Nossa formação moral foi pesada por esses lados e, porque não dizer, traumatizante. Quanta gente doente pelas deformações que sofreram com a aplicação moral rígida e desumana. Há muitos, e gente importante, afastados da Igreja por causa de uma masturbação no tempo de moleque. Há pessoas pensando que se abrirmos mão de uma moral rígida em relação à sexualidade o mundo vai desbundar. Mais do que já está, é quase impossível. Com todo o rigor chegamos aonde estamos com nossas novelas, nossa Internet. É sinal que o caminho não pára por aí. Castidade, nesse mandamento, se entende pelo lado negativo, o mal uso, o abuso da genitalidade. Devíamos entender castidade como uma consagração ao amor maior, mais amplo, mais criativo, mais gerador de vida. E sexualidade não poderia ser confundida com genitalidade, porque sexualidade abrange a total expressão da correta afetividade, na qual sexo é apenas um momento especial. Castidade aqui no mandamento está em relação à prática sexual, uso indevido do sexo. Uso que não leva à comunhão, não gerador de vida. Aqui entra a masturbação que, como sacanagem, realmente é um erro. Não entra aqui a masturbação que é puro desabafo, bem entendido e explicado pela psicologia. Para entender bem, deveríamos iniciar educando-nos para perceber que sexualidade é um dom de Deus e sua vivência enriquece a pessoa. É vivência do amor. Na falta disso, não vivemos o amor, apenas fazemos "amor". Não nos potencializamos, mas trocamos as mãos pelos pés numa masturbação degradante que não leva a nada e é uma pura sacanagem. Não falamos aqui dos que trazem distúrbios pequenos ou grandes, heranças genéticas, traumas, problemas de ansiedade e angústias. Ninguém pediu para nascer assim e não podemos dizer que alguns minutos de desabafo configurem o pecado mortal. Há muitos erros graves que nunca vão chegar a ser pecado mortal. Precisamos abrir nossa cabeça e formar nossa consciência para não transformar essas situações em verdadeiros traumas e dolorosa vida sem liberdade. Sexo hoje é sinônimo de modernidade para muitos, mas tudo o que é abuso e manipulação não pode trazer o carimbo do amor e não é porque os outros fazem que se torna justificado o fazer. O que falta hoje é uma educação sadia que ensine a função de cada coisa em nosso corpo, uma educação da sexualidade, uma educação consciente que não reprima, mas ensine que o caminho da ascese, do sacrifício, pode levar-nos à felicidade verdadeira e a nos expressarmos com dignidade.
Texto extraído do jornal: Santuário de Aparecida - Escrito por: Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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