Sabemos organizar projetos, mas somos lentos em torná-los realidade
É sabido por todos que os Evangelhos não registram nenhuma palavra de São José; ele está sempre ao lado de Maria e de Jesus sem nada dizer. Acompanha, vê, está atento a tudo e age silenciosamente para que o projeto de Deus não seja frustrado. Ele sabe que sua missão não é ser profeta da palavra, mas da ação.
Nós vivemos numa sociedade da palavra e da comunicação. Aliás, o que não nos faltam hoje são "projetos a longuíssimo, médio e curto prazos".
Sabemos organizar projetos perfeitos, temos um estoque de dados e de ideias para tudo quanto há. Mas me parece que nunca fomos tão lentos, como hoje, em colocar em prática os projetos pensados e preparados com tantos pormenores. Faz-nos falta o sentido profético da aventura, rápidos em pensar e mais rápidos ainda em agir. O medo de errar nos prende e nos torna omissos. Projetos que os políticos fazem, depois de 10 anos ainda não saíram do papel; da mesma forma, projetos que a Igreja prepara, muitas vezes, permanecem "nobres desejos" que não se tornam realidades.
No entanto, a vida nos cobra e o mesmo Deus nos cobra sobre as nossas ações. Mesmo Jesus, no Juízo Final, não nos pergunta quais foram os nossos projetos para aliviar os sofrimentos dos pobres, dos pequenos, projetos de creches, de asilos, mas simplesmente: "Eu tive fome, sede, era estrangeiro, preso e vocês me ajudaram". As palavras de Jesus são diretas já e não deixam espaço para desculpa. Exigem a nossa resposta operativa e imediata. Não serve para quem tem fome dizer que estamos fazendo projetos para ajudá-lo, nem para quem tem sede afirmar que estamos pensando como levar a água com novíssimo aqueduto de última geração. A mesma Igreja nos recorda que devemos fazer de tudo para que os projetos saiam do papel e se façam realidade.
Na escola de São José aprendemos o verdadeiro sentido da vida. Não são as palavras que revelam os valores que carregamos dentro de nós, mas sim, as ações. José se faz mestre do silêncio e da ação, mestre da contemplação e da vida. Ele se torna para todos nós o modelo do pai, da escuta e da presença silenciosa ao lado de Maria e de Jesus.
Eu tenho muita devoção a São José, que Santa Teresa escolheu como protetor dos seus carmelos e como ecônomo, e ao mesmo tempo como mestre de oração. A Igreja vê neste homem justo um modelo de evangelizar, não pela palavra e não por projetos de difícil execução, mas evangelizar com a vida, atentos aos sinais de Deus. É só levantar-se e colocar-se a caminho para onde o Senhor quiser.
Que São José olhe por todos nós e nos ensine a dizer "sim" mesmo quando nos parece difícil.