19 de março de 2007

Homem ou Macaco?

Três macacos sentados num coqueiro discutindo sobre coisas de que ouviram dizer...Disse um deles para os outros dois:"
Há um rumor de que pode ser verdade que os seres humanos descendem da nossa nobre raça. Bem, essa idéia é uma desgraça! Nenhum macaco jamais desprotegeu sua fêmea ou deixou seus bebês famintos ou arruinou a vida deles. E nunca ouviu-se dizer que alguma mãe macaca tivesse dado seus filhos para outra ou que alguma delas tivesse passado os filhos de uma para outra mãe, até que eles ignorassem de quem realmente eram filhos.
Há também uma outra coisa que nunca foi vista: Macacos cercando um coqueiro e deixando os côcos apodrecer, proibindo outros macacos de alimentar-se, já que se a árvore fosse cercadaa fome faria outros macacos nos roubarem.
Há ainda uma outra coisa que macacos jamais fizeram: Sair à noite para roubar, usando arma de fogo, porretes ou facas para tirar a vida de outros macacos. Sim, os humanos descendem de uma espécie rude. Mas, manos ... Com certeza eles não descendem de nós"


Sempre Deixe Seu Recado!!!

Jeitos de Amar


No livro Prosa Reunida, de Adélia Prado, há uma frase singela e verdadeira ao extremo. Uma personagem põe-se a lembrar da mãe, que era danada de braba, mas esmerava-se na hora de fazer dois molhos de cachinhos no cabelo da filha, para que ela fosse bonita pra escola. "Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor". É comovente porque é algo que a gente esquece: milhões de pequenos gestos são maneiras de amar. Beijos e abraços são provas mais eloqüentes, exigem retribuição física, são facilidades do corpo. Porém há diversos outras demonstrações mais sutis. Mexer no cabelo, pentear os cabelos, tal como aquela mãe e aquela filha, tal como namorados fazem, tal como tanta gente faz: cafunés. Amigas colorindo o cabelo da outra, cortando franjas, puxando rabos de cavalo, rindo soltas. Quanto jeito que há de amar. Flores colhidas na calçada, flores compradas, flores feitas de papel, desenhadas, entregues em datas nada especiais: "lembrei de você". É este o único e melhor motivo para azaléias, margaridas, violetinhas. Quanto jeito que há de amar. Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta respondida, repartir o que se tem, cuidados para não magoar, dizer a verdade quando ela é salutar. Quanto jeito que há de amar. Uma foto mantida ao alcance dos olhos, uma lembrança bem guardada, fazer o prato predileto de alguém e botar uma mesa bonita, levar o cachorro pra passear, chamar pra ver a lua, dar banho em quem não consegue fazê-lo só, ouvir os velhos, ouvir as crianças, ouvir os amigos, ouvir os parentes, ouvir. Quanto jeito que há de amar. Rezar por alguém, vestir roupa nova pra homenagear, trocar curativos, tirar pra dançar, não espalhar segredos, puxar o cobertor caído, cobrir, visitar doentes, velar, sugerir cidades, discos, brinquedos, brincar: quanto jeito que há.



Sempre Deixe Seu Recado!!!

7 de março de 2007

Deus na Natureza

A cada novo dia, a natureza nos oferece espetáculos de beleza sem fim. Quem já não contemplou a maravilha de uma gota de orvalho a brilhar refletindo a luz do sol.


Uma simples teia de aranha e sua engenharia perfeita, a relva verde, o andar desengonçado de um João de Barro, logo ao amanhecer. Uma folha seca bailando no ar, prenunciando o inverno. O céu de anil com suaves pinceladas brancas como se fossem nuvens de algodão.

O entardecer, quando o sol se despede deixando rastros em vários tons dourados, como se fossem ouro derretido, levemente espalhados por mãos invisíveis.

A lua cheia refletida num lago, parecendo um grande espelho líquido. A cantoria do vento na folhagem das árvores, qual suave melodia convidando a sonhar.O olhar de um cão solitário pedindo companhia.

O balançar do salgueiro, lembrando mãos distendidas nas margens dos rios e lagos, como a protegê-los. O ir e vir das ondas, acariciando a areia quente das praias como querendo amenizar o calor. O cheiro do mato após a chuva.

A água cristalina dos rios que correm por entre as montanhas, como se fossem veias transportando a vida. O sorriso inocente na face da criança, pedindo amparo e proteção. As pegadas do lavrador nas estradas poeirentas que conduzem à lavoura.

O galopar do cavalo evidenciando sua liberdade. O abrir e fechar das asas da borboleta sobre a flor. A andorinha fazendo acrobacias no ar. A garça solitária a espreita do alimento. O abraço afetuoso de um amigo. O rosto sulcado do ancião, que não teme a velhice por saber que ela não alcança o espírito.

As mãos calejadas do trabalhador. A noite bordada de estrelas a nos mostrar a grandeza no universo infinito. Uma gota d'água na pétala de uma rosa, refletindo outras tantas rosas. O tamborilar da chuva no telhado. A goteira a cantar na calha.

A araucária circular com seus galhos esparramados debulhando as pinhas para saciar com seus frutos, a fome dos pássaros. O cricrilar do grilo, o coaxar da rã, o piar da coruja fazendo-se anunciar na noite silenciosa.

O som melodioso extraído do teclado por mãos habilidosas. A harmonia das cores nos canteiros floridos das ruas e praças. O dia, que a cada amanhecer renova o convite para que vivamos em harmonia, imitando a natureza.

Essas e outras tantas belezas, são a presença discreta de Deus na natureza que nos cerca, dizendo-nos que também somos suas criaturas, e que fazemos parte deste universo maravilhoso. E que acima de tudo, somos herdeiros deste mesmo universo como filhos do criador que somos todos nós. A contemplação da natureza oferece ao homem incontestavelmente inefáveis encantos.

Na organização dos seres, descobre-se o incessante movimento dos átomos que os compõe, tanto quanto a permuta constante e operante, entre todas as coisas. Justa é a nossa admiração por tudo que vive, na superfície da terra.


Sempre Deixe Seu Recado!!!