13 de março de 2008

Namoro e noivado: um tempo quente?

Há muitos ganhos nos tempos modernos, ganhos de liberdade de se conversar sobre tudo, de facilidade de orientação, esclarecimento, abertura e menos tabus. Por outro lado, vemos como surgem problemas, exageros, deturpações e desequilíbrios que levam ao desrespeito total.

Os meios de comunicação abriram um leque de possibilidades de informação, mas colocaram também suas idéias secularizadas, seus valores sem consideração pela dignidade da pessoa humana e pelo Evangelho. Chamam a atenção sobre o prazer, sobre uma liberdade que não se compromete, sem nenhuma escala de valores, sem ética, misturando o transitório com os valores perenes. Assim joga a juventude em loucas aventuras pelas quais ninguém se responsabiliza depois.

O desejo de realização pessoal ao lado de alguém deveria levar a pessoa à procura de quem mais se adaptasse a si em seu gênio, em seu modo de pensar, de querer, em seus projetos, trabalhos, cultura, religião etc. E tudo se deve ver e perceber durante o namoro.

Namoro é tempo de mútuo conhecimento e adaptação em que se investe quanto tempo for preciso. Daí nasce à capacidade de comunhão de vida, de ideais e projetos: desenho de uma vida feliz.

Queimada essa etapa, tudo se precipita e dá origem a casamentos malfeitos e sem fundamento. Surgem as inevitáveis divergências que acabam na desculpa mais sem-vergonha que existe: incompatibilidade de gênio.

Essa pressa em fazer tudo antes de ver, analisar, sob a desculpa de que "ninguém agüenta e precisamos saber se nos amamos", apressa e queima qualquer processo de amadurecimento no amor.

E quando já há uma certeza maior do que se quer e de quem ama, vem então o compromisso do noivado, tempo de planejar a vida nos detalhes, nas práticas do dia-a-dia. Aí aprende-se a viver em comunidade e educar-se para essa convivência.

Se dependesse de nós, gostaríamos de dizer aos jovens para não brincarem com os sentimentos dos outros e com seu próprio futuro, que aprendessem a se controlar e não se deixassem dominar pelo que os outros fazem e dizem. Não compensa uma pressa em troca de um casamento com conseqüências para a vida toda.
Amor é gesto de comunhão de vida e ação, em que um se faz presente no outro. Amor é esquecer-se de si e viver para fazer o outro feliz. Amar é olhar juntos na mesma direção.


Texto extraído do Livro: Religião também se aprende - Padre Hélio Libardi (editora Santuário).

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