulher segurava o lenço junto a si.
Finalmente, o vento acalmou-se e desistiu de soprar.
Então, o sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para a mulher.
Com este gesto, ela imediatamente esfregou o rosto e tirou o lenço do pescoço.
O sol disse, então, ao vento:
- Lembre-se disso: A gentileza e a bondade são sempre mais fortes que a fúria e a força".
Acredito que, com essa narrativa, Deus está nos dando hoje a direção para vencermos os obstáculos de nossa vida. Não com a força, não com a fúria, mas com a gentileza, com o sorriso, com a bondade, com a paciência, com o amor e o perdão, é assim que venceremos!
Não sei em qual etapa da vida você se encontra, quais são os desafios que tem enfrentado, mas acredito que Jesus, o "Homem bom por excelência" , pode e quer nos ajudar a darmos uma resposta diferente, fazendo opção pela bondade. A Palavra do Senhor diz: "Não pela força, nem pela violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos [...]" (Zacarias 4,1-10).
E o Espírito de Deus nos conduz somente àquilo que é bom, justo e nobre.
Que tenhamos a coragem e a disposição para expressar a bondade que está em nós e pode chegar a muitos corações a partir da nossa decisão e coragem de ser um pouco melhores a cada dia. Eu estou tentando. E você?
Busquemos, juntos, neste dia, dar a vitória à bondade. A força dessa virtude, passando por nossos pequenos gestos, pode fazer grande diferença.
Aspecto que implica corpo, mente, espírito e coração
Ao falar da sexualidade humana, não podemos nos referir unicamente à genitalidade, já que a sexualidade impregna a totalidade da pessoa humana. É por esta razão que a sexualidade na pessoa celibatária acompanha sua vida e desenvolvimento espiritual. Por princípio, a pessoa celibatária é um ser sexuado, ou seja, é homem ou mulher, aspecto que abarca toda sua vida, seu nascimento, história, relacionamentos pessoais, experiências, etc.
Este aspecto implica corpo, mente, espírito e coração, dando lugar a uma forma feminina ou masculina de relacionar-se, de se comunicar, desenvolver uma intimidade consigo e com as outras pessoas, entre outros.
A pessoa que opta pelo celibato não pode deixar de lado o aspecto transcendente da sexualidade, criado e dado ao homem como dom maravilhoso, que é a força que nos leva a amar, a maneira de ser, atuar, de nos comunicar, de nos encontrar com nós mesmos, com Deus e com as outras pessoas.
A correlação existente entre a sexualidade e a espiritualidade é o AMOR, que cria e impulsiona a gerar e a dar. Assim, também podemos falar da sexualidade como essa energia, esse impulso interno e de vida que conduz a pessoa a experimentar a integração de seu ser, gerando uma sã afetividade que se reflete na felicidade, na totalidade, na entrega e no encontro íntimo com Deus e consigo.
Desta maneira é como podemos compreender que a pessoa celibatária não renuncia a sua sexualidade, nem muito menos a AMAR, pelo contrário, renuncia à relação de genitalidade ou de cópula, a toda relação de exclusividade, para assim utilizar toda sua energia afetiva e sexual no amor, na dedicação, na entrega e na doação, o que repercute direta e totalmente na vida espiritual.
Bibliografía
Cencini, A. (1996). "Por amor, com amor, no amor. Liberdade e maturidade afetiva no celibato consagrado". Madri. Atenas.
Puerto, C. "Sexualidade Celibatária, um caminho de espiritualidade". Madri.
Ser padre é também saber sofrer os reveses da vida
Eu estava nos primeiros meses da minha vida como sacerdote, residia na minha terra natal, sede da diocese. Trazia o coração cheio de alegria pelo cumprimento das promessas de Deus, que me convidou para segui-Lo. Em minha mente, os conceitos aprendidos na Teologia estavam vívidos e bem definidos, eu era professor no seminário diocesano e embora não tivesse ainda assumido trabalhos paroquiais, sentia-me capaz de 'transformar' o mundo através do exercício do ministério.
Fui chamado a um hospital para visitar uma jovem mãe que havia dado à luz no dia anterior. Entusiasmado, preparei-me também para visitar outros que porventura precisassem. Depois de abençoar mãe e filho recém-nascido, comecei a visitar os enfermos naquele hospital. Uma jovem veio ao meu encontro, ofegante, pediu que eu fosse dizer umas palavras à sua mãe. "O médico nos disse que fez tudo o que era possível por ela", afirmou a jovem. Tratava-se de uma idosa com câncer em estado terminal. Não imaginava que meu encontro com aquela enferma pudesse ser, para mim, uma das mais importantes lições que aprenderia depois das aulas de Teologia, encerradas havia pouco tempo.
- "Sua bênção, senhor padre!", assim me disse aquela senhora de olhos fundos, pele pálida e rosto maltratado pela enfermidade. Sempre fiquei impressionado com o câncer, este mal corrói a pessoa de dentro para fora e o seu tratamento clínico faz o mesmo, de fora para dentro. Imaginei que o Senhor me conduzira até ali para dar um grande apoio àquela senhora. Após a santa confissão e durante a santa unção percebi seus olhos lacrimejarem. Também fiquei comovido por contemplar as mãos de Jesus consolando uma pessoa prestes a partir deste mundo. Antes de sair e chamar novamente os parentes que estavam no quarto, eu lhe disse:
"Hoje o Senhor Jesus a visitou, agradeça-O e não fique triste!" E "Considero-me uma cancerosa muito feliz, senhor padre!", respondeu. Fiquei impressionado com a resposta e ao perceber meu espanto, acrescentou: "Nunca fui tão feliz como depois do câncer! Sofri 37 anos um casamento marcado por traições e alcoolismo, meu marido era um homem derrotado pelo vício e pelo pecado. Orei muito pedindo ao Senhor que o livrasse daquela vida. Depois que descobri essa doença em mim, percebi que meu marido ficou tão comovido que algo mudou dentro dele. Há alguns dias ele me pediu perdão por toda dor que me causou, mas já há muito tempo percebo em seus gestos que minha doença curou a dele. Meu casamento foi restaurado! Aquela jovem que foi chamá-lo, senhor padre, era uma menina perturbada por uma depressão terrível. Vivia fechada em seu quarto, não saía nem para se alimentar e chegou a tentar o suicídio várias vezes. Quantas vezes chorei com o rosário na mão, implorando um milagre por esta filha. O milagre aconteceu! Depois que comecei o tratamento do câncer, essa filha se recuperou repentinamente e passou a acompanhar-me de exame em exame, de hospital em hospital. Quando me sentia abatida, era ela que me fazia sorrir com histórias alegres e o testemunho do seu amor. O milagre da minha filha aconteceu através do meu câncer. Por fim, meu filho mais velho, casado há 15 anos, estava para se separar da esposa. Ele, em crise de fé, queria abandonar a Igreja Católica e sua esposa não concordava. Fiquei arrasada porque mesmo apesar de ter sofrido tanto com meu esposo, nunca aceitei a ideia de separação. Para não desrespeitar o espaço deles, fiquei calada e apenas orei. O que minhas palavras não disseram o câncer falou. Já faz três meses que eles estão bem, e ambos vêm me visitar todos os dias; juntos rezamos o terço e meu filho renovou sua fé e respeito pela Igreja. O câncer veio na hora certa, na hora de restaurar minha família! Posso morrer em paz, pela bênção que o senhor me trouxe através dos sacramentos, e pela alegria de ver minha família restaurada por Deus através dos meus sofrimentos".
A Igreja, por intermédio de meu bispo, me ordenou sacerdote. O seminário me formou por meio de duas faculdades e pelo acompanhamento dos formadores. Mas foi uma moribunda num leito de hospital que me ajudou a entender um pouco mais o que é ser padre. Estou prestes a celebrar 10 anos de sacerdócio. Tenho vivido muitas experiências difíceis e algumas delas muito duras. Quando me sobrevém algo muito difícil, lembro-me daquela senhora cancerosa, a quem o Senhor chamou para a eternidade… Então compreendo que ser padre é também saber sofrer os reveses da vida para que outros tenham vida. Ser outro Cristo é aceitar o Calvário para que outros experimentem a Páscoa. Das muitas lições que ainda tenho de aprender, essa primeira me serviu para dar sentido a todo sacrifício que abracei para ver tanta gente feliz. Gente que aprendi a amar, olhando o amor de uma cancerosa que imitou Jesus.
'Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração'
Faz parte da vida humana estar, muitas vezes, sob a influência de fortes desejos. Tais estados de alma podem reforçar os grandes ideais, quando somam energias com os sonhos, que alimentam a nossa trajetória. Ter desejos é querer possuir; é predispor-se a gozar; é entregar-se a uma força que mal conseguimos manipular. Tem características de satisfação egoísta, embora persistam espaços para o altruísmo. Talvez a sã psicologia tenha descrições melhores a oferecer.
O que aqui apresento reveste-se apenas de fenômenos observados pela razão, que chamamos de bom senso. Logo abaixo quero reconhecer que existem, sim, desejos construtivos. Mas comecemos pelos desejos que nos travam e nos introduzem na parca produção, diante dos grandes deveres, de que estamos revestidos.
Há desejos que nos puxam para baixo e nos colocam em posição de correr atrás dos falsos valores. Vejamos, por exemplo, o desejo sexual que pode nos atormentar, em busca de amores impossíveis e contrários à ética cristã. Mas não é só a sexualidade que pode nos colocar em estado improdutivo. Também o desejo irrefreável do dinheiro, a "cobiça dos olhos".
O mesmo se diga, com mais ênfase, sobre o desejo de prestígio a todo custo, da fama (muitas vezes não merecida), da perseguição contra pessoas que atrapalham. Jesus advertiu: "Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6, 21).
Os desejos amorosos de um casal, em santa união, podem ser poderosas alavancas para a concretização de sua vida familiar. Tais sentimentos se tornam convergentes. Lembro-me aqui também dessas almas privilegiadas, que envidam todos os esforços nas obras sociais. Ou mesmo, daqueles que querem ocupar posições de realce na sociedade, para fazer o bem e melhorar as condições do povo. Mas de forma alguma posso esquecer aquelas almas mais sublimes, como São Paulo, que se aproximam de Deus e não dividem seus desejos com falsos ídolos. Tais pessoas são os "puros de coração" cujos desejos estão fixados no essencial.
Esse é o ajustamento que todos devemos procurar. Jesus previu isso: "Eu, uma vez levantado [na cruz], atrairei todos a mim" (Jo 12, 32).
Decida-se não parar diante das situações frustrantes
O ser humano constantemente busca a felicidade. Tudo o que as pessoas empreendem e visam tem como meta encontrar uma realização. Desde os gestos mais simples, como suprir as necessidades básicas, até os mais audaciosos projetos, são impulsionados pelo desejo de satisfação interior.
Essa procura pelo preenchimento da alma está inscrita no coração do homem. Deus nos fez para sermos felizes.
O Catecismo da Igreja Católica afirma: "Somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar" (CIC 27). É no Senhor que descobrimos a feliz vivência e a verdade acerca de todas as coisas, inclusive a nosso próprio respeito.
Em vários trechos da Sua Palavra, o Altíssimo nos dá princípios e ordens que nos orientam como proceder para sermos contagiados pelo bem-estar que vem d'Ele: "A alegria do Senhor será a vossa força" (Ne 8, 10); O Sermão da Montanha (Mt 5, 1-11); Honra teu pai e tua mãe para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a terra (Ef 6,2); e muitos outros.
Só desencaminha-se de tal desígnio divino aquele que procura ser feliz fora de Deus, que busca a sua própria verdade e realização (como se assim pudesse existir), motivado por uma noção inexata de como alcançar a felicidade. Em vez de construir uma Alegria incorruptível, procura gozo imediato sem projetar as consequências posteriores.
É essa a tentação que foi oferecida a Jesus no deserto (cf. Mt 4; Lc 4) e que também hoje o demônio usa para nos seduzir. Ele quer arrancar-nos a identidade através das ilusões do Ser, do Ter e do Poder, assim, cedemos aos impulsos que trarão satisfação apenas momentaneamente, colocamo-nos no lugar de deuses, perdemos a consciência da verdade a nosso respeito e consequentemente idolatramos aquilo que nos dá prazer.
Para vivermos a felicidade, desde já, é preciso renunciar a essas três tentações (ser, ter poder), trabalhando em nós virtudes que são inversas a elas, as quais nos restabelecem a verdade de sermos criaturas e de que somente em Deus obteremos a alegria.
São práticas contrárias às tentações:
O Louvor: palavras de agradecimento, de exaltação ao Senhor, que O colocam em primeiro plano na nossa vida, rendendo adoração Àquele que é e tudo pode em nós, por nós e em meio a nós. Louvar tira do ser humano a tentação do ser, pois só Deus é.
Mesmo em meio à tribulação louve, pois "todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam Deus" (Rm 8,28). Só um coração agradecido confia verdadeiramente nisso, pois louva a Deus diante de sua impotência e conta com o Deus Misericórdia, acreditando que mesmo do sofrimento algo de proveito virá.
Amaldiçoar nessa hora é não acreditar que o Senhor manifestará seu socorro.
Outro fator, é que aquele que não murmura, torna-se mais agradável no convívio com outras pessoas. Causam boa impressão onde passam. "A boca fala daquilo de que o coração está cheio" (Lc 6,45).
A Gratuidade: faça coisas sem esperar retribuição. Muitas das decepções que temos na vida vêm por esperarmos demais dos outros. Gratuidade liberta nosso coração de apegos e méritos, livra-nos da obrigação de recompensas, inclusive de nossas cobranças com nós mesmos. Quem não cobra do irmão, aprende a valorizar a pessoa em primeiro lugar a partir da experiência consigo.
Tenha iniciativa você, quando o outro não merece é sinal de que precisa ainda mais.
Agir com gratuidade é confiar na Divina Providência, já que proporciona o dom que se obteve de Deus em favor de quem está ao lado: "Recebestes de graça, de graça dai!" (Mt 10,8) e subtrai do coração a inclinação de ter.
O amor só é pleno quando é com gratuidade: "não é interesseiro, desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo" (I Cor 13, 5-6).
A Decisão: Aja para que sua felicidade aconteça. Tenha metas a pequeno, médio e longo prazo. A felicidade vem por meio de um projeto de vida. Se hoje não deu certo, não desista! Deus está nos seus sonhos. Sonhos podem ser o indicativo do Pai para a sua vocação.
Decida-se não parar diante das situações frustrantes. Isso comporta uma predisposição do coração em não se prostrar mediante os percalços e imprevistos do dia a dia. É natural ficar pesaroso diante de algo que venha a ferir os sentimentos, mas não se deve arrastar o problema ou supervalorizá-lo. O sofrimento tem que ser fecundo. Aprendemos com a dor. Mas tudo nesta vida passa! Nada permanece, a não ser Deus.
Lembre-se de que a pessoa que decide viver bem o seu dia, não se abate com alguns minutos que não foram favoráveis.
Decidir pela felicidade em Deus, investe contra o anseio de poder, pois busca motivos interiores para ser feliz e não se sujeita a estar bem por conquistar bens ou por ter pessoas subordinadas. É errônea a concepção de que só se é feliz quando se conquista algo.
Por fim, é possível não somente chegar à alegria terrena, na nossa natureza humana, como também ao júbilo espiritual, pois a felicidade é um dom para o ser humano no seu todo.
O Pai quer realizar-nos por completo, dando-nos a identidade de sermos filhos, que junto a Ele têm a posse do Seu Reino e de um dia podermos dividir da Sua glória. Aí está a verdade da felicidade.
Experimentamos, na vida, todos os tipos de sensações e provações. Trilhamos caminhos que ora são acolhedores, ora, profundamente dolorosos. Ritualizamos momentos. Celebramos aniversário, formatura, novo emprego, prêmios, aprovações em concursos, defesas de teses, casamento. De outro lado, separações, mortes, demissões, injustiças, inveja, mentiras. O riso ou as lágrimas convivem conosco. A euforia e o desânimo também. E, assim, vamos nos construindo, nos educando.
No processo de crescimento, os exemplos de vida nos ajudam a melhorar a nossa disposição para a própria vida. A vida que passa muito rapidamente, ou não, nos dizeres de Cora Coralina:
Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
A educação depende da capacidade que temos de tocar o coração das pessoas. E isso se dá de muitas maneiras. Uma delas ocorre quando apresentamos modelos de vida. Não modelos perfeitos, mas pessoas que se notabilizaram por vencer os obstáculos e perseguir a meta.
A biografia de Gabrielle Chanel ou Coco Chanel mostra a saga de uma menina que tendo a mãe morta é deixada no orfanato pelo pai. Quando este parte, ela olha pela porta semiaberta desejosa de que ele olhe pelo menos mais uma vez para trás. Ele não olha e nunca volta para buscá-la. E ela, ritualmente, se arrumava todos os domingos para a tão esperada visita. Sofreu muito a menina. Sofreu muito a mulher. Sofreu muito a madura Chanel para reerguer-se depois da guerra. Certa vez, ela confessou: "A força se constrói com fracassos, não com sucessos".
A vida de Nelson Mandela é um tesouro para a educação. Sua fé na justiça, apesar das injustiças. Sua perseverança na liberdade, apesar da prisão. Seu sonho de construir uma nação em que a cor da pele não desse o tom do respeito. Usou de todas as forças possíveis para que o seu povo celebrasse o sonho antevisto por Luther King, outro referencial.
"Eu tenho um sonho que um dia minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter", declarou este último.
Quando apresentamos biografias aos nossos alunos, permitimos que percebam, com mais cuidado, a riqueza da vida talhada em momentos mais fáceis e em momentos mais difíceis. Mostrar o sucesso apenas é desconsiderar os muitos fracassos que haverão de viver os nossos aprendizes. Preparar para o fracasso parece um paradoxo para quem se prepara para a vida. Mas não é. Quantos fracassos viveram Chanel ou Mandela? Mas persistiram porque foram talhados para a luta. Em um mundo cheio de competições, em que as pessoas acabam sendo descartadas sem muita cerimônia, em que os empregos não são definitivos, educar para a adversidade faz parte do escopo essencial da relação de ensino e aprendizagem.
Sempre defendi que humanizássemos os autores para que a literatura fosse mais sedutora. Quem conhece a biografia de Machado de Assis contempla sua obra com mais entusiasmo. Quem sofre com Castro Alves as dores da ausência da liberdade contempla como o mesmo olhar de pássaro a nau composta de escravos e a dor com que o poeta clama aos céus.
A literatura dialoga com a história que dialoga com a vida. As ciências também tratam da vida como a geografia. As novas línguas que aprendemos abrem janelas para outras possibilidades. É tudo real. O conhecimento e a aprendizagem acontecem como a vida acontece. E libertam com o poder de tirar dos porões o oprimido; era esse o sonho de Paulo Freire.
Os educadores têm de ter em mente esse desafio, apresentar vidas para que as vidas dos aprendizes tenham ainda mais significado. Há um filme, recentemente lançado, "Sempre ao seu lado" que começa em uma sala de aula em que os alunos têm de contar a história de um grande herói. E um menino começa a falar do cachorro do seu avô. E o relato vai emocionando a sala porque há algo de fascinante na fidelidade do cachorro. Sua espera. O dono, um professor de música, nunca mais haveria de voltar. Mas o seu ofício era o de esperar. E as pessoas iam aprendendo com a "sabedoria" canina. E compreendendo o seu desejo de liberdade e de ternura a quem ele escolheu para servir.
Há heróis anônimos. E certamente os alunos conhecem alguns deles. Essa é uma experiência que vale a pena. Misturar biografias conhecidas com histórias do quarteirão. Vidas sempre têm importância. Algumas conseguem notoriedade, outras mudam mundos em um cantinho qualquer do mundo. Esse é o antídoto que temos contra a destruição dos valores humanos. É nadando contra a correnteza que fortalecemos os nossos músculos morais e temperamos nosso caráter com dignidade e ternura. Nós, educadores, podemos fazer a diferença. Vale a pena experimentar…
Um mito não chegaria ao século XXI com mais de um bilhão de adeptos
Conta-se que certa vez um soldado de Napoleão Bonaparte, empolgado com as conquistas do grande imperador da França, lhe disse:
- Imperador, pode fundar a nossa religião e a nossa igreja. Estamos prontos a seguir Sua majestade.
Ao que Napoleão lhe teria respondido: - Filho, para alguém inaugurar uma religião e fundar um igreja, precisa de duas coisas: primeiro, morrer numa cruz; segundo, ressuscitar ao terceiro dia. A primeira eu não quero e a segunda eu não posso; então, para com esta estória de fundar uma igreja e uma religião.
O que mais me impressiona nesta narração, que ouvi de um professor universitário de História, é que Napoleão não era bom católico, tanto assim que foi o primeiro imperador a não aceitar ser coroado pelo Papa, quando este era o costume da época, e mais: mandou prender o Papa Pio VI, e depois, o Papa Pio VII, quando este não quis concordar com o divórcio do seu irmão Jerônimo. No entanto, Napoleão sabia que só Jesus tinha credenciais divinas para fundar uma Igreja.
A Igreja Católica é a única que foi fundada expressa e diretamente por Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, Deus verdadeiro. Isso é o que faz dela a única Igreja autêntica. As outras são invenções dos homens.
Mas muitos perguntam: será que Jesus Cristo é mesmo Deus? Será que Jesus existiu mesmo? Será que fundou a Igreja mesmo?
Vamos responder a cada uma dessas perguntas. Comecemos pela existência histórica de Jesus Cristo.
Além dos Evangelhos e Cartas dos Apóstolos, a mesma História que garante a existência dos faraós do Egito, milhares de anos antes de Cristo, garante a existência de Jesus. Muitos documentos antigos, cuja autenticidade já foi confirmada pelos historiadores, falam de Jesus. Vamos aqui dar apenas alguns exemplos disso e mostrar que Nosso Senhor Jesus Cristo não é um mito.
Documentos de escritores romanos (110-120):
1.Tácito (Publius Cornelius Tacitus, 55-120), historiador romano, escritor, orador, cônsul romano (ano 97) e procônsul da Ásia romana (110-113), falando do incêndio de Roma, que aconteceu no ano 64, apresenta uma notícia exata sobre Jesus, embora curta:
"Um boato acabrunhador atribuía a Nero a ordem de pôr fogo na cidade. Então, para cortar o mal pela raiz, Nero imaginou culpados e entregou às torturas mais horríveis esses homens detestados pelas suas façanhas, que o povo apelidava de cristãos. Este nome vêm-lhes de Cristo, que, sob o reinado de Tibério, foi condenado ao suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Esta seita perniciosa, reprimida a princípio, expandiu-se de novo, não somente na Judéia, onde tinha a sua origem, mas na própria cidade de Roma" (Anais, XV, 44).
2. Plínio o Jovem (Caius Plinius Cecilius Secundus, 61-114), sobrinho de Plínio, o Velho, foi governador romano da Bitínia (Asia Menor), escreveu ao imperador romano Trajano, em 112:
"[...] os cristãos estavam habituados a se reunir em dia determinado, antes do nascer do sol, e cantar um cântico a Cristo, que eles tinham como Deus" (Epístolas, I.X 96).
3. Suetônio (Caius Suetonius Tranquillus, 69-126), historiador romano, no ano 120, referindo-se ao reinado do imperador romano Cláudio (41-54), afirma que este "expulsou de Roma os judeus, que, sob o impulso de Chrestós (forma grega equivalente a Christós, Cristo), se haviam tornado causa frequente de tumultos" (Vita Claudii, XXV).
Esta informação coincide com o relato dos Atos dos Apóstolos 18,2, onde se lê: "Cláudio decretou que todos os judeus saíssem de Roma"; esta expulsão ocorreu por volta do ano 49/50. Suetônio, mal informado, julgava que Cristo estivesse em Roma, provocando as desordens.
Documentos judaicos:
1. O Talmud (Coletânea de leis e comentários históricos dos rabinos judeus posteriores a Jesus) apresentam passagens referentes a Jesus. Note que os judeus combatiam a crença em Cristo, daí as palavras adversas ao Senhor.
Tratado Sanhedrin 43a do Talmud da Babilônia:
"Na véspera da Páscoa suspenderam a uma haste Jesus de Nazaré. Durante quarenta dias um arauto, à frente dele, clamava: "Merece ser lapidado, porque exerceu a magia, seduziu Israel e o levou à rebelião. Quem tiver algo para o justificar venha proferi-lo!" Nada, porém se encontrou que o justificasse; então suspenderam-no à haste na véspera da Páscoa."
"Por essa época apareceu Jesus, homem sábio, se é que há lugar para o chamarmos homem. Porque Ele realizou coisas maravilhosas, foi o mestre daqueles que recebem com júbilo a verdade, e arrastou muitos judeus e gregos. Ele era o Cristo. Por denúncia dos príncipes da nossa nação, Pilatos condenou-o ao suplício da Cruz, mas os seus fieis não renunciaram ao amor por Ele, porque ao terceiro dia ele lhes apareceu ressuscitado, como o anunciaram os divinos profetas juntamente com mil outros prodígios a seu respeito. Ainda hoje subsiste o grupo que, por sua causa, recebeu o nome de cristãos" (Antiguidades Judaicas, XVIII, 63a).
Documentos Cristãos:
Os Evangelhos narram, com riqueza de detalhes históricos, geográficos, políticos e religiosos a terra da Palestina no tempo de Jesus. Os evangelistas não poderiam ter inventado tudo isso com tanta precisão.
São Lucas, que não era apóstolo nem judeu, fala dos imperadores César Augusto, Tibério; cita os governadores da Palestina: Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, Lisânias e outros personagens como Anás e Caifás (cf. Lc 2,1;3,1s). Todos são muito bem conhecidos da História Universal.
São Mateus e São Marcos falam dos partidos políticos dos fariseus, herodianos, saduceus (cf. Mt 22,23; Mc 3,6).
São João cita detalhes do Templo: a piscina de Betesda (cf. Jo 5,2), o Lithóstrotos ou Gábala (cf. Jo 19, 13), e muitas outras coisas reais. Nada foi inventado, tudo foi comprovado pela História.
Além dos dados históricos sobre a vida real de Jesus Cristo, tudo o que Ele fez e deixou seria impossível se Ele não tivesse existido. Um mito não poderia chegar ao século XXI [...] com mais de um bilhão de adeptos.
Os Apóstolos e os evangelistas narraram aquilo de que foram testemunhas oculares; não podiam mentir sob pena de serem desmascarados pelos adversários e perseguidores da época. Eles eram pessoas simples, alguns, pescadores e nunca teriam a capacidade de ter inventado um Messias do tipo de Jesus: Deus-homem, crucificado, algo que era considerado escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Jamais isso seria possível com Israel sob o jugo romano, dominador intransigente.
Outro fato marcante é que os judeus esperavam um Messias "libertador político", que libertasse Israel dos romanos, no entanto, os Evangelhos narram um Jesus rejeitado pelos judeus, e que vem como libertador espiritual e não político. Os apóstolos teriam a capacidade e a coragem de inventar isso? Homens rudes da Galileia não teriam condições também de forjar um Jesus tão sábio, santo, inteligente, desconcertante tantas vezes.
Tem mais, a doutrina que Jesus pregava era de difícil vivência no meio da decadência romana; o orador romano Tácito se referia ao Cristianismo como "desoladora superstição"; Minúcio Félix falava de "doutrina indigna dos gregos e romanos". Os Apóstolos não teriam condições de inventar uma doutrina tão diferente para a época.
Será que poderia um mito ter vencido o Império Romano? Será que um mito poderia sustentar os cristãos diante de 250 anos de martírios e perseguições? O escritor cristão Tertuliano (†220), de Cartago, escreveu que "o sangue dos mártires era semente de novos cristãos".
Será que um mito poderia provocar tantas conversões, mesmo com sérios riscos de morte e perseguições?
No século III já havia cerca de 1.500 sedes episcopais (bispos) no mundo afora. Será que um mito poderia gerar tudo isso? É claro que não.
Será que um mito poderia sustentar uma Igreja, que começou com doze homens simples, e que já tem 2.000 anos; que já teve 264 Papas e que tem hoje mais de 4.000 bispos e cerca de 410 mil sacerdotes em todo o mundo? As provas são evidentes. Negar, historicamente que Jesus existiu, seria equivalente a negar a existência de Platão, Herodes, Pilatos, Júlio César, Tibério, Cleópatra, Marco Antônio, entre outros.
O relacionamento vai exigir do casal o desprendimento para o novo
A vivência da intimidade sexual passou a ser normal para muitos casais de namorados. Talvez, por não entenderem a transcendência do ato sexual, muitas vezes, o sexo é nivelado por baixo. Uma vez minimizado na sua grandeza, erroneamente, este é também colocado como meio de sustentação do namoro. Para a maioria dos jovens casais, tal intimidade é justificada como sendo também uma fase do conhecimento daquele (a) a quem dizem amar.
A experiênciasexual nesse período ganha força quando o casal percebe que essa é uma prática comum também no relacionamento dos colegas. Na roda de amigos, muitos pensam que seria bobeira não aproveitar a situação, sendo que o (a) namorado (a) deseja o mesmo. Julgando-se conhecedores de todas as coisas e muito seguros de si, acreditam que a possibilidade de uma gravidez só acontece para quem não souber evitá-la; até o momento em que a namorada traz a notícia de que está grávida. (Dessa vez, a tônica das conversas na roda de amigos será o "vacilo que fulano deu"!)
É sabido que algumas jovens têm más experiências ao comunicarem ao namorado a "consequência" ocorrida pela referida intimidade. Nesse momento, alguns simplesmente desaparecem ou as culpam, como se elas fossem as únicas responsáveis pela gravidez. Os namorados se esquecem de que a responsabilidade que hoje está sobre elas é também resultado do compromisso que, indiretamente, assumiram ao desejar viver a intimidade no namoro. As jovens mães percebem, então, a duras penas, que fizeram uma má escolha, reconhecendo que aqueles que, antes, lhes fizeram tantas promessas, foram apenas capazes de engravidá-las. Mesmo sem querer, agora, o casal de namorados se torna pais.
Para outros casais, ainda que a notícia da gravidez venha a abalar o dia, eles sabem que não poderão ocultar a situação por muito tempo. Em breve começarão a acontecer as mudanças no corpo da mulher. Então, a ela caberá a responsabilidade de enfrentar os pais e tentar justificar o óbvio; enquanto que a ele caberá a iniciativa de preparar condições de promover o conforto básico, tanto emocional como de bem-estar, que toda mulher grávida necessita.
Se uma gravidez para uma pessoa casada já causa grandes mudanças e exige muitas adaptações, imaginemos para aqueles que ainda estão no começo da realização de seus sonhos e planos... Para estes, a situação se torna ainda mais exigente, pois, vivendo o novo papel, surgem – nas vidas dos então namorados – as dificuldades pertinentes ao convívio contínuo. O relacionamento vai exigir do casal o compromisso e o desprendimento de se moldar ao inusitadoapresentado pela situação. Tudo será vivido de maneira intensa, em meio às preocupações, aos choros do bebê, às dificuldades para continuar os estudos, à busca de trabalho, à aceitação dos familiares, entre outros.
O tempo propiciado ao casal, durante o namoro, para avaliar o perfil do pretendente e se conhecer mutuamente é abreviado com a gestação da namorada. Com tantos desafios, os namorados perceberão que pouco conheciam o temperamento do outro e, muitas vezes, se veem despreparados para assumir as consequências do ato que os levaria para muito mais além do prazer experimentado.
Para não viver os mesmos atropelos de outros namorados que tiveram de provar das responsabilidades paternas antecipadamente, melhor será para os jovens casais aplicarem-se no crescimento, nas adaptações e no amadurecimento do namoro. Dessa maneira, quando se decidirem pelo casamento, nenhum dos dois poderá alegar que não conheceu suficientemente a pessoa escolhida para compartilhar com ele (a) a vocação do matrimônio.
A prova de amor se confirma no compromisso mútuo de fazer o outro feliz por aquilo que ele é e não por aquilo que ele faz.
Neste tempo de Páscoa, do memorial da Paixão de Cristo, tão cheia de significados e mistérios, remeto-me aos pensamentos daquelas pessoas que me procuram no consultório ou mesmo em conversas informais, e-mails e comentários no blog para falar de suas angústias e da vontade de viver o novo.
Viver o novo, muitas vezes, é reviver, mesmo que emocionalmente, aquelas dores que nos consumiram por um tempo, mas das quais temos de tirar apenas as lições necessárias para seguirmos em frente. Com isto, não quero que pense que estou dispensando seu sofrimento; muito contrário disto, quero que você faça comigo uma reflexão sobre aquilo que você é, aquilo que pensa, o que viveu e que gostaria de retomar na Páscoa da sua vida.
Viver a novidade da Páscoa é ressignificar, ou seja, dar um novo significado aos seus caminhos com um intenso desejo de transformar sua vida. Se você trazia consigo mágoas e ressentimentos, por que não perdoar? Por que não dar uma nova chance àquela amizade que você achava perdida? Por que não ressuscitar aquele casamento que você nem tinha mais esperança de retomar?
Se falamos da misericórdia de Deus, aceite que Ele, na figura do sacerdote, perdoe suas faltas; aceite de fato o perdão em sua vida. Temos memória, por isso não vamos nos esquecer das situações, mas não façamos delas um marco de dor e de autocondenação eterna em nossas vidas.
Se você busca converter-se daquilo que não gosta em sua vida, dos comportamentos dos quais você quer se livrar, siga um firme propósito, mas não tente fugir ou agir com comportamentos de fuga na primeira dificuldade. Pode ser difícil, pois a estrada terá muitas pedras, mas você colherá frutos saborosos ao prosseguir neste caminho. E é aí, bem neste ponto, que entra a sua fé n'Aquele que o fortalece e dá sustento no caminho. Fé naquele tratamento médico que você faz, mas que, nem sempre, lhe dá tanta confiança; fé que sua perseverança fará com que você encontre um novo trabalho para sustentar você e sua família. No entanto, há também um fator muito importante para que tudo isto ocorra: não adiantará a fé, se você não persistir, perseguir seu alvo.
Não seja expectador da sua própria vida; se está difícil, busque ajuda; se levantar-se é um peso maior do que aquilo que você consegue suportar, erga suas mãos, deixe de lado seu orgulho, peça ajuda. O conforto virá, muitas vezes, de onde menos acreditamos. Não queira resolver todas as suas pendências de uma vez. Organize seus pensamentos, coloque no papel as coisas que gostaria da fazer para viver melhor, coloque prioridades, imagine o passo a passo; não queira que tudo se transforme num piscar de olhos.
Seja, nessa Páscoa, um testemunho de vida nova. Use aquela fé e aquela atitude que, tantas vezes, você incentiva nas pessoas, mas que não tem coragem de assumir para você. Viva intensamente essa Páscoa, não apenas como um evento católico ou uma festa para celebrar e trocar chocolates, viva cada minuto de sua vida como uma verdadeira Páscoa para a vida inteira.