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30 de dezembro de 2008

Não pare nos limites, detenha-se nas oportunidades

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Aquele que cria oportunidades, está contigo

Quero voar… não posso!

Quero me bilocar… não posso!

Quero ficar invisível… não posso!

E você?

Bem-vindo aos limites humanos, ele é a incapacidade de agir, é a dificuldade de superar a si mesmo em questões do dia-a-dia. Romper esse processo significa acreditar em você e, acima de tudo, em um Deus que é ilimitado.

Quando olho para Jesus, fascino-me com seus limites. Limite que O fez chorar quando seu amigo Lázaro morreu. Limite que O fez quebrar aquelas bancas dos vendedores que estavam no templo provando o limite de ser gente. Limite de Jesus que se sentiu abandonado pelo Pai naquela tarde do calvário.

Quando olho para mim, também me vejo com limites. Limites no poder ou não poder, no agir ou não agir, nos propósitos e nas realizações. Mas vejo também que sou visitado nestas horas pelo Ilimitado.

Um Deus tão grande que se fez pequeno, limitado. Isso, só o Ilimitado pode realizar. Um Deus que, ao se encarnar nos limites da carne, quis entender (entrar na tenda) como era ser gente para, desta forma, aproveitar todas as oportunidades que porta meu limite.

Toda pessoa tem obstáculos na vida com complexidades diferentes, que resultam em ações diferenciadas em nosso comportamento.

A complexidade da situação que enfrentamos gera um pensamento e um obstáculo imediato. É nesta hora que mais podemos encontrar Deus, pois 'quando somos fracos, é que somos fortes'. Em minhas fraquezas, vejo e contemplo um Deus que não desiste de mim, mas que acredita quando ninguém mais acredita. Força que brota do poder de Deus.

Não sei quais são seus limites e fraquezas, mas posso dizer: "Aí está Deus, Aquele que cria a oportunidade de se encontrar contigo".

Não pare no limite, mas se detenha na oportunidade de Deus!

Foto Adriano Gonçalves
adriano@geracaophn.com

24 de dezembro de 2008

Por que sofremos?

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Precisamos em determinadas situações sermos radicais conosco

Hoje estava pensando por que SOFREMOS?

Talvez muitos possam me achar louco ou doido. Pensar no Sofrimento? Coisa de "retardado".

Sofremos porque queremos fazer as coisas do nosso jeito e não damos chance para que Jesus Cristo faça. Queremos que tudo seja do nosso jeito: eu faço, eu arrumo, eu quero assim e vou fazer assim. De repente nos deparamos com a dor e ai vem os sofrimentos. Tudo saiu errado porque não demos a chance para que Deus fizesse do seu jeito. Tudo precisa ser do nosso jeito e não do jeito de Deus. Portanto, sofremos muitas vezes porque queremos.

Hoje, fui levado a estes pensamentos, talvez , por ter ido a um hospital ministrar o Sacramento da Unção dos Enfermos a uma senhora de minha paróquia, a qual, encontra-se gravemente na UTI, toda entubada. Seu caso grave, devido a uma pneumonia, e tudo isto gerado mais devido a quantidade de cigarros que esta fumava. Talvez isto não estivesse acontecendo se ela tivesse ouvido os médicos e procurado parar de fumar. Lembro-me de uma vez ela mesma ter me dito," padre não consigo deixar isto", enquanto me mostrava o cigarro entre os dedos. Hoje enquanto rezava e ministrava a unção para ela pensava comigo, talvez esta situação estivesse sendo diferente se ela tivesse esforçado mais.

Ás vezes em nossa vida é preciso acontecer coisas muito dolorosas para que mudemos de VIDA E DE ROTA. E uma delas é o sofrimento. Sei que devidas situações são dificeis de abandonar da noite para o dia, mas é necessário esforço, luta, sangue, suor e lágrimas para conseguirmos e então podermos sair do sofrimento e experimentar a Vida e a Alegria.

O Esforço faz parte e a luta tem de ser radical. Precisamos em determinadas situações sermos radicais conosco. É como "domar" um cavalo bravo. O fazendeiro para domar o cavalo leva dias e dias, até torná-lo mansinho e sereno que até uma criança poderá montá-lo que ele nem chacoalhar irá. Ao passo que, enquanto está bravo é capaz de matar a mesma criança com um só coice. Penso que o mesmo deve acontecer conosco, precisamos como o fazendeiro lutar, exporear, puxar as rédeas até que o "cavalo interior" sinta-se vencido e dê-se por encerrado a sua braveza e então podermos caminhar sossegado sobre ele. Tudo isto para que? Para que não tenhamos sofrimentos maiores e profundos mais tarde.

Há uma Esperança, se lutarmos e manter-nos firmes, Deus em sua profunda misercórdia é justo e fiel e nos dá a nova chance para sairmos do sofrimento e experimentar dai a Vida Nova.

Enquanto rezava minhas orações da noite, as Completas, da liturgia das Horas o Salmo 85 dizia o seguinte que partilho com você os versiculos seguintes: " Vós, porém, sois clemente e fiel… sois amor, paciência e perdão. Tende pena e olhai para mim! Confirmai com vigor vosso servo, de vossa ser o filho salvai. Concedei-me um sinal que me prove a verdade do vosso amor." (Sl. 85,15-17).

Que Deus nos conceda a graça de mudar a Rota da nossa Vida e experimentar a Alegria de ter passado pelo Sofrimento e Vencido!

Pe. Jurandir
Comunidade CN Aliança.

22 de dezembro de 2008

A importância da participação da Missa na paróquia

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A Igreja paroquial é minha casa, é o meu núcleo de fé e vida.

Domingo é o dia do Senhor. São João Maria Vianey dizia: "Um Domingo sem Missa é uma semana sem Deus". A nossa fé nos agrega numa grande família que é a Igreja, de maneira mais particular a Paróquia, onde eu coloco em prática a minha fé. Lá é onde eu recebo o suporte necessário para crescer na formação humana, na espiritualidade e em todos os tesouros sacramentais para minha salvação. A Igreja paroquial é minha casa, é o meu núcleo de fé e vida.

Tomemos por modelo os cristãos das primeiras comunidades: "Os que receberam a sua palavra foram batizados. Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações" (cf. Atos 2, 41-42).

Assim como eu preciso fazer uma experiência com Cristo para segui-lo, eu também preciso fazer uma experiência com a comunidade de fé, que é a Igreja, a portadora do depósito da fé, a extensão do grande corpo de Cristo e da qual eu sou membro. A comunidade é necessária para que a minha fé não seja estéril, morta, sem obras. Na comunidade paroquial, eu faço uma experiência de vida fraterna que faz toda a diferença no mundo de hoje. Na experiência dos apóstolos, o Domingo tem lugar especial por se tratar do dia da ressurreição do Senhor. No início, quando eles não tinham igrejas e eram perseguidos, eles celebravam em suas próprias casas. É isso que nós cristãos, hoje, somos chamados a resgatar: o sentido de casa de nossas paróquias, casa de comunhão e fé, ressurreição e vida.

Lembro-me, com muito carinho, da minha "paróquia mãe", a Catedral de Sant'Ana. Logo depois que eu encontrei Jesus e d'Ele recebi a Vida Nova, engajei-me na minha paróquia por meio do grupo de jovens, da Legião de Maria e da Missa Dominical, que não perdia por nada deste mundo; era por amor, era de coração. A partir daí, vieram a Direção Espiritual com o vigário Monsenhor Jessé Torres, a vida de oração e a vocação ao sacerdócio. Veja quantas riquezas a paróquia pôde me oferecer! Mas não posso me esquecer das desculpas imaturas de que não precisava ir à casa de Deus para encontrar o Senhor, que podia rezar em casa, pois Deus está em todo lugar e lá não se vê tanto testemunho, etc. Essas idéias acabaram quando fui crescendo no verdadeiro sentido de ser Igreja: "Eu sou e também faço a Igreja; sou discípulo de Jesus Cristo e estou neste caminho por Ele em primeiro lugar.

D.40.1 Celebração dominical, centro da vida da Igreja:

§2177 A celebração dominical do Dia do Senhor e da Eucaristia está no coração da vida da Igreja. "O domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como a festa de preceito por excelência."

"Devem ser guardados igualmente o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, de Santa Maria, Mãe de Deus; de sua Imaculada Conceição e Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos os Santos".

Domingo primeiro dia da semana

§1166 "Devido à tradição apostólica que tem origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal a cada oitavo dia, chamado, com razão, o Dia do Senhor ou domingo". O dia da ressurreição de Cristo é, ao mesmo tempo, "o primeiro dia da semana", memorial do primeiro dia da criação, e o "oitavo dia" em que Cristo, depois de seu "repouso" do grande sábado, inaugura o dia "que O Senhor fez", o "dia que não conhece ocaso". A Ceia do Senhor é seu centro, pois é aqui que toda a comunidade dos fiéis se encontra com o Ressuscitado, que Os convida a seu banquete: O dia do Senhor, o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, é o nosso dia, pois foi, nesse dia, que o Senhor subiu vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o denominam dia do sol, também nós o confessamos de bom grado, pois, hoje, levantou-se a luz do mundo; hoje, apareceu o sol de justiça, cujos raios trazem a salvação.

§1167 O domingo é o dia, por excelência, da assembléia litúrgica em que os fiéis se reúnem para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os 'regenerou para a viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos.

Domingo dia principal da celebração eucarística:

§1193 O domingo é o dia principal da celebração da Eucaristia por ser o dia da ressurreição. É o dia da assembléia litúrgica por excelência, da família cristã, da alegria e do descanso do trabalho. O domingo é o fundamento e o núcleo do ano litúrgico.

D.40.9 Obrigação de participar da liturgia dominical:

§1389 A Igreja obriga os fiéis "a participar da divina liturgia aos domingos e nos dias festivos" e a receber a Eucaristia pelo menos uma vez ao ano, se possível no tempo pascal, preparados pelo sacramento da reconciliação. Mas comenda, vivamente, aos fiéis que recebam a santa Eucaristia nos domingos e dias festivos ou ainda com maior freqüência, e até todos os dias.

§2042 O primeiro mandamento da Igreja ("Participar da Missa inteira aos domingos, de outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho") ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição

do Senhor e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos. Em primeiro lugar, participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e abstendo-se de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias.

Antes de qualquer obrigação, o meu relacionamento com Deus deve ser por amor e o meu compromisso concreto exige tempo e espaço para se atualizar, por isso, a minha paróquia é lugar de encontro com Ele e com os meus irmãos na fé, onde eu alimento a minha experiência e vida com o meu Senhor. Não existe uma experiência autêntica de Jesus Cristo fora da comunidade, nela sou formado na Palavra, no Altar, no testemunho e na doação de minha vida.

Sabendo de todas essas maravilhas e chamados a renovar o nosso compromisso com Jesus Cristo e com a Igreja Paroquial, como tem sido a sua participação na sua paróquia? Qual tem sido a sua experiência paroquial? Você vai à Missa todos os Domingos?

Nunca é tarde para recomeçar. Minha benção fraterna+.

Padre Luizinho
Sacerdote Missionário da Canção Nova

18 de dezembro de 2008

Católico pode casar com protestante?

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Os esposos podem sentir o drama da desunião dos cristãos

Esta pergunta se torna cada vez mais comum, porque muitos jovens católicos estão namorando com protestantes.

Se ambos foram batizados (mesmo que na comunidade protestante), o sacramento do matrimônio pode ser celebrado na Igreja Católica, desde que os cônjuges aceitem certas condições. Mas a Igreja não deixa de lembrar que há dificuldades a serem superadas. Sabemos que o casamento se funda na expressão "sereis uma só carne" (Gen 2,23) e que, portanto, a diferença de religiões dificulta esta união plena.

Antes de tudo, a Igreja coloca as condições para a liceidade e validade de um matrimônio:

Cân. 1108 § 1. "Somente são válidos os matrimônios contraídos perante o Ordinário local ou o Pároco, ou um sacerdote ou diácono delegado por qualquer um dos dois como assistente, e além disso perante duas testemunhas, de acordo porém com as normas estabelecidas nos cânones seguintes, e salvas as exceções contidas nos cânon. 144, 1112, § 1, 1116 e 1127, §§ 2-3."

§ 2. Considera-se assistente do matrimônio somente aquele que, estando presente, solicita a manifestação do consentimento dos contraentes e a recebe em nome da Igreja.

Cân. 1086 § 1. "É inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais tenha sido batizada na Igreja Católica ou nela recebida e que não a tenha abandonado por um ato formal, e a outra que não é batizada".

O Catecismo da Igreja diz:

§1634 – "A diferença de confissão entre cônjuges não constitui obstáculo insuperável para o casamento, desde que consigam colocar em comum o que cada um deles recebeu na sua comunidade e aprender, um do outro, o modo de viver sua fidelidade a Cristo. Mas nem por isso devem ser subestimadas as dificuldades dos casamentos mistos. Elas se devem ao fato de que a separação dos cristãos é uma questão ainda não resolvida. Os esposos correm o risco de sentir o drama da desunião dos cristãos no seio do próprio lar. A disparidade de culto pode agravar mais ainda essas dificuldades. As divergências concernentes à fé, à própria concepção do casamento, como também mentalidades religiosas diferentes, podem constituir uma fonte de tensões no casamento, principalmente no que tange à educação dos filhos. Uma tentação pode então apresentar-se: a indiferença religiosa".

Para que um casamento misto seja válido e legítimo tem que haver a permissão da autoridade da Igreja, o bispo, como diz o Código de Direito Canônico no cânon 1124. O cânon 1125 diz: "O Ordinário local pode conceder essa licença se houver causa justa e razoável; não a conceda, porém, se não se verificarem as condições seguintes:

1°- a parte católica declare estar preparada para afastar os perigos de defecção da fé e prometa, sinceramente, fazer todo o possível a fim de que toda a prole seja batizada e educada na Igreja Católica;

2°- informe-se, tempestivamente, desses compromissos da parte católica à outra parte, de tal modo que conste estar esta, verdadeiramente, consciente do compromisso e da obrigação da parte católica;

3°- ambas as partes sejam instruídas a respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que nenhum dos contraentes pode excluir".

O cânon. 1126 orienta que: "Compete à Conferência dos Bispos estabelecer o modo segundo o qual devem ser feitas essas declarações e compromissos, que são sempre exigidos, como também determinar como deve constar no foro externo e como a parte não-católica deve ser informada".

Não devem ser feitas outras celebrações ecumênicas após a celebração do matrimônio; diz o Código, no cânon 1127:

§ 3. "Antes ou depois da celebração realizada de acordo com o § 1, proíbe-se outra celebração religiosa desse matrimônio para prestar ou renovar o consentimento matrimonial; do mesmo modo, não se faça uma celebração religiosa em que o assistente católico e o ministro não-católico, executando simultaneamente cada qual o próprio rito, solicitam o consentimento das partes".

Portanto, é possível um católico se casar na Igreja Católica com uma pessoa protestante, desde que esta seja batizada validamente e aceite as condições explicadas acima. No entanto, é bom lembrar aos jovens que não é fácil conciliar tudo isso. No calor da paixão inicial do relacionamento, isso pode parecer fácil de superar, no entanto, com o passar dos anos, o nascer dos filhos, etc., as dificuldades podem aumentar. O recomendado pela Igreja é que o fiel católico se case com alguém de sua mesma fé.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

15 de dezembro de 2008

A pureza do olhar

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É olhar com carinho para o outro

Ter olhos puros é ter uma conexão direta com nosso coração. Quando Deus transforma o nosso jeito de pensar, modifica também o nosso jeito de olhar as coisas e as pessoas. Vemos as coisas com os olhos da pureza, sem preconceito. Olhar as pessoas com pureza significa permitir que elas sejam vistas por nós como se estivessem sendo vistas por Jesus.

É muito bonito descobrirmos que, na oportunidade de encontrar o outro, também encontramos um pouquinho daquilo que somos. Há duas formas da fazermos isso: nos alegrando quando vemos, refletido no outro, um pouco daquilo que temos de bom. Mas também podemos nos entristecer, quando vemos o que o outro tem de ruim e descobrimos que somos ruins também daquele jeito.

Por isso é natural que, muitas vezes, aquilo que eu escuto de ruim do outro eu acabo não gostando, porque, na verdade, ele me mostra o que eu sou.

Ter a pureza no olhar significa você se despir de tudo e começar a olhar com carinho e liberdade para aquilo que o outro é, permitindo que esse seja o encontro frutuoso, tanto para nos mostrar o que temos de bom e para nos indicar no que precisamos ser melhor.

Neste dia de Santa Luzia, desejo que todos nós tenhamos os olhos puros.

Foto Padre Fábio de Melo

12 de dezembro de 2008

Desafio da Nova Evangelização

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Qual será o anúncio da Missão a que somos chamados a executar?

O anúncio do Evangelho, por dois mil anos, ofereceu à Europa e muitos outros paises a mais profunda possibilidade de transformação, enquanto influenciou suas culturas com a sua novidade. Hoje, porém, essa evangelização não pode ser considerada como conquista definitiva.

Tantos cristãos identificam a fé com uma série de práticas devotas, mas não como plena adesão a Cristo. Outros foram colocados em crise pela difundida cultura secularizada e niilista e assumiram modelos éticos longe do Evangelho. O secularismo é o abandono da fé, da religião e da Igreja: uma vida sem Deus. O relativismo é o abandono das leis, dos mandamentos e da verdade: cada um decide como quer. Outros ainda são atraídos por experiências de espiritualidades que não têm raízes no húmus cristão. O próprio diálogo inter-religioso, que é um valor a ser cultivado convictamente, suscita, em muitos, dúvidas sobre a própria fé: por que crer à maneira cristã, e não à maneira dos muçulmanos ou dos budistas ou dos hinduístas?

A 5ª Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, em Aparecida, apontou também, como desafio à evangelização, a iniqüidade social. Na Bíblia, o mistério da iniqüidade é o anti-Cristo, anti-reino, é o mal organizado, uma realidade diabólica. O continente latino americano tem o maior número de católicos e também a maior iniqüidade social. A globalização é um processo promotor de iniqüidades: criando estruturas que favorecem sistema econômico iníquo, onde a exploração dos mais pobres, a opressão e a exclusão geram o desprezo aos considerados descartáveis por não produzirem, pesados à previdência de saúde e aposentadoria.

Põe-se hoje o problema de uma fé consciente, que nos faça crer e anunciar com força quanto recebemos da Palavra de Deus: "Ao nome de Jesus dobre-se todo joelho nos céus, na terra e nos abismos; e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor!" (Filipenses 2, 10-11).

Ao início do terceiro milênio, João Paulo II convidou a Igreja para "partir de novo de Cristo" e indicou as linhas fundamentais de uma pastoral animada pela contemplação do Rosto de Cristo. Assim os bispos do Brasil apontaram o objetivo do plano de pastoral: Queremos ver Jesus, Caminho, Verdade e Vida, para sermos discípulos de Jesus e missionários do Evangelho.

Bento XVI quis caracterizar o ano pastoral corrente como "Ano Paulino", justamente quando transcorrem dois milênios de seu nascimento. "O apóstolo Paulo, figura excelsa e quase inimitável, mas de qualquer maneira estimulante, está diante de nós como exemplo de total dedicação ao Senhor e à sua Igreja, bem como de grande abertura à humanidade e às suas culturas. Portanto, é justo que lhe reservemos lugar especial, não só na nossa veneração, mas também no esforço de compreender aquilo que ele tem para nos dizer, a nós cristãos de hoje."

Qual será o anúncio da Missão a que somos chamados a executar? É o kerigma de Cristo nosso Deus e Salvador, morto e ressuscitado por nós. Pode ser sintetizado na Palavra de Deus escrita por João 3, 17: "Deus não mandou o Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio dele". É oferta e não imposição de Deus para nossa aceitação. O gesto de amor espera resposta de amor à iniciativa de amor de Deus. No texto evangélico estão sintetizados os elementos que estruturam a nossa fé em Jesus. De um lado, nós o proclamamos Filho de Deus, "gerado, não criado, da mesma substância do Pai"; de outro lado, anunciamos que ele se fez homem para nossa salvação. O nome de Jesus significa "Deus salva".

Este anúncio vai ao coração das expectativas, esperanças do homem. Como não estar interessados na salvação? Muitas vezes, na verdade, contentamo-nos de referi-la a aspectos parciais de nossa esperança: a saúde, o trabalho, a economia, a família, o ambiente... A salvação trazida por Jesus não exclui a vida terrena, mas nos traz outras expectativas: o dom do infinito de que ele nos faz participantes da sua vida. O cristianismo é a notícia de que aquele infinito, ao qual aspira o coração humano, nos veio ao encontro com o rosto e o coração de Cristo, vivido e testemunhado pelos cristãos que se fizeram verdadeiros discípulos e enviados de Cristo.


Cardeal Geraldo Majella Agnelo

8 de dezembro de 2008

Autoridade: conquista ou imposição?

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Líder é aquele que abraça uma causa junto com os seus

Algumas pessoas exercem sobre outras certa influência, seja por admiração, por fascínio ou por projetar nos corações um algo a mais para suas vidas. Sentimentos assim nascem a partir do testemunho que a maioria vê nesses homens e mulheres que se destacam. O ser humano tem a necessidade de ser guiado e busca, como referência nos semelhantes, algo que sacie a sua sede de ser melhor.

Essas pessoas, geralmente, são carismáticas, inteligentes e têm um espírito de liderança. Esse talento acontece naturalmente, desde crianças; em brincadeiras, empresas, escolas, instituições, trabalhos voluntários e também em ambiente religioso.

Jesus era um líder nato. Todo o Seu ser atraia multidões. "Quando Ele terminou estas palavras, as multidões ficaram admiradas com o Seu ensinamento. De fato, Ele as ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas" (Mt 7, 28-29). Nosso Senhor conquistava as pessoas. Ele não impunha uma doutrina como faziam os escribas e os fariseus. Seu ensinamento vinha do testemunho de amor que Ele não só discursava, mas que demonstrava em toda sua vida.

O amor incondicional era o Seu principal atrativo; e continua sendo ainda hoje. Ao estar à frente de pessoas, antes de tudo, Ele observava o que cada um tinha de melhor, sem deixar de corrigir o que era preciso. As pessoas se deixavam conduzir porque encontravam alguém que acreditava nelas.

O líder oferece de si e ensina o que sabe, sem medo de ser superado, porque quer que as obras dos seus discípulos sejam até maiores que as suas. A autoridade vem da conquista de corações! Líder é aquele que abraça uma causa junto com os seus, não se abstendo das responsabilidades e trabalhos que isso pode causar. Não coloca sobre seus subordinados, discípulos ou aqueles que lhe são confiados, o peso da sua vaidade e idéias próprias.

O filho obedece verdadeiramente o pai, quando ele [filho] se sente amado, pois, acredita que o pai lhe quer bem, ainda que custe sacrifício. Assim também acontece na relação de professores e alunos, patrões e empregados. O amor impulsiona atitudes dignas de confiança recíproca.

Na verdade, quem ocupa uma posição de autoridade é servo de quem ele comanda. Assim ensinou o Mestre Jesus: "Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve." (Mt 20,26). Ou ainda: "Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10,45).

Ao contrário desse ensinamento, os escribas e fariseus praticavam uma autoridade que os colocavam em lugar privilegiado para serem chamados de mestres e vistos por todos. "Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo" (Mt 23,4).

Hoje, existe muita informação sobre liderança, palestras para empresas, cursos universitários, tudo para formar novas cabeças que comandarão pessoas e almas, tanto no campo da política como no da ciência, da informação, da religião, entre outros.

Mas o verdadeiro líder não precisa ocupar um cargo ou posto, mesmo sendo o último de uma hierarquia, ele age como Jesus, acreditando no potencial das pessoas e tirando de dentro delas o melhor que cada um pode ser. Ou seja, o que forma o outro são os sentidos mais nobres dentro de nós: a misericórdia, o acreditar nas pessoas e, principalmente, o amor, o amor do coração de Jesus. Que esse amor esteja firme dentro dos nossos corações!

Deus lhe abençoe!

Fraternalmente

Sandro Ap. Arquejada

4 de dezembro de 2008

Causas de nulidade de casamento

Há, segundo o Código de Direito Canônico da Igreja, dezenove motivos

Muitas são as causas que podem tornar nulo o matrimônio sacramental. É preciso deixar claro que a Igreja não anula uniões sacramentais validamente contraídas e consumadas, mas pode, após processo do Tribunal Eclesiástico, reconhecer que nunca houve casamento, mesmo nos casos em que todos o tinham como válido.

Leva-se muito em conta as capacidades e limitações psíquicas dos noivos para contrair obrigações matrimoniais para sempre. Não basta analisar o comportamento externo de alguém para o conhecer; às vezes muitos atos das pessoas são irresponsáveis, assumidos sem consciência plena porque pode faltar o senso de responsabilidade, a maturidade ou a liberdade necessárias para que o ato tenha valor plenamente humano e jurídico.

Pode acontecer que o vínculo matrimonial nunca tenha existido, se ouvir um erro que torne o consentimento dos noivos inválido.

Quais os motivos pelos quais um casamento pode ser nulo? Há, segundo o Código de Direito Canônico da Igreja, dezenove motivos:

A. Falhas de consentimento (cânones 1057 e 1095-1102)

1. Falta de capacidade para consentir (cânon 1095)

2. Ignorância (cânon 1096)

3. Erro (cânones 1097-1099)

4. Simulação (cânon 1101)

5. Violência ou medo (cânon 1103)

6. Condição não cumprida (cânon 1102)

B. Impedimentos dirimentes (cânones 1083-1094)

7. Idade (cânon 1083)

8. Impotência (cânon 1084)

9. Vínculo (cânon 1085)

10. Disparidade de culto (cânon 1086,- cf cânones 1124s)

11.. Ordem Sacra (cânon 1087)

12. Profissão Religiosa Perpétua (cânon 1088)

13. Rapto (cânon 1089)

14. Crime (cânon 1090)

15. Consangüinidade (cânon 1091)

16. Afinidade (cânon 1092)

17. Honestidade pública (cânon 1093)

18. Parentesco legal por adoção (cânon 1094)

C. 19. Falta de forma canônica na celebração do matrimônio (cânones 1108-1123)

Vamos colocar a seguir os Cânones do Código de Direito Canônico sobre cada item; um artigo explicativo de cada item pode ser lido em nosso livro "Família, Santuário da Vida" (Ed. Cléofas)

A. Falhas de consentimento (cânones 1057 e 1095-1102)

«Cânon 1057 - § 1º- 0 matrimônio é produzido pelo consentimento legitimamente manifestado entre pessoas juridicamente hábeis, e esse consentimento não pode ser suprido por nenhum poder humano.

§ 2º- 0 consentimento matrimonial é o ato de vontade pelo qual o homem e a mulher, por aliança irrevogável, se entregam e se recebem mutuamente para constituir matrimônio».

0 consentimento matrimonial assim exigido pode ser impedido ou impossibilitado por:

1. Falta de capacidade para consentir (cânon 1095)

«Cânon 1095 – "São incapazes de contrair matrimônio:

1º- os que não têm suficiente uso da razão ;

2º- os que têm grave falta de discrição de juízo a respeito dos direitos e obrigações essenciais do matrimônio, que se devem mutuamente dar e receber;

3º- os que não são capazes de assumir as obrigações essenciais do matrimônio por causas de natureza psíquica».

2. Ignorância (cânon 1096)

«Cânon 1096 - § 1. Para que possa haver consentimento matrimonial, é necessário que os contraentes não ignorem, pelo menos, que o matrimônio é um consórcio permanente entre homem e mulher, ordenado à procriação da prole por meio de alguma cooperação sexual.

§ 2º Essa ignorância não se presume depois da puberdade».

3. Erro (cânones 1097 e 1099)

«Canôn 1099 - 0 erro a respeito da unidade, da indissolubilidade ou da dignidade sacramental do matrimônio, contanto que não determine a vontade, não vicia o consentimento matrimonial».

Para evitar o erro de direito e os problemas daí decorrentes, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiu a seguinte norma:

«Cuidem os sacerdotes de verificar se os nubentes estão dispostos a assumir a vivência do matrimônio com todas as suas exigências, inclusive a de fidelidade total, nas várias circunstâncias e situações de sua vida conjugal e familiar. Tais disposições dos nubentes devem explicitar-se numa declaração de que aceitam o matrimônio tal como a lgreja o entende, incluindo a indissolubilidade» (Orientaçôes Pastorais sobre o Matrimônio, nº 2.15).

Cânon 1097, § 1º: «O erro de pessoa torna inválido o matrimônio».

«O erro de qualidade da pessoa, embora seja causa do contrato, não torna nulo o matrimônio, salvo se essa qualidade for direta e principalmente visada» (cânon 1097 § 2º).

Cânon 1098: «Quem contrai matrimônio, enganado por dolo perpetrado para obter o consentimento matrimonial, a respeito de alguma qualidade da outra parte, qualidade que, por sua natureza, possa perturbar gravemente o consórcio da vida conjugal, contrai-o indevidamente».

4. Simulação (cânon 1101)

«Presume-se que o consentimento interno está em conformidade com as palavras ou os sinais empregados na celebração do matrimônio» (§ 1º).

«Contudo, se uma das partes ou ambas, por ato positivo de vontade, excluem o próprio matrimônio, algum elemento essencial do matrimônio ou alguma propriedade essencial, contraem invalidamente» (§ 2º).

5. Violência ou medo (cânon 1103)

«É inválido o matrimônio contraído por violência ou por medo grave proveniente de causa externa, ainda que não dirigido para extorquir o consentimento, e quando, para dele se livrar, alguém se veja obrigado a contrair o matrimônio».

6. Condição não cumprida (cânon 1102)

«§ 1. "Não se pode contrair validamente o matrimônio sob condição de futuro.

§ 2. 0 matrimônio contraído sob condição de passado ou de presente é válido ou não, conforme exista ou não aquilo que é objeto da condição".

B. Impedimentos dirimentes (Can. 1083-94)

7. A idade mínima para a validade de um casamento sacramental é 14 anos para as moças e 16 anos para os rapazes. Os Bispos podem dispensar dessa condição, mas rarissimamente o fazem. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil exige dois anos mais para os casamentos no Brasil, ou seja, 16 e 18 anos respectivamente; todavia esta exigência incide sobre a liceidade, não sobre a validade do casamento [4]. Cf. cânon 1083.

8. A impotência (ou incapacidade de praticar a cópula conjugal) anterior ao casamento e perpétua, absoluta ou relativa, é impedimento dirimente . Cf. cânon 1084.

9. O vínculo de um matrimônio validamente contraído, mesmo que não consumado. Cf. cânon 1085.

10. A disparidade do culto: é inválido o casamento entre um católico e uma pessoa não batizada, se a parte católica não pede dispensa do impedimento.

11. A ordenação diaconal, presbiteral ou episcopal. Cf. cânon 1087.

12. A profissão religiosa perpétua. Cf. cânon 1088.

13. Rapto; cf. cânon 1089. Uma mulher levada pela força não se pode casar validamente com quem a está violentando dessa maneira.

14. Crime; cf. cânon 1090. Os que matam seu ou sua consorte, para facilitar um casamento posterior estão impedidos de realizar validamente esse casamento. Da mesma forma, se um homem e uma mulher, de comum acordo, matam o esposo ou a esposa de um deles, não se podem casar validamente entre si.

15. Consangüinidade; cf. cânon 1091. Não há dispensa na linha vertical (pai com filha, avô com neta... ); na linha horizontal, o impedimento (dispensável) vai até o quarto grau, isto é, atinge tio e sobrinha e primos irmãos.

16. Afinidade na linha vertical; cf. cânon 1092. Não há matrimônio válido entre o marido e as consangüíneas da esposa e entre a esposa e os consangüíneos do marido, suposta a viuvez previamente ocorrida. (Nota do Autor: Por exemplo, um viúvo não pode casar-se com a mãe ou filha da ex-esposa). Na linha horizontal não há impedimento: um viúvo pode casar-se com uma irmã (solteira) de sua falecida esposa.

17. Honestidade pública; cf. cânon 1093. Quem vive uma união ilegítima, está impedido de se casar com os filhos ou os pais de seu (sua) companheiro (a).

18. Parentesco legal; cf. cânon 1094. Não é permitido o casamento entre o adotante e o adotado ou entre um destes e os parentes mais próximos do outro. Este impedimento, como outros desta lista, podem ser dispensados por dispensa emanada da autoridade diocesana.

19. Falta de forma Canônica na celebração (Can. 1108-23)

«Forma canônica» é o conjunto de elementos exigidos para a celebração ritual do casamento. Requer-se, com efeito, que a cerimônia se realize perante o pároco do lugar e, pelo menos, duas testemunhas (padrinhos).

«Cânon 1116 - § 1. Se não é possível, sem grave incômodo, ter o assistente competente de acordo com o direito, ou não sendo possivel ir a ele, os que pretendem contrair verdadeiro matrimônio podem contrai-lo válida e licitamente só perante as testemunhas:

1º- em perigo de morte ;

2º- fora do perigo de morte, contanto que prudentemente se preveja que esse estado de coisas vai durar por um mês.

§ 2. Em ambos os casos, se houver outro sacerdote ou diácono que possa estar presente, deve ser chamado, e ele deve estar presente à celebraçâo do matrimônio, juntamente com as testemunhas, salva a validade do matrimônio só perante as testemunhas».

Dissolução do matrimônio não consumado

Cânon 1142: «O matrimônio nâo consumado entre batizados ou entre uma parte batizada e outra não batizada pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa causa, a pedido de ambas as partes ou de uma delas, mesmo que a outra se oponha».

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

1 de dezembro de 2008

Advento

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Resposta da Igreja Esposa à iniciativa sempre nova de Deus Esposo

O Advento é, por excelência, o tempo da esperança. Cada ano, esta atitude fundamental do espírito desperta no coração dos cristãos que, enquanto se preparam para celebrar a grande festa do nascimento de Cristo Salvador, reavivam a expectativa da sua vinda gloriosa no fim dos tempos. A primeira parte do Advento insiste precisamente sobre a parusia, sobre a última vinda do Senhor.

[...]

Ao tema da esperança desejei dedicar a minha segunda Encíclica. É-me grato oferecê-la idealmente a toda a Igreja neste primeiro Domingo de Advento a fim de que, durante a preparação para o Santo Natal, as comunidades e os fiéis individualmente possam lê-la e meditá-la, para assim redescobrir a beleza e a profundidade da esperança cristã. Com efeito, ela está ligada inseparavelmente ao conhecimento do rosto de Deus, aquele rosto que Jesus, o Filho unigênito, nos revelou mediante a sua encarnação, através da sua vida terrena e da sua pregação e, sobretudo, com a sua morte e ressurreição. A esperança verdadeira e segura está fundamentada na fé em Deus Amor, Pai misericordioso, que "amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu único Filho" (Jo 3, 16), a fim de que os homens e, juntamente com eles, todas as criaturas, possam ter vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Por conseguinte, o Advento é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está "ancorada" em Cristo, Deus feito homem, rochedo da nossa salvação.

Desde o início, como sobressai do Novo Testamento e é acentuadamente assinalado pelas Cartas dos Apóstolos, uma nova esperança distinguia os cristãos daqueles que viviam a religiosidade pagã. Escrevendo aos Efésios, São Paulo recorda-lhes que, antes de abraçar a fé em Cristo, eles viviam "sem esperança e sem Deus neste mundo" (2, 12). Esta expressão parece mais atual do que nunca, por causa do paganismo dos nossos dias: podemos referi-la de modo particular ao niilismo contemporâneo, que corrói a esperança no coração do homem, induzindo-o a pensar que dentro dele e ao seu redor reina o vazio: nada antes do nascimento, nada depois da morte. Na realidade, quando falta Deus, falta a esperança. Tudo perde a sua "consistência". É como se viesse a faltar a dimensão da profundidade e todas as coisas permanecem niveladas, desprovidas do seu relevo simbólico, da sua "saliência" em relação à simples materialidade. Está em jogo a relação entre a existência aqui e agora, e aquilo que denominamos "além": não se trata de um lugar onde terminaremos depois da morte; ao contrário, é a realidade de Deus, a plenitude da vida para a qual cada ser humano está, por assim dizer, orientado. A esta expectativa do homem, Deus respondeu em Cristo com o dom da esperança.

O homem é a única criatura livre de dizer "sim" ou "não" à eternidade, ou seja, a Deus. O ser humano pode apagar em si mesmo a esperança, eliminando Deus da sua própria vida. Como é que isso se pode verificar? Como pode acontecer que a criatura "feita por Deus", intimamente orientada para Ele, a mais próxima do Eterno, possa privar-se dessa riqueza? Deus conhece o coração do homem. Sabe que quem O rejeita não conheceu o seu verdadeiro rosto, e por isso não cessa de bater à nossa porta, como peregrino humilde em busca de hospitalidade. Eis por que motivo o Senhor concede um novo período à humanidade: a fim de que todos possam chegar a conhecê-lo! Este é também o sentido de um novo ano litúrgico que tem início: é uma dádiva de Deus, que deseja novamente revelar-se no mistério de Cristo, mediante a Palavra e os Sacramentos. Através da Igreja, deseja falar à humanidade e salvar os homens de hoje. E o faz indo ao seu encontro para "procurar e salvar o que estava perdido" (Lc 19, 10). Nesta perspectiva, a celebração do Advento é a resposta da Igreja Esposa à iniciativa sempre nova de Deus Esposo, "que é, que era e que há-de vir" (Ap 1, 8). À humanidade que já não tem tempo para Ele, Deus oferece mais tempo, um novo espaço para que volte a entrar em si mesma, a fim de que se ponha novamente a caminho, para reencontrar o sentido da esperança.

Eis, então, a descoberta surpreendente: a minha, a nossa esperança é precedida pela expectativa que Deus cultiva a nosso respeito! Sim, Deus ama-nos e precisamente por este motivo espera que nós voltemos para Ele, que abramos o nosso coração ao seu amor, que coloquemos a nossa mão na sua e nos recordemos que somos seus filhos. Essa expectativa de Deus precede sempre a nossa esperança, exatamente como o seu amor nos alcança sempre primeiro (cf. 1 Jo 4, 10). Nesse sentido, a esperança cristã chama-se "teologal": Deus é a sua fonte, o seu ponto de apoio e o seu termo. Que grande consolação há neste mistério! O meu Criador inseriu no meu espírito um reflexo do seu desejo de vida para todos. Cada um dos homens é chamado a esperar, correspondendo à expectativa que Deus tem acerca dele. De resto, a experiência demonstra-nos que é precisamente assim. O que é que faz progredir o mundo, a não ser a confiança que Deus tem no homem? É uma confiança que encontra o seu reflexo nos corações dos pequeninos e dos humildes quando, através das dificuldades e dos afãs, se comprometem todos os dias a fazer o melhor que podem, a realizar o pouco de bem que, contudo, aos olhos de Deus, é muito: na família, no lugar de trabalho, na escola e nos vários âmbitos da sociedade. No coração do homem a esperança está inscrita de maneira indelével, porque Deus, nosso Pai, é vida, e é para a vida eterna e bem-aventurada que nós fomos criados.

Cada criança que nasce é sinal da confiança de Deus no homem e é uma confirmação, pelo menos implícita, da esperança que o homem nutre por um futuro aberto à eternidade de Deus. A essa esperança do homem, Deus respondeu nascendo no tempo como pequeno ser humano. Santo Agostinho escrevia: "Poderíamos pensar que a vossa Palavra se tinha afastado da união com o homem e desesperado de nos salvar, se não se tivesse feito homem e habitado entre nós" (Conf. X, 43, 69, cit. in Spe salvi, 29). Então, deixemo-nos orientar por Aquela que trouxe no coração e no ventre o Verbo encarnado. Ó Maria, Virgem da expectativa e Mãe da esperança, reaviva em toda a Igreja o espírito do Advento, para que a humanidade inteira volte a pôr-se a caminho rumo a Belém, onde veio e onde virá de novo para nos visitar o Sol que nasce do alto (cf. Lc 1, 78), Cristo nosso Deus. Amém.

Homilia do Papa Bento XVI na celebração das primeiras vésperas do Advento em dezembro 2007


27 de novembro de 2008

Teologia da esperança

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Esperança e força estão diretamente ligadas

Pensa-se muitas vezes que a esperança está relacionada ao desejo de um futuro tranqüilo, no entanto, não é tão simples assim, já que se esta não apontar a direção da verdadeira felicidade será ilusão.

Na vida possuímos poucas certezas e muito do que possuímos nos pode ser tirado a qualquer momento. Temos e podemos perder a qualquer instante a nossa saúde, bens, amigos, familiares, etc.. Podemos perder até mesmo nossa própria vida; contudo, existem algumas coisas que compõem as certezas maiores, dentre elas está o nosso passado, a história que temos, a qual não pode ser roubada de nós. Pode-se até mudar a interpretação dela, mas ela mesma não pode ser mudada. Até o próprio Deus respeita isso e pode mudar o curso da nossa história (futuro) e o reflexo dela em nós (presente), mas o passado mesmo o Senhor não mexe. O passado que temos é realmente estável e, por isso, imutável. Assim surge a necessidade de uma boa reconciliação com ele, com a história de nossa vida, com os dias que já vivemos, já que eles não serão mudados. De um olhar misericordioso sobre a própria história encontramos o desejo de um futuro imensamente melhor.

Nesse contexto encontramos a presença de Deus na Sagrada Escritura, o Senhor muda o curso da vida de um povo a partir de Abraão (cf. Gn 12) e dessa mudança vai dando sinais de que é confiável, revela seu nome (cf. Ex 3,14), retira o povo da escravidão do Egito (cf. Ex 13-14) e cumpre todas as promessas que faz. Para que isso? Para dar ao povo d'Ele a certeza de ser confiável e escrever na história dos homens a história de Seu amor, uma história divina. Todas essas coisas já aconteceram e fazem parte do passado, pois fatos ocorridos fazem parte de uma história que não muda.

Aqui reside a esperança, o seu fundamento: olhando os fatos do passado sente-se o desejo de experimentá-los no presente e de tê-los em plenitude no futuro. A esperança tem seu fundamento na história pessoal e também em toda a história do mundo. Vemos que a vida pode ser vivida e ter mais sentido do que a vivemos e temos, e aqui encontramos a alegria e a motivação para viver, sabendo que mesmo que a trajetória seja dura, marcada por dificuldades, o ponto de chegada é capaz de nos animar.

O que esperar?

Nossa esperança precisa apontar na direção das coisas que não possuem data de validade, ou seja, que hoje estão conosco e amanhã nos abandonam. Lembra-nos o salmista "Sei que a glória do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes" (Sl 26,13), e diante disso percebendo que a glória de Deus se realiza nas vitórias diárias, grandes e pequenas, que ocorrem na dureza de nossas vidas, ainda incentiva: "Espera no Senhor e sê forte! Fortifique o teu coração e espera no Senhor" (Sl 26,14). Esperança e força estão diretamente ligadas. Não como um apenas aguardar, mas como alguém que se coloca em ação, por isso que a qualidade de nossa vida depende do fôlego de esperança que temos.

Pe. Xavier

24 de novembro de 2008

Por que o celibato do sacerdote?

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O casamento poderia trazer muitas dificuldades aos sacerdotes

Jesus Cristo é o verdadeiro sacerdote e foi celibatário; então, a Igreja vê n'Ele o modelo do verdadeiro sacerdote que, pelo celibato, se conforma ao grande Sacerdote. Jesus deixou claro a Sua aprovação e recomendação ao celibato para os sacerdotes, quando disse: "Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda" (Mateus 19,12).

Nisso Cristo está dizendo que os sacerdotes devem assumir o celibato, como Ele o fez, "por amor ao Reino de Deus". O sacerdote deve ficar livre dos pesados encargos de manter uma família, educar filhos, trabalhar para manter o lar; podendo assim dedicar-se totalmente ao Reino de Deus. É por isso que, desde o ano 306, no Concílio de Elvira, na Espanha, o celibato se estendeu por todo o Ocidente, até que em 1123 o Concílio universal de Latrão I o tornou obrigatório.

É preciso dizer que a Igreja não impõe o celibato a ninguém; ele deve ser assumido livremente e com alegria por aqueles que têm essa vocação especial de se entregar totalmente ao serviço de Deus e da Igreja. É uma graça especial que o Senhor concede aos chamados ao sacerdócio e à vida religiosa. Assim, o celibato é um sinal claro da verdadeira vocação sacerdotal.

No início do Cristianismo a grandeza do celibato sacerdotal ainda não era possível; por isso São Paulo escreve a Timóteo, que o grande Apóstolo colocou como bispo de Éfeso, dizendo: "O epíscopo ou presbítero deve ser esposo de uma só mulher" (1Tm 3, 2). Estaria, por isso, o padre hoje obrigado a se casar? Não. O Apóstolo dos gentios tinha em vista uma comunidade situada em Éfeso, cujos membros se converteram em idade adulta, muitos deles já casados. Dentre esses o Apóstolo deseja que sejam escolhidos para o sacerdócio homens casados (evitando os viúvos recasados). Já no ano 56, São Paulo, que optou pelo celibato, escrevia aos fiéis de Corinto (cf. 1Cor 7,25-35) enfatizando o valor do celibato: "Aos solteiros e às viúvas digo que lhes é bom se permanecessem como eu. Mas se não podem guardar a continência que se casem" (1Cor 7,8). "Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher". São Paulo se refere às preocupações ligadas ao casamento (orçamento, salário, educação dos filhos...). E enfatiza:

"Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido". "Procede bem aquele que casa sua virgem; aquele que não a casa, procede melhor ainda" (1Cor 7, 38). A virgindade consagrada e o celibato não tinham valor nem para o judeu nem para o pagão. Eles brotam da consciência de que o Reino já chegou com Jesus Cristo.

O último Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia confirmou o celibato e o Papa Bento XVI expressou isso na Exortação Apostólica pos-sinodal "Sacramentum Caritatis", de 22 fev 2007. Disse o Sumo Pontífice:

"Os padres sinodais quiseram sublinhar como o sacerdócio ministerial requer, através da ordenação, a plena configuração a Cristo... é necessário reiterar o sentido profundo do celibato sacerdotal, justamente considerado uma riqueza inestimável e confirmado também pela prática oriental de escolher os bispos apenas de entre aqueles que vivem no celibato (...) Com efeito, nesta opção do sacerdote encontram expressão peculiar a dedicação que o conforma a Cristo e a oferta exclusiva de si mesmo pelo Reino de Deus. O fato de o próprio Cristo, eterno sacerdote, ter vivido a sua missão até ao sacrifício da cruz no estado de virgindade constitui o ponto seguro de referência para perceber o sentido da tradição da Igreja Latina a tal respeito. Assim, não é suficiente compreender o celibato sacerdotal em termos meramente funcionais; na realidade, constitui uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo. Antes de mais, semelhante opção é esponsal: a identificação com o coração de Cristo Esposo que dá a vida pela sua Esposa. Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina. O celibato sacerdotal, vivido com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade" (n.24).

O Mahatma Ghandi, hindu, tinha grande apreço pelo celibato. Ele disse: "Não tenham receio de que o celibato leve à extinção da raça humana. O resultado mais lógico será a transferência da nossa humanidade para um plano mais alto... "Vocês erram não reconhecendo o valor do celibato: eu penso que é exatamente graças ao celibato dos seus sacerdotes que a Igreja católica romana continua sempre vigorosa" (Tomás Tochi, "Gandhi, mensagem para hoje", Ed. Mundo 3, SP, pp. 105ss,1974).

Alguns querem culpar o celibato pelos erros de uma minoria de padres que se desviam do caminho de Deus. A queda desses padres no pecado não é por culpa do celibato, e sim por falta de vocação, oração, zelo apostólico, mortificação, etc; tanto assim que a maioria vive na castidade e por uma longa vida. Quantos e quantos padres e bispos vivendo em paz e já com seus cabelos brancos!

O casamento poderia trazer muitas dificuldades aos sacerdotes. Não nos iludamos, casados, eles teriam todos os problemas que os leigos têm, quando se casam. O primeiro é encontrar, antes do diaconato, uma mulher cristã exemplar que aceite as muitas limitações que qualquer sacerdote tem em seu ministério. Essa mulher e mãe teria de ficar muito tempo sozinha com os filhos. Depois, os padres casados teriam de trabalhar e ter uma profissão, como os pastores protestantes, para manter a família. Quantos filhos teriam? Certamente não todos que talvez desejassem. Teriam certamente que fazer o controle da natalidade pelo método natural Billings, que exige disciplina. A esposa aceitaria isso?

Além disso, podemos imaginar como seria nocivo para a Igreja e para os fiéis o contratestemunho de um padre que por ventura se tornasse infiel à esposa e mãe dos seus filhos! Mais ainda, na vida conjugal não há segredos entre marido e mulher. Será que os fiéis teriam a necessária confiança no absoluto sigilo das confissões e aconselhamentos com o padre casado? Você já pensou se um dos filhos do padre entrasse pelos descaminhos da violência, da bebedeira, das drogas e do sexo prematuro, com o possível engravidamento da namorada?

Tudo isso, mas principalmente a sua conformação a Jesus Cristo, dedicado total e exclusivamente ao Reino de Deus, valoriza o celibato sacerdotal.

19 de novembro de 2008

Transforme o tempo em um aliado

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Aproveitar bem o tempo não significa fazer um milhão de coisas

Administrar bem o tempo não significa correr contra o relógio. O planejamento é mais eficiente do que a rapidez na execução de tarefas. Aproveitar bem o tempo não significa fazer um milhão de coisas num período curto, nem chegar ao fim do dia com a agenda repleta de compromissos cumpridos. Significa fazer aquilo que deve ser feito. E fazer com qualidade. Estabelecer prioridades, saber lidar com imprevistos e utilizar recursos, como Palm e celular, que facilitam a execução de tarefas, são o kit básico para quem quer aproveitar melhor o tempo.

O tempo para o profissional passou a ser tão importante hoje que já existem até especialistas no assunto. O consultor Renato Bernhoeft é um deles. Com dois livros escritos sobre o tema – Desperdiçadores de Tempo e Administração do Tempo –, Bernhoeft diz que o mais importante no trabalho é conseguir um equilíbrio qualitativo, e não quantitativo. "Hoje há pessoas que entregam a alma à empresa, mas chegam ao fim da vida sem terem construído nada no âmbito pessoal. Como empresários, são brilhantes, mas como maridos, esposas, pais ou mães são um fracasso", afirma o consultor.

Para equilibrar a balança das prioridades, o ideal é estabelecer uma escala de valores para elas. "Isso ajuda a amenizar e até a eliminar conflitos. Se o principal para mim, por exemplo, é a família, vou pensar duas vezes antes de aceitar uma situação no trabalho que exija mais horas investidas no escritório e que me prejudique no relacionamento familiar", exemplifica o diretor-geral da consultoria FranklinCovey Brasil, Paulo Kretly.

Outra fonte de mau aproveitamento do tempo é a relação amistosa que muitas pessoas mantêm com os "ladrões de tempo". Em princípio, os tais "ladrões", a exemplo dos e-mails e dos MSNs (conversas via internet), deveriam facilitar a execução de algumas tarefas, mas por serem utilizados de forma desorganizada, tornam-se os principais ralos por onde escoam minutos e até horas inteiras do dia. Além dos e-mails e dos MSNs, contam-se: o telefone, o celular, as reuniões de última hora, as conversas informais entre colegas e as pausas para o "cafezinho".

Por tudo isso, é fácil perceber que o tempo é algo muito necessário, difícil de ser bem utilizado e impossível de ser retido. Entretanto, é um "bem" acessível e democrático: qualquer pessoa tem as mesmas 24 horas todos os dias. E aqui surge um paradoxo interessante: o que torna uma pessoa mais "rica de tempo" é a forma inteligente como ela o gasta em suas atividades.

Planeje hoje o amanhã

fonte: http://blog.cancaonova.com/acorrentados/

Sabrina Duran

17 de novembro de 2008

A vocação é essa expressão magnífica do amor de Deus

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Deus pede aos sacerdotes a oblação de sua existência, da sua capacidade de amar

Deus pede aos sacerdotes a oblação de sua existência, da sua capacidade de amar. Sabe que pessoas Deus escolhe para a ordenação sacerdotal? Deus escolhe para serem ordenados homens que tenham duas vocações. A Igreja escolhe, porque vocação quem dá é Deus. Só Ele pode dar. Eles precisam ser chamados a ser padres e precisam com as suas vidas assegurar que são chamados a serem consagrados a Deus na oblação inteira do seu amor, o celibato.

Talvez o mundo se escandalize. Você pode pensar assim: 'Homens saudáveis poderiam ter família. Não poderiam também servir a Deus como casados?' Poderiam, mas não foi o chamado que Deus fez. Os sacerdotes não são incompletos por não se casarem. São inteiros e íntegros e felizes. Um padre ou diácono não são pessoas que abafam o seu coração e a sua capacidade de amar. Mas são homens que dilatam o seu coração na medida do coração de Jesus. Isso é ser celibatário.

Não são homens que reprimem sua capacidade de amar. Mas só dá para ser celibatário se forem capazes de amar mais do que todos os outros. Porque a medida que tem de existir no coração do padre é a medida do coração de Cristo. Nada menos.

Nosso Senhor lhes pede outra oblação. A oblação da sua liberdade. Eles são chamados a ser servidores, na pobreza.

O sacerdote também tem de viver a pobreza, a castidade e a obediência. Só pelo fato de serem ordenados eles já têm de ser modelos de pobreza, castidade e obediência, já dizia São Tomas de Aquino. Eles fazem essa entrega e uma forma linda para a qual o Senhor os chamou.

Nosso Senhor os faz servidores da Palavra, anunciadores do Evangelho. Nosso Senhor os faz servidores do Altar da Eucaristia e da caridade.

Vale a pena ser diácono, vale a pena ser padre, porque vale a pena seguir Jesus! Diácono, discípulos. E discípulos em nome d'Ele.

A vocação é essa expressão magnífica do amor de Deus por nós.

Trecho de homilia de Dom Alberto Taveira na ordenação diaconal do seminaristas da CN em 13 de janeiro de 2008

Dom Alberto Taveira Corrêa

10 de novembro de 2008

A chave do passado

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Nossos valores são maiores que nossos erros

A cada novo dia vivemos novas experiências e sempre temos decisões a tomar. Em razão dessas escolhas podemos acertar ou errar.

Na vida a dois, reconhecemos que algumas atitudes assumidas foram malsucedidas, contudo, não deixam de fazer parte da nossa história. Sem haver a menor possibilidade de apagar os erros do passado, deles só podemos tirar a lição de não reincidir nos mesmos enganos.

Ainda que as pessoas nos alertem sobre alguns cuidados para evitar os sofrimentos, em alguns momentos, estaremos arriscando a nossa liberdade – mesmo não sendo intencional – de também errar.


A cada dia, o casal participa mutuamente da história do outro, e não sendo possível apagar de nossa vida as más experiências, não será difícil, em certo momento, o (a) companheiro (a) tomar conhecimento dessas situações.

Diante dessas descobertas - que poderão não ser tão doces quanto gostaríamos – o desejo do cônjuge de continuar a jornada do convívio com aquele por quem se dizia estar apaixonado pode esfriar. Sob o domínio das decepções, pode-se rotular ou condenar o outro ao escárnio; difamando-o a fim de justificar o sentimento de decepção e recusando-lhe o direito da "boa fama". Pois, na sua natureza egoística, imagina não ser o único a saber da história do (a) parceiro (a) e considera vergonhoso partilhar a vida com alguém após tomar conhecimento do passado da pessoa amada.

Aceitamos e justificamos os nossos erros, mas não suportamos os deslizes do outro. Com memória curta ou anestesiada pela soberba deixamos perder em nossas lembranças o fato de que não somos irrepreensíveis. Esquecemos que também temos um "telhado de vidro" e por outras inúmeras vezes fomos objeto da misericórdia e da complacência de outras pessoas, quando nos víamos numa esparrela sem saída.

Na odisséia em que nos colocamos a viver no comum de um relacionamento, estará aquela pessoa que escolhemos para ser o nosso "co-piloto". Juntos, faremos novas descobertas sobre os segredos da convivência. Assim, ninguém poderá fazer do nosso passado uma arma, disparando-a quando quiser nos ofender, chantagear ou aprisionar.

A pessoa com quem nos relacionamos é muito mais que um simples produto que - uma vez "arranhado" ou com "data de validade vencida"- perde seu valor e sua integridade.

A beleza de cada ser humano está na sua capacidade infinita de desejar viver uma nova história. Mesmo que ele tenha vivido um passado maculado pelas contingências, nenhum de nós é íntegro o bastante para julgá-lo.

Apesar de termos caído em algumas armadilhas, a nossa vida e os nossos valores não ficaram presos às "arapucas" das quais fomos vítimas.

Um abraço,

Foto José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com

4 de novembro de 2008

A preocupação com coisas fúteis

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Nós nos preocupamos com coisas que não trazem crescimento para a nossa alma

Estamos celebrando dois mil anos do nascimento do grande Apóstolo Paulo e o Canal de Formação preparou um conteúdo exclusivo para comemorar o Ano Paulino.

São Paulo, por meio da Carta aos Filipenses 4: 8, nos exorta quanto ao que, muitas vezes, é uma preocupação exagerada. Pois, nós nos preocupamos com muitas coisas que não trazem crescimento para a nossa alma. Convidando-nos para praticarmos tudo aquilo que, por intermédio das Sagradas Escrituras, temos aprendido.



Foto Pe. Reinaldo Cazumbá
padrereinaldo@cancaonova.com

28 de outubro de 2008

Viver o presente

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A nossa vida precisa ser construída a cada dia na presença de Deus

"A vontade de Deus está escrita no seu coração; ela não é inacessível". Esses dias eu fiquei pensando nessa frase que ouvi de uma grande pregadora e fui constatando que isso é uma grande verdade. Quantas vezes ficamos na dúvida se é ou não da vontade de Deus determinada decisão, projeto, e certos planos que temos. Dessa forma, ficamos vivendo num grande martírio e, muitas vezes, num grande marasmo na nossa vida espiritual, profissional e sentimental, não é verdade?

Toda decisão causa em nós muito medo, porque queremos ter a segurança de que estamos certos no que estamos fazendo naquele exato momento. Se não tivermos a coragem de ir em frente, de viver o que Deus nos aponta no presente, não teremos a certeza do amanhã...

A nossa vida precisa ser construída a cada dia na presença de Deus, e em cada situação necessitamos dar o nosso 'sim' ou o 'não', fazendo escolhas acertadas de acordo com a vontade do Senhor.

Não tem como querermos saber o que vai acontecer amanhã sem passarmos pelo hoje. É necessário treinar-nos no hoje, no momento presente, porque as resoluções do amanhã ainda não chegaram e não temos como vivê-las no agora.

Existem situações pelas quais sofremos à toa, porque não sabemos viver o presente e a descoberta de cada dia, não é mesmo? É sempre assim: mal começamos a namorar e já nos preocupamos se o casamento vai dar certo ou não, e, muitas vezes, nos esquecemos de viver o hoje, de descobrir e conhecer essa pessoa no hoje para poder constatar e tocar na vontade de Deus.

Viver o presente é uma arte e um dom de Deus, pois a Palavra de Deus nos diz: "A cada dia basta o seu cuidado" (Mt 6,34).

Aprendamos a viver o presente, pois há muitas descobertas a serem feitas se buscarmos não nos atropelar na nossa própria ansiedade e pressa de tocar no amanhã. Lembro-me de que quando era criança tinha muita curiosidade sobre o que aconteceria na minha vida quando crescesse e como ela seria (coisas de criança...). Hoje, constato que a melhor forma de descobrir isso é vivendo o cuidado de cada dia, pois Deus se comunica por inteiro no instante presente de nossas vidas.

Que possamos pedir essa graça de viver cada dia o seu cuidado para não nos perdermos em nossas próprias vontades.

Deus abençoe você!

Com carinhos e orações

Cicera Gonçalves
Missão de São José do Rio Preto/SP

22 de outubro de 2008

A missão dos leigos na Igreja

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O leigo precisa conhecer a doutrina que Cristo ensinou à Igreja

O Concílio Vaticano II resgatou de maneira iluminada o papel do leigo na Igreja; por isso, hoje, graças a Deus, homens e mulheres leigos, jovens e até crianças fazem um trabalho maravilhoso de evangelização. Em nosso Continente, onde há uma enorme falta de sacerdotes, o leigo pode e deve dar a sua grande contribuição à Igreja na missão de salvar almas. O nosso Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que "todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja 'pela medida do dom de Cristo'" (Ef 4,7) [CIC§913].

Cada leigo deve repetir com São Paulo: "Ai de mim se eu não evangelizar" (1Cor 9,16).

Certa vez, falando aos bispos do Brasil em uma de suas visitas "ad limina" o Papa João Paulo II disse a eles: "O fiel leigo, na sua própria vida cristã e em sua atuação na Igreja, não é um mero auxiliar do Bispo ou do Padre. O Batismo lhe dá direito e, portanto, também o dever de realizar em sua existência a ação sacerdotal de Cristo. Daí a justa autonomia do fiel leigo naquilo que lhe é próprio: em qualquer estado ou condição de vida, cada pessoa na sociedade, independentemente da sua raça e cultura, tem o lugar que lhe é devido e é chamada 'a exercer a missão que Deus confiou à Igreja para esta realizar no mundo' (Código de Direito Canônico, 204)."

São Paulo nos lembra: "Vós sois o Corpo de Cristo, e cada um de vós é um dos seus membros" (1Cor 12,27).

"A área específica do leigo é o apostolado no mundo secular, inserido nas realidades temporais, na escola, na indústria, na economia, política, artes, música, etc, participando, como cristão, das atividades do seu estado de vida e trabalho social" ( "Christifideles laici", 17). O mundo é o campo de trabalho do leigo.

Por outro lado, o Concílio Vaticano II ensinou que: "O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas por grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, cada um a seu modo, do único sacerdócio de Cristo" (LG, 10).

Assim, o leigo faz e complementa a ação do sacerdote; ele não ministra os sacramentos, não o substitui, mas prepara os irmãos para isso. Mas, para que o leigo cumpra bem a sua missão, ele precisa conhecer bem a Igreja que Jesus instituiu e nos deixou com a Sua doutrina. Muitas vezes, há erros e desvios graves porque alguns leigos querem prescindir da Igreja hierárquica como se essa não fosse da vontade de Jesus. O entusiasmo pelo novo pode ser danoso se a hierarquia e o Magistério da Igreja não forem respeitados.

A estrutura hierárquica da Igreja foi estabelecida por Cristo, como seu fundamento e não se confunde com outras formas de governo: monarquia, oligarquia, democracia, etc.. A Igreja está muito além desses paradigmas sociais, porque ela "não nasceu do povo", mas de Deus, de Jesus Cristo, ela veio do céu, e não da terra. Somente vindo do céu ela pode salvar a terra. Uma igreja que nascesse da terra não teria esse poder. A autoridade da verdadeira Igreja não é fundada na vontade popular, mas na vontade de Deus.

Nós leigos queremos a Igreja conforme Jesus a instituiu e a organizou e não segundo o parecer e a vontade dos homens. Toda doutrina que destoa do que vem do Senhor - através do Magistério - deve ser abandonada e corrigida. Às vezes, se fala perigosamente de "Uma Igreja, Povo de Deus", sem uma autêntica hierarquia; esta é uma igreja falsa. A nossa segurança é estar em comunhão com o Magistério, obedecer às diretrizes do Papa, a quem Cristo confiou a sua Igreja: "Sobre ti edificarei a minha Igreja..." (Mt 16,17). "Pedro (...) apascenta minhas ovelhas" (Jo 21,17).

Por outro lado, o leigo precisa conhecer a doutrina que Cristo ensinou à Igreja e que está de modo especial muito bem sintetizada no Catecismo da Igreja Católica. O Papa Bento XVI disse a um grupo de bispos ucranianos que: "A formação de um laicado que saiba dar a razão da sua fé é mais necessária que nunca em nossos tempos e representa um dos objetivos pastorais que terá que se perseguir com empenho" (acidigital.com – Vaticano – 27 set 07). Uma vez que o trabalho do leigo cresce hoje na Igreja, assim também a sua formação precisa ser cada vez mais esmerada. Ele não pode ensinar o que quer, mas o que a Igreja ensina.

Para ser firme no cumprimento de sua missão de batizado e missionário, o leigo precisa ter uma vida espiritual sadia. O Papa João Paulo II disse um dia que: "A eficácia do trabalho apostólico do fiel leigo está intimamente associada à sua base espiritual, à sua vida de oração pessoal e comunitária, à freqüência na recepção dos Sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Penitência e à sua reta formação doutrinária". O leigo que não reza, não se confessa, não comunga, não lê e não medita a Palavra de Deus, não tem perseverança na missão, e como acontece com muitos sacerdotes também, acaba sendo afastado dela.

Mais do que nunca a Igreja precisa hoje dos leigos no campo de batalha do mundo; pois hoje ela é magoada, ofendida, perseguida e tida por muitos como a culpada de todos os males. Escândalos e blasfêmias se repetem a cada dia. Uma escala de valores pagã tenta insistentemente substituir a civilização cristã por uma cultura de morte (aborto, eutanásia, destruição de embriões, contracepção, prática homossexual...); e Deus vai sendo eliminado na sociedade como se fosse um mal, e a religião católica vai sendo atacada por um laicismo agressivo anticristão.

É hora de saber quem é verdadeiramente cristão, quem ama a Deus de verdade, a Jesus Cristo e a Sua Igreja.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

17 de outubro de 2008

A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja

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Anunciar e transmitir Cristo por meio da nossa conduta de vida

Em toda a história da Igreja e do povo de Deus a Palavra de Deus sempre ocupou um lugar fundamental, a começar pelos princípios de nossa existência, ou seja, pela nossa própria criação. Deus criou o mundo e o edificou através da Palavra, ao longo do tempo. Ela foi comunicada aos homens e transmitida a eles - por intermédio dos que foram escolhidos e enviados pelo próprio Deus - para que se comunicassem entre si conduzindo e orientando a humanidade ao longo da história. No tempo oportuno, a própria Palavra: "O Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós" (Jo 1,14).

Mediante essa revelação, portanto, o Deus invisível, levado por Seu grande amor, fala aos homens como amigos e com eles se entretém. Assim chegamos ao longo dos tempos e percursos da história, guiados e orientados por esta Palavra, que constitui sustentáculo e vigor para a Igreja e para seus filhos firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual.

"Nós queremos confirmar uma vez mais ainda que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja!" (Trecho da Declaração dos padres sinodais ao final do Grande Sínodo de 1974).

"Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!" (Mc 16,15).

O mandato e o envio de Jesus aos Seus apóstolos é bem claro e evidente. Eis a grande missão da Igreja. São Mateus o completa: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado" (Mt 28,19-20).

Todo esse anúncio está contido em Jesus. Ele é a Palavra, o Verbo de Deus (cf. Jo 1). Toda a missão e o ministério de Cristo partem da Palavra do Pai, a Palavra de Deus. Aí está expresso, para nós, o princípio da missão. "O espírito do Senhor está sobre mim, porque me conferiu a unção; a anunciar a Boa Nova" (Lc 4,18).

Ao longo da história do Povo de Deus, o próprio Deus se comunica com os Seus escolhidos e os envia a falar aos homens: "Vai, portanto, que eu estarei com tua boca e te ensinarei o que deverás dizer" (Ex 4,12).

A missão parte da Palavra. Ela continua a ser sempre atual, sobretudo, quando ela é portadora da força divina, assim também como mantêm todo o seu vigor as mesmas palavras do apóstolo Paulo: "Logo a fé vem pela pregação e a pregação, pela palavra de Cristo" (Rm 10,17).

E o que nos apresenta a Palavra de Cristo? A grande Boa Nova do Reino de Deus, um programa de vida, um estilo de vida, "pois não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho" (Paulo VI, Evangelli Nuntiandi).

Esse programa de vida nos apresenta um caminho: a verdade e a própria vida contida em Jesus e apresentada por Ele e por todos aqueles que são enviados em Seu nome. Vivemos novos tempos e conseqüentemente desafios novos provenientes do tempo em que vivemos, no qual a busca e a sede pelo conhecimento tornam-se a cada dia mais intensos. Novas linhas de pensamento e mentalidades nas quais, muitas vezes, a "verdade" é transmitida por conveniência e a mentira se camufla e se disfarça de verdade.

Atual continua a ser o envio de Jesus a nós, os discípulos de hoje, "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações". Precisamos dar e ser essa resposta aos desafios e necessidades atuais desta grande missão, nos tempos de hoje, dentro do contexto no qual estamos inseridos, não temendo os desafios e tudo aquilo que vier por conseqüência da missão. Precisamos anunciar a Palavra com a nossa vida: "Para que se alguns não obedecem a Palavra venham a ser conquistados sem palavras, pelo procedimento. Será, pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que a Igreja , antes de mais nada, evangelizara este mundo; ou seja, pelo seu testemunho vivido com fidelidade ao Senhor Jesus (...)" (Paulo VI).

Há muitos lugares onde a Boa Nova, isto é, a Palavra de Deus, já foi anunciada e o está sendo; mas também há muitos aos quais ela ainda não chegou. E há outros nos quais, por motivos políticos e religiosos dominantes, não se pode expressar a fé. Muitos são os homens e mulheres que têm dado a sua vida e a estão transformando num anúncio, sem palavras, da própria Palavra. Estão anunciando o Reino de Deus com a própria vida. Eis o grande desafio para os discípulos de hoje e a grande necessidade para o tempo em que vivemos: transmitir a Palavra de Deus por meio do nosso testemunho de vida. Como discípulos e missionários essa é a nossa grande resposta à missão dada e orientada por Cristo-Palavra: anunciá-Lo e transmiti-Lo por meio da nossa conduta de vida.

André Felipe - Com. Obra de Maria
andre@obrademaria.com.br

13 de outubro de 2008

Igreja e interpretação da Bíblia

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Sínodo reúne representantes de todo o mundo em Roma

Em tempos como estes, aparece de tudo. Há quem apresente Jesus como um revolucionário; outros prometem apartamentos e gordas contas bancárias a partir de tratos com Deus; outros ainda apregoam a aceitação de Deus sem necessidade de participação na Igreja. E assim vai.

Com tantas vozes, ficam as perguntas: "Afinal, quem é Deus? O que Ele quer do ser humano? Como devemos nos relacionar com Ele e com nós mesmos? O que Ele é? O que Ele não é?"

Muitos desconhecem que nem tudo o que se diz com a Bíblia, de fato, a Bíblia diz; nem tudo com o nome de Deus, de fato, Deus aprova.

Ao abordar o episódio da tentação de Jesus no deserto (cf. Mt 4, 1-11), no livro "Jesus de Nazaré" (São Paulo, Planeta, 2007), Bento XVI cita que o demônio se apresentou como teólogo. Na segunda investida, satanás usurpou versículos do salmo 90 e instigou o Filho de Deus a se lançar de um precipício – o que forçaria o Pai a socorrê-Lo. "Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra". O Senhor se defendeu, citando o livro do Deuteronômio: "Não tentarás o Senhor teu Deus".

O Papa avança ainda mais e aponta: "De aparentes resultados da exegese científica [ou seja, da interpretação da Bíblia] se entreteceram os piores livros que destruíram a figura de Jesus, que desmontaram a fé".

Esses fatos dão importância ao 12º Sínodo que acontece em Roma, até o dia 26 deste mês, com 253 bispos, dezenas de peritos e auditores tratando de um mesmo assunto: "A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja".

No turbilhão de idéias e interpretações, a Igreja quer continuar como porto seguro. Representantes do mundo inteiro refletem, dialogam e rezam durante 21 dias, não para chegar em "achismos". A Mãe, com cerca de dois mil anos, não brinca nem quer brincar com a interpretação da Sagrada Escritura.

Nesses momentos, o católico pode ver que não é ovelha sem pastor. A Igreja fundada por Jesus perpassa os séculos sabendo-se portadora da verdade que ela não tem o direito de modificar e tampouco de permitir deformar-se.


Maurício Rebouças
Comunidade Canção Nova

8 de outubro de 2008

Vencendo as provações

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Não somos provados além do que humanamente suportamos

Ao deparar com tantas situações, com tantas lutas, com tantos desafios, e, às vezes, más notícias, fico pensando nas pessoas que perderam entes queridos, fico pensando nas pessoas que estão na luta por causa de uma enfermidade, fico pensando nas famílias que estão vivendo diversas situações de conflitos e divisões. Penso nos jovens nas drogas, nos maridos e esposas no álcool, fico pensando nas meninas e meninos dados à prostituição, no desemprego, nas dívidas que muitos contraíram e hoje não vêem resposta. Quantos pais sofrendo, quantas mães sofrendo, quantos filhos sofrendo!

O Apóstolo Paulo, na primeira Carta aos Coríntios, nos dá uma certeza muito grande e que fortalece a nossa decisão de continuar combatendo e acreditando: "Não tendes sido provados além do que é humanamente suportável. Deus é fiel e não permitirá que sejais provados acima de vossas forças. Pelo contrário, junto com a provação Ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la" (I Cor 10, 13).

Se acreditamos na fidelidade de Deus, se servimos a Deus e O temos como Senhor, precisamos tomar posse das promessas contidas nesta Palavra:

- Não somos provados além do que humanamente suportamos;

- Não seremos provados acima das nossas forças;

- Providencialmente teremos bom êxito para suportarmos toda provação.

Essas promessas se realizarão na vida de todos aqueles que acreditarem até o fim na força de Deus, na intervenção de Deus, na providência de Deus. Mesmo que demore, que doa, que seja complicado, precisamos tomar posse dessa Palavra e caminhar na graça e enfrentarmos com o Senhor todas essas provações.

O Salmista nos ensina que é no Senhor que encontramos a força, a proteção e a certeza da superação de tudo aquilo que vivemos: "Levanto os olhos para os montes: de onde me virá o auxílio? Meu auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Não deixará teu pé vacilar, aquele que te guarda não dorme. Não dorme, nem cochila o vigia de Israel. O Senhor é o teu guarda, o Senhor é como sombra que te cobre, e está à tua direita. De dia o sol não te fará mal nem a lua nem a noite. O senhor te preservará de todo mal, preservará tua vida. O Senhor vai te proteger quando sais e quando entras, desde agora e para sempre" (Salmo 120).

A nossa vida e tudo o que estamos vivendo precisam estar entregues nas mãos do Senhor. Só Ele pode, só Ele é poderoso, só Ele tem a solução e a fortaleza de que necessitamos para vencermos as batalhas, para suportamos as provações e tirarmos um bem maior de tudo o que vivemos.

O nosso auxílio está no Senhor, que nos guarda, que nos cobre com Suas bênçãos, que nos preserva e que nos protege. Precisamos confiar toda a nossa vida ao Senhor.

Não tenha medo de enfrentar, de passar e de vencer a provação; se estamos com o Senhor, temos a certeza da vitória. E São Tiago vem nos edificar com esta Palavra que mostra a ação de Deus a partir das provações vencidas com Ele: "Considerai uma grande alegria, meus irmãos, quando tiverdes de passar por diversas provações, pois sabeis que a prova da fé produz em vós a constância. Ora, a constância deve levar a uma obra perfeita: que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma" (Tg 1, 2-4).

Estamos unidos!

Contem sempre comigo e com minhas orações!

Seu amigo e irmão,


Pe. Roger Luís

3 de outubro de 2008

A sabedoria consiste em saber aprender

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Sabedoria não significa o acúmulo de conhecimentos...
Uma maneira concreta de roubar da vida a possibilidade de crescer é a atitude de se achar totalmente pronto diante dela. Aquele que crê saber tudo, retira da alma o sabor da novidade, pois acredita não ter mais nada a aprender. Quem assume tal postura acaba se tornando extremamente auto-suficiente e, conseqüentemente, infeliz. O coração que perde, nas pequenas coisas, a alegria da descoberta sobre si e sobre tudo o que o circunda, adquire uma postura de profunda monotonia e insatisfação em seus dias.

A humildade de se reconhecer em pedaços, ou seja, ainda não terminado, é essencial para que cresçamos e construamos uma vida sóbria e sem ilusões a nosso próprio respeito.

Aquele que considera que não tem nada a aprender com os outros e com a vida, torna-se arrogante e infantil, pois, fecha-se em "seu mundo" crendo nas falsas e irrevogáveis verdades criadas por si mesmo.

Quem passa a vida toda aprisionado a um falso sistema de crenças e verdades pessoais experienciará uma profunda solidão, pois nunca permitirá que outros adentrem em seu coração, que se encontra trancafiado em suas próprias razões.

A sabedoria escolheu a humildade como sua casa. E somente quando a alma se abaixa para descansar em tal morada, vislumbra o sabor do saber e pode se elevar portando o devido equilíbrio para contemplar cada situação.

A verdadeira sabedoria consiste na humildade de se enxergar como um "eterno aprendiz", como alguém que não está pronto e reconhece que tem ainda muitas novidades a vislumbrar na jornada dos dias. Sabedoria não significa o acúmulo de conhecimentos, mas a sensibilidade para aprender as lições presentes em cada coisa que se vive.

Quem deseja aprender está sempre aberto e escuta a tudo e a todos. E se coloca atento diante de cada situação para delas absorver o conhecimento impresso em cada experiência.

Tudo e todos são capazes de nos ensinar algo, até mesmo nossos erros e fragilidades.

Quando reconhecemos que não somos os senhores absolutos diante dos outros e de nós mesmos, somos capazes de nutrir uma sóbria visão a respeito do que somos, entendendo assim que as nossas necessidades não são as únicas e as mais importantes.

Existem coisas sobre nós mesmos que ainda precisamos compreender e descobrir. Há situações em nosso cotidiano – perdas e acréscimos – que têm muito a nos ensinar e que desejam nos revelar novos caminhos a serem trilhados.

Estejamos sempre atentos e receptivos às coisas que nos são acrescentadas pela vida, para assim entendermos um pouco mais sobre aquilo que somos e sobre a missão que trazemos no peito.

"Aprender sempre, impor verdades próprias nunca"; dessa forma, caminharemos constantemente aliados à sabedoria e construiremos sólidas realizações em nossa história.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

1 de outubro de 2008

Santa Teresinha do Menino Jesus (de Lisieux)


A vida da santa Teresa de Lisieux, ou santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, seu nome de religiosa e como o povo carinhosamente a prefere chamar, marca na história da Igreja uma nova forma de entregar-se à religiosidade. No lugar do medo do "Deus duro e vingador", ela coloca o amor puro e total a Jesus como um fim em si mesmo para toda a existência eterna. Um amor puro, infantil e total, como deixaria registrado nos livros "Infância espiritual" e "História de uma alma", editados a partir de seus escritos. Sua vida foi breve, mas plena de dedicação e entrega. Morreu virgem como Maria, a Mãe que venerava, e jovem como o amor que vivenciava a Jesus, pela pura ação do Espírito Santo.

Teresinha nasceu em Alençon, na França, em 2 de janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Martin e desde então destinada ao serviço religioso, assim como suas quatro irmãs. Os pais, quando jovens, sonhavam em servir a Deus. Mas circunstâncias especiais os impediram e a mãe prometeu ao Senhor que cumpriria seu papel de genitora terrena, mas que suas filhas trilhariam o caminho da fé. E assim foi, com entusiasmada aceitação por parte de Teresinha desde a mais tenra idade.

Caçula, viu as irmãs mais velhas, uma a uma, consagrando-se a Deus até chegar sua vez. Mas a vontade de segui-las era tanta que não quis nem esperar a idade correta. Aos quinze anos, conseguiu permissão para entrar no Carmelo, em Lisieux, permissão concedida especial e pessoalmente pelo papa Leão XIII.

Ela própria escreveu que, para servir a Jesus, desejava ser cavaleiro das cruzadas, padre, apóstolo, evangelista, mártir... Mas ao perceber que o amor supremo era a fonte de todas essas missões, depositou nele sua vida. Sua obra não frutificou pela ação evangelizadora ou atividade caritativa, mas sim em oração, sacrifícios, provações, penitências e imolações, santificando o seu cotidiano enquanto carmelita. Essa vivência foi registrada dia a dia, sendo depois editada, perpetuando-se como livro de cabeceira de religiosos, leigos e da elite dos teólogos, filósofos e pensadores do século XX.

Teresinha teve seus últimos anos consumidos pela terrível tuberculose, que, no entanto, não venceu sua paciência com os desígnios do Supremo. Morreu em 1° de outubro de 1897, com vinte e quatro anos, depois de prometer uma chuva de rosas sobre a Terra quando expirasse. Essa chuva ainda cai sobre nós, em forma de uma quantidade incalculável de graças e milagres alcançados através de sua intervenção em favor de seus devotos.

Teresa de Lisieux foi beatificada em 1923 e canonizada em 1925 pelo papa Pio XI. Ela, que durante toda a sua vida teve um grande desejo de evangelizar e ofereceu sua vida à causa missionária, foi aclamada, dois anos depois, pelo mesmo pontífice, como "padroeira especial de todos os missionários, homens e mulheres, e das missões existentes em todo o universo, tendo o mesmo título de são Francisco Xavier". Esta "grande santa dos tempos modernos" foi proclamada doutora da Igreja pelo papa João Paulo II em 1997.

27 de setembro de 2008

São Vicente de Paulo


São Vicente de Paulo
"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39). Se não foi o lema, viveu como se fosse. São Vicente de Paulo, que nasceu na Aquitânia, em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.

Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados, mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem, foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos, sua liberdade.

A partir desse embate com o real, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a congregação da missão (Lazarista) e unido a Santa Luisa Marilac, edificou as irmãs de caridade vicentinas.

Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu aos 27 de setembro de 1660.


São Vicente de Paulo, rogai por nós!

25 de setembro de 2008

Deixar-se conduzir pela Palavra

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O sustento da Palavra de Deus

Jesus conhecia profundamente a Bíblia. Mais do que isso, Ele amava e se guiava pelas suas Palavras. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, quando o demônio investiu contra Jesus Cristo, Ele o rebateu com as palavras da Escritura e, por três vezes, disse-lhe: "Está escrito: 'O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor' (Dt 8,3c)".

Quando o tentador exigiu que o Filho de Deus se jogasse do alto do templo, Jesus lhe respondeu: "Está escrito: 'Não provocareis o Senhor; vosso Deus' (Dt 6,16a)". E quando Satanás tentou fazer com que Jesus o adorasse, ouviu mais uma vez a Palavra de Deus: "Está escrito: 'Temerás o Senhor, teu Deus, prestar-lhe-ás o teu culto e só jurarás pelo seu nome' (Dt 6,13)". O demônio foi vencido e se afastou.

O fato de Jesus ter se defendido das tentações e lançando, no rosto do tentador, as palavras da Escritura, mostra-nos a importância e a eficácia delas no caminhar da vida daquele que deseja viver pela fé a fim de ser feliz e de poder agradar a Deus.

Não é sem razão que São Pedro disse: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" (II Pd 1,20-21).

A Bíblia não é um livro de ciência, mas de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus – há quatro mil anos –, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, econômicos, etc. Por isso, a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao "pé da letra", embora, algumas vezes, o deva ser. "Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica" (II Cor 3,6c), disse São Paulo.

Para aquele que possui a fé, sem a qual "é impossível agradar a Deus" (Hb 11,6a), a Palavra do Senhor é alimento sólido para a vida espiritual, indispensável para aquele que deseja, pela fé, fazer a vontade d'Ele e ter luz na própria vida.

A Carta aos Hebreus diz que "a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4,12).

Para que a Palavra de Deus seja eficaz em nossa vida, precisamos meditá-la; pela fé, acreditar nela e colocá-la em prática objetivamente. Em outras palavras, precisamos obedecê-la, pois estaremos obedecendo ao próprio Senhor.

"Por isso, também damos graças, sem cessar, a Deus, porque recebestes a Palavra de Deus que de nós ouvistes. Vós a recebestes não como palavra de homens, mas como realmente é: Palavra de Deus, que age eficazmente em vós que crestes" (1 Tess 2,13).

A alma da Igreja é o Espírito Santo dado em Pentecostes; por isso a Igreja não erra na interpretação da Bíblia e isso é dogma de fé. Jesus mesmo lhe garantiu isto: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade" (Jo 16,13a).

O Salmo mais longo da Bíblia é dedicado à Palavra de Deus. O Salmo 118:

"Vossos preceitos são minhas delícias.

Meus conselheiros são as vossas leis" (v. 24).

"O único consolo em minha aflição

É que vossa palavra me dá vida" (v. 50)

"Quão saborosas são para mim vossas palavras,

mais doces que o mel à minha boca" (v. 103).

"Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho" (v. 105).

"Encontro minha alegria na vossa palavra,

Como a de quem encontra um imenso tesouro" (v.162).

O Espírito Santo nos ensina essa verdade pela boca do profeta Isaías; cuja boca tornou "semelhante a uma espada afiada" (Is 49,2):

"Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão" (Is 55,10).

A palavra de Deus é transformadora e santificante. São Paulo explica isso a seu jovem discípulo Timóteo com toda convicção: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça" (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter "os mesmos sentimentos de Cristo" (Fil 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a Sua Santa Palavra. São Jerônimo, dizia que "quem não conhece o Evangelho, não conhece Jesus Cristo".

Jesus nos ensina que "a Escritura não pode ser desprezada" (Jo 10,34). São Paulo recomendava a Timóteo que se aplicasse à sua leitura (1Tm 4,13).

Jesus é a própria Palavra de Deus, o Verbo Divino que se fez carne (Jo 1,1s). No livro do Apocalipse, São João viu o Filho do homem... "e de sua boca saia uma espada afiada, de dois gumes" (Ap 1,16). É o símbolo tradicional da irresistível penetração da Palavra de Deus. Essa Palavra nos questiona, interroga, ilumina, guia, consola; enfim, santifica. São Pedro diz que renascemos pela força dessa palavra.

"Pois haveis renascidos, não duma semente corruptível, mas pela palavra de Deus, semente incorruptível, viva e eterna", (1Pe 1,23) e, como disse o profeta Isaias: "a Palavra do Senhor permanece eternamente" (Is 11,6-8).

Quando avisaram a Jesus que a Sua Mãe e os seus irmãos queriam vê-Lo, o Senhor disse: "Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a Palavra de Deus e a observam" (Lc 8,21). Quando aquela mulher levantou a voz, do meio do povo, e lhe disse: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!", o Senhor respondeu: "Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!" (Lc 11,28).

Quando alguém é renovado pelo Espírito Santo, sente a necessidade da Palavra de Deus, para guiá-lo e santificá-lo.

Pela boca do profeta Amós, o Espírito Santo disse: "Eis que vem os dias.. em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor" (Am 8,11). Graças a Deus esses dias chegaram!

Quando Jesus explicava as Escrituras para os discípulos de Emaús, eles sentiam "que se lhes abrasava os corações" (Lc 24,32). Assim também continua a ser, hoje, para todo aquele que medita a Palavra de Deus. Ela nos purifica no fogo do Espírito Santo. Todos os santos, sem exceção, mergulharam fundo as suas vidas nas santas Escrituras e deixaram-se guiar pelos ensinamento da Igreja.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com